Neste domingo partilhamos com Jesus e os irmãos aquilo que temos e
aquilo que somos, sabemos que os nossos recursos são poucos e muitas vezes nos
achamos infinitamente pequenos frente ao mundo com tantas diversidades, mas, o
Reino de Deus se faz de cada pequeno gesto que fazemos e presenciamos, sabemos
que ninguém é tão pobre que não tenha nada para partilhar e ninguém é tão rico
que não tenha nada o que receber, com Jesus aprendemos a partilhar não só o pão
material, mas, principalmente o pão espiritual, ele é nossa inspiração para
esta missão.
Na primeira leitura 2 Reis 4,42-44 vemos que Eliseu recebe como oferta os primeiros frutos da terra e partilhando
estes frutos com quem necessitava nos revela como podemos verdadeiramente encontrar
o Senhor.
Leitura do segundo livro dos Reis: Naqueles dias, 42veio também um homem de Baal-Salisa, trazendo em
seu alforje para Eliseu, o homem de Deus, pães dos primeiros frutos da terra:
eram vinte pães de cevada e trigo novo. E Eliseu disse: “Dá ao povo para que
coma”. 43Mas o seu servo respondeu-lhe: “Como vou distribuir
tão pouco para cem pessoas?” Eliseu disse outra vez: “Dá ao povo para que coma;
pois assim diz o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará’”. 44O homem distribuiu e ainda sobrou, conforme a
palavra do Senhor. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.
Vemos nesta linda passagem bíblica que aquele homem não levou para Deus
aquilo que estava sobrando e sim os primeiros frutos da terra, este gesto
mostra o reconhecimento de tudo o que Deus estava provendo em sua vida, e o
gesto de Eliseu mostrou que aquilo que partilhamos deverá ser colocado em comum
com aqueles que mais necessitam, Deus não precisa dos nossos recursos, mas,
neste mundo existem milhões de filhos de Deus abaixo da linha da pobreza e um
pouco que, de coração, ofertamos servirá para aliviar a dor de quem mais sofre.
No Salmo 144(145) louvamos e
bendizemos ao Senhor que sacia abundantemente os vossos filhos, nEle devemos
colocar a nossa confiança.
Saciai
os vossos filhos, ó Senhor!
Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com
louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam
proclamar vosso poder!
Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam, e vós lhes dais no tempo certo
o alimento; vós abris a vossa mão prodigamente e saciais todo ser vivo com
fartura.
É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. Ele
está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente.
Em sua carta aos Efésios 4,1-6 o apóstolo São Paulo nos alerta sobre a importância de viver conforme a
vocação que recebemos, mesmo em meio as tantas diversidades servimos a um único
Deus.
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios: Irmãos, 1eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes
de acordo com a vocação que recebestes: 2com toda a
humildade e mansidão, suportai-vos uns aos outros com paciência, no amor. 3Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo
vínculo da paz. 4Há um só corpo e um só Espírito,
como também é uma só a esperança à qual fostes chamados. 5Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, 6um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos,
age por meio de todos e permanece em todos. – Palavra do Senhor. – Graças a
Deus.
Por meio de Paulo a palavra de Deus se espalhou por todos os cantos do
mundo, sendo incorporada nas mais diversas culturas, e hoje temos diversas
manifestações religiosas no mundo inteiro. Como querer que todos tenham as
mesmas maneiras de demonstrar a sua fé? O apóstolo Paulo nos mostra a
importância de nos mantermos unidos na mesma fé, no mesmo batismo e no mesmo
Senhor, estes são os elos que nos uni, e devemos respeitar as diversidades de
culturas dentro do cristianismo, devemos nos alegrar com cada pessoa que em sua
vida leva a mensagem de Deus no seu jeito de ser, e não impor pesados fardos,
seguir a Jesus deve ser motivo de grande alegria e não de opressão.
No evangelho segundo São João 6,1-15 vemos Jesus nos mostrando o caminho que verdadeiramente pode mudar o
mundo, ao multiplicar a pequena oferta daquela criança quis nos ensinou que
nesta vida o que tem de valor é a capacidade de se doar.
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo João: Naquele
tempo, 1Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia,
também chamado de Tiberíades. 2Uma grande
multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos
doentes. 3Jesus subiu ao monte e sentou-se
aí com os seus discípulos. 4Estava próxima a
Páscoa, a festa dos judeus. 5Levantando os
olhos e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse
a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” 6Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia
muito bem o que ia fazer. 7Filipe respondeu:
“Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada
um”. 8Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro,
disse: 9“Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois
peixes. Mas o que é isso para tanta gente?” 10Jesus disse:
“Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram,
aproximadamente, cinco mil homens. 11Jesus tomou os
pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto
queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12Quando todos
ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que
sobraram, para que nada se perca!” 13Recolheram os
pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que
haviam comido. 14Vendo o sinal que Jesus tinha
realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o profeta, aquele
que deve vir ao mundo”. 15Mas, quando
notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de
novo, sozinho, para o monte. – Palavra da salvação. – Glória a Vós Senhor.
Novamente vemos Jesus que olhando a multidão se compadece e realiza um
grande sinal, mas, ele não realiza este sinal sozinho, quis precisar de alguém
que colocou em comum tudo o que tinha, sem se preocupar em acumular. Vendo o
gesto daquele menino entendemos a essência do que é ser cristão, sabemos que
somos pequenos e que temos tão pouco a oferecer, colocamos em Jesus a esperança
de ver os dons multiplicados e servindo a quem mais precisa, o menino não teve
medo de ficar sem o seu alimento, ele confiou que Jesus iria saciar a sua fome
de amor e de paz.
Somos um país de dimensões continentais, e também é grande o número de
pessoas que passam fome em um país que todos os anos batem recordes de produção
de alimentos. O que está errado nesta matemática? Alguém está somente enchendo
o seu celeiro e acumulando muito mais do que precisa. No maior país cristão do
mundo, e quando digo cristão me refiro a católicos e protestantes, é impensável
admitir que alguém possa morrer de fome, a essência do seguimento de Jesus é
partilhar com quem não tem. Será que estamos sempre nos omitindo e deixando
somente para Jesus resolver tudo? Somos cristãos verdadeiros ignorando as
necessidades do próximo?
Precisamos nos espelhar no gesto daquele menino, fazer o bem as pessoas
que necessitam sem questionar qual fé que ele professa, de qual igreja
participa ou em quem votou nas últimas eleições, quando deixamos de lado estas
coisa, permitimos que a verdadeira graça de Deus se manifeste em nosso meio,
somos uma gota neste imenso oceano, mas, ele se torna grande quando consegue
unir milhares e milhares de milhões de gotas, e é assim que Jesus realiza hoje
os seus grandes sinais, reunindo nele, milhares e milhares de milhões de
pequenos sinais que nós todos os dias realizamos em prol de quem precisa.
Rubens Corrêa |