Estamos iniciando a Semana Santa com a
solenidade de Domingo de Ramos, nesta celebração podemos reviver dois momentos
distintos da trajetória de Jesus, no primeiro momento a entrada triunfal de
Jesus em Jerusalém e no segundo momento a condenação e morte deste mesmo Jesus.
Como alguém que chega aclamado em um curto espaço de tempo pode ser condenado a
uma terrível e cruel execução na cruz? Ele nos mostra uma dimensão de amor que
muitas vezes não conseguimos entender, um amor sem limites e de entrega total,
por amor ele entregou a sua vida para todos nós fossemos resgatados do pecado e
da morte, trazendo novamente para vida, plena e abundante.
Temos neste domingo dois evangelhos, e no
primeiro vemos Jesus sendo recebido em Jerusalém com uma recepção digna de um
rei, “Naquele tempo, quando se
aproximaram de Jerusalém, na altura de Betfagé e de Betânia, junto ao monte das
Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo: Ide até o povoado que está em
frente e, logo que ali entrardes, encontrareis amarrado um jumentinho que nunca
foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui! Se alguém disser: Por que fazeis
isso?, dizei: O Senhor precisa dele, mas logo o mandará de volta. Eles foram e
encontraram um jumentinho amarrado junto de uma porta, do lado de fora, na rua,
e o desamarraram. Alguns dos que estavam ali disseram: “O que estais fazendo,
desamarrando esse jumentinho? Os discípulos responderam como Jesus havia dito,
e eles permitiram. Levaram então o jumentinho a Jesus, colocaram sobre ele seus
mantos, e Jesus montou. Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros
espalharam ramos que haviam apanhado nos campos. Os que iam na frente e os que
vinham atrás gritavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito
seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!”
(Mc 11,1-10.)
Mesmo sabendo que seria entregue, condenado
e morto, Jesus caminha para a maior demonstração do seu amor, e é recepcionado
com o bendizendo o filho de Davi, aquele que veio trazer vida nova a um povo
oprimido e massacrado pelo sistema opressor, ele é recebido como um rei, mas
ele se mostra diferente dos outros, em lugar de ser servido este rei se mostra
servidor e liberta seu povo dando a própria vida.
Na primeira leitura o profeta Isaías nos
fala, “O Senhor Deus deu-me língua
adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele
me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um
discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás.
Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não
desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador,
por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra,
porque sei que não sairei humilhado.” (Is 50,4-7.)
Deus nos prepara para as adversidades da
vida, por diversas vezes somos humilhados e perseguidos, mas a certeza que Deus
vem em nosso auxilio faz com que sigamos firmes em nossa missão, sabemos que o
caminho é difícil, sabemos também Jesus passou por provações ainda piores as
que sofremos e mesmo assim seguiu até o fim nos dando exemplo, sendo força e
ânimo novo para a nossa caminhada.
Em sua carta aos Filipenses o apóstolo São
Paulo nos diz que Cristo mesmo em sua condição divina mostrou-se simples e
obediente ao Pai até o fim, “Jesus
Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma
usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e
tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si
mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o
exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao
nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda
língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.” (Fl
2,6-11.)
Jesus nos deu o exemplo de simplicidade e
Deus o exaltou não deixando que a morte o dominasse, hoje temos a certeza que
assim como Deus não desamparou Jesus também não ficaremos desamparado, mas,
para isso temos que prosseguir com a missão que Cristo nos deixou, devemos
levar a sua mensagem a todos que estando longe deste amor misericordioso de
Deus, e isso, não podemos deixar para outro faça, somos nós recebemos esta
missão e devemos cumprir plenamente.
No segundo evangelho do dia (Mc 15,1-39.),
vemos que mesmo sendo recebido como rei, este mesmo Jesus é condenado a morte,
com teu jeito simples e direto, Jesus incomodou as pessoas que se valia da
religião para garantir regalias, denunciou a hipocrisia e a exploração no
templo, mexeu na posição daqueles que durante muito tempo estava em situação
confortável, resgatou aqueles que o sistema já havia condenado perpetuamente,
trazendo-o de volta ao centro da sua história, pregou a justiça social e deu a
todos nós a filiação divina, mas, manipulado pelos que detinham o poder, o povo
preferiu a libertação de um criminoso no lugar de Jesus, “Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles
pedissem. Havia então um preso, chamado Barrabás, entre os bandidos, que, numa
revolta, tinha cometido um assassinato. A multidão subiu a Pilatos e começou a
pedir que ele fizesse como era costume. Pilatos perguntou: Vós quereis que eu
solte o rei dos judeus? Ele bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado
Jesus por inveja. Porém, os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que
Pilatos lhes soltasse Barrabás. Pilatos perguntou de novo: Que quereis então
que eu faça com o rei dos judeus? Mas eles tornaram a gritar: Crucifica-o!” (Mc 15,6-13.)
Jesus seguiu a sua missão até o fim, assim
como nós, ele em sua condição humana sentiu medo e angustia, mas manteve-se
confiante que Deus o libertaria das garras da morte, deu-nos o maior de todos
os exemplos entregando a sua vida em favor de muitos, e vemos que este exemplo
de Jesus inspirou muitos outros, pessoas que também pagaram com a própria vida
o preço da liberdade dos irmãos, são os mártires que como Jesus, em meio às
situações desfavoráveis lutaram para que os outros tenham vida em abundancia.
Que neste domingo possamos meditar toda a trajetória
de Jesus, e o recebermos não somente no momento de estabilidade, mas também
quando a situação está difícil, precisamos caminhar com Jesus não somente na
entrada triunfal em Jerusalém, devemos também seguir com ele até o calvário,
para assim chegar ao momento de maior glória, a pascoa da ressureição. Para
seguir Jesus devemos estar cientes que o caminho não é fácil, mas, se olharmos
para os lados, veremos que outros também estão nesta jornada, e juntos, temos
mais força para vencer qualquer obstáculos, sempre tendo Jesus a frente de
nossas ações, transformarem este mundo em um bom lar para todos.
Rubens Corrêa |