Introdução
Neste quinto domingo do tempo comum,
recordando o acontecimento da pesca milagrosa e a vocação dos primeiros
discípulos, celebramos nossa vocação ao discipulado. É o Senhor que chama e o
chamado é sempre ligado à realidade e dentro de nossa contingência humana, como
aconteceu com Isaías e com os apóstolos no evangelho.
Partilha
da Palavra
O Evangelho nos fala de vocação. No
Evangelho de Lucas (Lc 5,1-11), o primeiro chamado tem como cenário as
multidões: Jesus está à beira do lago de Genesaré, lugar onde realiza sua
atividade libertadora. Ao ver as barcas paradas pede aos pescadores que se
afastem da margem para que lance as redes para a pesca. Confrontado com a recusa de Pedro, o Mestre
insiste e eles assim fizeram e apanharam grande quantidade de peixes. Tudo isto
deixa perplexos os pescadores que se apavoram diante de tal acontecimento: ”Não
temam, daqui em diante, farei de vós pescadores a sério” (Cf. Lc 5,10).
A enorme quantidade de peixes, ao ponto de
quase romper as redes, sublinha que o êxito missionário é obra do Senhor
Ressuscitado e não fruto do trabalho árduo dos pescadores.
Todos são chamados por Jesus para seguir seu
estilo de vida, para estarem com Ele e para os enviar. A resposta é pronta:
“Eles deixaram tudo e seguiram a Jesus” (5,11).
A primeira Leitura (Is 6,1-2a.3-8) narra a
vocação do profeta Isaías que surge no século VIII a. C., num contexto
litúrgico, no Templo de Jerusalém. A vocação é obra de Deus, o Santo, cuja
glória resplandece em toda a terra e queima os lábios do chamado para o
preparar para a missão profética que vai assumir. A conversão leva ao
compromisso com a mensagem libertadora: “Aqui estou, envia-me Senhor” (Is 6,8).
O salmo 137 (138) é uma ação de graças
individual a Deus pela manifestação de sua ação salvadora.
A segunda leitura (1Cor 15,1-11)apresenta um
resumo da profissão de fé das comunidades primitivas. O Ressuscitado apareceu a
Pedro, depois aos Doze e por fim apareceu a Paulo para ser enviado numa missão
especial no meio dos gentios.
Pela ação de Deus, todas as testemunhas do
Ressuscitado proclamam a mesma fé e a força do Espírito vai levar Paulo a
dedicar toda a sua vida ao anúncio do Evangelho.
Atualizando
a Palavra
Jesus convida os primeiros discípulos ao
seguimento e os transforma em pescadores de gente. Ele os convoca na realidade em
que os encontra e pede adesão plena. A missão dos chamados prolonga a ação do
Mestre no meio do povo. A iniciativa é sempre do Mestre como nos recorda o
discípulo amado no seu Evangelho: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui
eu que vos escolhi” (Jo 15,16).
Cada um de nós tem uma história vocacional
pessoal e irrepetível: Deus entra na nossa vida de formas inesperadas e
desafia-nos para a missão que nos desinstala. O resultado da confiança na
palavra do Mestre reverte a situação negativa e supera as expectativas.
Hoje é o tempo de Deus (kairós). Ele quer
entrar na nossa vida (barca) para nos fortalecer na fé. Como Pedro, também nós
somos convidados a pescar em águas mais profundas aceitando o desafio de Mestre
de voltar a lançar as redes seguindo caminhos novos.
Jesus
de Nazaré revela a misericórdia de Deus. É sendo misericordiosos que
alcançaremos a misericórdia (Cf. Mt 5,7).
Conclusão
“O Senhor nunca se cansa de ter misericórdia
de nós, e quer nos oferecer uma vez mais o seu perdão, todos precisamos disso,
convidando-nos a voltar a Ele com um coração novo, purificado do mal,
purificado pelas lágrimas, para tomar parte de sua alegria”. (Papa Francisco)
Experimentando a santidade de Deus (três
vezes santo), somos também nós renovados e purificados no ardor da vocação
profética e missionária e na mística do serviço.
Somos constantemente desafiados a sair da
nossa zona de conforto para lançar as redes com a força e o poder do Mestre,
certos de que o nosso trabalho não será em vão e dará frutos.
“Ó Deus, vós quisestes que participássemos
do mesmo pão e do mesmo cálice; fazei-nos viver de tal modo unidos em Cristo,
que tenhamos a alegria de produzir muitos frutos para a salvação do mundo”.
(Oração depois da comunhão)
“Que arda como brasa tua Palavra nos renove,
esta chama que a boca proclama”.
Para ser sal da terra e fermento do Evangelho
na família, na escola, na sociedade, nas várias culturas oprimidas, quem hei de
enviar, que irá por nós?
Aqui estamos, Senhor! Envia-nos!
No dia 10 iniciamos a Quaresma com a
celebração da imposição das cinzas.
A
Campanha da Fraternidade tem como tema: “Casa comum, nossa responsabilidade” e
como lema desta Campanha: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a
justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).
Luis Filipe Dias |
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