Será que toda
esperança se acabou? O Senhor foi traído, perseguido, flagelado, humilhado,
negado, julgado, despojado, morto e sepultado. E os nossos sonhos de ver acontecer
o Reino de Deus anunciado por Jesus? Tudo está consumado em seu suspiro final,
nossos sonhos foram sepultados com Jesus. Neste sábado Santo celebramos a
Vigília Pascal, uma noite memorável em que o Senhor ressurge glorioso vencendo
a morte e mudando radicalmente o rumo da história, celebremos, pois, esta festa
fazendo ressurgir em nós um homem novo, uma mulher nova, juntamente com Jesus
fazendo rolar a pedra que nos impede de sermos filhos autênticos de Deus.
Na primeira leitura
(Gn 1,1– 2,2.), vemos que Deus em seu gesto de amor incondicional cria tudo o
que existe e também cria o homem para cuidar de tudo que ele criou. Notamos que
hoje a criação maravilhosa de Deus está sendo cruelmente destruída, poluem o
ar, os rios e mares, derrubam e queimam as florestas, destruindo o habitat dos
aninais causando a extinção de muitas espécies, mas, o mais terrível que
podemos ver é a destruição da própria espécie, vemos muitos morrendo pela
violência, pelas drogas, pela negligência nos hospitais, pelas guerras absurdas
e pela fome que assola muitos lugares, vemos que o homem está na contramão da
história, destruindo tudo aquilo que Deus criou, precisamos mudar esta
história.
Na segunda leitura
(Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18.), vemos a oferta de Abraão, que oferece o próprio
filho em holocausto a Deus, mas, Deus envia o seu anjo e não permite que ele
derrame o sangue do seu filho. Vendo com bons olhos a oferenda de Abraão, Deus
firma com ele a sua aliança e abençoa toda a sua descendência. E nós o que oferecemos
a Deus? Muitas vezes Deus fica em segundo plano em nossa vida, oferecemos a ele
o que sobra e quando sobra, vemos que ainda acontece de acusar a ele pelos
nossos fracassos e insucessos. Ele nos oferece o seu amor e a sua benção
perpetua, mas para isso devemos dar o passo rumo a esta nova vida que surge a
partir desta experiência com Deus, Abraão experimentou este amor e nós também
podemos, basta nos entregar por inteiro no colo de Deus.
Na terceira leitura
(Êx 14,15 – 15,1.), vemos que Deus reafirma a aliança feita com Abraão,
libertando o povo da escravidão e da mão opressora do faraó, Deus mostra
novamente que se mantem fiel as suas promessas, vemos que mesmo com todo o
poder e soldados o faraó padeceu pela sua maldade, não prevalecendo a sua
opressão sobre o povo. Por diversas vezes nos sentimos oprimidos pelos nossos
pecados e não conseguimos encontrar sozinhos a saída para esta situação, neste
momento temos que confiar como Moisés confiou em Deus, e abrir caminho entre o
mar das desilusões para trilharmos um novo caminho de um homem novo em Jesus.
Na quarta leitura
(Rm 6,3-11.), São Paulo fala aos romanos que Jesus experimentou a vida como nós
meros mortais, sentiu alegria, sentiu angustia e medo, padeceu na dor, sendo
perseguido, preso, julgado e morto, em tudo se fez iguais a nós, menos no
pecado, ele tomou sobre si os nossos pecados para que morressem junto com ele o
homem velho manchado pela culpa, e junto com a sua ressurreição surgisse um
homem novo livre do poder da morte, do medo e do pecado. Nós como batizados
devemos crer que Cristo padeceu por nossas culpas e que com a sua ressurreição
nasce uma nova missão para nós, levar o Cristo a todo o mundo.
No evangelho
segundo Mateus (Mt 28,1-10.), meditamos sobre o ponto alto da nossa fé, o
momento que as mulheres vão ao tumulo para seguir um costume judeu de perfumar
o corpo do falecido, mas, não encontram o corpo de Jesus, e recebem de um anjo
uma grande mensagem de esperança, a vida venceu a morte, Jesus ressuscitou,
ressuscitando junto todos os nossos sonhos e essa notícia não poderia ficar
restrita a essas mulheres, por isso elas foram enviadas a levar a boa nova aos
discípulos, também os enviando em missão para ver o Senhor na Galileia.
Neste mundo onde
vemos tantas realidades de mortes em nosso meio é difícil acreditar que o bem
prevalecerá, mas, a ressurreição de Jesus nos faz ter força para acreditar
nisso, e mais do que isso, ela deve servir de impulso para lutarmos por um
mundo novo, livre das amarras das injustiças, da opressão, da corrupção, do
pecado e da violência, devemos ser este mensageiro que levou a boa notícia a
aquelas mulheres. Nesta vigília pascal somos convocados a ser sinais de
esperança aos irmãos que perderam o sentido de viver, que sejamos para estes
irmãos o rosto sorridente, o ombro que acolhe e a mão que levanta, sendo a
força e a imagem do Cristo ressuscitado para todo o mundo.
Celebrar a Vigília
Pascal é colocar a nossa fé em Cristo Ressuscitado, Ele que sofreu as angustias
e o flagelo em sua condição humano, ressurge Glorioso em sua condição divina
devolvendo aos cristãos a esperança de ver o Reino de Deus acontecer. Ao ascender
hoje o Círio Pascal também ascendemos em nós a chama do amor de Cristo, Ele é a
Luz que resplandece sobre o mundo inteiro e que possamos manter em nossos
corações esta chama bem acesa para que ela resplandeça o Cristo Ressuscitado
para todos os cantos do mundo.
Que Nossa Senhora nos ajude nesta missão.
Salve Maria.
Rubens Corrêa |
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