Neste domingo Jesus nos convida a meditar
sobre o pesado fardo que muitas vezes são impostos aos nossos irmãos, vemos que
há muito rigor em se manter as tradições deixando-se perder o que é essencial
para seguir o evangelho de Cristo, com Jesus aprendemos a valorizar mais as
pessoas, seguindo os seus mandamentos e ajudando o nosso irmão a ser melhor, o
mestre nos ensina que o caminho para o Reino de Deus se percorre na estrada da
misericórdia e do amor ao próximo, e nunca na estrada da condenação e da marginalização,
Jesus é a nossa inspiração.
No livro do Deuteronômio (Dt 4,1-2.6-8.)
vemos que Moises ensina as leis de Deus orientando o povo a cumpri-la para que
tomasse posse da terra prometida pelo Senhor. Pediu para que guardasse os
mandamentos do Senhor sem que acrescentasse e retirasse nada da palavra de
Deus. Guardando e praticando os mandamentos do Senhor, esta nação mostra a sua
sabedoria e inteligência perante aos outros povos, nenhuma outra tem deuses tão
próximo, o nosso Deus se faz presente sempre que é invocado. Como são justos os
decretos e leis desta nação, isto demonstra a sua grandeza diante de todos os
povos.
Um povo que caminhava durante quarenta anos no
deserto, rumo à terra prometida por Deus necessitava de regras que
disciplinasse a convivência entre eles, no Egito eles seguiam as ordens do faraó
e na nova terra sem as leis de Deus, cada um poderia agir conforme a sua
vontade, fazendo-a prevalecer sobre a vontade alheia, certamente haveria muitas
disputas e muitas mortes, convivendo em harmonia segundo as leis de Deus este
povo demonstraria a sua grandeza. Hoje vemos tantas transgressões à lei e
muitas vezes isso é colocado como normal, vivemos em um mundo repleto de
corrupção, opressão e violência, o ser humano mostra-se tão cruel não
respeitando nem a lei de Deus e nem a lei dos homens, Deus nos convida a voltar
para o seu caminho de justiça onde encontraremos a sua paz.
Na segunda leitura (Tg 1,17-18.21b-22.27.) o
apóstolo Tiago nos diz, “Irmãos
bem-amados: Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto; descem do Pai
das luzes, no qual não há mudança nem sombra de variação. De livre vontade ele
nos gerou, pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que as primícias de
suas criaturas. Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e
que é capaz de salvar as vossas almas. Todavia, sede praticantes da Palavra e
não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Com efeito, a religião pura e
sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas
tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo.”
São Tiago nos convida a sermos praticantes
da palavra e não meros ouvintes, recebemos como presentes de Deus os preciosos
dons, ele nos gerou pela palavra da verdade e nós precisamos colocar estes dons
a serviço daqueles que mais necessitam, a palavra de Deus se torna vida, quando
inspirada por ela proporcionamos o bem estar do próximo, esta palavra deve
estar viva em nossa boca e em nosso coração, seguindo a Jesus Cristo, juntos
lutamos para transformar o mundo e nunca nos deixamos contaminar por ele,
gratuitamente recebemos estes dons de Deus, e é de forma gratuita que o
colocamos a serviço de um mundo de justiça e paz para todos sem distinção.
No evangelho (Mc 7,1-8.14-15.21-23.) vemos
que alguns fariseus e mestres da lei questionam Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas
comem o pão sem lavar as mãos?” Os Judeus tem a tradição de se purificar
sempre que retornam para suas casas e seguem os costumes de como lavar copos,
jarras e vasilhas de cobre, jamais tomam a refeição sem se lavar. Mas Jesus os
responde: “Bem profetizou Isaías a vosso
respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas
seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as
doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. Vós abandonais o mandamento de
Deus para seguir a tradição dos homens”. E chamando a multidão disse-lhes
que o que torna o homem impuro não é aquilo que ele come e sim o que sai do seu
coração, “Pois é de dentro do coração
humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios,
ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho,
falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam
impuro o homem”.
Não adianta seguir todas as tradições e no
dia-a-dia praticar tantas iniquidades, vivemos em um país de maioria cristã e
como explicar tantas violências, fome e corrupção, muitos enxergam na religião
uma tradição e se esquecem de seguir os exemplos de Jesus, vivem dentro das
igrejas, católicas ou protestantes, louvando e meditando a palavra, mas, parece
que como mágica ao passar da porta da igreja, esquecem de tudo o que Jesus
pediu, roubam, desviam, adulteram, oprimem, matam, corrompem e são corrompidos,
bem disse Jesus, “Este povo me honra com
os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me
prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos”.
Jesus nos convida a viver a
religião não como tradição, a palavra de Deus deve estar viva em cada momento
das nossas vidas, em cada ação que praticamos dentro e fora da igreja, ele deu
a vida para que tenhamos vida, e nos entregou a missão de fazer com que os
outros também tenham vida em abundância, podemos seguir as tradições, mas, ela
não deve ser colocada acima dos mandamentos de Deus. Porque devemos nos
importar mais com a cor da toalha que cobrimos o altar enquanto o irmão durante
as noites frias não tem com que se cobrir para se aquecer?
Dentro das igrejas buscamos a força
necessária que nos serve de impulso para a atuação no mundo, Jesus subia ao
monte para orar e sempre que descia ia direto para o meio do povo para anunciar
que Deus é Pai, e ele não quer que nenhum de seus filhos se perca pelo caminho,
como discípulos de Jesus devemos lutar por um mundo melhor, livre da fome, violência,
injustiça, opressão, drogas e corrupção, é hora de transformar este mundo pelo
amor e pela palavra de Deus, e ela se faz viva em nosso coração e em nossos
lábios, e ele conta conosco para esta missão, não podemos nos omitir.
Rubens Corrêa |