Neste domingo Jesus nos convida a refletir sobre o que buscamos para nossa vida, vivemos em um mundo onde o consumismo fala mais alto do que a caridade, mas sabemos que saindo desta vida não levamos nada deste mundo, de nada adianta ter muito dinheiro e bens se vivemos longe da vivencia da fé e dos ensinamentos de Jesus, deste modo todo o nosso trabalho será em vão, será meramente por vaidade. Abandonando este corpo material de que valerá toda a vaidade?
O livro do Eclesiastes (Ecl 1,2;2,21-23.) vem nos dizer: “‘Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade’. Por exemplo: um homem que trabalhou com inteligência, competência e sucesso, vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou. Também isso é vaidade e grande desgraça. De fato, que resta ao homem de todos os trabalhos e preocupações que o desgastam debaixo do sol? Toda a sua vida é sofrimento, sua ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração. Também isso é vaidade”.
A primeira leitura nos mostra que sem Deus todo nosso trabalho é em vão, de nada vale trabalharmos arduamente para adquirir, construir e acumular, se em nossas vidas não experimentarmos o amor de Deus. O que iremos deixar para as gerações futuras? Mais do que deixar bens que serão motivos de discórdias entre nossos descendentes, devemos deixar um legado de vivencia da fé, do amor e da caridade, uma vida pautada em testemunhos de homens e mulheres tementes a Deus servindo de exemplos para as novas gerações, para que elas possam transformar este mundo pelo amor, pela fé e pela misericórdia, este é o compromisso de nossas vidas.
Em sua carta aos Colossenses (Cl 3,1-5.9-11.) o apóstolo Paulo exorta: “Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória. Portanto, fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria. Não mintais uns aos outros. Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu Criador, em ordem ao conhecimento. Aí não se faz distinção entre judeu e grego, circunciso e incircunciso, inculto, selvagem, escravo e livre, mas Cristo é tudo em todos”.
Paulo nos fala que depois de experimentarmos a vida que há em Jesus ressuscitado, não podemos mais nos perder em meio as seduções do mundo, ressurgidos em Cristo devemos buscar as coisas do alto, ir ao encontro dos bens que não perecem, assumindo com ele a missão solidificada no amor e na fé, vivendo a caridade, ajudando a quem precisa e lutando para transformar o mundo em um lugar onde todos os filhos de Deus possam ter voz e vez. Buscar as coisas do alto é se espelhar no exemplo de Jesus, é acreditar na missão e se colocar a serviço, não há nenhuma realidade que não possa ser mudada, Saulo de perseguidor e assassino de cristãos passou a ser Paulo um dos mais importantes apóstolos, responsável em levar o evangelho além das fronteiras e para aos mais diversos povos, certamente ele buscou e encontrou as coisas do alto, servindo-nos de um grande exemplo para a nossa missão.
No evangelho (Lc 12,13-21.) Jesus nos diz: “Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: ‘Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo’. Jesus respondeu: ‘Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?’ E disse-lhes: ‘Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens’. E contou-lhes uma parábola: ‘A terra de um homem rico deu uma grande colheita. Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e fazer maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda esta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus’”.
O evangelista Lucas nos mostra Jesus nos alertando para termos cuidado com a ganância, e por meio de parábola nos mostra que de nada adianta acumular bens nesta terra e a qualquer momento possamos deixar esta vida sem nada levar conosco. Vemos que todos os anos o mundo produz milhões de toneladas de alimentos e neste mesmo mundo milhões de pessoas passam fome, um mundo onde as corrupções ativa e passiva movimenta quantias absurdas de dinheiro e o povo vivendo em condições precárias, sem habitação, sem educação, sem segurança e sem dignidade, nós como cristãos devemos fazer a diferença e estamos falando de um país de maioria cristã, católicos e protestantes todos seguidores de Jesus Cristo, em nosso país a história deveria ser diferente.
Que a palavra de Deus nos inspire neste dia para que possamos verdadeiramente ser seguidores de Cristo, colocando de lado toda a vaidade e como Paulo buscando as coisas do alto, sendo sinais de esperança e de fé, fazendo a diferença neste mundo, ajudando a quem precisa e lutando por mais justiça, saúde, educação, trabalho e moradia de qualidade para todos. Vamos esvaziar os celeiros das nossas vidas para encher os corações de amor e de paz, mais do que ser sinais, Cristo que usar as nossas mãos para construir um mundo mais justo e fraterno. Então mãos a obra.
Rubens Corrêa |