“Coragem! Sou eu. Não tenhas medo!”

Nesse domingo, somos convidados a rezar pelas vocações em família, com especial atenção para os pais que comemoram o seu dia.

Iniciamos a Semana Nacional da Família com o tema “Família, uma luz para a vida em sociedade.”

As leituras nos mostram que em nossas dificuldades e indecisões, Jesus estende a mão e nos ampara.

No Livro dos Reis (1Rs 19,9a.11-13a), Elias descobre a presença de Deus na simplicidade e humildade da brisa suave.

“Naqueles dias, ao chegar a Horeb, o monte de Deus, ⁹ao profeta Elias entrou numa gruta, onde passou a noite. E eis que a palavra do Senhor lhe foi dirigida nestes termos:

¹¹“Sai e permanece sobre o monte diante do Senhor, porque o Senhor vai passar”. Antes do Senhor, porém, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos. Mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento, houve um terremoto. Mas o Senhor não estava no terremoto.

¹²Passado o terremoto, veio um fogo. Mas o Senhor não estava no fogo. E, depois do fogo, ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa.

^13aOuvindo isso, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta.” – Palavra do Senhor. – Graças a Deus. 

Esse trecho da leitura se passa durante o Reinado de Acab, quando o reino estava se abrindo para cultuar deuses estrangeiros e abrir Israel a outras nações para facilitar o intercâmbio cultural e comercial e alguns profetas, incluindo Elias, se recusam a aceitar tal comportamento.

A primeira leitura mostra Elias fugindo logo após vencer a batalha contra os profetas dos falsos deuses. No mesmo monte onde Moisés recebeu os ensinamentos de Deus, novamente Deus renova sua aliança com o povo, dessa vez aparecendo em meio à simplicidade e no silêncio da brisa ligeira.

No salmo (Sl 84), o povo suplica:

Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!

Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que ele vai anunciar. Está perto a salvação dos que o temem, e a glória habitará em nossa terra.

A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus.

O Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus.

Em sua carta aos Romanos (Rm 9,1-5), Paulo analisa a situação do povo de Israel.

Irmãos: ¹Não estou mentindo, mas, em Cristo, digo a verdade, apoiado no testemunho do Espírito Santo e da minha consciência. ²Tenho no coração uma grande tristeza e uma dor contínua, ³a ponto de desejar ser eu mesmo segregado por Cristo em favor de meus irmãos, os de minha raça.

⁴Eles são israelitas. A eles pertencem a filiação adotiva, a glória, as alianças, as leis, o culto, as promessas ⁵e também os patriarcas. Deles é que descende, quanto à sua humanidade, Cristo, o qual está acima de todos, Deus bendito para sempre! Amém! – Palavra do Senhor – Graças a Deus.

No texto Paulo se mostra preocupado e triste e se oferece em sacrifício para a salvação de Israel, diante da negação de Jesus Cristo.

Anúncio do Evangelho (Mt 14,22-33)

Depois da multiplicação dos pães, ²²Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. ²³Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho.

²⁴A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário.

²⁵Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar.

²⁶Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: “É um fantasma”. E gritaram de medo.

²⁷Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”

²⁸Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”.

²⁹E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus.

³⁰Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!”

³¹Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”

³²Assim que subiram no barco, o vento se acalmou.

³³Os que estavam no barco prostraram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!” — Palavra da Salvação. – Glória a Vós Senhor.

O episódio situa-nos na área do lago de Tiberíades ou da Genesaré, esse lago de água doce situado na Galileia e que é o grande reservatório de água doce da Palestina, chamado de mar.

Para os judeus, era o lugar onde habitavam os monstros, os demônios e só o poder de Deus podia salvá-los.

Das leituras apresentadas hoje podemos concluir que o mundo nos oferece várias propostas de felicidade que nos atraem e seduzem e que nos afastam do Reino de Deus, todos devemos conhecer pessoas que mesmo batizadas vivem afastadas ou apresentam uma ou outra conduta contrária ao que a Igreja nos ensina.

No encontro de Elias com Deus somos convidados a renovar a aliança, escutar a voz de Deus que ecoa no silencio e aceitar realizar os projetos de Deus em nosso meio. 

Quantas vezes, em nossa vida nos sentimos perdidos, sozinhos, abandonados, desanimados, desiludidos, incapazes de enfrentar as tempestades da vida.

Para que seja possível viver de forma coerente e corajosa devemos estar conscientes da presença de Jesus, o Senhor da vida e da história, que as forças do mal nunca conseguirão vencer nem domesticar. Ele diz aos discípulos, tantas vezes desanimados e assustados face às dificuldades e às perseguições: “tende confiança. Sou Eu. Não temas”. Mesmo quando a fé vacila, temos a certeza que a mão de Jesus está lá, estendida, para que não sejamos engolidos pelas forças do egoísmo e da injustiça, só precisamos confiar.

Carla Matos