A Liturgia
deste domingo nos recorda a noite em que Deus libertou seu povo da escravidão
do Egito. O povo estava pronto para seguir o único Senhor, que os conduziria
através do mar vermelho até ao deserto.
O
evangelho “atualiza” a lembrança da
vigília de Israel no tema da vigilância escatológica. A vigilância é também uma
atitude do cristão que espera a volta de “seu
senhor”, o qual, encontrando seus servos a vigiar, os fará sentar à mesa e
os servirá. O texto de domingo apresenta um grupo de sentenças recolhidas por
Lucas e interligadas, de maneira a desenvolver os temas da confiança, da vigilância,
da perseverança e da fidelidade.
Comentário dos textos bíblicos
Segundo Ex
12,42, Deus passou a noite em vigília para libertar Israel e por isso Israel
lhe dedica a vigília pascal. Na “noite”
(Sb 18,6) do êxodo, Deus castigou o, fazendo morrer os primogênitos; foi o
juízo de Deus, para salvar Israel (Sb1814-19).
O texto
lembra que os “pais” (antigos
israelitas) preparavam-se para essa noite (Ex 11,4-6), a noite da vigilância
(Ex 12,42), celebrando Javé no escondido (Sb 18,9). Tal vigilância e fidelidade
são tarefa para todas as gerações, até à libertação final.
O salmo 32
(33) é um hino de louvor ao Senhor com momentos de reflexão sapiencial. Com o
salmista, glorificamos a Deus, o Senhor da história, o criador que age pela
palavra e pela ação. Depositemos nossa confiança em Deus, que conduz a nossa
vida.
II leitura: Hebreus 11,1-2.8-19
Buscar o
que plenifica a vida; O capítulo 11 é longo texto sobre a fé.
O texto de
domingo nos apresenta uma belíssima catequese sobre a fé. Paulo a define como “a realidade dos bens esperados, a prova das
coisas que não se veem”. Segundo ele, “foi
graças a ela que os antigos obtiveram um belo testemunho”. As realidades da
fé são tão certas e firmes que nossos modelos do passado nelas acreditaram e as
cultivaram com coragem e testemunho. (Hb 11,1-2)
A fé
explica a saída de Abraão de sua terra e da parentela e toda a sua caminhada
vocacional, assim como a de seus descendentes.
O contexto
alargado do evangelho (Lc 12,22-31) em que se insere o início do texto de hoje
é um convite ao abandono com confiança na providência de Deus que cuida das
aves do céu e das flores do campo. Trata-se duma palavra de consolação, de
exortação a não temer nada (nem mesmo as crises de momento) e dá uma promessa
de salvação.
Apenas
Lucas refere uma sentença sobre o “pequenino
rebanho”. A metáfora do “rebanho”
é comum no Antigo Testamento para qualificar o povo eleito considerado o povo
de Deus por excelência; inclui a imagem de Deus como Pastor e, portanto, a
consciência de estar sob a sua proteção. Trata-se, pois, duma palavra de
consolação dirigida ao pequeno grupo de seguidores de Jesus no meio do povo de
Israel, assegurando-lhe o dom gratuito que o Pai lhes concede: o Reino, considerado
o verdadeiro tesouro. O evangelista indica aos crentes para onde devem
endereçar os seus esforços para obter segurança: não para os bens terrenos (Lc
12,13-21- o rico avarento), mas somente para Deus.
O apego
aos bens cria um falso sentimento de segurança. Se Deus é o ideal do cristão,
importa centrar a própria escolha e existência sobre o bem por excelência. O
bom senso faz perceber que outros bens são efémeros e passageiros, a fé
confirma que só Deus responde plenamente à vocação profunda do homem. A
ideia do tesouro conservado no céu, a exortação a não pôr a confiança nos bens
efémeros, mas apenas em Deus, o valor dado à esmola como obra de misericórdia,
são conhecidos no judaísmo (Tb 4,7-10; 12,9 Eclesiástico 3,30 ( a esmola apaga
os pecados); 29,10-12) que compara Deus a um bom banqueiro: as obras boas
feitas na terra são como um capital depositado em Deus que ajudará as pessoas
generosas quanto, por sua vez, se encontrarem em necessidade nesta vida. O
pensamento numa recompensa num “além”
na vida eterna, entra mais tarde no judaísmo. Nesta maneira de pensar, os bens
terrenos são conciliáveis com os bens celestes: a riqueza é sinal de bênção que
Deus concede aos justos. Porém, para Jesus, a riqueza torna-se um concorrente
de Deus e do seu reino no coração do homem; o discípulo não pode servir a dois
senhores (servir a Deus e ao dinheiro).
Segue-se
um conjunto de exortações à vigilância, expressas em duas parábolas. A primeira
parábola apresenta um senhor que viaja para ir a um banquete. Os festejos
duravam vários dias e a sua ausência podia prolongar-se, o que punha à prova a
fidelidade e o trabalho dos súbditos e dos responsáveis que ficaram
encarregados da casa. Cingir os rins é uma expressão comum na Bíblia que
significa estar pronto, preparado e atento a receber uma ordem.
O símbolo
da vigilância é a lanterna acesa, sinal de que se está acordado à espera do
senhor que pode vir a qualquer hora. O sacrifício poderá parecer grande, mas
bem maior será a recompensa. O patrão, comovido pela dedicação e fidelidade,
fará o que os seus criados não esperam: manda-os sentar-se à mesa e põe-se a
servi-los. De patrão torna-se criado e o criado torna-se comensal, amigo do seu
senhor. Nenhum senhor terreno age desta forma, apenas aquele que é Senhor de
todos. Daí a declaração: “Felizes!”.
A
necessidade da vigilância é reforçada pela segunda parábola em que se apresenta
o Filho do Homem, sinal de julgamento e pedido de contas, como vindo de forma
inesperada, quando menos se pensa.
A pergunta
de Pedro: “Senhor, é para nós que dizes essa parábola, ou é para todos
igualmente?” fornece a ocasião para continuar a explanação anterior. A
recompensa que toca aos servos vigilantes e ao administrador fiel é a mesma: a
alegria do dever cumprido e a benevolência do dono da casa. O administrador
diligente será promovido a ofício superior, porventura terá sobre si a
responsabilidade de todos os bens do seu senhor. O “Senhor” da parábola é a imagem do “Filho do Homem” que vem verificar o comportamento dos seus
súbditos. Embora seja dirigida a todos, parece ter como objeto principal os que
mais de perto acompanharam Jesus e aqueles a quem ele confiou a nobre tarefa de
continuar a sua missão, isto é, os guias da comunidade. Por isso se diz, «a quem foi dado muito, muito será pedido; e a quem foi confiado
muito, muito mais será pedido» (Lc 12,48).
Atualizando a Palavra
No mês
de agosto, mês vocacional por excelência, recordamos os ministros ordenados: O Papa,
bispos, sacerdotes e diáconos agradecendo a Deus todo o carinho e desapego,
atenção e doação, de cada um ao serviço do Reino.
Celebramos a nossa fé em comunhão com a
Arquidiocese de Belém-Pará, que vai realizar o congresso eucarístico nacional
nos dias 15 a 21 de agosto, tendo como temática: “Eucaristia e partilha na Amazônia
missionária” e lema: “Eles o reconheceram ao partir do pão”.
"Misericordiosos como o Pai" é
tema do Mês Vocacional 2016 - Material de apoio
Para animar o Mês Vocacional, a Comissão
Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Pastoral Vocacional
propõem subsídio com roteiros catequéticos. O material apresenta três sugestões
de encontros com os temas: “A Vocação Nasce na Igreja”; “A Vocação Cresce na
Igreja” e “A Vocação é Cultivada na Igreja”. Traz, ainda, roteiro oracional,
cantos e reflexões do papa Francisco sobre as vocações e indica, também,
roteiros para auxiliar nas missas dominicais do Mês Vocacional: 07 de agosto –
vocação ministério ordenado: diáconos, padres e bispos; 14 de agosto – vocação
matrimonial; 21 de agosto – vocação à vida consagrada; 28 de agosto – vocação
dos leigos.
Para
adquirir o subsídio entre em contato com as Edições CNBB:
www.edicoescnbb.com.br
Luis Filipe Dias |
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