Eterna é a sua misericórdia!
É a certeza que teremos ao final da liturgia do segundo Domingo da Páscoa.
Começa uma nova etapa na história da
evangelização. Jesus apresenta-se aos apóstolos após a Ressurreição e envia o
Espírito Santo Os apóstolos mostravam como a misericórdia de Deus superava
a fraqueza humana, a paz penetrava no coração dos que recebiam o perdão de
Deus.
“A paz esteja convosco”.
Atos dos
Apóstolos 4,32-35
Leitura dos Atos dos Apóstolos: 32A multidão dos fiéis era um só coração e uma só
alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre
eles era posto em comum. 33Com grandes
sinais de poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus.
E os fiéis eram estimados por todos. 34Entre eles
ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas
vendiam-nas, levavam o dinheiro 35e o colocavam
aos pés dos apóstolos. Depois, era distribuído conforme a necessidade de cada
um. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.
A leitura descreve o funcionamento das primeiras
comunidades, com a partilha e distribuição conforme a necessidade de cada um. E
não havia necessitado entre eles.
Salmo - Sl 117,2-4.16ab-18.22-24 (R. 1)
Dai graças ao
Senhor, porque ele é bom; / “eterna é a sua misericórdia!”
A casa de Israel agora o diga:
“Eterna é a sua misericórdia!” A casa de Aarão agora o diga: “Eterna é a sua
misericórdia!” Os que temem o Senhor agora o digam: “Eterna é a sua misericórdia!”
A mão direita do Senhor fez
maravilhas, a mão direita do Senhor me levantou, a mão direita do Senhor fez
maravilhas! Não morrerei, mas ao contrário, viverei para cantar as grandes
obras do Senhor! O Senhor severamente me provou, mas não me abandonou às mãos
da morte.
A pedra que os pedreiros rejeitaram
tornou-se agora a pedra angular. Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: que
maravilhas ele fez a nossos olhos! Este é o dia que o Senhor fez para nós,
alegremo-nos e nele exultemos!
Primeira
Carta de São João 5,1-6
Leitura da primeira carta de são João: Caríssimos, 1todo o que crê que Jesus é o Cristo nasceu de Deus,
e quem ama aquele que gerou alguém amará também aquele que dele nasceu. 2Podemos saber que amamos os filhos de Deus quando
amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. 3Pois isto é amar a Deus: observar os seus
mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, 4pois todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta
é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé. 5Quem é o vencedor
do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? 6Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus
Cristo. (Não veio somente com a água, mas com a água e o sangue.) E o Espírito
é que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. – Palavra do Senhor. –
Graças a Deus.
Leitura da Primeira Carta de São João nos diz que
amar a Deus é observar os seus mandamentos.
Evangelho
João 20,19-31
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo João: 19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se
encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja
convosco”. 20Depois dessas palavras,
mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o
Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz
esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e
disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem
perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes,
eles lhes serão retidos”. 24Tomé, chamado
Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o
Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos,
se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não
acreditarei”. 26Oito dias depois,
encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com
eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse:
“A paz esteja convosco”. 27Depois disse a
Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a
no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. 28Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” 29Jesus lhe disse: “Acreditaste porque me viste?
Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” 30Jesus realizou muitos outros sinais, diante dos
discípulos, que não estão escritos neste livro. 31Mas estes foram escritos para que acrediteis que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu
nome. – Palavra da salvação. – Glória a Vós Senhor.
O Evangelho nos apresenta o estado de medo em que
discípulos de Jesus estavam após a sua morte, sem esperanças e sem direção após
a morte Daquele que os conduzia.
Na primeira leitura, vemos uma comunidade ideal
vivida a partir da experiencia dos apóstolos em partilhar tudo que tem para que
nada falte a ninguém. Da comunhão com Cristo resulta a comunhão dos
cristãos entre si; e isso implica na renúncia ao egoísmo, a auto-suficiência, ao
fechamento em si próprio e uma abertura de coração para a partilha de bens, de
dom e de amor.
Num mundo onde a realização e o êxito se medem
pelos bens acumulados e que não entende a partilha e o dom, a comunidade de
Jesus é chamada a dar exemplo de uma lógica diferente e a propor um mundo que
se baseie nos valores de Deus. Observar que por comunidade se entende pessoas diversas,
mas que abraçam a mesma fé.
Na 2ª leitura os verdadeiros crentes são
aqueles que amam a Deus e que amam, também, Jesus Cristo, o Filho que nasceu de
Deus e que é Filho de Deus desde a encarnação e durante toda a sua existência
terrena. A sua paixão e morte também fazem parte do projeto salvador de Deus
(Jesus veio apresentar aos homens um projeto de salvação, “não só pela água, mas
com a água e o sangue” – vers. 6).
No entanto, amar a Deus significa cumprir os
seus mandamentos. Quando amamos alguém, procuramos realizar obras que agradem
àquele a quem amamos… Não se pode dizer que se ama a Deus se não cumprem os
seus mandamentos… E o mandamento de Deus é que amemos os nossos irmãos. Todo
aquele que se considera filho de Deus e que pertence à família de Deus deve
amar os irmãos que são membros da mesma família.
No evangelho podemos destacar algumas coisas
Ao
aparecer “no meio deles”, Jesus torna-se ponto de referência, fator de unidade.
A comunidade está reunida e Ele é o centro onde todos vão beber essa vida que
lhes permite vencer o “medo” e a hostilidade do mundo. E afirma aos cristãos de
todas as épocas que continua vivo e presente, acompanhando a sua Igreja. De
resto, cada crente deve fazer a experiência do encontro com o “Senhor”
ressuscitado, sempre que celebra a fé com a sua comunidade.
· * Jesus deixando a paz e enviando os discípulos, do
mesmo modo que foi enviado pelo Pai;
A
Cristo ressuscitado, os habitantes de Jerusalém não podiam ver; mas o que eles
podiam ver era a espantosa transformação operada no coração dos discípulos,
capazes de superar tudo e de viver no amor. Viver de acordo com os valores de
Jesus é a melhor forma de anunciar e de testemunhar que Jesus está vivo.
Jesus
transmite aos discípulos a vida nova que fará deles homens novos. Agora, os
discípulos possuem o Espírito, a vida de Deus, para poderem – como Jesus –
dar-se generosamente aos outros. É este Espírito que constitui e anima a
comunidade de Jesus.
A incredulidade de Tomé e o pedido de Jesus para
que seja fiel.
* Tomé
representa aqueles que vivem fechados em si próprios (está fora) e que não faz
caso do testemunho da comunidade, nem percebe os sinais de vida nova que nela
se manifestam. Em lugar de integrar-se e participar da mesma experiência,
pretende obter uma demonstração particular de Deus.
Tomé
acaba, no entanto, por fazer a experiência de Cristo vivo no interior da
comunidade. Porque no “dia do Senhor” volta a estar com a sua comunidade. É uma
alusão clara ao domingo, ao dia em que a comunidade é convocada para celebrar a
Eucaristia: é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a
Palavra proclamada, com o pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus
ressuscitado ou seja, é reunidos em comunidade que percebemos a demonstração de
Misericórdia de Deus para conosco.
* É
esse Espírito que Jesus oferece aos seus seguidores, que faz deles testemunhas
do amor de Deus e que lhes dá a coragem e a generosidade para continuarem no
mundo a obra de Jesus. Sem a certeza da presença de Jesus, seremos somente
gente assustada, incapaz de enfrentar o mundo e de ter uma atitude construtiva
e transformadora; sem Ele, estaremos divididos, em conflito, e não seremos uma
comunidade de irmãos.
Na
nossa comunidade, Cristo é verdadeiramente o centro? É para Ele que tudo tende
e é d’Ele que tudo parte? Quem procura Cristo ressuscitado, encontra-O em nós?
O amor de Jesus transparece nos nossos gestos?
A passagem da dúvida de Tomé, pode servir de
base para muitos dos cristãos de hoje. Não se recusam crer, apenas não
compreendem. A dúvida exprime um desejo de conhecer melhor como vivenciar a fé.
Jesus faz um convite: “Deixa de ser incrédulo, sê crente”. Então, o Tomé da dúvida torna-se o Tomé que proclama a sua fé como nenhum dos seus discípulos o fez. Ele grita: “Meu Senhor e meu Deus!” A Igreja não abandonará jamais esta profissão de fé. Hoje ainda, ela termina grande parte das orações dirigidas ao Pai, dizendo: “Por Jesus Cristo, vosso Filho, nosso Deus e Senhor”. São as próprias palavras de Tomé que alimentam a fé e a oração da Igreja. Então, bem-aventurado Tomé e bem-aventurados os que creram sem terem visto!'
Carla Matos |
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