Neste domingo retornaremos junto com os apóstolos
ao encontro de Jesus trazendo as experiências da missão, sabemos que toda a
caminhada de fé tem seus obstáculos e que jamais podemos desistir de concluir a
nossa jornada, só assim poderemos partilhar com Jesus e com os irmãos as
conquistas da nossa missão, em Jesus encontramos o descanso necessário para
revigorar as nossas forças para novamente nos colocar a caminho da construção
do Reino de Deus.
Na primeira leitura (Jr 23,1-6.) o profeta
Jeremias nos diz que o Senhor faz duras críticas aos maus pastores que permite
que o rebanho se perca e disperse, estes que afugentam e negligenciam os cuidados
que deveriam ter com as ovelhas, em função das más práticas serão duramente
castigados pelo Senhor. Ele irá novamente reunir as ovelhas em um só rebanho
conduzindo aos campos onde se reproduzirão e multiplicarão, tendo o Senhor suscitado
novos pastores que cuidarão para que elas não mais se percam e não havendo mais
sofrimentos, medos e angustias. “Eis que
virão dias, diz o Senhor, em que farei nascer um descendente de Davi; reinará
como rei e será sábio, fará valer a justiça e a retidão na terra. Naqueles
dias, Judá será salvo e Israel viverá tranquilo; este é o nome com que o
chamarão: Senhor, nossa Justiça.”
Hoje vemos que muitos usam da religião para
explorar economicamente o povo, em várias igrejas das mais diversas
denominações vemos que a arrecadação está acima do anuncio do evangelho, aquele
que não paga não obtém a graça de Deus, é deprimente ver a que ponto chegou os
que se dizem “servos de Deus”. Mas, a que deus eles estão servindo? Sabemos que
devemos colaborar com a manutenção dos templos e ajudar com os recursos
necessários para que a igreja realize as obras sociais, mas, o líder religioso
que se aproveita da fé alheia para aumentar o seu patrimônio está indo na
contramão da missão que Deus o confiou, e nós cristãos não podemos permitir que
esta prática seja comum em nosso meio, Deus conta conosco para libertar a
religião destes falsos pastores que provocam o sofrimento do rebanho.
Na
carta aos Efésios (Ef 2,13-18.) o apóstolo Paulo nos diz que em Cristo deixamos
de estar divididos para estar em unidade, ele veio para os que estavam longe e
para os que estavam perto, com a sua carne, ele acabou com a inimizade, abolindo a
lei que oprimia o povo, trazendo os seus mandamentos e decretos. Unindo judeus
e pagãos ele formou o homem novo, em sua entrega na cruz, reconciliou a humanidade
com Deus, destruindo o pecado e anunciando a paz para todos, de longe ou de
perto, judeus ou pagãos, por ele todos nós temos acesso a Deus Pai.
Em toda a sua missão na terra, Jesus lutou
para reunir todos em um só rebanho, e hoje vemos como, usando o nome de Jesus, provocamos ruptura e divisões entre os cristãos, a todo instante nos deparamos
com situações opostas as de Cristo, por divergências, igrejas e mais igrejas são
criadas a cada dia, fazendo das palavras do evangelho uma forma de aprisionar e
impor o modo de pensar de algum líder, que divergiu de outro líder em outra
igreja e criou a sua própria igreja. Devemos encontrar os pontos que nos unem e
saber respeitar aquilo que temos de diferente, Jesus é o mesmo em todas as
denominações religiosas, e deve ser ele o nosso ponto de união, agora a forma
de orar e de louvar de cada um deverá ter o nosso respeito e que outros também
possam respeitar a forma que demonstramos a nossa fé em Cristo unificador.
No evangelho (Mc 6,30-34.) vemos os
apóstolos retornando da missão, eles partilharam com Jesus e com os outros tudo
o que haviam realizado e ensinado, e são convidados por Jesus a se retirarem para
descansar e comer, pois necessitavam de revigorar as forças para a próxima
jornada. Saindo de barco para um lugar deserto, a multidão ao saberem da
partida de Jesus e dos apóstolos, se apressou e chegou primeiro que eles. “Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa
multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois,
a ensinar-lhes muitas coisas.”
Em nossa missão o ponto de partida e o ponto
de chegada são sempre o mesmo, é de Jesus que partimos e para ele que voltamos,
como os apóstolos que estavam longe do mestre, assim somos também nós no
caminho da nossa missão, mesmo longe estamos sempre ligados a Jesus, pois,
recebemos dele este ofício e devemos retornar de nossa jornada trazendo os
frutos do nosso trabalho.
Jesus misericordioso se compadece ao ver
aquela multidão, vendo como são numerosas as ovelhas que peregrinam sem pastor,
novamente ele nos envia para a missão de pastorear o seu rebanho, foi assim
com os apóstolos e é assim ainda hoje, recebemos a incumbência de reunir as
ovelhas desgarradas do rebanho conduzindo-as para campos onde se encontram
verdes pastagens, fontes de águas puras, tranquilidade e segurança, conduzindo
o rebanho para junto de Jesus.
Meditamos
hoje a razão da nossa missão, devemos nos esvaziar de tudo aquilo que nos
atrapalha de cumprirmos o que Jesus nos confia, e realmente entender qual a
necessidade que o outro tem, nós como enviados de Cristo para anunciar o
evangelho não podemos querer ser servidos pelo que representamos, mas, somos
nós que devemos nos colocar a serviço do próximo, usar dos recursos de quem tem
e coloca em comum, para aqueles que nada tem, isso não é comunismo ou socialismo,
é cristianismo vivido no dia-a-dia. Não devemos ficar presos nos templos
somente orando e louvando a Deus, nas igrejas somos enviados por Jesus para
orar e louvar a Deus com as nossas ações no meio do povo sofrido.
Rubens Corrêa |
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