sexta-feira, 4 de maio de 2018

“Isto é o que vos ordeno: Amai-vos uns aos outros”. (06/05/2018)


A liturgia nos convida a contemplar o amor de Deus, manifestado na pessoa, nos gestos e nas palavras de Jesus que dia a dia se torna presente na vida dos homens pela ação dos seus discípulos.

Na primeira Leitura Pedro na casa de Cornélio anuncia Jesus e sua ação salvífica.  Cornélio e sua família acolhem o anúncio e são batizados.  (At 10,25-26.34-35.44-48)
A salvação oferecida por Deus através de Jesus e levada ao mundo pelos discípulos, se destina a todos os homens, que tem um coração aberto às propostas de Deus.

Na segunda leitura, João afirma que "Deus é amor". (1 Jo 4,7-10)
É uma das definições mais profundas e completas de Deus.  Abre nossos olhos para a presença de Deus, sob dois aspectos: O amor que se revela na doação de Cristo por nós e o amor que devemos praticar para com os "filhos de Deus", sendo que o primeiro é modelo e fundamento do segundo. Se Deus é amor, o amor deve estar presente nos "filhos de Deus".

No Evangelho, Jesus mostra aos discípulos o caminho a percorrer: Testemunhar o amor de Deus no meio dos homens. (Jo 15,9-17)
O texto faz parte do Discurso da Despedida na última ceia. É o último discurso de Jesus aos discípulos, antes de ser preso. São as últimas recomendações aos seus "amigos", antes de partir. É uma catequese sobre o "caminho" que os discípulos devem percorrer, após a partida de Jesus deste mundo. Refere-se à relação de Jesus com os discípulos e à missão que os discípulos serão chamados a desempenhar no mundo.

O Evangelho é um discurso que o Ressuscitado dirige hoje do céu para todos os discípulos. É um resumo como que uma síntese de muitas coisas em poucas palavras. O mandamento do amor é a raiz de toda vida cristã.
A "Estrutura do amor" tem três planos: O Amor do Pai por seu Filho Jesus Cristo; o Amor de Jesus Cristo pelos homens; e o Amor dos homens entre si, "Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Amai-vos uns aos outros...".
Os discípulos são "amigos" de Jesus. "Já não vos chamo servos, mas amigos...".

Amigo é muito mais de que um servo, um colaborador, é um confidente, com o qual existe uma comunhão de vida, de planos e ideais. Um Deus com sentimentos humanos nobres e profundos.

A Iniciativa é de Jesus: "Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi".  O Amor partiu dele, não de nós.  Desse amor, nasce a vitalidade e a amplidão da sua Missão.

Baseada nisso, a resposta dos discípulos se torna fecunda em frutos duradouros. Por isso a oração deles ao Pai também será ouvida, porque feita em nome de Cristo.

A Igreja é a "comunidade de amigos", que acolhem o convite de Jesus e colaboram na missão de testemunhar ao mundo o Amor do Pai, com alegria e entusiasmo. O melhor testemunho em Deus em quem acreditamos e da Boa nova que anunciamos é nossa comunhão.

Os "amigos de Jesus" devem amar COMO ele amou. A prova concreta que amamos é a observância dos Mandamentos: "Quem me ama, guarda os meus mandamentos”.

Amar como ele, é tornar visível em nós o amor de Deus; Amar como ele, é amar também os "amigos" de Jesus. Seremos "amigos de Jesus", quando somos testemunhas desse mundo novo que Deus quer oferecer aos homens e que Jesus anunciou na sua pessoa, nas suas palavras e nos seus gestos. Aqui reside a "identidade" dos discípulos de Jesus. O Amor é a base e o fundamento do cristão; sem amor não há cristão, nem cristianismo.

O amor fundado em Cristo supera as divergências, anula as distâncias, elimina o egoísmo, as rivalidades, as discórdias.  Esse amor dá aquela fecundidade apostólica, que Jesus espera dos seus discípulos. Só quem vive no amor pode levar ao mundo o fruto precioso do Amor.

As nossas comunidades são cartazes vivos que anunciam o amor ou espaços de conflito, de divisão, de luta por interesses próprios?
Deus é AMOR; SOMOS AMADOS por ele; E ELE nos convida a PERMANECER NO SEU AMOR.

Pistas para reflexão: O amor não apenas nos precede, mas nos resgata. O texto de 1Jo 4,10 usa um termo fundamental da tradição sacrifical do Antigo Testamento, “propiciação” (oferenda de expiação, cf. Lv 16) pelos nossos pecados. Já não precisamos sacrificar um animal; o amor do Filho, na gratuidade e entrega de si mesmo, redime-nos do pecado. Isso é o que pode mudar nossa vida, pois do amor surgimos, do amor renascemos, libertando-nos do pecado e da morte. Algumas pessoas querem substituir os sacrifícios de animais por promessas extravagantes que fazem aos santos. No entanto, o que agrada a Deus é o amor; numa palavra, o amor é o único mandamento que Jesus nos deixou. O amor resume todo o cristianismo, e o amor não exclui ninguém.
Luis Filipe Dias



Nenhum comentário:

Postar um comentário