quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Em Jesus, a salvação é oferecida a todos os povos. (04/01/2015)

   Introdução geral
   A festa da Epifania é a grande convocação que Deus faz, a fim de que todas as nações e raças encontrem forças para tornar humano e fraterno o nosso mundo e em Jesus Cristo essa expectativa toma corpo e alma, aparecendo como proposta oferecida a todos. Continuamos ainda a nossa vivência do tempo de Natal, que vai desde as primeiras vésperas do Natal até ao domingo depois da Epifania, ou seja, até à festa do Batismo do Senhor.
   Trata-se de um tempo de comemoração do nascimento de Jesus, em que celebramos a troca de dons entre o céu e a terra, pedindo a nossa participação na divindade do Filho, aquele que uniu a nossa humanidade ao Pai. É a solenidade da universalidade da salvação oferecida como dom de Deus a toda a humanidade. Uma interpretação sobre a visita dos Reis ao menino Jesus, nos diz ser o cumprimento da profecia lida no Salmo 72,11: “Todos os reis se prostrarão diante dele, as nações todas o servirão”.
   Meditando a Palavra (Deus nos fala)
   A leitura de Isaías (Is 60,1-6) se refere à situação desanimadora de Jerusalém. É o tempo de pós-exílio, onde tudo está por fazer: Jerusalém está prostrada por causa de sua população diminuta e pela falta de recursos para reconstruir o templo e a cidade. O papel do profeta da esperança é dar alento ao seu povo reafirmando a presença de Deus no seu meio.
   A carta de Paulo aos Efésios (Ef 3,2-3.5-6) fala do desígnio eterno de Deus de se revelar à humanidade. Este mistério de amor completou-se em Jesus, o Messias (ungido de Deus). Deus revelou-se no momento presente pelo Espírito: os pagãos são admitidos à mesma herança,  pois são membros do mesmo corpo e também associados à mesma promessa.
   No Evangelho de Mateus (Mt 2,1-12), uma luz(estrela) paira sobre o lugar do nascimento de Jesus. Ele nos fala da visita dos reis magos vindo do Oriente que são conduzidos ao lugar onde se encontra o menino e sua Mãe. A revelação aos magos é uma manifestação de Deus aos pagãos. A salvação de Deus é oferecida a todos e ninguém fica fora do plano geral de salvação.
   Sobre os presentes ofertados, estes trazem seus significados da antiguidade: O ouro era um presente para um Rei, representando a realeza; O incenso era um presente para um Sacerdote, representando a fé. Nos trás à memória como era usado nos templos para simbolizar a oração que chega a Deus assim como a fumaça sobe ao céu (Salmo 141,2: “Suba minha prece como incenso em tua presença”); A mirra, presente para um profeta. Usado desde a antiguidade para embalsamento, a mirra nos remete à morte de Jesus.
   Segundo o Evangelho de João 19, 39-40, a mirra foi usada no embalsamento de Jesus: “Nicodemos, aquele que anteriormente procurara Jesus à noite, também veio, trazendo cerca de cem libras de uma mistura de mirra e aloés. Eles tomaram então o corpo de Jesus e o envolveram em panos de linho com os aromas, como os judeus costumavam sepultar”.

Contexto histórico salvífico
   Neste ano dedicado à Vida Consagrada, é uma oportunidade para agradecermos ao Espírito Santo o precioso dom que nos dá para viver o seguimento de Jesus. Esse, também, é o desejo expresso do Papa Francisco.
No Brasil, o ano de 2015 será também o “Ano da Paz”. Convocados a promovermos a Paz por meio de atos e ações, colocando-nos sempre disponíveis para o irmão, a Igreja do Brasil nos convida e nos oferece um caminho a percorrer, proposto pela Campanha da Fraternidade que tem o tema: “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o lema: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45).
   Ao vivenciar esse período rico da nossa Igreja, em que somos chamados pelo Papa Francisco para uma conversão missionária, que nós todos como discípulos missionários possamos ser uma Igreja em saída. Testemunhas da alegria do Evangelho, da vida em Jesus Cristo. E, na prática do Evangelho, sabermos discernir os sinais dos tempos e perceber o que Deus pede a cada um de nós. Unidos a Cristo, somos convocados a viver o ato da fé nos engajando na vida do Cristo, ofertando a ele a nossa própria vida, ela mesma, dom de Deus. Nessa entrega, cada um faz a sua experiência de Deus.
Luis Filipe Dias

sábado, 27 de dezembro de 2014

Família, berço de uma nova sociedade (28/12/2014)

   Após o Natal celebramos a Solenidade da Sagrada Família, Jesus, Maria e José, uma festa importante que vem nos mostrar o valor de estar inseridos em uma família. Celebrar esta festa nos faz refletir como estão nossas famílias, vemos famílias destroçadas pelas drogas e pelas violências, vemos famílias vitimas da corrupção e da fome, mas, também vemos famílias bem solidificadas no amor, na fé, na união e na esperança. Jesus se fez criança ao vir ao mundo para santificar a instituição familiar e assim santificar todas as nossas famílias.
   Na primeira leitura vemos como é fundamental honrar, respeitar e cuidar dos pais, “Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração cotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros. Quem honra o seu pai, terá alegria com seus próprios filhos; e, no dia em que orar, será atendido. Quem respeita o seu pai, terá vida longa, e quem obedece ao pai é o consolo da sua mãe. Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes desgosto enquanto ele vive. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida: a caridade feita ao teu pai não será esquecida, mas servirá para reparar os teus pecados e, na justiça, será para tua edificação.”(Eclo 3,3-7.14-17a.) Aprendemos com os antigos a aproveitar a experiência e sabedoria dos mais velhos, lembro-me com frequência como sempre tínhamos em nossos avós uma referencia de pessoas honestas, tementes a Deus e a quem expressávamos grande carinho e respeito, hoje vemos uma realidade diferente onde se cultua a juventude e as aventuras desta fase da vida como referencia para os outros, é um absurdo ser necessário um estatuto do idoso para forçar o respeito e o cuidado para com os mais velhos, e mais triste ainda é ver lares cristãos que desprezam aqueles que trabalharam arduamente para construir a família e a nossa sociedade. Precisamos nos inspirar com esta passagem bíblica e aprender a absorver a sabedoria de quem aprendeu com os erros e acertos da vida.

   Em nossa caminhada de família encontramos diversos obstáculos e São Paulo nos revela em sua carta aos Colossenses o que devemos fazer para trilhar sempre pelos caminhos do Senhor, “Irmãos: Vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também. Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. Que a paz reine em vossos corações, à qual fostes chamados como membros de um só corpo. E sede agradecidos. Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria. Do fundo dos vossos corações, cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças. Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Por meio dele dai graças a Deus, o Pai. Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como convém, no Senhor. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois isso é bom e correto no Senhor. Pais, não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem.”(Cl 3,12-21.) Em uma convivência familiar não existe um que está acima do outro como em uma hierarquia, o que uni uma família não são laços de opressão e sim laços de amor, e este amor é que deve dar sentido a tudo que vivenciamos em nossos lares, é por amor que aprendemos a conviver com as diferenças e defeitos dos outros, pois, também nós temos os nossos defeitos e diferenças, é no amor que os filhos aprendem a essência da obediência aos pais, a família deve ser fruto do amor que brota do coração de Jesus e se espelha para o mundo inteiro.
   No Evangelho vemos uma linda passagem com José e Maria apresentando o seu filho no templo do Senhor, “Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. Conforme está escrito na Lei do Senhor: Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor. Foram também oferecer o sacrifício — um par de rolas ou dois pombinhos — como está ordenado na Lei do Senhor. Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel. O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele.”(Lc 2,22-33.) Ao ser apresento no templo conforme as tradições antigas, vemos na ação de Simeão a manifestação da glória de Deus, onde ele reconhece naquele menino o cumprimento das promessas feita por Deus por meio dos profetas.

   Com Jesus ainda menino, Simeão e Ana revelam a todos os caminhos da sua missão, “Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma. Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.”(Lc 2,34-40.) Maria e José reconhecem nas palavras de Simeão e Ana o cumprimento das promessas de Deus, sabem que este menino veio para trazer paz e amor ao mundo , mas, que este caminho não seria fácil para seguir, que muita dor e tristeza iriam os acompanhar durante a vida.

   Ainda hoje vemos a continuidade destes costumes, famílias levando seus filhos nas igrejas e apresentando diante do Senhor e de toda a comunidade. Devemos sempre agradecer a Deus a chegada de novos membros em nossas famílias, mas, temos um compromisso cristão de preparar um ambiente familiar propício à boa formação de cidadãos conscientes e cristãos autênticos, a realidade que vemos hoje é de muitas famílias desestruturadas, onde as crianças presenciam muitas coisas que irão agredir a sua inocência, nós precisamos mudar esta triste realidade, devemos fazer de nossas famílias uma estrutura segura onde reina o amor e a paz, assim como Jesus encontrou na Sagrada Família de Nazaré um ambiente favorável a sua preparação para a grande missão que tinha pela frente.
   Nesta Solenidade da Sagrada Família, peçamos a Deus, força e sabedoria, para que façamos de nossas famílias e nossos lares um lugar de acolhida, de carinho, de amor, de união e de fé, para todos, sejam idosos, adultos, jovens, adolescentes e crianças, sejam homens ou mulheres, para que assim a partir de nossas famílias possamos transformar o mundo, onde reina a justiça e a paz, com igual oportunidade a todos sem distinção. A missão de Jesus começou da família para atingir o mundo inteiro e nós também devemos nos colocar em missão partindo de nossas famílias levando Jesus a todo o mundo, e que a Sagrada Família, Jesus, Maria e José, nos ajude nesta missão.
Rubens Corrêa

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Natal, o nascimento da paz e do amor para o mundo (24/12/2014)

   Nesta quarta-feira celebramos a noite de Natal, um momento muito especial para todo o cristianismo, pois, recebemos nesta noite o menino que mudou os rumos da história, Jesus Cristo o Salvador do mundo que nasce em uma manjedoura. Mas, que contraditório esta vinda de alguém tão importante em um lugar tão simples entre os animais? É assim que Deus se manifesta e nos ensina, não somos nada neste mundo e muitas vezes achamos que os melhores lugares tem ser nossos, nesta noite de Natal aprendemos com o Cristo menino a essência da humildade.
   Na primeira leitura vemos que resplandeceu a luz sobre a escuridão, “O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença, como alegres ceifeiros na colheita, ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos. Pois o jugo que oprimia o povo — a carga sobre os ombros, o orgulho dos fiscais — tu os abateste como na jornada de Madiã. Botas de tropa de assalto, trajes manchados de sangue, tudo será queimado e devorado pelas chamas. Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da paz. Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reinado, que ele irá consolidar e confirmar em justiça e santidade, a partir de agora e para todo o sempre. O amor zeloso do Senhor dos exércitos há de realizar essas coisas.”(Is 9,1-6.) O profeta Isaías anuncia a vinda do novo rei, não aquele rei opressor, e sim um rei que assumindo o trono de Davi governará com justiça e santidade, em todo o seu reino a paz prevalecerá e o amor será o meio pelo qual todas esta coisas serão realizadas, este rei menino que vem trazer esta luz e esperança para este povo tão oprimido.
   Na segunda leitura São Paulo nos fala que é preciso uma mudança de vinda para encontrar a salvação, “Caríssimo: A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade, aguardando a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele se entregou por nós, para nos resgatar de toda maldade e purificar para si um povo que lhe pertença e que se dedique a praticar o bem.”(Tt 2,11-14.) Ao recebemos esta graça tão magnifica, não podemos ser do mesmo jeito, é preciso uma transformação de vida, para isso se faz necessário o abandono de práticas que estão na contramão dos ensinamentos de Jesus, Cristo não nos impõe nada, mas, o caminho para a felicidade requer de nós um cristão renovado e autentico, não um rotulo ou uma fachada, Jesus nos chama, a resposta somente nós podemos dar.
   No evangelho, São Lucas nos apresenta uma das mais lindas passagens bíblicas, “Aconteceu que, naqueles dias, César Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se cada um na sua cidade natal. Por ser da família e descendência de Davi, José subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, até a cidade de Davi, chamada Belém, na Judeia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria.”(Lc 2,1-7.) Deus se faz valer da vontade do Imperador para o cumprimento da profecia, o Salvador do mundo nasce na pequena cidade de Belém, em uma manjedoura, pois não havia lugar dentro da casa. E neste Natal, Cristo está encontrando lugar em nossos lares ou somente estamos preocupados com festas e presentes? Vemos que em muitos lugares ainda hoje ele não encontra abrigo. Não podemos perder a essência deste dia.
   Vemos na sequencia do evangelho que o anuncio é feito primeiro àqueles que nada têm a oferecer, “Naquela região havia pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do seu rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores, a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. O anjo, porém, disse aos pastores: Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura. E, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da corte celeste. Cantavam louvores a Deus, dizendo: Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados.”(Lc 2,8-14.) Os pastores, confusos, recebem do anjo um anuncio do nascimento do Messias, aquele que irá trazer paz, amor e muita esperança ao povo sofrido, Deus se faz pobre e vem aos pobres se manifestar, acredito que neste momento os pastores experimentaram um misto de medo, confusão e alegria, mas, acreditaram e foram contemplar o nascimento do Salvador do mundo.
   Hoje meditando estas palavras, vemos como o sentido do Natal tem se perdido em meio a tantos anúncios e promoções, Natal virou uma grande oportunidade de negócios, infelizmente o menino Jesus não encontra morada em muitos lares, e quantas mães, como Maria, sofrem ao ver seus filhos sem ter um lugar para ficar abrigado e com um pouco de comida para comer, só de pensar que neste dia muitos esbanjam grandes banquetes enquanto tantos passam fome, precisamos mudar esta realidade, não estou aqui dizendo que não devemos fazer a ceia com a família e trocar presentes, isso também é importante para integração da família, mas, não podemos esquecer que o espírito natalino deve nos acompanhar no decorrer de todo o ano, e nós como cristãos devemos ser promotores da justiça, da paz, do amor e da solidariedade, fora e dentro das nossas famílias.
   O nascimento de Jesus em um local tão simples e humilde, nos mostra que não somos nada neste mundo, e que ao nosso lado muitos sofrem com a violência, drogas, corrupção e prostituição, nós como cristãos temos uma missão, levar as todas as pessoas este Jesus, que se fez menino pobre nascido entre os animais, que nos ensinou muitas lições de amor e solidariedade, e que entregou sua vida por nós, só um grande gesto de amor para realizar tudo isso, e é este que devemos ser anunciadores pelo mundo todo.
Rubens Corrêa

sábado, 20 de dezembro de 2014

Maria, o sim da humildade e do serviço (21/12/2014)

   Estamos chegando à reta final do Advento, e meditamos neste domingo sobre a visita e anuncio do Anjo Gabriel à Maria, uma jovem prometida em casamento a José foi escolhida para ser a mãe do Salvador, naquela época dizer não seria a decisão mais acertada para Maria, como explicar uma jovem solteira estar grávida e pior ainda, não era filho de seu noivo José, o apedrejamento seria certo, mas, Maria acreditou na graça de Deus e se entregou por completo a este projeto de amor infinito de Deus por nós, com o seu sim, Maria disse sim para todos nós, somos todos filhos teus.
   Na primeira leitura vemos a gratidão de Davi a Deus, “Tendo-se o rei Davi instalado já em sua casa e tendo-lhe o Senhor dado a paz, livrando-o de todos os seus inimigos, ele disse ao profeta Natã: Vê: eu resido num palácio de cedro, e a arca de Deus está alojada numa tenda! Natã respondeu ao rei: Vai e faze tudo o que diz o teu coração, pois o Senhor está contigo. Mas, nessa mesma noite, a palavra do Senhor foi dirigida a Natã nestes termos: Vai dizer ao meu servo Davi: Assim fala o Senhor: Porventura és tu que construirás uma casa para eu habitar? Fui eu que te tirei do pastoreio, do meio das ovelhas, para que fosses o chefe do meu povo, Israel. Estive contigo em toda a parte por onde andaste, e exterminei diante de ti todos os teus inimigos, fazendo o teu nome tão célebre como o dos homens mais famosos da terra.”(2Sm 7,1-5.8b-9.) Ele pensa em construir uma morada para Deus, através de Natã Deus se manifesta a Davi, mostrando toda a transformação que fez em sua vida, assim também nós somos transformados pelo amor de Deus, ele entra em nossas vidas e não mais somos os mesmos, ele torna tudo novo.
  Davi recebe de Deus a grande promessa, “Vou preparar um lugar para o meu povo, Israel: eu o implantarei, de modo que possa morar lá sem jamais ser inquietado. Os homens violentos não tornarão a oprimi-lo como outrora, no tempo em que eu estabelecia juízes sobre o meu povo, Israel. Concedo-te uma vida tranquila, livrando-te de todos os teus inimigos. E o Senhor te anuncia que te fará uma casa. Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre.”(2Sm 7,10-12.14a.16.) Esta promessa se cumpri em Jesus Cristo, nele Deus restaura o reino de Davi, mas, este é um reino diferente, um reino de paz, amor e igualdade a todos, em Jesus Cristo todos somos irmãos.
   Em sua carta aos Romanos, o apóstolo São Paulo nos diz: “Irmãos: Glória seja dada àquele que tem o poder de vos confirmar na fidelidade ao meu evangelho e à pregação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério mantido em sigilo desde sempre. Agora este mistério foi manifestado e, mediante as Escrituras proféticas, conforme determinação do Deus eterno, foi levado ao conhecimento de todas as nações, para trazê-las à obediência da fé. A ele, o único Deus, o sábio, por meio de Jesus Cristo, a glória, pelos séculos dos séculos. Amém!”(Rm 16,25-27) Em Jesus, encontramos força para seguir os seus ensinamentos, ele é o cumprimento de todas escrituras, devemos hoje e sempre anuncia-lo a todas as nações, levar a todos os que precisam da palavra, palavra de paz, amor e esperança.
   No evangelho segundo São Lucas, contemplamos a anunciação da vinda do Salvador, “Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse-lhe: Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim.”(Lc 1,26-33.) Maria é a primeira a receber Jesus, uma menina cheia de dúvidas e incertezas, foi agraciada com algo tão divino, Deus quis precisar de alguém tão frágil para realizar as promessas feitas por meio dos profetas, este é o grande mistério de Deus, querer precisar de nós para realizar a sua obra.
   Como dizer sim, se há tantos riscos? Mas, Maria deu o seu sim a Deus, “Maria perguntou ao anjo: Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum? O anjo respondeu: O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, porque para Deus nada é impossível. Maria, então, disse: Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra! E o anjo retirou-se.”(Lc 1,34-38.) Maria confiou sua vida nas mãos de Deus, e mais do que isso, mesmo sendo a escolhida para ser a mãe do Salvador, se colocou a serviço ajudando a sua prima Izabel que também estava grávida, um grande exemplo de humildade, alguém que poderia se ostentar de glória por carregar em seu ventre o Salvador, se coloca como servidora.
   Neste domingo devemos aprender com Maria a confiar na promessa e na graça de Deus, saber que nunca deixa a obra inacabada, ele espera somente pelo nosso sim para realizar por meio de nós grandes obras, devemos confiar que ele nos dará força e que preparará o nosso caminho, mas, para isso não podemos perder tempo com coisas inúteis, em nossa sociedade e em nossas igrejas vemos que muitos se perdem procurando a glória para si, Maria deve ser sempre a fonte de inspiração para nós, principalmente pela sua simplicidade e humildade, com o seu modo de ser, ela permitiu que todo o destaque fosse dado a Jesus, foi para isso que ela deu o seu sim e se colocou a serviço, que nós também nos coloquemos a serviço com a mesma humildade de Maria, deixando sempre Jesus a frente de nossas ações, e que possamos ser o rosto de Jesus a todos aqueles que precisam do seu amor e da sua paz. 
Rubens Corrêa

sábado, 13 de dezembro de 2014

Humildade, a essência da missão de João (14/12/2014)

   Neste terceiro domingo do Advento, ouvimos a voz que clama no deserto, é João Batista que veio para anunciar a chegada do Messias, mais do que anunciar ele veio preparar o caminho denunciando o havia de errado e nos convidando à conversão. E hoje estamos preparando o caminho do senhor? Precisamos continuar a missão de João, pois a muitos que necessitam deste testemunho.
   Na primeira leitura o profeta Isaías nos diz, “O espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos; apara proclamar o tempo da graça do Senhor. Exulto de alegria no Senhor e minh’alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa ou uma noiva com suas joias. Assim como a terra faz brotar a planta e o jardim faz germinar a semente, assim o Senhor Deus fará germinar a justiça e a sua glória diante de todas as nações.”(Is 61,1-2a.10-11.) O espírito do Senhor nos ungi para a missão, pois a muito o que fazer, somos ungidos para trazer luz as nações, sendo sinais de esperança, para assim germinar o amor, a paz e a justiça para essa nova civilização, está em nossas mãos a continuidade desta missão.
   Na carta aos Tessalonicenses, o apostolo São Paulo nos prepara para o caminho desta missão, “Irmãos: Estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo. Não apagueis o espírito! Não desprezeis as profecias, mas examinai tudo e guardai o que for bom. Afastai-vos de toda espécie de maldade! Que o próprio Deus da paz vos santifique totalmente, e que tudo aquilo que sois — espírito, alma e corpo — seja conservado sem mancha alguma para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo! Aquele que vos chamou é fiel; ele mesmo realizará isso.”(1Ts 5,16-24) O caminho da missão é árduo e precisamos estar sempre preparados para as adversidades que eremos encontrar, é necessário manter-nos firmes na oração, pois ela que nos dá força para nossa caminhada, devemos nos afastar de tudo aquilo que nos atrapalhe na missão, inclusive de algo que encontramos dentro das igrejas, muitas oprimimos o nosso povo com regras muito pesadas e o afastamos da religião, as religiões devem estar a serviço do povo, santificando-o e não oprimindo-o, por isso devemos guardar o que for bom.
   No evangelho percebemos a beleza da missão de João Batista, a humildade, “Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. Ele não era a luz, mas veio dar testemunho da luz. Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: Quem és tu? João confessou e não negou. Confessou: Eu não sou o Messias. Eles perguntaram: Quem és então? És tu Elias? João respondeu: Não sou. Eles perguntaram: És profeta? Ele respondeu: Não. Perguntaram então: Quem és, afinal? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo? João declarou: Eu sou a voz que grita no deserto: Aplainai o caminho do Senhor — conforme disse o profeta Isaías.” (Jo 1,6-8.19-23.) Diferentemente de nós que temos necessidade de nos afirmar, João Batista diminuiu a importância da sua missão para que a missão de Jesus fosse evidenciada, em nossas igrejas muitos estão em mais evidencias do que Jesus, a igreja usada para alto-promoção, João foi o oposto disso.
   Segundo João o que estava por vir era que o que realmente importava e que ele só estava preparando o caminho, “Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus e perguntaram: Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta? João respondeu: Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias. Isto aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.”(Jo 1,24-28.) Muitas vezes, como João, somos questionados sobre a autoridade de exercer a missão, Deus nos dá esta autoridade, mas, assim como João devemos saber que o mais importante não somos nós e sim Jesus, é para o anuncio dele que empenhamos os nossos esforços, ele é a razão da nossa missão, e é ele que deve ser evidenciado em nossas ações e palavras.
   João Batista recebeu uma das missões mais nobre, anunciar a vinda do Salvador, mas, ele não fez disso uma gloria pessoal, devemos nos espelhar no exemplo de João, com humildade e amor servir ao Senhor nos colocando a serviço do próximo como Jesus pediu, para isso somos ungidos pelo espirito santo, e firmes na oração encontramos força necessária para transformar este mundo, no lugar melhor para todos, onde a justiça e a paz possam ser alicerce de uma nova sociedade.
Rubens Corrêa

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Preparai o caminho do Senhor (07/12/2014)

   A liturgia no tempo do Advento
   Este ano B, percorremos o itinerário proposto pelo evangelista Marcos. Ele nos convida a refazer hoje os passos que Jesus fez na busca da vontade do Pai, desde a Galileia até Jerusalém, lugar onde o servo sofredor será perseguido, executado na cruz e ressuscitado dos mortos.
   Os textos bíblicos da liturgia deste domingo são uma convocação clara à mudança de vida.
   Na primeira leitura o povo de Israel faz a experiência da misericórdia de Deus anunciada pelo profeta Isaías, que ó o profeta da esperança.
   No Evangelho de Marcos temos João que anuncia a vinda do Messias. O seu testemunho de vida ajuda nessa preparação da vinda de Jesus: vida simples e desprendida.
   Este tempo em que vivemos se transforma em tempo de salvação (segunda leitura).
Comentários às leituras
   I Leitura
   Consolai, Consolai meu povo (Is 40,1-5.9-11): O Senhor vem ao encontro do seu povo como o pastor em busca de suas ovelhas.
   Esta leitura nos recorda o exílio da Babilônia. O profeta anuncia o retorno, já próximo, ao povo de Israel, desolado pela perda de sua autonomia e pela destruição de sua identidade. O texto traz uma mensagem de alegria que o Senhor pronuncia pelos lábios de Isaías. A citação do profeta é recolhida no Evangelho de Marcos e assumida na aclamação do Evangelho: ”Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas” (Mc 1,2). Aqui temos a chave de leitura do Evangelho deste domingo: tudo nos fala de conversão e mudança de vida.
   Evangelho
   Preparai o caminho do Senhor (Mc 1,1-8): Eis o alegre anúncio do Filho de Deus que vem dar início à nova criação. João é seu precursor que vem preparar o caminho do Messias.
   No Evangelho deste domingo encontramos o prólogo de Marcos: “Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1). Marcos deixa claro que tudo o que vamos encontrar neste livro é apenas o começo. O evangelista diz que percorrer o caminho que leva a Jesus é estar disposto a começar, a reaprender. Depois do convite a vigiar no domingo passado, agora somos convidados a esperar com alegria aquele que vem. João Batista é ícone daqueles que esperam com alegria a vinda do Messias que exige a conversão perante o Dia de Deus.
   II Leitura
   Para que ninguém se perca ( 2 Pd 3,8-14): Testamento dos ensinamentos do apóstolo Pedro. O texto reafirma a volta de Jesus numa nova dimensão de tempo: aqui o tempo é entendido em seu sentido cairológico (kairos) e não apenas o tempo cronológico. Este é o tempo (oportunidade de Deus) para a salvação de todos. Esta carta de Pedro é uma mensagem aos que esperam com anseio a vinda do Dia de Deus. De uma vida reta e não tortuosa. A eles cabe um caminho plano, caminho esse anunciado pelo profeta Isaias.
   Salmo 84 (85) é a oração dos israelitas que voltam do exílio.
   Pistas de reflexão
   Sempre a caminho: Deus se revelou na história do povo de Israel em caminhada pelo deserto. Aos pés de Jesus: João Batista preparou a vinda de Jesus com uma vida simples. Deu testemunho de humildade e serviço. O tempo passa: é preciso saber viver. 
   Testemunho de santidade: Josefina Bakhita – da escravidão para a esperança
   “Uma pérola negra, africana, está incrustada na coroa da glória de Deus. Bakhita é para nós todos o testemunho dos mais doces atributos de Deus: o seu fiel e eterno amor, a sua misericórdia e compaixão, a sua infinita bondade. Ela nos fala da absoluta liberdade de Deus nas suas escolhas, com preferência privilegiada pelos pobres e humildes”.
   (Do Sudão à Itália, esta jovem Sudanesa percorreu os caminhos da santidade na humildade de uma escrava ao serviço dos ricos de seu tempo, acreditando sempre na bondade de Deus que guia os seus passos até a introduzir na vida de um convento onde termina a sua vida com fama de santidade. Hoje a Igreja se honra de a ter nos altares com modelo de vida nova).
Pe. Luis Filipe Dias

sábado, 29 de novembro de 2014

Senhor, somos obras de tuas mãos! (30/11/2014)

   Neste domingo iniciamos o tempo de advento, uma preparação para recebermos em nossos lares e nossas vidas a presença do menino Jesus que veio para trazer salvação a todos. Neste tempo litúrgico temos a oportunidade de fazer uma preparação para a festa do Natal, não aquele Natal das grandes ações comerciais e sim aquele Natal de confraternização em família, o Natal de fazer o bem ao próximo, mesmo que este em nada possa retribuir, neste tempo de reflexão somos chamados a acolher o menino Jesus na pessoa daquele mais necessitado.
   O profeta Isaías nos fala que longe de Deus não somos nada, “Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor; eterno é o teu nome. Como nos deixaste andar longe de teus caminhos e endureceste nossos corações para não termos o teu temor? Por amor de teus servos, das tribos de tua herança, volta atrás. Ah! se rompesses os céus e descesses! As montanhas se desmanchariam diante de ti. Desceste, pois, e as montanhas se derreteram diante de ti. Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém, jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele esperam. Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria, de quem se lembra de ti em teus caminhos. Tu te irritaste, porque nós pecamos; é nos caminhos de outrora que seremos salvos. Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos como o vento. Não há quem invoque teu nome, quem se levante para encontrar-se contigo; escondeste de nós tua face e nos entregaste à mercê da nossa maldade. Assim mesmo, Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos.”(Is 63,16b-17.19b; 64,2b-7.)
   Quando estamos longe da presença de Deus, estamos perdidos, não encontramos sentindo no que fazemos e não temos vitórias em nossas, lutas, Deus sempre está vindo ao nosso encontro, mas é preciso que deixemos que ele possa agir em nós, usar de nossas ações para a realização do projeto de um mundo melhor para todos os seus filhos, precisamos nos deixar moldar por Deus como barro na mão do oleiro que se transformar em um lindo vaso novo.
   O Apostolo São Paulo nos revela em sua carta aos Coríntios que em Jesus somos fortalecidos, “Irmãos: Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças a Deus sempre a vosso respeito, por causa da graça que Deus vos concedeu em Cristo Jesus: Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós. Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo. É ele também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até o fim, até o dia de nosso Senhor, Jesus Cristo. Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso.”(1Cor 1,3-9.) De Jesus recebemos perseverança e a força para seguirmos o caminho, recebemos inúmeros dons e a nossa missão é colocar estes dons a serviço do próximo, sabemos que isso não é uma tarefa fácil, mas, em tudo temos a certeza que Jesus sempre está ao nosso lado e nunca irá nos abandonar, ele é certeza da nossa vitória.
   Jesus no evangelho segundo São Marcos nos mostra que é importante que fiquemos sempre vigilantes, “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando. Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”(Mc 13,33-37) Se Jesus hoje como ele irá nos encontrar? Estaremos preparados ou seremos surpreendidos com a sua volta? Precisamos a cada dia viver intensamente, fazer o bem, promover a paz e lutar por justiça e igualdade para todos. Jesus quando subiu aos céus nos deixou uma missão e não podemos vacilar na execução desta tarefa, precisamos a cada dia trabalhar juntos com os nossos irmãos, somando forças, pois, juntos somos mais fortes e podemos mais.
   Recebemos de Deus um mundo perfeito, sem desigualdades, poluição, opressão, violência, medo, guerras e fome. No que transformamos este mundo? É um grande absurdo que no mundo que produz tão alimentos tantos passando fome enquanto outros desperdiçam alimentos, não podemos descuidar com a vida do nosso planeta, pois aqui é o nosso lar. Temos que unir nossas forças para mudarmos estas realidades tão adversas, que possamos ser instrumentos nas mãos de Deus deixando ele agir por meio de nossas ações, perseverar e buscar forças naquele que é nossa fortaleza, Jesus Cristo luz para os nossos caminhos, e nunca podemos descuidar da vigilância, precisamos estar atentos as necessidades dos nossos irmão e lutar para que todos tenham vida em abundancia.

   Neste tempo de advento que possamos nos preparar para receber este Deus que se fez menino, para nos ensinar a humildade, amor e paz, sejamos o mensageiro desta paz e deste amor ao mundo todo, sendo esta estrela de esperança para a vida daqueles que já não sabem a quem recorrer, que possamos fazer um Natal feliz para todos e não só nesta data, e sim todos os dias.
Rubens Corrêa

sábado, 22 de novembro de 2014

Jesus Cristo Rei do Universo (23/11/2014)

   Celebramos uma grande festa neste domingo, a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, encerra-se com este evento o ano litúrgico A e no domingo seguinte inicia-se o ano litúrgico B, na Solenidade de Cristo Rei do Universo percebemos um sentindo diferente de rei, não aquele rei que governa de forma opressora e com mãos de ferro, mas, aquele rei que cuida do seu povo nutrindo e cuidando, como pastor que cuida das suas ovelhas.
   Na primeira leitura o profeta Ezequiel nos mostra que Deus vai reunir as suas ovelhas em um só rebanho, “Assim diz o Senhor Deus: Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. Como o pastor toma conta do rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas dispersas, assim vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que foram dispersadas num dia de nuvens e escuridão. Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repousar — oráculo do Senhor Deus — Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito. Quanto a vós, minhas ovelhas — assim diz o Senhor Deus —, eu farei justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes.”(Ez 34,11-12.15-17.) Para Deus somos como aquelas ovelhas, umas estão no redil reunidas, outras estão dispersas e o verdadeiro pastor vai resgatá-las, outras estão doentes e machucadas e ele cuida dos ferimentos dando remédio para livrar da enfermidade, mas, em momento algum ele descuida daquelas que estão reunidas e em perfeito estado de saúde, é assim que Deus faz com cada um de nós, cuida dos que precisam sem descuidar com quem está bem.
   Na segunda leitura o Apostolo São Paulo nos mostra que é por Jesus que encontramos a salvação, “Irmãos: Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte, e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião de sua vinda. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. Pois é preciso que ele reine, até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. E, quando todas as coisas estiverem submetidas a ele, então o próprio Filho se submeterá àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.”(1Cor 15,20-26.28.) Vemos nas guerras que são os soldados que estão com a sua vida em risco pelo rei, por um governo e pela sua pátria, na guerra entre o bem e o mau, Jesus como rei se colocou na frente do combate, dando a sua vida para que os outros pudessem mantê-las, ele venceu não pela força, mas, pelo amor, este amor ele demonstrou até fim, quando perdoou e redimiu todos os que o mataram, e é por este amor que ele irá governar para sempre esta nova civilização, a civilização do amor.
   No evangelho segundo São Mateus Jesus revela aos seus discípulos quem são os escolhidos para tomar posso do Reino de Deus, “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.”(Mt 25,31-33.) Nesta separação onde estaremos? Estaremos na direita ou na esquerda de Jesus?
   Estar à direita ou esquerda de Jesus vai muito além daquilo que imaginamos, ir a igreja, jejuar, contribuir com o dízimo, tudo isso faz parte da nossa rotina de cristãos, mas, o que Jesus quer de nós é muito mais que isso, “Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar. Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te visitar? Então o Rei lhes responderá: Em verdade eu vos digo que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!”(Mt 25,34-40.)
   Estamos sempre muito ocupados com o nosso trabalho, tarefas de casa e compromissos nas igrejas que não percebemos o que Jesus realmente pede para que façamos, “Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não me fostes visitar. E responderão também eles: Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos? Então o Rei lhes responderá: Em verdade eu vos digo: todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes! Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.”(Mt 25,41-46.) Jesus se coloca na pessoa daquele que está necessitando da nossa ajuda, e muitas vezes passamos a diante pensando em tantas outras coisas que temos a fazer, seja no trabalho, em casa e até mesmo na igreja.
   Em várias reflexões nas celebrações da palavra, encontros e formações que participei, ouvi muitas vezes as pessoas falando que aquela pessoa de mãos estendidas pedindo ajuda pode ser Jesus, mas, no evangelho Jesus fala diferente, que quando fazemos para aqueles necessitam é a ele que fazemos, ele não diz que pode ser ele, e sim que é a ele que fazemos, Jesus é este Rei que em toda a sua realeza se coloca no lugar daquele que nada tem, só um amor sem limites como o  de Jesus para realizar este mistério.
   Nas igrejas presenciamos muitas demonstrações de fé e dedicação, mas, de nada vale estas demonstrações se no dia-a-dia não nos importamos com o que acontece com o nosso próximo e muitas vezes somos a causa do sofrimento alheio, não há como amar a Jesus, oprimindo ou omitindo a ajuda ao próximo, isso é alienação, não estou aqui me colocando contra aos rituais e louvores que acontecem dentro das igrejas, mas, podemos ligar com o que Jesus pediu no evangelho, não terá valor nenhum todos estes rituais e louvores se não levarmos o Cristo aos irmãos que mais necessitam, não para que eles se conformem com os sofrimentos de suas vidas, e sim aquele Jesus que disse que veio para que todos tenham vida em abundancia.
   Celebrar a Solenidade de Jesus Rei do Universo é meditar sobre as nossas ações em família, comunidade e sociedade, mudando aquilo que precisa mudar em nós, sendo cristão não só dentro das igrejas, mas, pelo mundo todo, levando paz e esperança a todos, lutando por justiça, combatendo o mal que há na corrupção, nas drogas, na prostituição, na violência, na fome e na opressão, celebrar esta festa é enxergar no irmão a imagem de Jesus e é ser também para este irmão a imagem do Jesus ressuscitado que estende a mão para ajudar, é comprometer-se com a missão que Jesus nos confiou e que não podemos deixa-la inacabada.
Rubens Correa