Neste domingo Jesus nos chama a vencer todas as seduções do pecado, ele
nos mostra que é possível recuperar aquilo o mundo julga como perdido, mas para
isso é preciso uma profunda transformação, experimentando Jesus não podemos
mais trilhar os caminhos que nos leva ao erro, e muitas vezes erramos ao fazer
da lei de Deus um fardo pesado que colocamos nos ombros dos outros, com seu
amor Cristo nos ensina a olhar para o irmão com misericórdia devolvendo-lhe a
dignidade de um verdadeiro filho de Deus.
Na primeira leitura (2Sm 12,7-10.13.) vemos como o pecado seduz o ungido do Senhor: “Naqueles dias, Natã disse a Davi: ‘Esse homem és tu!
Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Eu te ungi como rei de Israel, e
salvei-te das mãos de Saul. Dei-te a casa do teu senhor e pus nos teus braços
as mulheres do teu senhor, entregando-te também a casa de Israel e de Judá; e,
se isto te parece pouco, vou acrescentar outros favores. Por que desprezaste a
palavra do Senhor, fazendo o que lhe desagrada? Feriste à espada o hitita Urias,
para fazer da sua mulher a tua esposa, fazendo-o morrer pela espada dos
amonitas. Por isso, a espada jamais se afastará de tua casa, porque me
desprezaste e tomaste a mulher do hitita Urias para fazer dela a tua esposa’. Davi
disse a Natã: ‘Pequei contra o Senhor’. Natã respondeu-lhe: ‘De sua parte, o
Senhor perdoou o teu pecado, de modo que não morrerás! Entretanto, por teres
ultrajado o Senhor com teu procedimento, o filho que te nasceu morrerá’”.
Como
a sedução do pecado nos torna pequenos e mesquinhos? Nem mesmo um ungido do
Senhor está livre de cair no erro, Davi se deixou levar pelo desejo de possuir
a mulher de outro e usando o poder que tinha atentou contra a vida de um
inocente para satisfazer os seus desejos, assim também nós por diversas vezes
podemos ser tentados a deixar alguém em risco prol dos nossos anseios, todo mal
que praticarmos contra os outros nos trará sérias consequências, nada ficará
impune, devemos sempre pedir a Deus que nos livre do mal, mas devemos também
nos manter vigilantes para que o pecado não venha nos seduzir e tirar-nos da
presença de Deus.
Em
sua carta aos Gálatas (Gl 2,16.19-21.) o apóstolo Paulo nos diz: “Irmãos: Sabendo que ninguém é justificado
por observar a Lei de Moisés, mas por crer em Jesus Cristo, nós também
abraçamos a fé em Jesus Cristo. Assim, fomos justificados pela fé em Cristo e
não pela prática da Lei, porque pela prática da Lei ninguém será justificado.
Aliás, foi em virtude da Lei que eu morri para a Lei, a fim de viver para Deus.
Com Cristo, eu fui pregado na cruz. Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em
mim. Esta minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de
Deus, que me amou e por mim se entregou. Eu não desprezo a graça de Deus. Ora,
se a justiça vem pela Lei, então Cristo morreu inutilmente”.
Paulo nos alerta que vivendo somente pela lei nos tornaremos menos
humano e mais legalista, Cristo não veio abolir a lei, mas com a sua
misericórdia e o seu amor veio resgatar aqueles que foram colocados a margem da
sociedade pelo cumprimento duro da lei, era preciso dar nova chance aqueles se
encontravam perdidos fora do convívio social e muitos aproveitaram esta chance
fazendo da sua vida um verdadeiro testemunho do amor de Deus, foi por amor a
nós que Jesus se entregou na cruz e nós devemos nos entregar por inteiro, corpo
e alma, a esse imenso amor, já não somos nós que vivemos, mas é Cristo que
vivem em nós, e as nossas palavras e atitudes devem transparecer isso para o
mundo.
No evangelho
(Lc 7,36-39.) Lucas nos revela um Jesus misericordioso: “Naquele tempo, um fariseu convidou Jesus para uma refeição em sua
casa. Jesus entrou na casa do fariseu e pôs-se à mesa. Certa mulher, conhecida
na cidade como pecadora, soube que Jesus estava à mesa, na casa do fariseu. Ela
trouxe um frasco de alabastro com perfume, e, ficando por detrás, chorava aos
pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, enxugava-os com os
cabelos, cobria-os de beijos e os ungia com perfume. Vendo isso, o fariseu que
o havia convidado ficou pensando: ‘Se este homem fosse um profeta, saberia que
tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora’”.
Ao
se lançar aos pés de Jesus, esta mulher manchada pelo pecado encontra nele o
consolo para as aflições da sua vida, não temendo o que poderia acontecer ela
se lançou por inteiro aos pés daquele que poderia devolver-lhe a vida, com suas
lágrimas de angustia lavou os pés de Jesus, com humildade secou com seus
cabelos e reconhecendo a sua realeza ungiu os seus pés com um fino perfume. A postura
do fariseu retrata fielmente a sociedade daquela época, um julgamento duro e
muito distante da misericórdia, podemos dizer que não é muito diferente do que
vemos hoje em nossa sociedade, onde todos aqueles que julgamos não prestar são
colocados para fora do nosso convívio.
(Lc
7,40-8,3.) “Jesus disse então ao fariseu:
‘Simão, tenho uma coisa para te dizer’. Simão respondeu: ‘Fala, Mestre!’ ‘Certo
credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentas moedas de prata, o outro,
cinquenta. Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou os dois. Qual deles
o amará mais?’ Simão respondeu: ‘Acho que é aquele ao qual perdoou mais”. Jesus
lhe disse: ‘Tu julgaste corretamente’. Então Jesus virou-se para a mulher e
disse a Simão: ‘Estás vendo esta mulher? Quando entrei em tua casa, tu não me
ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e
enxugou-os com os cabelos. Tu não me deste o beijo de saudação; ela, porém,
desde que entrei, não parou de beijar meus pés. Tu não derramaste óleo na minha
cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. Por esta razão, eu te declaro:
os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela mostrou muito
amor. Aquele a quem se perdoa pouco, mostra pouco amor’. E Jesus disse à
mulher: ‘Teus pecados estão perdoados’. Então, os convidados começaram a
pensar: ‘Quem é este que até perdoa pecados?’ Mas Jesus disse à mulher: ‘Tua fé
te salvou. Vai em paz!’ Depois disso, Jesus andava por cidades e povoados,
pregando e anunciando a Boa-nova do Reino de Deus. Os doze iam com ele; e
também algumas mulheres que haviam sido curadas de maus espíritos e doenças:
Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de
Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e várias outras mulheres que
ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam”.
Jesus mostra ao fariseu que há salvação para todos os que decidem
abandonar o caminho do pecado, com a história do credor que perdoa a divida de
homens que deviam valores diferentes, faz ele pensar quantitativamente a
dimensão do amor, aquele que teve o maior valor perdoado também deverá ser
aquele que mais amor deve demonstrar, aquela mulher confiou na misericórdia de Jesus
e recebeu dele a resposta que tanto esperava, “Tua fé te salvou. Vai em paz!”
Que
neste domingo possamos aprender a confiar neste amor misericordioso que vem de
Jesus, que ao nos lançar aos seus pés possamos abandonar o caminho do pecado e
do pré-julgamento para trilhar a estrada que leva a santidade, mas para isso é
necessário vencer a cada dia as seduções do pecado e nos despir de todo
legalismo que nos impede de ver os outros como Jesus vê, e o seu olhar é cheio
de compaixão e misericórdia, e nós como seus seguidores devemos ser a voz de
Cristo para o mundo dizendo: “Tua fé te
salvou. Vai em paz!”
Rubens Corrêa |
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