Introdução
geral
Iniciando o tempo do Advento que marca o início de um novo Ano
Litúrgico, seremos convidados pelo Senhor a entrar no mistério da promessa de
sua segunda vinda. Ele que veio a primeira vez em Belém, virá uma segunda vez e
espera nos encontrar vigilantes e atentos no cumprimento de sua vontade e dos
seus mandamentos.
Leituras
Bíblicas:
É uma das
preces mais bonitas da Bíblia. Ao povo que voltou do exílio desanimado e indiferente
à Aliança, o Profeta tenta acordar a confiança e a esperança num futuro de vida
e salvação. Deus é invocado como "Pai" e "Redentor" É a
primeira vez que se chama Deus de Pai. No evangelho, Jesus usará mais tarde
várias vezes esta mesma expressão referente ao Pai. Termina com a imagem
do OLEIRO: Deus é o "oleiro" e o Povo é o
"barro", que o artista modela com amor. Somos barro, frágeis, mas
somos também obra de suas mãos. Maias ainda, somos a expressão do amor de Deus.
Faz lembrar a Criação do Homem do barro da terra. A mudança do coração do seu
povo é uma nova Criação, da qual nascerá uma nova humanidade.
Segunda Leitura 1Cor 1,3-9 - Vosso
procedimento seja irrepreensível
A Igreja em Corinto necessitava
urgentemente de “Graça e Paz”. O povo não estava respondendo aos apelos de Deus
e não viviam em paz uns com os outros.
O Evangelho
é uma EXORTAÇÃO à vigilância constante para preparar a vinda do Senhor. O texto
é o final do "Discurso escatológico".
A Parábola
do Porteiro conta a história do homem que partiu em viagem, distribuiu tarefas
aos seus servos e deu ao porteiro uma ordem que vigiassem. O "Dono da
casa" é Jesus, que ao voltar para o Pai, confiou aos discípulos a tarefa
de construir o "Reino", iniciado por ele.
MENSAGEM
O nosso texto está integrado na
terceira parte do discurso escatológico. Refere-se diretamente ao final dos
tempos e à atitude que os discípulos devem ter face ao encontro último e
definitivo com Jesus. O seu objetivo não é transmitir informação objetiva
acerca do “como” e do “quando”, mas formar os discípulos e torná-los capazes de
enfrentar a história com determinação e esperança.
O Evangelho deste domingo começa com
uma parábola – a parábola do homem que partiu em viagem, distribuiu tarefas aos
seus servos e mandou ao porteiro que vigiasse (cf. Mc 13,33-34) – e termina com
uma admoestação aos discípulos acerca da atitude correta para esperar o Senhor
(cf. Mc 13,35-37). Primitivamente, a parábola contada por Jesus seria dirigida
aos discípulos e teria como objetivo recordar-lhes o dever de guardar e fazer
frutificar os tesouros desse Reino que Jesus lhes confiou antes de partir para
o Pai.
O “dono da
casa” da parábola é, evidentemente, Jesus. Ao deixar este mundo para voltar
para junto do Pai, Ele confiou aos discípulos a tarefa de construir o “Reino” e
de tornar realidade um mundo construído de acordo com os valores do Reino.
Os
discípulos de Jesus não podem, portanto, cruzar os braços, à espera que o
Senhor venha; eles têm uma missão – uma missão que lhes foi confiada pelo
próprio Jesus e que eles devem concretizar, mesmo em condições adversas. É
necessário não esquecer isto: esta espera, vivida no tempo da história, não é
uma espera passiva, de quem se limita a deixar passar o tempo até que chegue um
final anunciado; mas é uma espera ativa, que implica um compromisso efetivo com
a construção de um mundo mais humano, mais fraterno, mais justo, mais
evangélico.
Quem é o “porteiro”, com uma tarefa
especial de vigilância (vers. 34)?
Na perspectiva de Marcos, o
“porteiro” parece ser todo aquele que tem uma responsabilidade especial na
comunidade cristã. A sua missão é impedir que a comunidade seja invadida por
valores estranhos ao Evangelho e à dinâmica do Reino. A figura do “porteiro”
adequa-se, especialmente, aos responsáveis da comunidade cristã, a quem foi
confiada a missão da vigilância e da animação da comunidade. Eles devem ajudar
a comunidade a discernir permanentemente, diante dos valores do mundo, aquilo
que a comunidade pode ou não aceitar para viver na fidelidade ativa a Jesus e
às suas propostas.
A
palavra-chave do Evangelho deste dia é esta: “vigilância”.
Contudo, “vigilância” não
significará, para os discípulos, o viver à margem da história, num angelismo alienante,
evitando comprometer-se para não se sujar com as realidades do mundo e
procurando manter a “alminha” pura e sem mancha para que o Senhor, quando
chegar, os encontre sem pecados graves; mas será o viver dia a dia comprometido
com a construção do Reino, realizando fielmente as tarefas que o Senhor lhes
confiou. Essas tarefas passam pelo compromisso efetivo com a construção de um
mundo novo, um mundo que viva cada vez mais de acordo com os projetos de Deus. O nosso texto assegura aos discípulos, em caminhada
pelo mundo, que o objetivo final da história humana é o encontro definitivo e
libertador com Jesus. “O Senhor vem” – garante-lhes o próprio Jesus; e esta
certeza deve animar e dar esperança aos discípulos, sobretudo nos momentos de
crise e de confusão. Mesmo que tudo pareça ruir à sua volta, os discípulos são
chamados a não perder a esperança e a ver, para além das estruturas velhas que
vão caindo, a realidade do mundo novo a nascer.
Que devem os discípulos fazer,
enquanto esperam que irrompa definitivamente esse mundo novo prometido? Devem, com coragem e perseverança, dar o seu
contributo para a edificação do “Reino”, sendo testemunhas e arautos da paz, da
justiça, do amor, do perdão, da fraternidade, cumprindo dessa forma a missão
que Jesus lhes confiou.
O que a
Parábola tem a nos dizer?
A Vinda do
Senhor é motivo de ESPERANÇA.
A nossa
caminhada humana não é um avançar sem sentido ao encontro do nada, mas uma
caminhada feita na alegria ao encontro do "Senhor que vem". E o
Advento nos recorda que no final da nossa caminhada, o Senhor nos oferecerá a
vida definitiva, a felicidade sem fim.
VIGIAR
significa viver sempre empenhado e comprometido na construção de um mundo de
vida, de amor e de paz.
- VIGIAR
Significa cumprir os compromissos assumidos no dia do batismo e ser um sinal
vivo do amor e da bondade de Deus no mundo.
- VIGIAR
significa cumprir a Missão recebida: dar testemunho de Jesus e do seu
evangelho.
- VIGIAR
significa não viver como se a vida se reduzisse à duração terrena, mas viver sempre
na expectativa da revelação plena do Senhorio de Jesus.
Somos
convidados a não "dormir", a estar acordados e
"vigilantes", sempre prontos para lhe entregar a qualquer momento a
sua "casa" bem cuidada. É o que pretende esse tempo litúrgico, quando
nos convida a seguir a marcha do Povo de Deus, que se preparava para a primeira
vinda do Senhor: uma marcha lenta, obscura
e dolorosa, para ali apreendermos qual deve ser a nossa ESPERANÇA nessa
caminhada para Cristo. Em meio a tantos convites comerciais, permaneçamos
atentos e vigilantes no Senhor.
Luis Filipe Dias |
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