Introdução
No
Ciclo A do ano litúrgico, que estamos a viver, o evangelho de Mateus será nosso
companheiro. Ele apresenta cinco longos discursos, nos quais ele junta os
ensinamentos proferidos por Jesus em várias ocasiões e contextos. Como no
domingo passado tivemos o grande sermão da montanha contemplando as
Bem-aventuranças, agora vamos continuar a saborear esses ensinamentos de Jesus
como sendo o novo Moisés.
As
três leituras deste domingo nos mostram a condição do discipulado de Cristo,
que é encarnar o próprio Jesus e agir em conformidade com ele. Só assim podemos
dar sabor ao mundo e iluminá-lo.
Comentário aos textos bíblicos
I Leitura: Isaias 58,7-10: O
verdadeiro jejum
Com
seu jejum o povo exige que Deus seja misericordioso, como se Deus agisse com
misericórdia mediante as obras de piedade do ser humano.
II
Leitura: 1 Coríntios 2,1-5: A salvação do Pai é dom gratuito
Nesta
leitura Paulo avisa que ser "Luz" não é colocar a sua esperança de
salvação em esquemas humanos de sabedoria, mas identificar-se com Cristo. Na visão
paulina, a fé do discípulo deve ter como fundamento o poder de Deus. Todas as
suas ações devem ser expressão dessa fé, pois somente assim suas obras
demonstrarão o “poder do Espírito” agindo nele.
Evangelho: Mateus 5,13-16: Sal
na terra e luz para o mundo
a) Sal da terra
Na cultura antiga, o sal aparece como imagem do que
dá sabor e conserva os alimentos. O discípulo, para ser “sal da terra”, deve se
configurar a Cristo. Configurar-se a ele significa encarná-lo. Se o discípulo
não encarna Jesus Cristo, o cristianismo torna-se mera doutrina sem nenhum
sabor.
b) O sal sem sabor
Os cristãos que perdem o sabor correspondem em
Mateus aos malditos do Pai que não colocaram o código de conduta em ação como
deveriam amando o irmão (Mt 25, 41-45).
c) A luz do mundo
Assim como o sal, ao perder seu sabor, deixa de ser
sal, assim a luz não pode ser acesa para ser escondida, pois deixaria de
cumprir sua missão de brilhar.
Quando as nossas atitudes e obras bendizem a Deus
(falam bem de Deus), então estamos sendo luz para o mundo.
Quando o povo santo de Deus encarnar Jesus Cristo, o
mundo se torna um lugar de luz.
Quando cada um de nós for fiel à sua missão, este
mundo será um pedacinho do céu.
Ser
Sal da Terra e Luz do Mundo: Sal que preserva da corrupção e dá gosto das
coisas de Deus e Luz que ilumina e se consome a serviço dos irmãos, iluminando
o caminho que leva ao Pai. Peçamos a Deus muita Luz para compreender essa
missão e muita força para sermos de verdade Sal da Terra e Luz do Mundo!
Pistas
de reflexão
Valor da vida consagrada no mundo de hoje como testemunho de vida
Valor da vida consagrada no mundo de hoje como testemunho de vida
Não conto a história do filme para não estragar o prazer de o
ver, mas uma personagem central, o padre apóstata (que aparentemente renegou
sua fé) Cristóvão Ferreira, morreu no Japão também como mártir, com mais de 80
anos. Proclamou a falsidade da sua renúncia, feita sob chantagem da morte de
outros seus colegas que se tinham convertido. Os jesuítas portugueses como
Cosme de Torres, João Fernandes, Gaspar Vilela, Luís Fróis, João Rodrigues,
Gaspar Coelho, Sebastião Vieira, foram peças desta grande tapeçaria de
transformações da alma. Mas quem olha para os três crucificados da aldeia de Tomogi, vê gente do povo, simples, sem
prémio terreno, nem medo da execução mais horrível. Partem a cantar. Acabam por
ser eles, mais do que o padre Rodrigues, o mistério central desta linda
narrativa sobre o aparente silêncio de Deus. Uma pergunta surge: “Porque morrem
tão serenos?”
[Nuno Rogeiro, politólogo, “O som do silêncio (II)”, na revista “Sábado”
de 28.01.2017]
O
que “salga” o mundo de hoje
“O dinheiro tornou-se um espaço sagrado. Ocupa um lugar central,
domina a organização do mundo, detém um prestígio absoluto, muitos veem nele a
chance de redenção. Quando lemos os evangelhos, podemos agrupar o ensinamento
de Jesus em torno de dois pedidos. A primeira: que vamos fazer com o dinheiro,
como a usamos, o que realmente precisa na nossa vida? A outra pergunta de Jesus
é mais íntima e, de certo modo, mais radical. Não é mais o que fazemos do nosso
dinheiro, mas sim o que o dinheiro faz de nós.
Assim o ter acaba por assumir uma influência decisiva sobre ser e nos
tornamos escravos do que pensamos possuir”.
(José Tolentino Mendonça, no futuro [28.01.2017])
Pe Luis Filipe Dias |
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