Neste domingo meditamos com
Jesus sobre a importância do perdão, muitas vezes pensamos que Deus deve ter
compaixão de nós e perdoar todos os passos falsos que damos, mas não estamos
dispostos a ter misericórdia daqueles irmãos que cometem alguma falta conosco e
sumariamente os condenamos. Um bom cristão deve deixar o seu coração liberto do
ódio e nunca procurar vingança, só assim que estaremos nos preparando para
encontrar a compaixão de Deus e ganharemos as graças do perdão divino.
O livro do Eclesiástico 27,33-28,9 nos mostra um caminho para viver a virtude de ser um filho de Deus.
Leitura do livro do Eclesiástico: 33O rancor e a raiva são coisas detestáveis; até o
pecador procura dominá-las. 28,1Quem se vingar
encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus
pecados. 2Perdoa a injustiça cometida por
teu próximo: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados. 3Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá
pedir a Deus a cura? 4Se não tem
compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados? 5Se ele, que é um mortal, guarda rancor, quem é que
vai alcançar perdão para os seus pecados? 6Lembra-te do teu
fim e deixa de odiar; 7pensa na destruição
e na morte e persevera nos mandamentos. 8Pensa nos
mandamentos e não guardes rancor ao teu próximo. 9Pensa na aliança do Altíssimo e não leves em conta a
falta alheia! – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.
Esta passagem bíblica nos faz um
questionamento importante para a vivencia da nossa fé. Como suplicar a
misericórdia de Deus enquanto nutrimos em nosso coração o ódio e desejo de
vingança contra o nosso irmão? Sabemos o quanto é difícil quando somos
caluniados e quando tramam o mal contra nós, quando somos lesados em nossos
direitos e quando somos usados para obtenção de vantagens alheias, mas se buscarmos
excessivamente a vingança e desejarmos mal contra quem nos faz o mal, estamos
nos afastando da compaixão de Deus e nos igualamos àquele que promove
injustiça.
Claro que aqui na terra é preciso que
seja feita a justiça, mas seremos nós os juízes desta causa? Deixemos o
julgamento para as autoridades encarregadas desta tarefa e abramos o nosso
coração ao perdão e a misericórdia, só assim nos aproximaremos de Nosso Senhor
Jesus Cristo que do alto da cruz disse: “Pai perdoa-lhes, pois não sabem o que
estão fazendo”.
No Salmo Responsorial 102(103) vemos o quão grande é a misericórdia de Deus para conosco, “Ele não nos
trata como exige a nossa culpa”.
O
Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / e
todo o meu ser, seu santo nome! / Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / não te
esqueças de nenhum de seus favores!
Pois ele te perdoa toda culpa / e
cura toda a tua enfermidade; / da sepultura ele salva a tua vida / e te cerca
de carinho e compaixão.
Não fica sempre repetindo as suas
queixas / nem guarda eternamente o seu rancor. / Não nos trata como exigem
nossas faltas / nem nos pune em proporção às nossas culpas.
Quanto os céus por sobre a terra se
elevam, / tanto é grande o seu amor aos que o temem; / quanto dista o nascente
do poente, / tanto afasta para longe nossos crimes.
Em sua carta aos Romanos 14,7-9 o apóstolo São Paulo nos fala que é para Cristo que vivemos.
Leitura da carta de são Paulo aos
Romanos: Irmãos, 7ninguém dentre
nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. 8Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se
morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto, vivos ou mortos, pertencemos
ao Senhor. 9Cristo morreu e ressuscitou
exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos. – Palavra do
Senhor. – Graças a Deus.
Não somos senhores de nossas vidas,
elas não nos pertencem, é para Cristo que vivemos e morremos, é para dar
testemunho do seu amor que estamos aqui, Ele se entregou se reservas, abraçou a
cruz e aceitou a sua dolorosa paixão, morreu para que todos fossem resgatados
do pecado, sim Nosso Senhor Jesus Cristo é e sempre será o Senhor de todos,
sejam eles vivos ou mortos, Ele venceu a morte.
No evangelho segundo Mateus 18,21-35 Jesus nos dar a dimensão do que é perdoar, Ele nos mostra como encontrar
o caminho para o Reino de Deus.
Proclamação do evangelho de Jesus
Cristo segundo Mateus: Naquele tempo, 21Pedro
aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu
irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22Jesus respondeu:
“Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Porque o reino dos céus é como um rei que resolveu
acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o
acerto, levaram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o
patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e
tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e,
prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!’ 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o
empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali,
aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem
moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me
deves’. 29O companheiro, caindo aos seus
pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei!’ 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou
jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados
ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse:
‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me
suplicaste. 33Não devias tu também ter
compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’ 34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele
empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará
convosco se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”. – Palavra da
salvação. – Glória a Vós Senhor.
Pedro com a sua visão humana
pergunta a Jesus sobre o limite do perdão, mas a resposta de Nosso Senhor não é
humana e sim divina, para o perdão não há limite, setenta vezes sete representa
a infinidade do amor de Deus, isto é um mistério que só podemos contemplar com
os olhos da fé, a misericórdia e a compaixão de Deus não tem fim.
Para que possamos compreender bem
o que disse Jesus, Ele mesmo nos conta uma parábola de um homem que tem uma
enorme dívida perdoada após suplicar aos pés do patrão, mas em seguida foi
incapaz de perdoar uma dívida menor de um dos seus companheiros fazendo pesar sobre
ele toda a sua ira, ao olharmos para a nossa vida cotidiana vemos como são
atuais as palavras de Jesus, clamamos a misericórdia de Deus pedindo perdão por
nossas fraquezas e somos incapazes de estender esta misericórdia aos nossos
irmãos, para nós tudo o que nos afeta é mais grave e sem perdão, Deus está de
olho em todas as nossas condutas.
Alguns companheiros se revoltaram
com a conduta deste servo e o denunciaram ao patrão, este por sua vez o questionou
pela sua ação desproporcional, ele recebeu o perdão e não conseguiu perdoar,
fazendo isso perdeu o beneficio anterior e sobre tortura pagou pela falta de
misericórdia. Quantas vezes agimos assim em nossa família, em nossa comunidade
e em nossa sociedade? Estamos preparados para sermos tratados com o mesmo rigor
com que tratamos o próximo? Neste evangelho Jesus nos dar esta grande lição,
mesmo em situações tão adversas é preciso deixar o coração livre do rancor e
ódio, só assim haverá espaço para cultivar o amor de Deus.
Que neste domingo possamos abrir
o nosso coração para a graça de Deus, é hora de fazer uma faxina e limpar da
nossa vida o ódio, o rancor e o desejo de vingança, como cristãos devemos
seguir os passos de Jesus, perdoar sem se cansar, é preciso insistir que este é
o caminho que nos levará ao Pai, que Nossa Senhora, Mãe Piedosa, nos ajude a
fazer o que nos pede Nosso Senhor, Ela que acompanhou seu Filho do flagelo até
a morte na cruz e que o viu perdoar aqueles que torturaram, Ela a exemplo do
teu Filho também os perdoou. Mãe da Divina Misericórdia, rogai por nós.
Em Jesus e Maria.
Rubens Corrêa |
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