Neste 6º Domingo do Tempo Comum, a liturgia
nos diz que somos convidados a seguir pelo caminho dos mandamentos do Senhor e nos
garante que Deus tem um projeto de salvação para que nós possamos chegar a vida
plena, ele nos propõe uma reflexão sobre a atitude que devemos assumir diante
desse projeto, pois ao nosso alcance estão o bem e o mal, a felicidade e a
infelicidade, cabe a cada um de nós a escolha mais acertada.
Primeira
Leitura (Eclo 15,16-21.) Leitura
do Livro do Eclesiástico: 16Se quiseres
observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também
viverás.17Diante de ti ele colocou o fogo e a água; para o
que quiseres, tu podes estender a mão. 18Diante do homem
estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir. 19A sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e
poderoso e tudo vê continuamente. 20Os olhos do
Senhor estão voltados para os que o temem. Ele conhece todas as obras do
homem. 21Não mandou a ninguém agir como ímpio e a ninguém
deu licença de pecar. Palavra do Senhor. Graças a Deus.
A primeira leitura, nos recorda que o homem
é livre de escolher a proposta de Deus que nos conduz ao bem e a felicidade, a autossuficiência
nos leva quase sempre à morte e a infelicidade. Para nos ajudar a escolher o
bem, Deus nos propõe mandamentos ou sinais que nos indicam o caminho conduzindo-nos
a salvação, mas se nós escolhermos o caminho do orgulho, da autossuficiência,
fugimos dos mandamentos e preparamos para nós um futuro de morte e de
infelicidade, agora se escolhermos viver no Temor de Deus e no respeito por
suas propostas, construiremos um futuro de felicidade, de bem-estar, de paz, de
amor e de abundância. Quando respeitamos os mandamentos de Deus, vivemos de
forma equilibrada e feliz, mas quando o povo de Deus escolhe caminhos à margem,
constrói para si: egoísmo, sofrimento, ambição, divisão, exploração e,
portanto, a morte. Deus respeita absolutamente nossa liberdade, a escolha que o
homem faz, resta a cada um de nós fazer nossas escolhas e construir para cada
um seu destino mais acertadamente.
Salmo responsorial 118(119) O Salmista canta o
homem que progride na lei do Senhor e observa seus preceitos, procura a Deus de
todo o coração, por isso, é feliz.
Segunda
Leitura (1Cor 2,6-10.) Leitura da Primeira Carta de São
Paulo aos Coríntios: 6Entre os perfeitos nós falamos
de sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem da sabedoria dos poderosos deste
mundo, que, afinal, estão votados à destruição. 7Falamos, sim, da misteriosa sabedoria de Deus,
sabedoria escondida, que desde a eternidade Deus destinou para nossa
glória. 8Nenhum dos poderosos deste mundo
conheceu essa sabedoria. Pois, se a tivessem conhecido, não teriam crucificado
o Senhor da glória. 9Mas, como está escrito, “o que
Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os
ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu”. 10A nós Deus revelou esse mistério através do
Espírito. Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus.
Palavra do Senhor. Graças a Deus.
Paulo nos apresenta a sabedoria de Deus ou o
mistério. É um projeto que Deus preparou “para aqueles que o amam” e que Jesus
Cristo revelou com sua pessoa, suas palavras, com sua morte e morte de cruz.
Para Paulo, Deus destinou para nossa glória ou seja para nossa salvação, a
salvação da humanidade. É um plano que o próprio Deus manteve misterioso e
revelado por seu filho Jesus Cristo, que nos indicou o caminho da vida e da
felicidade, veio ao nosso encontro, fez aliança conosco, nos libertou dos
nossos pecados, nos ensinou a lei do amor, de doação, de comunhão com Deus e
com os irmãos. Agora é o Espírito Santo que nos anima no sentido de nascermos
dia a dia, como pessoas novas, renovadas, como nos diz no v.10, “A nós Deus
revelou esse mistério através do Espírito” e não pela sabedoria dos dominadores
e poderosos.
Evangelho (Mt. 5,17-37) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus: Naquele tempo,
disse Jesus a seus discípulos: 17Não penseis que
vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno
cumprimento. 18Em verdade, eu vos digo: antes que o céu
e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei,
sem que tudo se cumpra. 19Portanto, quem
desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros
a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os
praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus. 20Porque eu vos digo: Se a vossa justiça não for
maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no
Reino dos Céus. 21Vós ouvistes o que foi dito aos antigos:
'Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal'. 22Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza
com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: 'patife!' será
condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de 'tolo' será condenado ao fogo
do inferno. 23Portanto, quando tu estiveres
levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares que teu irmão tem
alguma coisa contra ti, 24deixa a tua
oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só
então vai apresentar a tua oferta. 25Procura
reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal.
Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de
justiça, e tu serás jogado na prisão. 26Em verdade eu te
digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo. 27Ouvistes o que foi dito: 'Não cometerás adultério'. 28Eu, porém, vos digo: Todo aquele que
olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela
no seu coração. 29Se o teu olho direito é para ti
ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor
perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. 30Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado,
corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus
membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno. 31Foi dito também: 'Quem se divorciar de sua mulher,
dê-lhe uma certidão de divórcio'. 32Eu, porém, vos
digo: Todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união
irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher
divorciada comete adultério. 33Vós
ouvistes também o que foi dito aos antigos: 'Não jurarás falso', mas 'cumprirás
os teus juramentos feitos ao Senhor'. 34Eu, porém, vos
digo: Não jureis de modo algum: nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35nem pela terra, porque é o suporte onde apoia os
seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. 36Não jures tão pouco pela tua cabeça, porque tu não
podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. 37Seja o vosso 'sim': 'Sim', e o vosso 'não': 'Não'.
Tudo o que for além disso vem do Maligno. Palavra da Salvação. Glória a vós,
Senhor.
Este trecho do evangelho de Mateus, nos diz
que Jesus não veio abolir a lei que Deus ofereceu ao seu povo através de Moisés
no monte Sinai, Ele veio dar pleno cumprimento a ela, a Lei de Jesus é a Lei do
amor que lá no monte do sermão da montanha com as bem aventuranças, Jesus nos
propõe os mandamentos da Nova Aliança ou seja o Novo Testamento. Mateus
continua o texto com exemplos concretos e se refere as relações fraternas, diz que
a Lei de Moisés exige não matar, porém Jesus exige uma nova atitude interior
pois há muitas formas de matar, destruir o irmão: as palavras que ofendem, as
fofocas, as calúnias, os gestos de desprezos, os desentendimentos que põe fim
aos relacionamentos conjugais e de amizades. Nós não podemos nos limitar a
cumprir a lei simplesmente, mas assumir uma nova atitude que nos leve a um
respeito maior pela vida e pela dignidade, a reconciliação com o irmão sobrepõe
ao próprio culto, primeiro reconciliar com o irmão só depois fazer sua oferta.
Sobre o adultério, Jesus nos ensina que é
preciso ir mais além e atacar a raiz do problema ou seja o coração humano, pois
é no coração que nasce de tudo que não nos pertence, portanto é preciso
realizar uma conversão, o olho é a entrada dos desejos e a mão concretiza os
desejos que nascem no coração, são expressões muito duras quando diz que é
melhor arrancar e cortar e atirar para longe, só assim é eliminado na fonte, as
raízes mal. Na Lei de Moisés sobre o divórcio permite que o homem repudie sua
mulher, mas para Jesus tem que ser corrigida, o divórcio não estava nos planos
de Deus quando criou o homem e a mulher, eles foram criados para amarem-se,
respeitarem-se.
A questão dos juramentos, a lei antiga pede
fidelidade aos compromissos firmados com um juramento, na visão de Jesus a
necessidade de jurar implica num clima de desconfiança, incompatível com o
Reino de Deus, prometidos a todos nós, então deve haver um clima de confiança e
sinceridade, simplesmente com o “sim” ou “não”. As leis, os mandamentos, devem
ser sinais indicadores para que alcancemos o verdadeiro caminho que nos conduz
a vida plena ou seja o Reino de Deus, proposto para o homem que caminha com
seus fracassos e seus defeitos, em direção à vida definitiva cheia de
felicidade. Com fé e confiança devemos caminhar sem desanimar. Na certeza que o
Espírito Santo nos guiará a vida de santidade. Jesus nos convida a perfeição de
nossa vida que se realiza com ações o que se prega com palavras. Louvado seja
Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado!
Marlene Resstel |
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