Celebramos uma grande festa neste domingo, a
Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, encerra-se com este evento o ano
litúrgico A e no domingo seguinte inicia-se o ano litúrgico B, na Solenidade de
Cristo Rei do Universo percebemos um sentindo diferente de rei, não aquele rei
que governa de forma opressora e com mãos de ferro, mas, aquele rei que cuida
do seu povo nutrindo e cuidando, como pastor que cuida das suas ovelhas.
Na primeira leitura o profeta Ezequiel nos
mostra que Deus vai reunir as suas ovelhas em um só rebanho, “Assim diz o Senhor Deus: Vede! Eu mesmo vou
procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. Como o pastor toma conta do
rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas dispersas, assim vou
cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que foram
dispersadas num dia de nuvens e escuridão. Eu mesmo vou apascentar as minhas
ovelhas e fazê-las repousar — oráculo do Senhor Deus — Vou procurar a ovelha
perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a
doente, e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito.
Quanto a vós, minhas ovelhas — assim diz o Senhor Deus —, eu farei justiça
entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes.”(Ez 34,11-12.15-17.)
Para Deus somos como aquelas ovelhas, umas estão no redil reunidas, outras
estão dispersas e o verdadeiro pastor vai resgatá-las, outras estão doentes e
machucadas e ele cuida dos ferimentos dando remédio para livrar da enfermidade,
mas, em momento algum ele descuida daquelas que estão reunidas e em perfeito
estado de saúde, é assim que Deus faz com cada um de nós, cuida dos que
precisam sem descuidar com quem está bem.
Na segunda leitura o Apostolo São Paulo nos mostra
que é por Jesus que encontramos a salvação,
“Irmãos: Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que
morreram. Com efeito, por um homem veio a morte, e é também por um homem que
vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em
Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em
primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por
ocasião de sua vinda. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai,
depois de destruir todo principado e todo poder e força. Pois é preciso que ele
reine, até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último
inimigo a ser destruído é a morte. E, quando todas as coisas estiverem
submetidas a ele, então o próprio Filho se submeterá àquele que lhe submeteu
todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.”(1Cor 15,20-26.28.)
Vemos nas guerras que são os soldados que estão com a sua vida em risco pelo
rei, por um governo e pela sua pátria, na guerra entre o bem e o mau, Jesus como
rei se colocou na frente do combate, dando a sua vida para que os outros
pudessem mantê-las, ele venceu não pela força, mas, pelo amor, este amor ele
demonstrou até fim, quando perdoou e redimiu todos os que o mataram, e é por este
amor que ele irá governar para sempre esta nova civilização, a civilização do
amor.
No evangelho segundo São Mateus Jesus revela
aos seus discípulos quem são os escolhidos para tomar posso do Reino de Deus, “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos,
então se assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da terra serão
reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa
as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à
sua esquerda.”(Mt 25,31-33.) Nesta separação onde estaremos? Estaremos na
direita ou na esquerda de Jesus?
Estar à direita ou esquerda de Jesus vai
muito além daquilo que imaginamos, ir a igreja, jejuar, contribuir com o
dízimo, tudo isso faz parte da nossa rotina de cristãos, mas, o que Jesus quer
de nós é muito mais que isso, “Então o
Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Recebei
como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu
estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber;
eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu
estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar. Então
os justos lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos
de comer? Com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos como
estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que
te vimos doente ou preso e fomos te visitar? Então o Rei lhes responderá: Em
verdade eu vos digo que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de
meus irmãos, foi a mim que o fizestes!”(Mt 25,34-40.)
Estamos sempre muito ocupados com o nosso
trabalho, tarefas de casa e compromissos nas igrejas que não percebemos o que
Jesus realmente pede para que façamos, “Depois
o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: Afastai-vos de mim, malditos! Ide
para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. Pois eu estava
com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber;
eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me
vestistes; eu estava doente e na prisão e não me fostes visitar. E responderão
também eles: Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como
estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos? Então o Rei lhes
responderá: Em verdade eu vos digo: todas as vezes que não fizestes isso a um
desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes! Portanto, estes irão para o
castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.”(Mt 25,41-46.)
Jesus se coloca na pessoa daquele que está necessitando da nossa ajuda, e
muitas vezes passamos a diante pensando em tantas outras coisas que temos a
fazer, seja no trabalho, em casa e até mesmo na igreja.
Em várias reflexões nas celebrações da
palavra, encontros e formações que participei, ouvi muitas vezes as pessoas
falando que aquela pessoa de mãos estendidas pedindo ajuda pode ser Jesus, mas,
no evangelho Jesus fala diferente, que quando fazemos para aqueles necessitam é a
ele que fazemos, ele não diz que pode ser ele, e sim que é a ele que fazemos,
Jesus é este Rei que em toda a sua realeza se coloca no lugar daquele que nada
tem, só um amor sem limites como o de
Jesus para realizar este mistério.
Nas igrejas presenciamos muitas
demonstrações de fé e dedicação, mas, de nada vale estas demonstrações se no
dia-a-dia não nos importamos com o que acontece com o nosso próximo e muitas
vezes somos a causa do sofrimento alheio, não há como amar a Jesus, oprimindo
ou omitindo a ajuda ao próximo, isso é alienação, não estou aqui me colocando
contra aos rituais e louvores que acontecem dentro das igrejas, mas, podemos
ligar com o que Jesus pediu no evangelho, não terá valor nenhum todos estes
rituais e louvores se não levarmos o Cristo aos irmãos que mais necessitam, não
para que eles se conformem com os sofrimentos de suas vidas, e sim aquele Jesus
que disse que veio para que todos tenham vida em abundancia.
Celebrar a Solenidade de Jesus Rei do
Universo é meditar sobre as nossas ações em família, comunidade e sociedade,
mudando aquilo que precisa mudar em nós, sendo cristão não só dentro das
igrejas, mas, pelo mundo todo, levando paz e esperança a todos, lutando por
justiça, combatendo o mal que há na corrupção, nas drogas, na prostituição, na violência,
na fome e na opressão, celebrar esta festa é enxergar no irmão a imagem de
Jesus e é ser também para este irmão a imagem do Jesus ressuscitado que estende
a mão para ajudar, é comprometer-se com a missão que Jesus nos confiou e que
não podemos deixa-la inacabada.
Rubens Correa |
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