Estamos
agora no capitulo 18 de Mateus. Jesus neste quarto discurso estabelece um
diálogo com os seus discípulos, tendo sempre Pedro como o protagonista. Estes
discípulos, somos todos nós, na medida em que nos propomos seguir os seus
passos.
No
Evangelho segundo Mateus, a comunidade cristã ou igreja é designada como
ecclesia. Ela é chamada a ser sinal do reino de Deus na história, até que esta
chegue à sua plenitude. Isso exige dos membros da Igreja (comunidade eclesial)
atitudes concretas e diferenciadas no cuidado do irmão e da irmã pela prática
da Lei do amor: a vivência do mandamento do amor a si mesmo e ao próximo. Assim
na comunidade cristã, somos responsáveis uns pelos outros. Até mesmo quando um
irmão ou irmã erra. A pedagogia de Jesus apresentada no evangelho tem três
passos fundamentais: o primeiro passo é ir ao encontro do irmão e corrigi-lo em
particular (v.15). Se ele conseguiu voltar ao seu caminho cristão, nossa missão
foi perfeita. Se isso não aconteceu, temos ainda outras atitudes a desenvolver:
chamar uma ou duas pessoas da comunidade para ajuda-lo (v.16). Se ele ainda não
conseguiu retornar o caminho cristão, arrependendo-se do erro, teremos ainda a
possibilidade de reconduzi-lo à Igreja (ecclesia) para uma última chance
(v.17).
Jesus
sempre se apresenta muito exigente quando se trata de seguir o seu caminho. No
domingo Ele nos falava do desprendimento das coisas que nos impedem de o seguir
e apontava o caminho da cruz. Hoje Ele nos lança o apelo para deixarmos de lado
aquilo que nos distrai nesse caminho de vida. Deixamo-nos seduzir muitas vezes
pelos “espirito do mundo” com todos os seus apelos atraentes e nos descuidamos
nos caminho de Deus.
Nosso
desejo muitas vezes é fazer justiça para consertar o mundo tomando atitudes de
justiceiros em vez dos caminhos da justiça de Deus. Nossa missão é a de
recuperar o irmão ou irmã que erraram nos caminhos da vida. Devemos buscar
todos os meios para ajudar e não fechar portas aos nossos irmãos e irmãs que
necessitam poio e ajuda concreta.
Somos
convidados a desenvolver a arte de viver em sociedade na tolerância e no
respeito. “O amor é o cumprimento perfeito da Lei” (Rm 13,8-10). Esse amor se
traduz no esforço constante de sermos “sentinelas” da comunidade cristã, missão
estabelecida pelo próprio Deus no Antigo Testamento falando aos profetas (Ez
33, 7-9) que velam pelo povo.
O Grito dos
Excluídos sempre atual
No dia 7 de
setembro de 1822 foi proclamada a Independência do Brasil. Para marcar esse
dia, a CNBB criou o Grito dos Excluídos para que a memória não se viesse a
perder. O Grito tem como objetivos: denunciar a exclusão social, tornar público
o rosto desfigurado dos excluídos e propor caminhos cristãos de saída para o
modelo social, politico e econômico mais justo. O sistema sociopolítico e
econômico implantado em nosso país ainda tem gerado uma grande quantidade de
pessoas excluídas das mais básicas condições de vida: educação, saúde,
acessibilidade etc. Nossa missão cristã exige a denuncia dessas estruturas
injustas, pois isso nos será pedido no juízo final.
Padre Luis Felipe Dias |
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