Após o Natal celebramos a Solenidade da
Sagrada Família, Jesus, Maria e José, uma festa importante que vem nos mostrar
o valor de estar inseridos em uma família. Celebrar esta festa nos faz refletir
como estão nossas famílias, vemos famílias destroçadas pelas drogas e pelas violências,
vemos famílias vitimas da corrupção e da fome, mas, também vemos famílias bem
solidificadas no amor, na fé, na união e na esperança. Jesus se fez criança ao
vir ao mundo para santificar a instituição familiar e assim santificar todas as
nossas famílias.
Na primeira leitura vemos como é fundamental
honrar, respeitar e cuidar dos pais, “Deus
honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra
o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na
oração cotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros. Quem
honra o seu pai, terá alegria com seus próprios filhos; e, no dia em que orar,
será atendido. Quem respeita o seu pai, terá vida longa, e quem obedece ao pai
é o consolo da sua mãe. Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes
desgosto enquanto ele vive. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura
ser compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida:
a caridade feita ao teu pai não será esquecida, mas servirá para reparar os
teus pecados e, na justiça, será para tua edificação.”(Eclo 3,3-7.14-17a.)
Aprendemos com os antigos a aproveitar a experiência e sabedoria dos mais
velhos, lembro-me com frequência como sempre tínhamos em nossos avós uma
referencia de pessoas honestas, tementes a Deus e a quem expressávamos grande
carinho e respeito, hoje vemos uma realidade diferente onde se cultua a juventude
e as aventuras desta fase da vida como referencia para os outros, é um absurdo ser necessário um estatuto do idoso para forçar o respeito e o cuidado para com
os mais velhos, e mais triste ainda é ver lares cristãos que desprezam aqueles
que trabalharam arduamente para construir a família e a nossa sociedade.
Precisamos nos inspirar com esta passagem bíblica e aprender a absorver a
sabedoria de quem aprendeu com os erros e acertos da vida.
Em nossa caminhada de família encontramos
diversos obstáculos e São Paulo nos revela em sua carta aos Colossenses o que
devemos fazer para trilhar sempre pelos caminhos do Senhor, “Irmãos: Vós sois amados por Deus, sois os
seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade,
humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos
mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim
perdoai vós também. Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o
vínculo da perfeição. Que a paz reine em vossos corações, à qual fostes
chamados como membros de um só corpo. E sede agradecidos. Que a palavra de
Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos
outros com toda a sabedoria. Do fundo dos vossos corações, cantai a Deus
salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças. Tudo o que fizerdes,
em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Por meio dele
dai graças a Deus, o Pai. Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como
convém, no Senhor. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com
elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois isso é bom e correto no
Senhor. Pais, não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem.”(Cl
3,12-21.) Em uma convivência familiar não existe um que está acima do outro como
em uma hierarquia, o que uni uma família não são laços de opressão e sim laços
de amor, e este amor é que deve dar sentido a tudo que vivenciamos em nossos
lares, é por amor que aprendemos a conviver com as diferenças e defeitos dos
outros, pois, também nós temos os nossos defeitos e diferenças, é no amor que
os filhos aprendem a essência da obediência aos pais, a família deve ser fruto
do amor que brota do coração de Jesus e se espelha para o mundo inteiro.
No Evangelho vemos uma linda passagem com
José e Maria apresentando o seu filho no templo do Senhor, “Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho,
conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de
apresentá-lo ao Senhor. Conforme está escrito na Lei do Senhor: Todo
primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor. Foram também
oferecer o sacrifício — um par de rolas ou dois pombinhos — como está ordenado
na Lei do Senhor. Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo
e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava
com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem
do Senhor. Movido pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais trouxeram
o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos
braços e bendisse a Deus: Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar
teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste
diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo
Israel. O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito
dele.”(Lc 2,22-33.) Ao ser apresento no templo conforme as tradições
antigas, vemos na ação de Simeão a manifestação da glória de Deus, onde ele
reconhece naquele menino o cumprimento das promessas feita por Deus por meio
dos profetas.
Com Jesus ainda menino, Simeão e Ana revelam
a todos os caminhos da sua missão, “Simeão
os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: Este menino vai ser causa tanto de
queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de
contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a
ti, uma espada te traspassará a alma. Havia também uma profetisa, chamada Ana,
filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem,
tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva, e agora
já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a
Deus com jejuns e orações. Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e
a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de
cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua
cidade. O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de
Deus estava com ele.”(Lc 2,34-40.) Maria e José reconhecem nas palavras de
Simeão e Ana o cumprimento das promessas de Deus, sabem que este menino veio
para trazer paz e amor ao mundo , mas, que este caminho não seria fácil para
seguir, que muita dor e tristeza iriam os acompanhar durante a vida.
Ainda hoje vemos a continuidade destes
costumes, famílias levando seus filhos nas igrejas e apresentando diante do
Senhor e de toda a comunidade. Devemos sempre agradecer a Deus a chegada de
novos membros em nossas famílias, mas, temos um compromisso cristão de preparar
um ambiente familiar propício à boa formação de cidadãos conscientes e cristãos
autênticos, a realidade que vemos hoje é de muitas famílias desestruturadas,
onde as crianças presenciam muitas coisas que irão agredir a sua inocência, nós
precisamos mudar esta triste realidade, devemos fazer de nossas famílias uma
estrutura segura onde reina o amor e a paz, assim como Jesus encontrou na Sagrada
Família de Nazaré um ambiente favorável a sua preparação para a grande missão
que tinha pela frente.
Nesta Solenidade da Sagrada Família, peçamos
a Deus, força e sabedoria, para que façamos de nossas famílias e nossos lares um
lugar de acolhida, de carinho, de amor, de união e de fé, para todos, sejam
idosos, adultos, jovens, adolescentes e crianças, sejam homens ou mulheres,
para que assim a partir de nossas famílias possamos transformar o mundo, onde
reina a justiça e a paz, com igual oportunidade a todos sem distinção. A missão
de Jesus começou da família para atingir o mundo inteiro e nós também devemos
nos colocar em missão partindo de nossas famílias levando Jesus a todo o mundo,
e que a Sagrada Família, Jesus, Maria e José, nos ajude nesta missão.
Rubens Corrêa |
Muito Bom!!!
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