sábado, 29 de novembro de 2014

Senhor, somos obras de tuas mãos! (30/11/2014)

   Neste domingo iniciamos o tempo de advento, uma preparação para recebermos em nossos lares e nossas vidas a presença do menino Jesus que veio para trazer salvação a todos. Neste tempo litúrgico temos a oportunidade de fazer uma preparação para a festa do Natal, não aquele Natal das grandes ações comerciais e sim aquele Natal de confraternização em família, o Natal de fazer o bem ao próximo, mesmo que este em nada possa retribuir, neste tempo de reflexão somos chamados a acolher o menino Jesus na pessoa daquele mais necessitado.
   O profeta Isaías nos fala que longe de Deus não somos nada, “Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor; eterno é o teu nome. Como nos deixaste andar longe de teus caminhos e endureceste nossos corações para não termos o teu temor? Por amor de teus servos, das tribos de tua herança, volta atrás. Ah! se rompesses os céus e descesses! As montanhas se desmanchariam diante de ti. Desceste, pois, e as montanhas se derreteram diante de ti. Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém, jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele esperam. Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria, de quem se lembra de ti em teus caminhos. Tu te irritaste, porque nós pecamos; é nos caminhos de outrora que seremos salvos. Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos como o vento. Não há quem invoque teu nome, quem se levante para encontrar-se contigo; escondeste de nós tua face e nos entregaste à mercê da nossa maldade. Assim mesmo, Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos.”(Is 63,16b-17.19b; 64,2b-7.)
   Quando estamos longe da presença de Deus, estamos perdidos, não encontramos sentindo no que fazemos e não temos vitórias em nossas, lutas, Deus sempre está vindo ao nosso encontro, mas é preciso que deixemos que ele possa agir em nós, usar de nossas ações para a realização do projeto de um mundo melhor para todos os seus filhos, precisamos nos deixar moldar por Deus como barro na mão do oleiro que se transformar em um lindo vaso novo.
   O Apostolo São Paulo nos revela em sua carta aos Coríntios que em Jesus somos fortalecidos, “Irmãos: Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças a Deus sempre a vosso respeito, por causa da graça que Deus vos concedeu em Cristo Jesus: Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós. Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo. É ele também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até o fim, até o dia de nosso Senhor, Jesus Cristo. Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso.”(1Cor 1,3-9.) De Jesus recebemos perseverança e a força para seguirmos o caminho, recebemos inúmeros dons e a nossa missão é colocar estes dons a serviço do próximo, sabemos que isso não é uma tarefa fácil, mas, em tudo temos a certeza que Jesus sempre está ao nosso lado e nunca irá nos abandonar, ele é certeza da nossa vitória.
   Jesus no evangelho segundo São Marcos nos mostra que é importante que fiquemos sempre vigilantes, “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando. Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”(Mc 13,33-37) Se Jesus hoje como ele irá nos encontrar? Estaremos preparados ou seremos surpreendidos com a sua volta? Precisamos a cada dia viver intensamente, fazer o bem, promover a paz e lutar por justiça e igualdade para todos. Jesus quando subiu aos céus nos deixou uma missão e não podemos vacilar na execução desta tarefa, precisamos a cada dia trabalhar juntos com os nossos irmãos, somando forças, pois, juntos somos mais fortes e podemos mais.
   Recebemos de Deus um mundo perfeito, sem desigualdades, poluição, opressão, violência, medo, guerras e fome. No que transformamos este mundo? É um grande absurdo que no mundo que produz tão alimentos tantos passando fome enquanto outros desperdiçam alimentos, não podemos descuidar com a vida do nosso planeta, pois aqui é o nosso lar. Temos que unir nossas forças para mudarmos estas realidades tão adversas, que possamos ser instrumentos nas mãos de Deus deixando ele agir por meio de nossas ações, perseverar e buscar forças naquele que é nossa fortaleza, Jesus Cristo luz para os nossos caminhos, e nunca podemos descuidar da vigilância, precisamos estar atentos as necessidades dos nossos irmão e lutar para que todos tenham vida em abundancia.

   Neste tempo de advento que possamos nos preparar para receber este Deus que se fez menino, para nos ensinar a humildade, amor e paz, sejamos o mensageiro desta paz e deste amor ao mundo todo, sendo esta estrela de esperança para a vida daqueles que já não sabem a quem recorrer, que possamos fazer um Natal feliz para todos e não só nesta data, e sim todos os dias.
Rubens Corrêa

sábado, 22 de novembro de 2014

Jesus Cristo Rei do Universo (23/11/2014)

   Celebramos uma grande festa neste domingo, a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, encerra-se com este evento o ano litúrgico A e no domingo seguinte inicia-se o ano litúrgico B, na Solenidade de Cristo Rei do Universo percebemos um sentindo diferente de rei, não aquele rei que governa de forma opressora e com mãos de ferro, mas, aquele rei que cuida do seu povo nutrindo e cuidando, como pastor que cuida das suas ovelhas.
   Na primeira leitura o profeta Ezequiel nos mostra que Deus vai reunir as suas ovelhas em um só rebanho, “Assim diz o Senhor Deus: Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. Como o pastor toma conta do rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas dispersas, assim vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que foram dispersadas num dia de nuvens e escuridão. Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repousar — oráculo do Senhor Deus — Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito. Quanto a vós, minhas ovelhas — assim diz o Senhor Deus —, eu farei justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes.”(Ez 34,11-12.15-17.) Para Deus somos como aquelas ovelhas, umas estão no redil reunidas, outras estão dispersas e o verdadeiro pastor vai resgatá-las, outras estão doentes e machucadas e ele cuida dos ferimentos dando remédio para livrar da enfermidade, mas, em momento algum ele descuida daquelas que estão reunidas e em perfeito estado de saúde, é assim que Deus faz com cada um de nós, cuida dos que precisam sem descuidar com quem está bem.
   Na segunda leitura o Apostolo São Paulo nos mostra que é por Jesus que encontramos a salvação, “Irmãos: Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte, e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião de sua vinda. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. Pois é preciso que ele reine, até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. E, quando todas as coisas estiverem submetidas a ele, então o próprio Filho se submeterá àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.”(1Cor 15,20-26.28.) Vemos nas guerras que são os soldados que estão com a sua vida em risco pelo rei, por um governo e pela sua pátria, na guerra entre o bem e o mau, Jesus como rei se colocou na frente do combate, dando a sua vida para que os outros pudessem mantê-las, ele venceu não pela força, mas, pelo amor, este amor ele demonstrou até fim, quando perdoou e redimiu todos os que o mataram, e é por este amor que ele irá governar para sempre esta nova civilização, a civilização do amor.
   No evangelho segundo São Mateus Jesus revela aos seus discípulos quem são os escolhidos para tomar posso do Reino de Deus, “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.”(Mt 25,31-33.) Nesta separação onde estaremos? Estaremos na direita ou na esquerda de Jesus?
   Estar à direita ou esquerda de Jesus vai muito além daquilo que imaginamos, ir a igreja, jejuar, contribuir com o dízimo, tudo isso faz parte da nossa rotina de cristãos, mas, o que Jesus quer de nós é muito mais que isso, “Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar. Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te visitar? Então o Rei lhes responderá: Em verdade eu vos digo que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!”(Mt 25,34-40.)
   Estamos sempre muito ocupados com o nosso trabalho, tarefas de casa e compromissos nas igrejas que não percebemos o que Jesus realmente pede para que façamos, “Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não me fostes visitar. E responderão também eles: Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos? Então o Rei lhes responderá: Em verdade eu vos digo: todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes! Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.”(Mt 25,41-46.) Jesus se coloca na pessoa daquele que está necessitando da nossa ajuda, e muitas vezes passamos a diante pensando em tantas outras coisas que temos a fazer, seja no trabalho, em casa e até mesmo na igreja.
   Em várias reflexões nas celebrações da palavra, encontros e formações que participei, ouvi muitas vezes as pessoas falando que aquela pessoa de mãos estendidas pedindo ajuda pode ser Jesus, mas, no evangelho Jesus fala diferente, que quando fazemos para aqueles necessitam é a ele que fazemos, ele não diz que pode ser ele, e sim que é a ele que fazemos, Jesus é este Rei que em toda a sua realeza se coloca no lugar daquele que nada tem, só um amor sem limites como o  de Jesus para realizar este mistério.
   Nas igrejas presenciamos muitas demonstrações de fé e dedicação, mas, de nada vale estas demonstrações se no dia-a-dia não nos importamos com o que acontece com o nosso próximo e muitas vezes somos a causa do sofrimento alheio, não há como amar a Jesus, oprimindo ou omitindo a ajuda ao próximo, isso é alienação, não estou aqui me colocando contra aos rituais e louvores que acontecem dentro das igrejas, mas, podemos ligar com o que Jesus pediu no evangelho, não terá valor nenhum todos estes rituais e louvores se não levarmos o Cristo aos irmãos que mais necessitam, não para que eles se conformem com os sofrimentos de suas vidas, e sim aquele Jesus que disse que veio para que todos tenham vida em abundancia.
   Celebrar a Solenidade de Jesus Rei do Universo é meditar sobre as nossas ações em família, comunidade e sociedade, mudando aquilo que precisa mudar em nós, sendo cristão não só dentro das igrejas, mas, pelo mundo todo, levando paz e esperança a todos, lutando por justiça, combatendo o mal que há na corrupção, nas drogas, na prostituição, na violência, na fome e na opressão, celebrar esta festa é enxergar no irmão a imagem de Jesus e é ser também para este irmão a imagem do Jesus ressuscitado que estende a mão para ajudar, é comprometer-se com a missão que Jesus nos confiou e que não podemos deixa-la inacabada.
Rubens Correa


sábado, 15 de novembro de 2014

O que faremos com os talentos que recebemos de Deus? (16/11/2014)

   Neste domingo Deus nos convida a meditar sobre como estamos usando os talentos que nos são confiados, recebemos diversos dons do Senhor e muitas vezes nada fazemos com eles, estamos muitas vezes esperando que os outros façam alguma coisa e deixamos os nossos dons esquecidos jogados pelos cantos de nossas vidas. De que vale tantos dons desperdiçados pela ociosidade?

   No livro dos provérbios vemos que nossas escolhas devem ser baseadas nas coisas que realmente são importantes, “Uma mulher forte, quem a encontrará? Ela vale muito mais do que as joias. Seu marido confia nela plenamente, e não terá falta de recursos. Ela lhe dá só alegria e nenhum desgosto, todos os dias de sua vida. Procura lã e linho, e com habilidade trabalham as suas mãos. Estende a mão para a roca, e seus dedos seguram o fuso. Abre suas mãos ao necessitado e estende suas mãos ao pobre. O encanto é enganador e a beleza é passageira; a mulher que teme ao Senhor, essa sim, merece louvor. Proclamem o êxito de suas mãos, e na praça louvem-na as suas obras!”(Pr 31,10-13.19-20.30-31)
   Quantas pessoas constroem seus relacionamentos baseados na beleza e no porte físico dos seus companheiros, esta certamente não é a atitude mais correta, não estou aqui dizendo que as pessoas não devem se preocupar dos os cuidados com o físico e com a beleza, mas, isso não deve ser o que elas têm de melhor, um relacionamento, seja ele conjugal ou de amizade, deve ser construído sobre bases sólidas, do amor e companheirismo, estar juntos nos momentos de fartura é muito fácil, difícil é administrar o relacionamento durante as intemperes da vida, quando chega o desemprego, a doença e as dificuldades financeiras o amor é sempre o primeiro que acaba, nós cristãos precisamos fundamentar muito bem estes relacionamentos para não nos perdemos na vida nos momentos de dificuldades, que em algum instante do nossa vida certamente vai acontecer.

   Em sua carta aos Tessalonicenses, o Apóstolo São Paulo, nos mostra que devemos sempre estar preparados, “Quanto ao tempo e à hora, meus irmãos, não há por que vos escrever. Vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como um ladrão, de noite. Quando as pessoas disserem: “Paz e segurança!”, então de repente sobrevirá a destruição, como as dores de parto sobre a mulher grávida. E não poderão escapar. Mas vós, meus irmãos, não estais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios.”(1Ts 5,1-6.) Não sabemos nem o dia e nem a hora, por isso devemos sempre estar preparados para as diversidades da vida. E também devemos pensar se Deus nos chamar hoje para o acerto final, será que estamos realizando a nossa missão aqui na terra? Quantas coisas deixamos para fazer depois e nunca fazemos? A vida passa em uma velocidade espantosa, não podemos perder tempo com coisas fúteis e precisamos concentrar nossos esforços naquilo que realmente importa para nossa vida.

   No evangelho Jesus nos revela a essência da missão que ele nos confia, “Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos: Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou. O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles e lucrou outros cinco. Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só saiu, cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu patrão.”(Mt 25,14-18.) Recebemos de Deus os mais variados dons, e o que vamos fazer com eles? Vemos os exemplos dos empregados que receberam cinco e dois talentos, eles não se acomodaram, trabalharam muito e multiplicaram aquilo que tinham recebido, ao contrário daquele que tinha recebido apenas um talento, que ficou cheio de medo e enterrou o que recebeu, temendo o que poderia acontecer.
   Mas, precisamos um dia prestar conta do que recebemos. Será que temos multiplicado ou escondido os nossos dons? O que vamos apresentar para Deus como fruto dos dons que recebemos? “Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco, que lucrei. O patrão lhe disse: Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria! Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse: Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei. O patrão lhe disse: Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!. Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso, fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence.”(Mt 25,19-25.) Não podemos deixar que o medo nos paralisem, devemos vencer estes obstáculos, colocar os dons a serviço de Deus, do próximo e do mundo, esta é a nossa missão, e o amor de Deus por nós e o nosso amor ao próximo deve ser a força que nos impulsiona para estar a serviço da missão que Jesus nos confia.

   Um dia estaremos na presença de Deus e o que iremos trazer em nossas mãos? Teremos muitos frutos dos dons que recebemos ou apresentaremos as nossas mãos vazias? “O patrão lhe respondeu: Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e ceifo onde não semeei? Então, devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence. Em seguida, o patrão ordenou: Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Aí haverá choro e ranger de dentes!”(Mt 25,26-30.) Deus não é vingativo como muitos dizem, mas, o que vivemos são resultados de nossas escolhas, colocar a serviço é lutar para multiplicar os dons que recebemos, não podemos deixar o medo tomar conta de nós, é preciso acreditar que Jesus está sempre ao nosso lado, mesmo quando tudo nos parece desfavorável.
   Multiplicar os dons é levar ao mundo este amor de Deus, até mesmo aqueles não acreditam nele, sejam eles, cristãos, espiritas, muçulmanos, islâmicos, judeus, budista e outras tantas religiões, não podemos deixar que a cultura da intolerância e do medo vença o amor, está em nossas mãos a oportunidade de transformar este mundo em um lugar melhor para todos, independentemente da fé que professa, da cor da pele e das opções políticas, devemos promover união de todos respeitando sempre a diferença, penso que isso foi o que Jesus sempre fez e penso que estes são os talentos que recebemos em nossas mãos, cabe a cada um de nós escolher o que fazer com eles. Pensem nisso e faça uma boa escolha.
Rubens Corrêa

sábado, 8 de novembro de 2014

Somos templos, sacrários vivos de Nosso Senhor (09/11/2014)

   Neste Domingo celebramos a Dedicação da Basílica de Latrão, somos convidados a refletir na importância dos templos na vida no povo, templo lugar de encontro, lugar de oração, lugar ouvir a palavra, é também no templo que recebemos o impulso para a missão, mas, do que este templo Pedro, hoje somos convidados a refletir sobre o principal templo, o templo do Espirito Santo, que é o nosso corpo.
   Da primeira leitura recebemos a seguinte mensagem, “Naqueles dias, o homem fez-me voltar até a entrada do Templo e eis que saía água da sua parte subterrânea na direção leste, porque o Templo estava voltado para o oriente; a água corria do lado direito do Templo, a sul do altar. Ele fez-me sair pela porta que dá para o norte, e fez-me dar uma volta por fora, até à porta que dá para o leste, onde eu vi a água jorrando do lado direito. Então ele me disse: Estas águas correm para a região oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do mar, e elas se tornarão saudáveis. Onde o rio chegar, todos os animais que ali se movem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam as águas que trazem saúde; e haverá vida onde chegar o rio. Nas margens junto ao rio, de ambos os lados, crescerá toda espécie de árvores frutíferas; suas folhas não murcharão e seus frutos jamais se acabarão: cada mês darão novos frutos, pois as águas que banham as árvores saem do santuário. Seus frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédio.”( Ez 47,1-2.8-9.12) Nas palavras do profeta Ezequiel percebemos a vida que brota a partir as aguas que saem do templos, não é uma vida minguada, e sim uma vida plena, vida que nutre e alimenta outras vidas, é assim que deve acontecer em nossas igrejas, devem sair algo que possam nutrir e alimentar o povo nas lutas do dia a dia.
   A segunda leitura nos diz, “Irmãos, vós sois lavoura de Deus, construção de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, eu coloquei — como experiente mestre de obra — o alicerce, sobre o qual outros se põem a construir. Mas cada qual veja bem como está construindo. De fato, ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que está aí, já colocado: Jesus Cristo. Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo e vós sois esse santuário.”(1Cor 3,9c-11.16-17) O apostolo São Paulo nos mostra que alicerce forte e seguro que temos para construir o nosso templo é Jesus Cristo, outro alicerce não nos daria a sustentação sólida e segura. E qual seria este templo? Este templo que Deus a morada e onde reside o Espirito Santo é o nosso corpo, por isso que devemos cuidar bem deste templo, não permitindo que as coisas do mundo possam destruí-lo.
    No evangelho vemos que Jesus se revolta com aqueles que exploram a fé do povo fazendo do templo uma fome de lucro fácil, “Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio! Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: O zelo por tua casa me consumirá. Então os judeus perguntaram a Jesus: Que sinal nos mostras para agir assim? Ele respondeu: Destruí este Templo, e em três dias o levantarei. Os judeus disseram: Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias? Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo. Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele.”(Jo 2,13-22) Jesus condena esta prática naquela época, e o que faria hoje com tantas religiões e seitas que visam somente o dinheiro, oferecendo em troca milagres e cura espiritual.
   Nós cristãos, sejamos católicos ou protestante, não podemos permitir que a casa do Senhor seja este comércio onde se pode comprar de quase tudo, não podemos perder a essência da nossa fé, Padres e Pastores dedicam as suas vidas no anuncio do evangelho, servindo com amor e dedicação de pai as ovelhas do rebanho, e todo o trabalhador merece ser bem remunerado pelo seu trabalho, mas, não podemos permitir que sejam exigidos do irmão que mal tem o pão para colocar na boca dos seus filhos, que sustentem o luxos deste lideres, como por exemplos carros luxuosos que mais servem para ostentação do que para a missão, a estes mais carentes a igreja, seja ela católica ou protestante, tem uma obrigação social e moral de ajudar com o mínimo básico e lutar para que esta família tenha condições de conseguir o seu próprio sustento.

   Quando Jesus chicoteou aqueles mercadores, penso que na verdade ele queria nos sacudir, mexendo com a nossa acomodação, como templos vivos do Espirito Santo não podemos ficar com os braços cruzados falando que alguém deve fazer alguma coisa, se vemos algo que não concordamos e nos revolta, por que devemos esperar que outros tomem uma atitude por nós? Jesus não induziu a nenhum dos seus discípulos a acabar com aquele mercado, ele como líder, não liderou somente com as belas palavras, o maior dos seus ensinamentos foi com o seu exemplo de entrega total. Nós como morada de Deus vivo devemos fazer jus a nossa missão, e a nossa missão é fazer deste mundo, uns lugares onde negros e brancos, ricos e pobres, cristãos e não cristãos, homens e mulheres, adultos e crianças, tenham seus direitos respeitados e com o seus deveres cumpridos. Aos olhos de Deus não há diferença, somos todos iguais, somos templos e sacrários vivos do nosso Senhor Jesus Cristo, sempre prontos para esta missão.
Rubens Corrêa