Introdução geral
Continuamos o nosso itinerário espiritual,
seguindo os passos de Jesus. Este ano temos como nosso guia espiritual o
evangelista Marcos (ciclo B), que nos coloca frente a frente com Jesus Cristo,
o Messias, que vem instaurar o Reino de Deus e não vem de forma triunfante, mas
como o servo sofredor, perseguido e executado na cruz. Somos todos parte
integrante da família de Deus. Esta é uma realidade nova apresentada pelo
evangelho. A liturgia nos ajuda a entrar neste mistério de intimidade com Deus
como membros ativos. Convoca-nos a sermos parte da família de Deus, a qual não
tem fronteiras de nenhum tipo nem critérios que consideram uns superiores aos
outros. É um grupo aberto a todos e todas que queiram fazer a vontade de Deus,
estar ao seu redor, serem seus amigos.
Recordando a Palavra
O trecho do
evangelho de Marcos está colocado após a escolha dos Doze (Mc 3,13-19) e antes
das parábolas sobre o Reino de Deus (Mc 4, 1-34). Ele revela que a escuta da
Palavra é condição essencial para ser discípulo de Jesus e participar de sua
comunidade. A multidão sofrida acorre a Jesus, vinda de várias regiões, com a
esperança de libertação (Mc 3,7-12). O caminho do discipulado leva a
compreender “o mistério do reino de Deus” (Mc 4,11), que se revela, aos poucos,
em Jesus, o Cristo e Filho de Deus.
Os que
acolhem os ensinamentos de Jesus realizam a vontade de Deus. Jesus o afirma de
forma clara: ”Eis minha mãe e meus irmãos” (3,34-35). A comunidade de irmãos e
irmãs é formada pelas pessoas que aderem a Jesus e manifestam a presença do Reino
de Deus através de palavras e ações.
A leitura do
livro do Genesis pertence a um bloco maior em que fala de toda a realidade
humana. Adão, “tirado da terra”, e Eva, “mãe dos viventes”, representam o ser
humano. A ambição em querer ser igual a Deus afasta do caminho de felicidade
desejado por Deus. Os caminhos contrários aos ensinamentos do Senhor rompem a
harmonia do paraíso, a comunhão fraterna. A promessa da vitória sobre a
serpente pela descendência de Eva, a mãe dos viventes (3,15), realiza-se
plenamente em Jesus, cuja entrega proporciona a vida eterna ao ser vivente.
O Salmo 129
(130), de romaria, expressa o clamor cheio de confiança a Deus, o único que
pode salvar. O salmista espera no Senhor e em sua Palavra libertadora, mais que
a sentinela pela aurora, após uma noite de vigilância. O motivo da confiança
absoluta é que no Senhor encontra-se misericórdia e copiosa redenção.
Este trecho
de Paulo salienta a audácia apostólica e a confiança na graça do Senhor. Paulo, em meio ás tribulações testemunha: “Eu
tive fé e, por isso, falei” (2 Cor 4,13). A fé ativa imbuída da força do
espírito suscita o testemunho e o anúncio da Boa-Nova de Jesus. A razão da fé
este em Deus, que ressuscitou Jesus e que ressuscitará o ser humano com Ele,
conduzindo-o à comunhão eterna em sua presença. A adesão a Jesus, no caminho do
discipulado, faz a comunidade transbordar de ação de graças para a glória de
Deus. A imagem da tenda dos nômades no
deserto ensina a “renovar dia a dia nosso interior”.
O mistério da
graça de Deus, que atua em nossa fragilidade, e o testemunho vivo de Jesus nos
guiam no caminho dos valores do Reino, que permanecem para sempre. Paulo lembra
que o essencial é confiar no Senhor: “Basta-te a minha graça, pois é na
fraqueza que a força realiza-se plenamente” (2 Cor 12,9).
Atualizando a
Palavra
A verdadeira
família de Jesus é formada por aqueles que escutam seu ensinamento e praticam a
vontade de Deus, no caminho do discipulado. Com seguidores e seguidoras de
Cristo, somos chamados a formar comunidades fraternas de irmãos e irmãs,
trabalhando para vencer as forças contrárias ao reino, que tentam enfraquecer a
nossa missão ao serviço do Evangelho.
Paulo,
enquanto sofre a cada dia por causa do Evangelho no seu ministério, renova a fé
e a esperança na ressurreição de Cristo. Os desafios da evangelização, as
tribulações e os receios tornam-se pequenos comparados à alegria da glória plena
no Senhor da vida porque “trazemos este tesouro em vasos de barro” (2 Cor 4,7)
e em nós se manifesta a graça.
Luis Filipe Dias |
Muito bom!
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