Introdução
Iniciamos o período da
Quaresma com a disposição renovada de mergulhar em Deus, deixando-nos iluminar
por sua Palavra, questionando-nos sobre nossas atitudes e comprometendo-nos com
uma nova vida. Alimentados pela Palavra, que se torna o pão de cada dia desta
Quaresma, seremos fieis ao projeto de Deus que nos criou por amor e para amar.
I
leitura (Genesis 2,7-9;3,1-7); Da argila da terra Deus criou o ser humano
O próprio nome de Adão vem da
palavra adamah, termo hebraico que
designa a terra. É a palavra que deu origem ao homem, entendido aqui como nome
genérico da raça humana.
A narrativa busca explicar o
motivo do sofrimento pessoal e dos males sociais.
II
leitura (Romanos 5,12-19): O novo ser humano em Jesus Cristo
Um dos temas dominantes na
carta aos Romanos é a justificação pela graça. Se o pecado de Adão trouxe a
morte, a fidelidade de Jesus Cristo trouxe a vida definitiva. Se a rebeldia do
ser humano diante do Criador trouxe a condenação para todos, o dom gratuito de
Jesus Cristo para todos trouxe a justificação.
O ato de expiação de Jesus, o
novo Adão, anulou definitivamente o poder do pecado.
Evangelho
(Mateus 4,1-11): Jesus vence as tentações
a) A primeira tentação indica a dimensão
econômica do poder.
Jesus,
como ser humano, sentiu-se certamente atraído pela proposta de orientar a sua
vida para o acúmulo de bens e para o desfrute dos prazeres que eles podem
oferecer.
Ao
responder que a pessoa vive não só de pão, mas de toda a palavra que sai da
boca de Deus, aponta para a perspectiva essencial que deve conduzir todos os
nossos passos. A palavra de Deus constitui a fonte e a autoridade das quais
emana todo o ensinamento capaz de realizar as aspirações mais profundas de cada
um de nós; é alimento capaz de satisfazer
a fome do coração humano, desejoso de inteireza e autenticidade.
b) A segunda tentação refere-se à dimensão
religiosa do poder.
O
“pináculo”, para além da parte física mais alta do templo, representava os
elevados cargos que um judeu poderia galgar na hierarquia religiosa.
A
resposta de Jesus de não tentar o Senhor Deus informa-nos de que a lógica
humana deve submeter-se à lógica divina, e não o contrário. A vontade do Pai,
de forma desconcertante, manifesta-se no caminho da obediência de seu Filho até
à morte de cruz. Com isso, cai por terra a presunção de querer usar Deus para a
vanglória humana.
c) A terceira tentação indica a dimensão
politica do poder.
Equivale
à tentação da idolatria por excelência: adoração a satanás. É posicionar-se
como um ser divino, com o poder de agir, de forma absoluta, sobre pessoas e
bens. É a tentação de querer alcançar a felicidade suprema pela autoafirmação e
pelo domínio sobre os outros.
O
posicionamento de Jesus, ao rejeitar essa tentação, transforma-se no caminho de
superação de todo o domínio e também de todo o servilismo. Coloca a Deus como o
único Ser digno de adoração. Jesus propõe uma nova ordem social como realização
da vontade do Pai e orienta toda a sua missão para a organização dessa nova
ordem. Revela, assim, a verdadeira origem do reino de justiça, fraternidade e
paz: é dom de Deus e serviço abnegado dos seus filhos e filhas.
Conclusão
As tentações de Jesus resumem as tentações de todo o homem. Ao contrário de Adão, Jesus rejeita a tentação, fixando-Se no Pai e na sua palavra. Resistir ao mal, morrer para o pecado, firmando-se na palavra de Deus, é o primeiro passo para participar na Páscoa de Jesus. Quem deseja caminhar para a comunhão com Deus na Páscoa de Jesus, não pode deixar-se encantar, nesse caminho, com as tentações que o Inimigo lhe apresentará.
Pistas
de reflexão
1. Deus é
criador e libertador.
2. Não
cair em tentação.
3. Ser
portadores da graça divina.
Luis Filipe Dias |
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