Introdução geral
Como comunidade de fé, vamos seguindo o caminho
espiritual e pedagógico, proposto pelo ano litúrgico, acompanhando Jesus em seu
itinerário pascal e, pouco a pouco, descobrindo seu jeito de ser.
Neste domingo, Marcos nos fala da rejeição
dos contemporâneos de Jesus, que o enxergam somente com os olhos humanos. Somos
convidados a renovar nossa fé e adesão a Ele, o Filho de Deus, encarnado na
história humana.
Celebramos a páscoa do Senhor que nos envia
como profetas a anunciar a Boa Notícia em todos os cantos da terra.
Comentário dos textos bíblicos
O Evangelho de Marcos apresenta o episódio
da visita de Jesus a Nazaré, sua pátria, onde a incredulidade contrasta com a
fé expressa nos milagres anteriores, com o reconhecimento de seu poder de
ressuscitar até os mortos (Mc 4, 35-5,43). Nazaré era uma aldeia da Galileia
(1,9), pequena e insignificante (Jo 1,46). O ensino de Jesus ao serviço da vida
plena é acolhido por muitas pessoas, mas também rejeitado por outras.
Ao chegar o “sábado”, Jesus começou a
ensinar na sinagoga. Suas palavras suscitam admiração nos ouvintes: “De onde
lhe vem isso? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres
realizados por suas mãos?” (6,2)
O ensino de Jesus revela que Ele é o Messias
Servo, enviado pelo Pai para oferecer a vida em plenitude. Muitas pessoas não reconhecem
a presença de Deus no “carpinteiro, o filho de Maria” (6,3), pois esperavam um
Messias poderoso e triunfalista. Por causa do ambiente geral de rejeição e
incredulidade, Jesus realizou apenas alguns milagres de cura.
I leitura (Ez 2,2-5): O profeta anuncia,
quer escutem quer não.
A leitura do profeta Ezequiel é parte da
missão que Deus confia ao profeta em 2,1-3,15. Ezequiel está “caído no chão”
(1,8), prostrado como o povo no exilio em Babilônia. Porém, Ele se deixa mover
pelo Espírito do Senhor, que o coloca em pé, em atitude de prontidão. Assim,
ele ouve a voz de Deus que toma a iniciativa do chamado e o envia a anunciar
sua Palavra aos Israelitas. Ezequiel recebe a missão de falar em nome de Deus a
um povo rebelde. O êxito é garantido pela força da Palavra do Senhor que,
mesmo, rejeitada, realiza o objetivo: “Quer te escutem, quer não, saibam que
houve um profeta ente eles” (2,5). Deus não abandona o povo, não obstante suas
infidelidades. Ao longo da história, Ele envia profetas para conduzi-lo no
caminho da aliança.
O Salmo 112 (123) é uma súplica confiante
que convida a “levantar os olhos” para o Senhor em meio às aflições da vida.
II leitura (2 Cor 12,7-10) Prefiro
gloriar-me de minhas fraquezas
A leitura da segunda carta aos Coríntios integra
a última parte da carta (10,1-13,10), que ressalta a força de Deus manifestada
na fraqueza, como na cruz de Cristo.
“Por causa de Cristo”, Paulo sofreu
humilhações, necessidades, perseguições, e angústias. O caminho de
identificação com Jesus leva a reconhecer que “quando somos fracos, então é que
somos fortes”. A presença do Senhor fortalece o ministério apostólico de Paulo,
como outrora o de Jeremias (Cf. Jr 15,20-21).
Pistas
de reflexão
A sabedoria das palavras de Jesus de Nazaré
e as ações compassivas de suas mãos deixavam as pessoas maravilhadas ‘bebendo’
seus ensinamentos (Mc 6,2).
Paulo ensina a deixar-se conduzir pela graça
do Senhor, em meio aos desafios decorrentes da missão apostólica.
O profeta Ezequiel denunciou as
infidelidades à Palavra, que causaram a catástrofe do exílio na Babilônia.
Enviado por Deus, ele anunciou a Palavra que não pode silenciar diante das
injustiças e das opressões.
Os verdadeiros profetas encontram rejeição
na sociedade e na Igreja: Gandhi, Luther King, Oscar Romero, Irmão Dorothy,
Ezequiel Ramin (24/07/1985) e tantas outras pessoas que deram a vida em prol de
um mundo novo de justiça e da fraternidade, a ser construído através do
compromisso de todos.
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