Introdução
No tempo da Quaresma, somos todos convidados
a realizar o caminho da conversão para celebrarmos a Páscoa da vida, a nova
aliança com Deus.
A liturgia deste domingo nos convida a
percorrer o caminho de Jesus, o Filho amado de Deus, que concretiza o projeto
de salvação através do dom da vida e nos conduz à vida plena.
Comunidade apostólica e Comunidade cristã
hoje
O Evangelho descreve a Transfiguração de
Jesus, sinal da ressurreição e de sua vitória. A Palavra de Deus nos convida à
conversão constante, a abrirmos nosso coração e alimentar nossa esperança na
confiança em Deus. A escuta amorosa da Palavra de Deus revigora nossa esperança
na construção do Reino de Deus. A fé-compromisso mostra-nos que é possível
transfigurar aquilo que desfigura a vida humana.
A transfiguração acontece através da
vivência dos valores do Evangelho, a solidariedade, a partilha e justiça, na
nossa capacidade de amar cada vez mais.
Deus
nos fala hoje na Liturgia da Palavra
As leituras
bíblicas deste domingo nos apresentam dois exemplos na CAMINHADA DA FÉ: a fé de
Abraão e a fé dos Apóstolos.
A primeira
Leitura fala da fé de Abraão. A narrativa faz parte das
"tradições patriarcais", sem caráter histórico. (Gn
22,1-2.9.10-13.15-18)
Destina-se
a apresentar Abraão como MODELO DE FÉ: Ele vive numa constante ESCUTA da
Palavra de Deus, aceita os apelos de Deus, e responde com obediência total,
mesmo oferecendo o filho Isaac. Abraão ensina a confiar em Deus, mesmo quando
tudo parece cair à nossa volta, e quando os caminhos do Senhor se revelam
estranhos e incompreensíveis. Sua obediência tornou-se uma fonte de vida família e para todos os povos.
O sacrifício de Isaac é símbolo do sacrifício de Jesus. Isaac foi substituído
por um cordeiro, Cristo é o verdadeiro Cordeiro sacrificado para a salvação do
mundo.
Na segunda
leitura, Paulo retoma a figura de Isaac, subindo o monte Moriá, com
a lenha do sacrifício às costas, como imagem de Cristo que também sobe o monte
Calvário, carregando às costas o lenho da Cruz. É um hino, em que Paulo canta entusiasmado o
Amor de Deus. O fundamento de nossa fé é o amor fiel e incondicional a
Deus. (Rm 8,31-34)
O Evangelho
de Marcos nos fala da fé dos Apóstolos: Na caminhada para
Jerusalém, o primeiro Anúncio da Paixão e Morte de Jesus abalou profundamente a
fé dos apóstolos. Desmoronaram seus planos de glória e de poder.
Para
fortalecer essa fé ainda tão frágil Cristo tomou três deles subiu o Monte Tabor
e "TRANSFIGUROU-SE". (Mc 9,2-10)
Proposta de
Pedro: "É bom estar aqui! Vamos fazer três tendas"; Proposta de Deus: "Este é o meu Filho
amado, ESCUTAI-O!“. A transfiguração de Jesus é uma Catequese que revela
aos discípulos e a nós Quem é Jesus. Antes de tudo ele é o FILHO AMADO
DE DEUS: Um novo MOISÉS que dá ao seu povo uma NOVA LEI e através de quem Deus
propõe aos homens uma NOVA ALIANÇA. As figuras de Elias e Moisés ressaltam que
a Lei e as Profecias são realizadas plenamente em Jesus. O mundo se transforma quando acolhemos a voz
do Pai.
Na
caminhada para a Páscoa, somos
também convidados a subir com Jesus a montanha e, na companhia dos 3 discípulos, viver a
alegria da comunhão com ele. As
dificuldades da caminhada não podem nos desanimar. No meio dos conflitos, o Pai nos mostra desde
já sinais da ressurreição e do alto daquele monte ele continua a nos gritar: "Este
é o meu Filho amado, ESCUTAI-O".
Escutar
atentamente tudo o que Jesus diz, seguindo seus passos com confiança total, mesmo
nos momentos difíceis e incompreensíveis. Reconhecer esse Cristo
desfigurado, presente na pessoa dos irmãos e estender a mão para servi-los. É
fácil reconhecer o Cristo transfigurado no Tabor mais difícil é reconhecê-lo desfigurado
no Monte Calvário.
Ação:
Não podemos ficar no Monte de braços cruzados. Descer a montanha foi para os
discípulos muito mais difícil do que subi-la.
Pedro
deseja se estabelecer no alto da montanha e ali vivenciar a vida cristã como se
fosse um eterno retiro, longe do barulho das pessoas, das cidades. Um lugar
ideal para viver de contemplação.
Luis Filipe Dias |