domingo, 9 de outubro de 2016

“Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” (09/10/2016)

   Neste domingo meditamos com Jesus sobre a gratidão que temos ou que deveríamos ter por tudo o que Deus provém para nós, muitas vezes pedimos insistentemente a graça e tão poucas vezes nos mostramos agradecidos às numerosas bênçãos que Ele vem derramando em nossa vida. Deus rico em misericórdia, abre o caminho da salvação para o mundo inteiro e nós devemos reconhecer este grande gesto de amor e sermos gratos independentemente se somos sírio, samaritano e de qualquer outro lugar do mundo, como não há fronteira para o amor de Deus também não deve haver limites para nossa gratidão.
   Na primeira leitura (2Rs 5,14-17.) vemos que: “Naqueles dias: Naamã, o sírio, desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, conforme o homem de Deus tinha mandado, e sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha, e ele ficou purificado. Em seguida, voltou com toda a sua comitiva para junto do homem de Deus. Ao chegar, apresentou-se diante dele e disse: ‘Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda a terra, senão o que há em Israel! Por favor, aceita um presente de mim, teu servo’. Eliseu respondeu: ‘Pela vida do Senhor, a quem sirvo, nada aceitarei’. E, por mais que Naamã insistisse, ficou firme na recusa. Naamã disse estão: ‘Seja como queres. Mas permite que teu servo leve daqui a terra que dois jumentos podem carregar. Pois teu servo já não oferecerá holocausto ou sacrifício a outros deuses, mas somente ao Senhor’”.
   Agradecido pela cura, Naamã insiste para que Eliseu aceitasse a sua oferta financeira, mas este homem de Deus resiste e nada aceita daquele agradecido estrangeiro, então Naamã reconhece o Deus de Israel como o verdadeiro Senhor da sua vida e levando um pouco de terra daquele lugar prometeu somente oferecer sacrifício somente a este Deus que não faz distinção de seus filhos, mesmo que estejam fora das fronteiras de Israel. Deus quer de nós mais do que uma oferta feita por obrigação, o que ele espera de nós é que o reconheçamos de todo o coração como o Senhor da nossa vida e a ele ofertamos de forma espontânea o que temos de melhor em nossa vida, Deus nos quer como filhos livres e obedientes a sua palavra.
   Falando a Timóteo (2Tm 2,8-13.) Paulo também nos diz: “Caríssimo: Lembra-te de Jesus Cristo, da descendência de Davi, ressuscitado dentre os mortos, segundo o meu evangelho. Por ele eu estou sofrendo até às algemas, como se eu fosse um malfeitor; mas a palavra de Deus não está algemada. Por isso suporto qualquer coisa pelos eleitos, para que eles também alcancem a salvação, que está em Cristo Jesus, com a glória eterna. Merece fé esta palavra: se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”.
   Paulo nos mostra que em sua missão sofre perseguição por causa da sua fidelidade a Jesus Cristo, mas vem daquele que venceu a morte a força necessária para suportar todas as diversidades da vida, ele afirma vale a pena suportar qualquer coisa para levar os homens a conhecer a salvação que vem de Jesus, morrendo em Cristo é que encontraremos a verdadeira vida, Ele já está em nós e não podemos negá-lo, pois estaríamos negando a nós mesmos, é mantendo-nos firmes na fé que o veremos reinar em nossas vidas e nós reinaremos com Ele. Mesmo preso Paulo não nega o seu Senhor, ele ainda tenta fazer do seu sofrimento um testemunho para a conversão dos outros. E nós estamos dispostos a testemunhar o Cristo mesmo que seja por meio do nosso sofrimento? Sabemos que mesmo quando tudo está difícil Ele está ao nosso lado, é nesta certeza que superaremos qualquer adversidade e devemos dar este testemunho, como fez Paulo, para que os outros também possam encontrar o caminho do Senhor.
   No evangelho (Lc 17,11-19.) Jesus nos mostra que: “Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galiléia. Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam à distância, e gritaram: ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!’ Ao vê-los, Jesus disse: ‘Ide apresentar-vos aos sacerdotes.’ Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. Então Jesus lhe perguntou: ‘Não foram dez os curados? E os outro nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?’ E disse-lhe: ‘Levanta-te e vai! Tua fé te salvou’”.
   Vemos neste exemplo do evangelho algo que podemos ver nos dias atuais, foram dez os homens curados, mas apenas um voltou para mostrar sua gratidão, e este não fazia parte daquele povo, era um samaritano que colocou as diferenças de lado para agradecer a um judeu pela graça alcançada.
   Em nossa sociedade hoje vemos que muitos suplicam a Deus para que tenham a graça que necessitam e nem sempre quando alcançam se mostram gratos àquele que o livrou do sofrimento, em alguns casos aqueles que estão fora das igrejas se mostram mais fiéis e reconhecem verdadeiramente a misericórdia de Deus do que aqueles que vivem a vida toda na igreja, pois estar na igreja é uma coisa e ser igreja de Jesus é outra coisa muito diferente.
   Sabemos que Deus é único que pode curar nossas feridas, sejam as do corpo ou as da alma, em Cristo encontramos o único caminho que podemos encontrar a salvação e vemos que a igreja é onde os filhos amados de Deus se encontram para vivenciar e testemunhar este amor de Pai. Devemos viver além das aparências, procurar um contato intimo e verdadeiro com Jesus, deixar de fazer as coisas por obrigação ou para estar bem para os olhares dos outros, como aquele samaritano e como Naamã o sírio devemos do fundo do coração render graças a Deus e como Paulo louvar a Ele mesmo em meio as diversidades, seja na alegria ou na dor temos a oportunidade de nos encontrar com Jesus e com Ele ter uma experiência que mudará para sempre a nossa existência, que possamos nos abrir para a graça de Deus e que sejamos suas testemunhas pelo mundo.
Rubens Corrêa

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