Neste 15º Domingo do Tempo Comum somos convidados a meditar com Jesus sobre a parábola do semeador e saber como estamos preparando o terreno para as sementes que são semeadas diariamente em nossos corações, como recebemos a palavra de Deus em nossas vidas.
Na primeira leitura o profeta Isaias nos diz: “Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la.”(Is. 55, 10 – 11.) Como a chuva que ao descer do céu tem a nobre função de irrigar e fecundar a terra, a palavra lançada não pode voltar vazia, o objetivo é que ela produza efeitos, a palavra de Deus não pode entrar e sair de nossas vidas sem que nos envolva completamente, é preciso que ouçamos e que algo em nossas vidas se transforme, assim como a terra seca se transforma em terra fecunda ao receber a água que vem do céu.
Na carta aos Romanos, vemos que: “Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós.”(Rm. 8, 18.) Nada que possamos sofrer aqui nesta vida é comparável glória a ser revelada em nós, o anuncio do Reino de Deus deve nos encher de alegria mesmo nas situações adversas, mesmo em meio a tempestade.
E vemos ainda que, “De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus. Pois a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou; também ela espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus.”(Rm. 8, 19 – 21.) Quantos estão esperando por esta revelação? E a quem foi confiada a revelação desta palavra que tem o poder de libertar da escravidão da corrupção? Somos nós a quem Deus confiou esta missão, e precisamos anuncia-la incansavelmente, não podemos esperar que outros a façam, somos nós que devemos revelar Jesus para o mundo todo, começando em nossas casas, em nossas comunidades, até que chegue ao mundo inteiro. “Com efeito, sabemos que toda a criação, até o tempo presente, está gemendo como que em dores de parto. E não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos interiormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo.”(Rm. 8, 22 – 23.) Nós que recebemos o Espirito Santo no batismo, recebemos também esta missão de ser sacerdote, rei e pastor, de anunciar que Deus é Pai misericordioso e que nele somos criatura novas livres do pecado.
No evangelho, São Mateus descreve os ensinamentos de Jesus por meio de parábolas, e neste domingo vamos meditar sobre a parábola do semeador, é uma bela história, mas, não é somente uma história, é um convite para que meditemos com estamos recebendo a palavra em nossas vidas.
Jesus semeou a semente em nossas vidas, mas, existem muito tipos de terrenos que recebem estas sementes, as que caem à beira do caminho são facilmente tiradas, as que caem em solo pedregoso germinam, mas, não se aprofundam e morrem, as que caem entre os espinhos, são sufocadas ao crescerem junto os espinhos, as que caem em solo fértil crescem e produzem muitos frutos.
Que tipo de solo é o nosso coração? Como estamos recebendo esta semente? Estamos produzindo frutos? São muitas perguntas, mas, são importantes perguntas para a vivência da fé, às vezes nos empolgamos com algo que acontece em nossa igreja e quando isso se torna comum perdemos a vontade de participar. Porque será que isso acontece? Neste caso podemos afirmar que como aquelas sementes que caíram em terreno pedregoso, a nossa fé germinou, mas, não tinham raízes, algo que realmente faça sentido, veio o sol, ou seja, tornou-se comum, e ela secou.
Devemos saber onde colocar a nossa fé, nas passagens bíblicas vemos que muitos seguiam a Jesus, ele atraia multidões com sua forma de falar e com os milagres que realizava, mas, não haviam nestas pessoas nenhum compromisso com algo mais nobre, cada um queria aliviar as suas próprias angustias, algo bem individualizado, e o ensinamento de Jesus é algo bem diferente disso, ele quer que o nosso coração seja esta terra boa onde a semente germine e produza muitos frutos, “Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente.”(Mt. 13, 8.) Alguns receberam assim a palavra de Deus e por isso que hoje estamos aqui tentando passar a diante este ensinamento. Quantos frutos surgiram a partir dos apóstolos? Sim foram muitos e ainda são muitos, somos os frutos destas sementes, frutos dão sementes e sementes em terra boa dão novos frutos, este é o ciclo que devemos seguir.
Há outra parte muito importante deste evangelho que por muitas vezes passa sem ser notada, “Os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus: Por que falas ao povo em parábolas? Jesus respondeu: Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado. Pois à pessoa que tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas à pessoa que não tem será tirado até o pouco que tem. É por isso que eu lhes falo em parábolas: porque olhando, eles não veem, e ouvindo, eles não escutam nem compreendem. Desse modo se cumpre neles a profecia de Isaías: Havereis de ouvir, sem nada entender. Havereis de olhar, sem nada ver. Porque o coração deste povo se tornou insensível. Eles ouviram com má vontade e fecharam seus olhos, para não ver com os olhos, nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o coração, de modo que se convertam e eu os cure.”(Mt. 13, 10 – 15.) As vezes nos encantamos com tantas coisa e nos perdemos dentro do nosso egoísmo, e sendo assim, mesmo vendo não vemos, e ouvindo nada entendemos, pois para compreender verdadeiramente a mensagem de Jesus temos que nos esvaziar cada vez mais de nós mesmos, para nos preencher dos outros, foi assim que Jesus fez.
A parábola do semeador nos convida a conversão verdadeira, pois muitos de nós estamos em todas as missas e celebrações, sejam elas semanais ou diárias e ao encontrar com o irmão na rua viramos o rosto como se não o conhecêssemos, falamos de paz e em nossos trabalhos disseminamos a mentira e a discórdia entre os colegas, pregamos o amor ao próximo e não temos coragem de sair do nosso conforto do lar para fazer o bem ao próximo, falamos contra as corrupções na política e ao ser parado em uma blitz do transito tentamos subornar o policial ou nos recusamos de fazer o teste do bafômetro, enfim são muitas situações em que vivemos diferentes do que anunciamos.
Para mudar o mundo não devemos tentar começar esta mudança a partir dos outros e sim começarmos de nós, pois, o mundo novo começa de ações novas de cristãos e cidadãos novos, devemos ser esta terra boa onde Jesus lança a semente, e que ela produza os frutos para a prosperidade.
Rubens Corrêa |
Nenhum comentário:
Postar um comentário