sábado, 31 de março de 2018

Domingo da Páscoa na ressurreição do Senhor (01/04/2018)

LEITURAS DO DIA: Buscai as coisas do alto
At 10, 34, 37-43: Jesus de Nazaré é o juiz dos vivos e dos mortos.
Salmo 117: Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.
Cl 3, 1-4: Feito criatura nova pela ressurreição de Cristo.
Evangelho: Jo 20, 1-9: Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram.

A PALAVRA É MEDITADA: Hoje escutamos uma notícia que todos conhecemos há muito tempo, pelo fato de a termos ouvido repetir tantas vezes: o risco é de não conseguirmos perceber a força de uma mensagem que uma vez mais rasgou as trevas da noite que passou; o risco para quem ouve é de não chegar a comunicar a outros a alta tensão do anúncio mais brilhante de toda a história: Jesus de Nazaré, o Crucificado, ressuscitou!

Este anúncio está no coração da mensagem evangélica. Afirma-o com força S. Paulo: "Se Cristo não ressuscitou, então é vã a nossa pregação, é vã também a vossa fé".

A ressurreição de Cristo é a inauguração de uma ordem nova e universal; uma energia nova é infusa na criação.

Desde a manhã de Páscoa uma nova Primavera de esperança invade o mundo; desde aquele dia a nossa ressurreição já começou, porque a Páscoa não marca simplesmente um momento da história, mas o começo de uma nova criação: Jesus ressuscitou não para que a sua memória fique viva no coração dos seus discípulos, mas sim para que Ele mesmo viva em nós e nele possamos já saborear a alegria da vida eterna.
"A ressurreição do Senhor é a nossa esperança" dizia Agostinho.

A morte não tem a última palavra, porque a triunfar no final é a vida. É preciso estar atentos para que esta nossa certeza não se baseie sobre simples raciocínios humanos, mas baseiam-se sobre um histórico dado de fé: Jesus Cristo, crucificado e sepultado, ressuscitou com o seu corpo glorioso. A sua ressurreição diz respeito também a nós porque acreditando nele, podemos ter a vida eterna.

A ressurreição, portanto, não é uma teoria, não é um mito nem um sonho, mão é uma visão nem uma utopia, não é uma fábula, mas um acontecimento único e irrepetível.
A ressurreição dá aos crentes três realidades: A esperança, a coragem e a alegria.

A esperança cristã
Uma esperança que vai além da realidade da morte porque Deus não é dos mortos, mas dos vivos. Esta esperança é já nesta terra. Uma esperança que impede o cristão de afirmar a impossibilidade de mudar as coisas.

Tudo parece impossível aos homens de hoje e afinal o cristão sabe que a ressurreição rompe todos os esquemas e convida o homem a levantar os olhos.

A coragem da fé
Corremos o risco de perder a coragem, de nos deixarmos tomar pelo medo, de ceder à tentação de ficarmos na montanha, no aconchego das nossas igrejas ou das nossas famílias. É o tempo de reencontrar dentro de nós a coragem da fé, de dizer ainda: "Jesus tem razão, nós acreditamos, acreditamos a sério na honestidade, no bem, na justiça, na verdade".

Ter fé não significa apenas, ir à Igreja, cantar lindos cânticos, ouvir lindas palavras, e ainda experimentar bons sentimentos. Ter fé significa tornar ao lugar onde trabalhamos, ao meio das pessoas, e continuar a acreditar nas coisas em que acreditou Jesus, nas coisas que Jesus amou, nas cosias pelas quais viveu.

Tudo sito tendo o olhar relativamente àqueles cristãos que em diversas partes do mundo vivem com dificuldade em professar a fé em Cristo com o risco da vida. É mesmo verdade aquilo que diz o Papa Francisco: "Existem mais mártires hoje que nos tempos das primeiras comunidades".

A alegria dos filhos de Deus
A alegria é o teste decisivo que permite definir o estado da fé de todo o crente. A alegria da fé, a alegria do Evangelho é a pedra de comparação da fé de uma pessoa. Sem alegria aquela pessoa não é um verdadeiro crente.

Páscoa é renascimento, é recomeço.
O mundo não se transformará e não ressuscitará se eu, você, não nos transformarmos e não ressuscitarmos primeiramente. A ressurreição interior é ser capaz de mudar, é partilhar a vida na esperança.

É dizer sim ao amor e à vida, é investir na fraternidade, é lutar por um mundo melhor e vivenciar a solidariedade.

É deixar florir a humildade e a capacidade de rever os valores, conceitos, preconceitos e abolir tudo aquilo que fere a vida e a dignidade.
Páscoa é tempo de romper as correntes, abrir os braços e o coração.
Tempo de passagem da escravidão do mal à libertação.

Tempo de substituir as armas da violência e da morte por ramalhetes de paz e ressurreição.
Tempo de transformar a vida e fazer florir o deserto que existe em cada coração.
Tempo de reafirmar, que o amor de Deus é mais forte do que a própria morte e que em Jesus também passamos da morte à ressurreição.

A PALAVRA É REZADA
Há um sepulcro vazio, o teu sepulcro, Jesus, 
e Maria dá voz à primeira suspeita:
levaram o corpo do Senhor, 
privaram-na da possibilidade de chorar sobre ele 
e de gritar a sua dor.
Há um sepulcro vazio, o teu sepulcro, Jesus, 
e Pedro e João vão constatar o anúncio recebido.
Vão à pressa, correm, como sempre 
que é oferecido um sinal da parte de Deus...
Como Maria que alcançou apressadamente a casa de Zacarias...
Como os pastores que, na noite, 
Decidiram ir imediatamente ver aquele menino
que veio para se tornar a alegria de toda a humanidade.
Há um sepulcro vazio, o teu sepulcro, Jesus, 
e quem recebeu o dom da fé 
como o “outro discípulo”, João, começa a acreditar, 
abre-se à realidade ainda misteriosa, inexplicável, 
mas extraordinariamente bela.
Sim, tu estás vivo; a morte não te pôde parar!
Sim, tu estás vivo; no coração de quem se confia a ti
Acendes uma esperança que não desfalece!
Amem.
Luis Filipe Dias

sexta-feira, 30 de março de 2018

Vigília Pascal, o Cristo Ressuscitado é a nossa Luz (31/03/2018)

Será que toda esperança se acabou? O Senhor foi traído, perseguido, flagelado, humilhado, negado, julgado, despojado, morto e sepultado. E os nossos sonhos de ver acontecer o Reino de Deus anunciado por Jesus? Tudo está consumado em seu suspiro final, nossos sonhos foram sepultados com Jesus. Neste sábado Santo celebramos a Vigília Pascal, uma noite memorável em que o Senhor ressurge glorioso vencendo a morte e mudando radicalmente o rumo da história, celebremos, pois, esta festa fazendo ressurgir em nós um homem novo, uma mulher nova, juntamente com Jesus fazendo rolar a pedra que nos impede de sermos filhos autênticos de Deus.

Na primeira leitura (Gn 1,1– 2,2.), vemos que Deus em seu gesto de amor incondicional cria tudo o que existe e também cria o homem para cuidar de tudo que ele criou. Notamos que hoje a criação maravilhosa de Deus está sendo cruelmente destruída, poluem o ar, os rios e mares, derrubam e queimam as florestas, destruindo o habitat dos aninais causando a extinção de muitas espécies, mas, o mais terrível que podemos ver é a destruição da própria espécie, vemos muitos morrendo pela violência, pelas drogas, pela negligência nos hospitais, pelas guerras absurdas e pela fome que assola muitos lugares, vemos que o homem está na contramão da história, destruindo tudo aquilo que Deus criou, precisamos mudar esta história.

Na segunda leitura (Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18.), vemos a oferta de Abraão, que oferece o próprio filho em holocausto a Deus, mas, Deus envia o seu anjo e não permite que ele derrame o sangue do seu filho. Vendo com bons olhos a oferenda de Abraão, Deus firma com ele a sua aliança e abençoa toda a sua descendência. E nós o que oferecemos a Deus? Muitas vezes Deus fica em segundo plano em nossa vida, oferecemos a ele o que sobra e quando sobra, vemos que ainda acontece de acusar a ele pelos nossos fracassos e insucessos. Ele nos oferece o seu amor e a sua benção perpetua, mas para isso devemos dar o passo rumo a esta nova vida que surge a partir desta experiência com Deus, Abraão experimentou este amor e nós também podemos, basta nos entregar por inteiro no colo de Deus.

Na terceira leitura (Êx 14,15 – 15,1.), vemos que Deus reafirma a aliança feita com Abraão, libertando o povo da escravidão e da mão opressora do faraó, Deus mostra novamente que se mantem fiel as suas promessas, vemos que mesmo com todo o poder e soldados o faraó padeceu pela sua maldade, não prevalecendo a sua opressão sobre o povo. Por diversas vezes nos sentimos oprimidos pelos nossos pecados e não conseguimos encontrar sozinhos a saída para esta situação, neste momento temos que confiar como Moisés confiou em Deus, e abrir caminho entre o mar das desilusões para trilharmos um novo caminho de um homem novo em Jesus.

Na quarta leitura (Rm 6,3-11.), São Paulo fala aos romanos que Jesus experimentou a vida como nós meros mortais, sentiu alegria, sentiu angustia e medo, padeceu na dor, sendo perseguido, preso, julgado e morto, em tudo se fez iguais a nós, menos no pecado, ele tomou sobre si os nossos pecados para que morressem junto com ele o homem velho manchado pela culpa, e junto com a sua ressurreição surgisse um homem novo livre do poder da morte, do medo e do pecado. Nós como batizados devemos crer que Cristo padeceu por nossas culpas e que com a sua ressurreição nasce uma nova missão para nós, levar o Cristo a todo o mundo.

No evangelho segundo Marcos (Mc 16,1-7.), meditamos sobre o ponto alto da nossa fé, o momento que as mulheres vão ao tumulo para seguir um costume judeu de perfumar o corpo do falecido, mas, não encontram o corpo de Jesus, e recebem de um jovem uma grande mensagem de esperança, a vida venceu a morte, Jesus ressuscitou, ressuscitando junto todos os nossos sonhos e essa notícia não poderia ficar restrita a essas mulheres, por isso elas foram enviadas a levar a boa nova aos discípulos, também os enviando em missão para ver o Senhor na Galileia.

Neste mundo onde vemos tantas realidades de mortes em nosso meio é difícil acreditar que o bem prevalecerá, mas, a ressurreição de Jesus nos faz ter força para acreditar nisso, e mais do que isso, ela deve servir de impulso para lutarmos por um mundo novo, livre das amarras das injustiças, da opressão, da corrupção, do pecado e da violência, devemos ser este mensageiro que levou a boa notícia a aquelas mulheres. Nesta vigília pascal somos convocados a ser sinais de esperança aos irmãos que perderam o sentido de viver, que sejamos para estes irmãos o rosto sorridente, o ombro que acolhe e a mão que levanta, sendo a força e a imagem do Cristo ressuscitado para todo o mundo.

Celebrar a Vigília Pascal é colocar a nossa fé em Cristo Ressuscitado, Ele que sofreu as angustias e o flagelo em sua condição humano, ressurge Glorioso em sua condição divina devolvendo aos cristãos a esperança de ver o Reino de Deus acontecer. Ao ascender hoje o Círio Pascal também ascendemos em nós a chama do amor de Cristo, Ele é a Luz que resplandece sobre o mundo inteiro e que possamos manter em nossos corações esta chama bem acesa para que ela resplandeça o Cristo Ressuscitado para todos os cantos do mundo.
Que Nossa Senhora nos ajude nesta missão. Salve Maria.
Rubens Corrêa


Ele nos amou até o fim (30/03/2018)


Neste dia celebramos a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, um momento oportuno para reavaliar as nossas atitudes de cristãos, esta solenidade nos faz olhar com os olhos da fé para aquilo de Jesus fez, Ele se entregou sem ressalvas para resgatar todos os pecadores, sendo o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Na primeira leitura (Is 52,13-53,12.) Isaías profetiza com séculos de antecedência o caminho doloroso que Cristo passaria para ser glorificado, o profeta nos relata que muitos olhariam pensando que fosse um desprezado e que tanto pouco a sua aparência poderia nos atrair, o fato que Ele carregou sobre os seus ombros o peso de nossos pecados, com o seu sangue redimiu o mundo inteiro, não tendo crime algum e nada de falso foi encontrado em suas palavras foi castigado como um malfeitor e condenado a morte, mas “Deram-lhe sepultura entre ímpios, um túmulo entre os ricos”.

Meditando o salmo 30 ouvimos as palavras proferidas por Jesus na cruz “ Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”, mesmo flagelado, humilhado e ridicularizado, Cristo coloca a sua confiança no Senhor sabendo que Deus não o deixaria entregue a eterna humilhação e pede que pela compaixão Ele seja fortalecido e encorajado para passar por este doloroso e necessário calvário.

Na leitura da carta aos Hebreus (Hb 4,14-16; 5,7-9.) vemos que Jesus Cristo é o sumo sacerdote que entrou no céu e devemos manter firmes na fé, Ele é que se compadece de nossas fraquezas, pois também experimentou esta vida com as suas lutas e dores, mas diferente de nós, Ele não se deixo corromper pelo pecado, Jesus enquanto estava na condição humana sofreu muito e angustiado dirigiu as suas súplica aquele que era capaz de livra-lo da morte e Deus o libertou pela sua entrega e obediência, a Ele devemos recorrer, suplicar pela sua misericórdia e assim um dia alcançarmos a sua graça.

No evangelho segundo São João (Jo 18,1-19,42.) vemos um relato de toda a via dolorosa que Jesus percorreu, a dor de ser traído por um de seus discípulos, ser caluniado, flagelado e humilhado, ser negado por Pedro que prometera estar com Ele em qualquer momento, esteve diante de um tribunal que já tinha a sentença definida, olhar para a multidão que dias antes gritavam “Hosana ao filho de Davi” e que hoje gritavam “Crucifica-o”, sozinho, ferido e humilhado Ele amou até o fim.

Pilatos pediu que o povo escolhesse quem deveria ser solto, Jesus ou Barrabás, os chefes dos sacerdotes excitavam o povo para escolher um criminoso e mandaram executar aquele que veio salvar o mundo. Em nosso mundo vemos isso acontecer com muita frequência, a sociedade, as redes sociais, a política e o liberalismo ecoam aos nossos ouvidos, solte Barrabás e crucifique Jesus, nós como cristãos devemos resistir a esta tentação e seguir os passos de Jesus.

Não bastasse tamanha humilhação, Jesus viu os soldados repartindo as suas vestes e sorteando o seu manto, Ele quis participar da dor de muitos que sofrem perseguições, que tem roubados a sua vida e a sua dignidade, Cristo nu na cruz nos mostra que não há limites para o seu amor e Ele sempre estará junto dos que mais sofrem.

No alto da cruz Jesus reconhece alguns rostos, pessoas que o acompanharam em vários momentos da sua missão, olhando viu sua mãe e o discípulo que Ele amava, e disse: “Mulher, este é o teu filho” e seguida disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe”, num gesto de imenso amor Cristo se compadece com o mundo que vive órfão e entrega a sua mãe como a mãe de toda a humanidade, agradeçamos a Jesus por entregar a nós pecadores aquela que desde o início tornou a salvação do mundo possível, que o sim de Nossa Senhora ecoe em nossa missão.

Totalmente entregue a sua paixão e morto na cruz, Jesus tem em José de Arimateia a garantia de um sepultamento digno, este discípulo que seguia Jesus secretamente reivindicou a Pilatos o corpo e este foi entregue sem que seus ossos fossem quebrados, podendo assim receber os preparativos para o funeral conforme os costumes dos judeus.

Jesus nos amou de forma de mais ninguém poderá nos amar, mesmo não sendo merecedores Ele derramou o seu preciosíssimo sangue para redimir os nossos pecados, não podemos deixar que seja em vão este gesto de tão grande amor, hoje participamos da sua paixão para juntos com Ele participarmos da glória da ressurreição, mas para isso devermos trilhar o caminho que Cristo percorreu, sem medo e sem pecado, colocar a nossa confiança no Senhor e assim ressurgiremos com Jesus Cristo ressuscitado na glória de Deus Pai. 
Rubens Corrêa


quarta-feira, 28 de março de 2018

“Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.” Jo 13,15 (29/03/2018)

Nesta quinta-feira iniciamos o Tríduo Pascal e aprendemos com Jesus a verdadeira essência da sua missão, servir com humildade e se entregando completamente por amor ao próximo, na sua entrega total Cristo faz ligação com a primeira celebração da pascoa, é Ele o verdadeiro cordeiro que tira o pecado do mundo. 

Na leitura do livro do Êxodo 12,1-8.11-14, Moises transmite ao povo todas as instruções recebidas de Deus para a preparação da Pascoa.
Leitura do livro do Êxodo: Naqueles dias, 1o Senhor disse a Moisés e a Aarão no Egito: 2“Este mês será para vós o começo dos meses; será o primeiro mês do ano. 3Falai a toda a comunidade dos filhos de Israel, dizendo: No décimo dia deste mês, cada um tome um cordeiro por família, um cordeiro para cada casa. 4Se a família não for bastante numerosa para comer um cordeiro, convidará também o vizinho mais próximo, de acordo com o número de pessoas. Deveis calcular o número de comensais conforme o tamanho do cordeiro. 5O cordeiro será sem defeito, macho, de um ano. Podereis escolher tanto um cordeiro como um cabrito: 6e devereis guardá-lo preso até o dia catorze deste mês. Então toda a comunidade de Israel reunida o imolará ao cair da tarde. 7Tomareis um pouco do seu sangue e untareis os marcos e a travessa da porta, nas casas em que o comerdes. 8Comereis a carne nessa mesma noite, assada ao fogo, com pães ázimos e ervas amargas. 11Assim devereis comê-lo: com os rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. E comereis às pressas, pois é a Páscoa, isto é, a ‘passagem’ do Senhor! 12E naquela noite passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até os animais; e infligirei castigos contra todos os deuses do Egito, eu, o Senhor. 13O sangue servirá de sinal nas casas onde estiverdes. Ao ver o sangue, passarei adiante, e não vos atingirá a praga exterminadora quando eu ferir a terra do Egito. 14Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar, por todas as gerações, como instituição perpétua”. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

Como na leitura do Livro do Êxodo Deus vem passar em nossa vida e devemos estar devidamente prontos para recebe-lo, no antigo testamento Ele liberta o seu povo da escravidão e hoje vem nos libertar de tantas outras coisas que nos escraviza no pecado, o sangue de Jesus derramado na cruz vem nos marcar como filhos libertos de Deus, eis a nossa marca.

No Salmo 115(116B) entoamos um canto de gratidão pelo ao Senhor que por nós se doa sem reservas, Ele é que nos liberta dos grilhões da escravidão.
O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.
Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor.
É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos. Eis que sou o vosso servo, ó Senhor, mas me quebrastes os grilhões da escravidão!
Por isso oferto um sacrifício de louvor, invocando o nome santo do Senhor. Vou cumprir minhas promessas ao Senhor na presença de seu povo reunido.

Em sua carta aos 1 Coríntios 11,23-26, o apóstolo Paulo nos revela o momento da instituição da Eucaristia, mistério sublime em que Cristo se faz refeição para alimentar nossa fome e sede de paz.
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios: Irmãos, 23o que eu recebi do Senhor, foi isso que eu vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão 24e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. 25Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança, em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei isto em minha memória”. 26Todas as vezes, de fato, que comerdes desse pão e beberdes desse cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

Somente por um gesto de grande amor Jesus se fez pão e vinho, não simplesmente aquele pão que supri as necessidade fisiológicas do ser humano, não simplesmente aquele vinho que embriaga o homem fazendo perder a razão, Cristo se fez pão para alimentar as nossas forças para a difícil jornada a nossa vida e deu-se em vinho, mas vinho novo, o seu preciosíssimo sangue, que mostra que o caminho para santidade é feito de muitas tribulações e que no fim  participaremos da alegria do banquete da vida eterna.

São João 13,1-15 no seu evangelho nos mostra Jesus que se faz servidor para nos dar exemplo de qual caminho seguir para alcançar a santidade.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João: 1Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.
2Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. 3Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido.
6Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: “Senhor, tu me lavas os pés?” 7Respondeu Jesus: “Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”.
8Disse-lhe Pedro: “Tu nunca me lavarás os pés!” Mas Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. 9Simão Pedro disse: “Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”.
10Jesus respondeu: “Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos”.
11Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: “Nem todos estais limpos”.
12Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: “Compreendeis o que acabo de fazer? 13Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. 14Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz. — Palavra da Salvação. — Glória a vós, Senhor.

Como imaginar que alguém sabendo que seria traído e morto, teria um gesto de total amor e entrega? Jesus não segue os padrões de comportamento humano, seus atos só podem ser explicados de forma divina. Ao tirar o manto, pegar a toalha e bacia para lavar os pés dos discípulos, Ele coloca de lado a sua posição de Mestre e identifica com a pessoa do servo, vale lembrar que naquela época somente os servos e escravos lavavam os pés dos seus senhores.

A figura de Pedro nos mostra muitas vezes como agimos, sem entender as atitudes do Senhor ele não permite que Cristo lave os seus pés, mas Jesus diz se Pedro quiser ter parte com Ele deverá passar por cima das suas convicções e permitir que os pés sejam lavados.

Cristo conhece o coração de todos, sabia que seria traído por Judas e mesmo assim lavou os seus pés e também partilhou com ele o seu corpo e seu sangue, Jesus nos conhece em profundidade cada um de nós, sabe das nossas dificuldades, fraquezas e pecados, mas mesmo assim Ele vem ao nosso encontro para lavar os nossos pés, partilha conosco o seu corpo e seu sangue, chamando-nos para uma vida nova junto Dele e longe do pecado, Ele também chamou a Judas, que preferiu o caminho do pecado que o levou a morte. E nós qual caminho seguiremos? 

Que neste dia que se inicia a tríduo pascal aproveitemos para uma profunda mudança de vida, devemos chegar na Pascoa do Senhor com um coração limpo e novo, totalmente liberto das amarras do pecado, confiando sempre no Senhor e colocando nas suas mãos a nossa vida. Não podemos esquecer que a campanha da fraternidade deste ano nos convoca a juntos trabalharmos pela superação da Violência, mas isso somente será possível quando implantarmos o Reino de Amor que Cristo nos apresentou com a sua missão, é preciso ouvir a voz de Nosso Senhor que nos diz: “Vós sois todos irmãos”, agindo assim iniciaremos a partir a transformação deste mundo. Que Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia, nos ajude nesta missão.
Rubens Corrêa


sábado, 24 de março de 2018

Domingo de Ramos da Paixão do Senhor: “Aclamemos o Crucificado” (25/03/2018)

A liturgia deste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, nos convida a contemplar esse Deus que, por amor, veio ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, Se fez servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos. A cruz que a liturgia deste domingo nos apresenta é uma lição maior, o último passo desse caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação de sua vida por amor.

Primeira Leitura (Is 50,4-7)
Leitura do livro do profeta Isaías: 4O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. 5O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. 6Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. 7Mas o Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado. – Palavra do Senhor. Graças a Deus.

A missão do servo de Deus é aqui apresentada como forma de ajudar os desanimados com uma palavra de coragem. Ele mesmo se torna discípulo obediente e não se opõe à vontade do Pai nem se protege do sofrimento que envolve sua missão num mundo dominado pelo egoísmo e pela injustiça. Em meio ao sofrimento na realização de sua missão, sente a presença do Senhor que o defende e o renova. Por isso, não recua diante das dificuldades e ataques dos inimigos e oferece uma resistência passiva “Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas” ( Iz.50,6).

Salmo (Sl 21)
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
Riem de mim todos aqueles que me veem, torcem os lábios e sacodem a cabeça: “Ao Senhor se confiou, ele o liberte e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”
Cães numerosos me rodeiam furiosos, e por um bando de malvados fui cercado. Transpassaram minhas mãos e os meus pés, e eu posso contar todos os meus ossos.
Eles repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre si a minha túnica. Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, ó minha força, vinde logo em meu socorro!
Anunciarei o vosso nome a meus irmãos e no meio da assembleia hei de louvar-vos! Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores, glorificai-o, descendentes de Jacó, e respeitai-o, toda a raça de Israel!

O salmista nos fala antecipadamente, tudo o que Jesus teria de passar durante o Seu martírio até o momento em que Ele sentiu-se abandonado pelo próprio Deus. Isso nos leva a pensar nos momentos em que também nos sentimos sem ninguém, vivendo a nossa dor, solitários no meio da multidão ao nosso redor. São momentos em que precisamos enfrentar o deserto tão necessário para o nosso crescimento. Mesmo assim, como Jesus, nós encontramos força para dizer: anunciarei o vosso nome a meus irmãos e no meio da assembleia hei de louvar-vos!” O Pai, que sofre conosco, mesmo sem percebermos, se alegrará conosco com o nosso louvor.     

Segundo Leitura (Fl 2,6-11)
Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses: 6Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, 7mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome. 10Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra 11e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

Este belíssimo trecho que Paulo nos apresenta hoje em sua carta aos Filipenses, faz uma apresentação detalhada, muito clara da vida e missão de Jesus. A Sua condição inicial, que nos alimenta o hoje do Seu compromisso, toda trajetória, de entrega, de amor pela humanidade. O amor por nós leva-O a assumir a nossa identidade. O mistério da Sua paixão, da Sua morte como oferenda é pura caridade em favor de todo o povo, vem de Deus, para habitar conosco, na história e no tempo. Toda sua vida é serviço e doação, nos assume por inteiro. Identifica-se como homem. Em tudo igual a nós, menos no pecado. Por amor vem, por amor permanece, por amor dá a sua vida e nos levará à Deus, Seu Pai e nosso Pai, em sua glória eterna.

Evangelho (Mc 15,1-39 – Forma breve)
Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo Marcos: 1Logo pela manhã, os sumos sacerdotes, com os anciãos, os mestres da lei e todo o sinédrio, reuniram-se e tomaram uma decisão. Levaram Jesus amarrado e o entregaram a Pilatos. 2E Pilatos o interrogou: Tu és o rei dos judeus? Jesus respondeu: Tu o dizes. 3E os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra Jesus. 4Pilatos o interrogou novamente: Nada tens a responder? Vê de quanta coisa te acusam!
5Mas Jesus não respondeu mais nada, de modo que Pilatos ficou admirado. 6Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles pedissem. 7Havia então um preso, chamado Barrabás, entre os bandidos, que, numa revolta, tinha cometido um assassinato. 8A multidão subiu a Pilatos e começou a pedir que ele fizesse como era costume. 9Pilatos perguntou: Vós quereis que eu solte o rei dos judeus? 10Ele bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado Jesus por inveja. 11Porém os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que Pilatos lhes soltasse Barrabás. 12Pilatos perguntou de novo: Que quereis então que eu faça com o rei dos Judeus? 13Mas eles tornaram a gritar: Crucifica-o! 14Pilatos perguntou: Mas que mal ele fez? Eles, porém, gritaram com mais força: Crucifica-o!
15Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado. 16Então os soldados o levaram para dentro do palácio, isto é, o pretório, e convocaram toda a tropa. 17Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de espinhos e a puseram em sua cabeça. 18E começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus! 19Batiam-lhe na cabeça com uma vara. Cuspiam nele e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele. 20Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o levaram para fora, a fim de crucificá-lo. 21Os soldados obrigaram certo Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz. 22Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Calvário”. 23Deram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não o tomou. 24Então o crucificaram e repartiram as suas roupas, tirando a sorte, para ver que parte caberia a cada um. 25Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. 26E ali estava uma inscrição com o motivo de sua condenação: “O rei dos judeus”. 27Com Jesus foram crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda.(28) 29Os que por ali passavam o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: Ah! Tu que destróis o templo e o reconstróis em três dias, 30salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!
31Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, com os mestres da lei, zombavam entre si, dizendo: A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! 32O Messias, o rei de Israel… que desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos! Os que foram crucificados com ele também o insultavam. 33Quando chegou o meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra, até as três horas da tarde. 34Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte:Eloi, Eloi, lamá sabactâni? Que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” 35Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram: Vejam, ele está chamando Elias! 36Alguém correu e embebeu uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo: Deixai! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz. 37Então Jesus deu um forte grito e expirou.
(Todos se ajoelham ou se inclinam por um instante.)
38Nesse momento a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes. 39Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse: Na verdade, este homem era Filho de Deus! – Palavra da salvação. – Glória a vós, Senhor.

A Leitura que o Evangelho de Marcos nos apresenta hoje, é o relato da Paixão do Senhor. O Domingo de Ramos é o primeiro dia da Semana Santa e o último domingo antes da Páscoa. Nesta data, nós relembramos a entrada de Jesus Cristo na cidade de Jerusalém, onde foi recebido como rei pelo povo que, poucos dias depois, clamaria pela sua crucificação. Na leitura da Paixão, vemos um inocente sendo condenado, por ser bom, pela opção pelos pobres, por ter denunciado os pecados e injustiças dos poderosos, dos que detinham o poder religioso. Durante todo o tempo Jesus se manteve calmo e impassível, porém, próximo a hora da sua entrega, Ele está com um semblante de tristeza. Talvez o seu lado humano tivesse com medo do que estava por vir, talvez o seu lado divino apresentava-se triste pela insensatez dos seus algozes, que sem saber o que faziam, condenaram o homem errado, condenaram o próprio Filho de Deus entre eles, que veio fazer o bem, trazer a paz, nos ensinar a amar, sem nenhum interesse financeiro ou emocional, como nós o fazemos sempre. É hora de repensar a nossa vida, as nossas escolhas, os caminhos em que estamos trilhando, os amigos e amigas aos quais estamos copiando, seguindo, compartilhando uma vida de puro pecado, que nos tem afastado do caminho para a casa do Pai.

A entrada de Jesus na cidade de Jerusalém nos desperta para uma grande realidade: Assim como Ele mudou o mundo não com armas, mas com o seu amor infinito e incondicional, nós, seus seguidores, também podemos contribuir para um mundo melhor, podemos derrubar o poder das armas derramando na sociedade a palavra e a bondade divina. Para isso basta humildade, muita fé, prática da justiça, dedicação, coragem...Amados e queridos irmãos e irmãs ótima e abençoada Semana Santa. Paz e bem! Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! 
Marlene Coelho Resstel