quinta-feira, 31 de março de 2016

Testemunhas da ressurreição: “O essencial é invisível aos olhos” (03/04/2016)

Introdução
   A festa da Páscoa é tão importante para todos os cristãos, que ela se prolonga por uma semana, e se vai prolongar por mais cinquenta dias até ao Pentecostes.
   O primeiro dia da semana, no tempo de Jesus, se tornou para os cristãos o dia mais importante da semana: O dia do Senhor, ou seja, o nosso domingo (Páscoa).
Textos bíblicos                                                                                                                
   I leitura (At 5,12-16): A ação do espírito Santo na Igreja testemunha a ressurreição de Cristo
   O relato é uma descrição resumida da vida das primeiras comunidades. Os milagres realizados pelos apóstolos ratificam a assistência do Espírito Santo à comunidade, confirmando com sinais a palavra anunciada pelos apóstolos. Assim multidões cada vez maiores de homens e mulheres aderiam ao Senhor na fé.
   II leitura (Ap 1,9-11a . 12-13.17-19): A Igreja testemunha a ressurreição de Cristo até que ele venha.
   O próprio Ressuscitado, em pleno dia do Senhor (domingo) se revela ao evangelista João, exilado na ilha de Patmos e lhe comunica: “Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para sempre. Eu tenho a chave da morte. Deixe por escrito o que você está vendo, o que está acontecendo e o que ainda vai acontecer”.
   Evangelho (Jo 20,19-31): Os primeiros discípulos testemunham a ressurreição de Cristo
   Era o primeiro dia da semana. Bem cedo, a sepultura de Jesus foi encontrada vazia, como vimos no domingo de Páscoa. Ele havia ressuscitado.
   Na tarde desse dia, os discípulos de Jesus estavam reunidos. De repente a porta se abriu; o próprio Jesus aparece no meio deles dizendo: “A paz esteja com vocês”.
   Os discípulos ficaram cheios de alegria, pois estavam vendo o próprio Jesus, que pela segunda vez os saúda: “A paz esteja com vocês” e ainda acrescentou: “Como o Pai me enviou, também eu envio vocês”. Então soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espirito Santo. A quem vocês perdoarem os pecados eles serão perdoados; a quem os não perdoarem, eles serão retidos”.
   Tomé não estava nesse momento. Quando lhe contaram que viram o Senhor ele não acreditou e disse: “Só vendo mesmo, é que eu acredito”.
   Oito dias depois, no primeiro dia da semana, estavam de novo reunidos com as portas fechadas. Desta vez Tomé estava também com eles. Jesus entrou e disse: “Bote o dedo aqui nas minhas mãos. Veja aqui o meu lado, acredite”. Tomé faz um ato de fé e exclama: “Meu Senhor e meu Deus!” 
   E Jesus arrematou: “Você acreditou, porque me viu. Feliz será, quem acreditar sem ter visto”.
Pistas de reflexão
   O mal e a morte não têm mais a última palavra. Felizes de nós que cremos naquele que esteve morto, mas agora vive, naquele que tem “a chave da morte e da região dos mortos”.
   Neste ano santo da misericórdia somos convidados a ser missionários da misericórdia, da reconciliação e do perdão. Somos agora o “espaço” da salvação de Deus que está ao alcance de todos.
   João Paulo II instituiu este domingo para a celebração a Divina Misericórdia para nos ajudar a contemplar na vida e na liturgia o imenso amor misericordioso do pai na pessoa do seu Filho único, celebrado intensamente no tempo pascal.
   "A Misericórdia e o amor venceram o pecado! Há necessidade de fé e de esperança para abrir-se a este novo e maravilhoso horizonte. Nós sabemos que a fé e a esperança são um dom de Deus e devemos pedir a Deus dizendo: “Senhor, dá-nos a esperança”. Deixemo-nos invadir pelas emoções que ressoam do eco pascal: "Sim, estamos certos: Cristo ressuscitou verdadeiramente".
   Esta verdade marcou de forma indelével as vidas dos Apóstolos que, depois da ressurreição, sentiram novamente a necessidade de seguir o seu Mestre e, recebido o Espírito Santo, saíram sem medo para anunciar a todos o que tinham visto com seus próprios olhos e experimentado pessoalmente". (Papa Francisco)
   Salmo 117: Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia!”
   Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!
   “Bem aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!" (Mateus 5,7)

Pe. Luis Filipe Dias

domingo, 27 de março de 2016

Aleluia, aleluia, aleluia o Senhor ressuscitou! (27/03/2016)

   Hoje nossa igreja está em festa aquele que foi pregado num cruz, foi sepultado, agora vive! E com ele a certeza da vitória sobre a morte. 
  Na liturgia deste domingo de Páscoa somos chamados a renascer com cristo para uma vida nova. Assim como uma semente que é plantada em um jardim precisa morrer para germinar (ganhar nova vida), Jesus Cristo precisou sofrer e morrer para renascer com grande esplendor e glória livrando-nos do pecado que causa dor, sofrimento e nos afasta de Deus.

Primeira Leitura (At 10, 34a. 37-43)
Leitura dos Atos dos Apóstolos: Naqueles dias, 34aPedro tomou a palavra e disse: 37“Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo pregado por João: 38como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele.

39E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz.
40Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se 41não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos.
42E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos.
43Todos os profetas dão testemunho dele: “Todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados”. - Palavra do Senhor.

   Este é um texto catequético em que Pedro nos ensina confiar e esperar no Senhor, pois ele apesar de ser condenado a morte, após ter nos deixado as mais lindas lições de amor, nos dá a maior delas e não nos abandona. Através ressureição, Jesus tem o poder de julgar-nos e libertar-nos do pecado. E a única coisa que nos pede é para creiamos na sua misericórdia e para seguirmos seu ensinamento maior que é o amor sem medida.

Segunda Leitura (Cl 3, 1-4)
Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses:
Irmãos: 1Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, 2onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. 3Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus.
4Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória. - Palavra do Senhor.

   Na carta de São Paulo aos colossenses ele nos alerta que já renascemos com cristo através da ressureição para uma vida nova, porém é preciso continuar merecedor desta graça, buscando assim todos os dias fazer as escolha certas, visando os ensinamentos deixados por Jesus e propagar a boa nova aos outros irmãos que ainda não o conhecem para que eles também possam receber a glória do céu.

Anúncio do Evangelho (Jo 20, 1-9)
 PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
1No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido tirada do túmulo.
2Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”.
3Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. 4Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou.
6Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão 7e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte.
8Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou.
9De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos. - Palavra da Salvação.

   No evangelho João narra para nós a certeza da vida que vence a morte e nele encontramos as mulheres que estavam acompanhando todo sofrimento de Jesus na cruz bem de perto e agora são as primeiras a receberem esta maravilhosa noticia. Elas mais que depressa correm para levar a boa nova aos outro que ainda estavam presos com medo diante de tudo que tinham visto.
   Muitos duvidaram e outros saem apressadamente para confirmar se era de fato verdade. As vezes em nosso dia-a-dia temos dificuldades para compreender a verdade e pratica-la e nos prendemos as provas para acreditar. Eles encontraram os sinais que buscavam e nós sempre iremos encontrar?
   Somos chamados nesta liturgia a professarmos nossa fé, a ter pressa em anunciar a boa nova de Jesus. Ele vive! Alegria e amor sejam a nossa bandeira. Jesus ressuscitou por todos então assim como as mulheres que encontram o santo sepulcro vazio e tiveram pressa em anunciar, que também nós tenhamos a pressa de evangelizar nossos filhos, amigos e irmãos em cristo, sobretudo para que todos possam junto com Jesus desfrutar das alegrias do céu.
Rosiani Corrêa Meirelles

sábado, 26 de março de 2016

Vigília Pascal, o Cristo ressuscitado resplandece sua luz para o mundo. (26/03/2016)

   Peregrinamos com Jesus desde a sua entrada triunfal em Jerusalém até o calvário, passando por sua agonia no horto das oliveiras onde foi preso e encaminhado para o seu julgamento, flagelo e morte, muitos acharam que os nossos sonhos haviam sido sepultados com ele e que nada mais poderia ser feito, “tudo estava consumado”, mas, eis a grande novidade, Cristo venceu a morte e está vivo, trazendo de volta a nossa esperança. Neste Sábado Santo celebramos a Vigília Pascal, a noite do grande acontecimento, o Cristo ressuscitado que resplandece sua luz para o mundo, sobre ele a morte não tem mais poder.
   Na primeira leitura (Gn 1,1– 2,2.), no relato do livro de Genesis vemos que não há dimensão para o amor de Deus, ele criou tudo e entregou ao homem, que também foi criado por ele, para que cuidasse de toda a sua obra, mas, o que podemos observar é que o homem tem destruído todas as maravilhas que Deus criou, parece que vale tudo em busca do lucro fácil e rápido, o desmatamento, a poluição dos rios e mares com lixo e esgoto, a caça e o tráfico de animais silvestres e selvagens, são inúmeras as formas de destruir a criação de Deus, o homem chegou ao ponto de destruir a própria espécie, com as guerras e o capitalismo selvagem, muitos morrem com a violência e com a fome, em condições sub-humanas tentam resistir para se manter vivos. A campanha da fraternidade deste ano vem nos alertar sobre os cuidados com a nossa casa comum, Deus confia em nós para mudar esta realidade.
   Na segunda leitura (Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18.), Deus confirma a aliança com Abraão e sua descendência, Abraão não mede esforços em agradar a Deus, ele oferece o próprio filho em holocausto, mas, anjo enviado por Deus impede que ele derrame o sangue do seu filho. Olhando para o exemplo de Abraão podemos questionar: Como está a nossa adesão ao projeto de Deus? Nesta correria do dia-a-dia temos tantas prioridades que dificilmente encontramos tempo para as coisas de Deus, somente recorremos a ele nos momentos de dificuldades, e quando as coisas dão errado, a ele atribuímos à culpa das nossas quedas e dores. Abraão confiou inteiramente no amor de Deus, oferecendo o que havia de mais precioso em sua vida, e nós também devemos confiar plenamente em Deus, ele não mede esforços em nos abençoar com o seu amor que não tem fim, a devemos nos entregar por inteiro a este amor de Pai.
   Na terceira leitura (Êx 14,15 – 15,1.), ao libertar o povo da opressão do faraó Deus confirma a aliança firmada com Abraão, ele mostra novamente que se mantem fiel as suas promessas, com o seu amor incondicional vence todo o poder e soldados do faraó, fazendo-os sufocar pela própria iniquidade. Moisés soube confiar em Deus, e mesmo em meio a tantas dificuldades, conduziu o povo caminhando a pé enxuto no meio do mar aberto para uma nova vida, muitas vezes somos oprimidos pelos nossos pecados e isolados paralisamos sem encontrar a saída, como Moisés, precisamos confiar em Deus e juntos em comunidade construir uma nova história livre da opressão e do pecado, assumindo a condição de filhos amados de Deus.
   Na quarta leitura (Rm 6,3-11.), vemos que mesmo em sua condição divina, Cristo experimenta a sua condição humana, sentiu alegria, angustia, medo e dor, injustamente foi perseguido, preso, julgado e morto, não tendo pecado, ele tomou sobre si as nossas culpas fazendo morrer junto com ele o homem velho manchado pelo pecado, e junto com ele fazendo ressurgir um homem novo livre do poder da morte, do medo e do pecado. Com a ressurreição de Cristo, todos nós que ressurgimos com ele para uma vida nova, temos a missão de fazer com que todo o mundo conheça este amor sem limites, que para nos libertar do pecado entregou a si mesmo em holocausto. Somos as testemunhas deste amor.
   No evangelho segundo Lucas (Lc 24, 1-12.), meditamos sobre o acontecimento mais fantástico da história, o anuncio da ressurreição de Jesus feito às mulheres que foram ao tumulo para perfumar o corpo do falecido, conforme o costume judeu, o túmulo está vazio, a morte foi vencida, Jesus ressuscitou, e junto com ele ressuscitamos para uma vida nova, e estas mulheres foram as primeiras testemunhas da ressurreição de Cristo, e era necessário espalhar esta grande noticia, por isso elas foram enviadas aos apóstolos para dizer que o “Senhor ressuscitou”, inicialmente eles não acreditaram e acharam que elas estavam tendo alguma alucinação, Pedro correu ao túmulo e vendo apenas os lençóis, voltou admirado com o acontecido.
   Meio a tantas situações de mortes (violências, fomes, drogas, guerras, injustiças e corrupção), é difícil acreditar que a vida possa prevalecer, mas, o Cristo ressuscitado nos faz crer que é possível mudar esta triste realidade, Jesus é luz que resplandece sobre o mundo, e nós somos testemunhas desta luz que brilha sobre as trevas da nossa sociedade, para libertar o povo da opressão e do pecado, em vários momentos da história Deus age por meio de homens e mulheres que se comprometem com seu projeto, hoje somos nós que devemos ser instrumentos nas mãos de Deus para levar à vida, o amor, a fé, a paz e a esperança a todos os seus filhos, independentemente da sua condição social, politica e religiosa, não há limite para o amor de Deus.
   Que a partir desta Vigília Pascal possamos ser mensageiros do Cristo ressuscitado com as nossas palavras, gestos e ações, comunicar com todo o nosso ser a mensagem de vida nova e plena que ressurge do túmulo com Jesus repleto da glória de Deus, devemos começar pela nossa família, depois pela nossa comunidade, seguindo para a sociedade e por fim no mundo todo, não há limites para este anuncio, que a nossa voz possa ecoar em todos os cantos da terra “Jesus vive, Cristo ressuscitou, aleluia, aleluia”.
Rubens Corrêa

quinta-feira, 24 de março de 2016

PAIXÃO DO SENHOR - A caminho do Calvário (25/03/2016)

   Caminhamos todos juntos para o Calvário, lugar de morte (crânio ou caveira), mas prosseguiremos além da Cruz e dos sinais de morte. Somos parte da multidão que aclamou Jesus entrando em Jerusalém e que agora carrega a cruz. Vamos com diferentes motivações: curiosidade, coscuvilhice, em busca de um sentido para a nossa vida. Mais próximos ou mais distantes caminhamos como multidão anônima. Ajudamos Jesus a levar a Sua Cruz como Cireneu ou como os pais e as mães choram por medo do que possa suceder aos nossos filhos e filhas. Aquelas mulheres de Jerusalém associam o seu choro ao da Virgem Mãe, que em silêncio acompanha o seu filho na última viagem. Judeus e soldados romanos se misturam na multidão. Autoridades judaicas e executores materiais de decisões e juízos convenientes se amontoam.
   No final, o dia escurece, mas mesmo assim não desaparece nem a delicadeza nem a esperança. Primeiro o centurião, que glorifica a Deus por toda a dor, todo o amor, de Jesus na Cruz: “Realmente este homem era justo!” (Lc 23,47)
   Depois, José de Arimateia a mostrar que é sempre possível a compaixão. Uma das últimas obras de misericórdia corporal: enterrar os mortos. E nem um copo de água ficará sem recompensa!
   Ecoam até ao túmulo as últimas palavras de Jesus: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). No meio daquele torpor guardamos a certeza da entrega confiante de Jesus nas mãos do Pai. Entrega-se e entrega-nos, confia-nos, a Deus, Pai de Misericórdia.

Liturgia da Palavra
   A Liturgia da PAIXÃO não tem a celebração da Eucaristia, mas apenas a distribuição da Comunhão. Tem uma introdução e uma conclusão silenciosa e quatro momentos distintos: A Liturgia da Palavra nos apresenta uma síntese da vida e da ação de Jesus: Ele é o SERVO que carrega os pecados da humanidade (Isaias 52,13-53,120); O REI Universal que dá a vida (Evangelho de João 18,1-19,42)); O único Sacerdote e Mediador entre Deus e a humanidade (Hebreus 4,14-16; 5,7- 9).
Anúncio da Paixão de Cristo
   A Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo João nos introduz no mistério pascal, que hoje revivemos. Jesus morre no momento em que, no templo, se imolam os cordeiros para a celebração da Páscoa. João é muito sóbrio a respeito dos sofrimentos. Ele não pretende comover os cristãos com a descrição dos tormentos de Jesus, mas procura fazer entender a imensidade do seu amor. Jesus está consciente de sua vida e sua missão. Está preparado a dar a vida para que tenhamos vida em abundância.
   O objetivo de João é alimentar a fé dos discípulos e iluminá-los sobre o sentido misterioso do que aconteceu. Jesus era a "Luz", mas os homens amaram mais as trevas do que a "Luz", por isso o rejeitaram e condenaram.  Vamos retomar alguns fatos e personagens para vivenciar mais intensamente esse drama Sagrado.

   O BEIJO DE JUDAS: Um sinal de amor, transformado em gesto de maldade. Procura traduzir com os lábios, o que não deseja o coração.
   O PERFUME DE MADALENA: Este perfume derramado aos pés do Mestre demonstra que amar era aquilo que ela desejava e pecar era aquilo que ela não queria. No lavar os pés de Jesus, ela manifesta que desejava lavar também a alma do pecado, de entregar seu corpo a quem o desejasse. Como Judas, também ela beijou o Cristo. Só que Judas o beijou para traí-lo e ela, para se libertar de sua vida de traição. Judas o beijou, porque queria vendê-lo e ela o beija, porque estava cansada de ser vendida.
   A BACIA DE PILATOS foi usada como símbolo da covardia. E os séculos nela reconhecem o sinal acabado da omissão. Por não ter coragem suficiente, omitiu-se o procurador romano, permitindo que Cristo fosse condenado, ainda que nele não visse nenhum mal. Bacia de Pilatos e bacia de Jesus no lava-pés!  Duas bacias bem diferentes!
A sepultura de José de Arimateia
   Por causa desse homem rico, mas de profunda sensibilidade, Cristo não é lançado em uma vala comum e passa a ter direito a uma sepultura. Para nascer, Jesus não encontra um berço. Para descansar na morte, lhe é ofertado um túmulo. Muitos só são lembrados quando morrem!...
   CONCLUI a narrativa com a imagem da festa das núpcias: a comunidade abraça seu esposo e mostra ter entendido quanto foi amado por ele. Começa assim no Calvário a festa das núpcias que terá sua realização plena no céu. É a conclusão da história de amor entre Deus e o homem.    
Pistas de reflexão sobre o sentido da Paixão
   Quando refletimos sobre a figura do Servo sofredor pensamos em Jesus que foi capaz de assumir a causa do Pai até dar a própria vida porque tem uma única paixão: fazer sempre e em tudo a vontade do Pai. Assim é Deus: apaixonado pelo ser humano e só deseja que ele seja feliz.
É dia de nos aproximarmos confiantes do trono da graça do Senhor.

Luis Filipe Dias


“Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.” (24/03/2016)

Primeira Leitura (Êx 12,1-8.11-14.)
   Leitura do Livro do Êxodo: Naqueles dias: 1O Senhor disse a Moisés e a Aarão no Egito: 2”Este mês será para vós o começo dos meses; será o primeiro mês do ano. 3Falai a toda a comunidade dos filhos de Israel, dizendo: No décimo dia deste mês, cada um tome um cordeiro por família, um cordeiro para cada casa.
4Se a família não for bastante numerosa para comer um cordeiro, convidará também o vizinho mais próximo, de acordo com o número de pessoas. Deveis calcular o número de comensais, conforme o tamanho do cordeiro.
5O cordeiro será sem defeito, macho, de um ano. Podereis escolher tanto um cordeiro, como um cabrito: 6e devereis guardá-lo preso até ao dia catorze deste mês. Então toda a comunidade de Israel reunida o imolará ao cair da tarde.
7Tomareis um pouco do seu sangue e untareis os marcos e a travessa da porta, nas casas em que o comerem. 8Comereis a carne nessa mesma noite, assada ao fogo, com pães ázimos e ervas amargas.
11Assim devereis comê-lo: com os rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. E comereis às pressas, pois é a Páscoa, isto é, a ‘Passagem’ do Senhor!
12E naquela noite passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até os animais; e infligirei castigos contra todos os deuses do Egito, eu, o Senhor.
13O sangue servirá de sinal nas casas onde estiverdes. Ao ver o sangue, passarei adiante, e não vos atingirá a praga exterminadora, quando eu ferir a terra do Egito. 14Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua. - Palavra do Senhor.

   No livro do Êxodo encontramos a narrativa onde o próprio Deus institui o dia páscoa. Páscoa é a passagem do senhor na terra que garante a libertação dos seus filhos, neste primeiro momento o Senhor instrui a Moisés como proceder neste dia, em que eles deveriam escolher um cordeiro macho sem mancha ou defeito, e imolar ao cair da tarde, marcar as travessas das casas onde iriam comer o cordeiro assado com pães ázimos e ervas amargas, todo o cordeiro deveria ser comido no mesmo dia então caso a família não fosse grande o suficiente deveria chamar os vizinhos para comeres.
   As casas onde não tivessem a marca de sangue o senhor iria ferir todos os primogênitos afim de que os opressores fossem punidos e não adorassem a outros deuses, pois ele é o único Senhor que faz a aliança com seu povo e garante a salvação aos que obedecem e guardam suas leis em seu coração.

Segunda Leitura (1Cor 11,23-26)
   Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: Irmãos: 23O que eu recebi do Senhor foi isso que eu vos transmiti: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão 24e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”.
25Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança, em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei isto em minha memória”. 26Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha. - Palavra do Senhor.

   Na carta de Paulo a comunidade de Coríntios, encontramos a passagem em que Jesus antes antecipa sua paixão na partilha do pão e do vinho. Instituindo assim o memorial eucarístico que vivenciamos em todas as missas. Mas o que Jesus queria, não era que somente repetíssemos um ato seu e sim nos deixar a mensagem de que através de sua morte todos tivessem o direito a vida e que através dele mesmo feito pão e vinho nos fortalecêssemos para a vida de comunidade comungando assim com o sofrimento de nossos irmãos, vivendo a partilha e a justiça.

Anúncio do Evangelho (Jo 13,1-15)
   PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João: 1Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.
2Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. 3Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido.
6Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: “Senhor, tu me lavas os pés?” 7Respondeu Jesus: “Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”.
8Disse-lhe Pedro: “Tu nunca me lavarás os pés!” Mas Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. 9Simão Pedro disse: “Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”.
10Jesus respondeu: “Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos”.
11Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: “Nem todos estais limpos”.
12Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: “Compreendeis o que acabo de fazer? 13Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. 14Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz. — Palavra da Salvação.

   No evangelho de João temos Jesus que sabendo que sua hora se aproximava deixa mais um sinal de que perante Deus somos todos iguais. Mesmo sendo Mestre e Senhor deixou-nos o exemplo da humildade e do serviço, lavando os pés de seus discípulos. Vemos neste texto que Pedro não queria deixar Jesus lavar-te os pés porque ainda vivia preso a desigualdade social, não tinha entendido ainda que Deus não faz distinção entre seus filhos, mas que presa a igualdade e a fraternidade, Jesus porém lhe diz que para fazer parte da comunidade cristã é preciso deixar de lado certas formalidades, se fazer igual e purificar o coração.
   Somos convidados na liturgia de hoje nos colocar a serviço de nossos irmãos, buscando o bem comum, a justiça e vivenciar todos os dias a fraternidade e a caridade.
   Não podemos deixar de mencionar nesta liturgia a campanha da fraternidade deste ano “Casa comum, nossa responsabilidade”.  É preciso entender que como cristão somos chamados a cuidar de toda a criação de Deus, que é simplesmente perfeita, mas que sofre com as ações dos homens e que atingi direta ou indiretamente a vida de homens, animais e plantas. Nosso planeta sofre e com ele toda a criação, então irmãos juntos vamos buscar soluções que nos garanta de verdade o bem comum e a vida em plenitude para todos.
Rosiani Corrêa Meirelles

domingo, 20 de março de 2016

Jesus, o rei servidor que doa a sua vida para redimir o seu povo (20/03/2016)

   Com a celebração dos Ramos iniciamos a semana santa, somos convidados a juntos com Jesus a percorrer o caminho para Jerusalém, passando pela sua paixão e morte, e ressuscitando com ele na pascoa. Esta caminhada nos lembra de que Jesus se esvaziou da sua condição divina para que na sua condição humana fosse como nós, experimentou a angustia e o medo, mas, em tudo foi obediente ao Pai, entregou a própria vida para nos dar o exemplo, com seu amor redimiu o mundo inteiro.
   Em seu evangelho (Lc 19,28-40), Lucas nos mostra Jesus entrando em Jerusalém, sentado em um jumentinho que nunca tinha sido montado, o povo estendia as suas roupas pelo caminho para que Jesus passasse, todos gritavam louvando a Deus pelos inúmeros milagres que haviam presenciado, “Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!” Alguns fariseus pediram a Jesus que repreendesse os discípulos, mas ele os respondeu: “Eu vos declaro: se eles se calarem, as pedras gritarão.”
   Jesus entra triunfante em Jerusalém, mas, sabia de tudo o que lhe aconteceria nos próximos dias, ele se mostra como um rei humilde e servidor, aquele que entrega sua vida para que os outros tenham vida, é ele o verdadeiro cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo.
   Na primeira leitura (Is 50,4-7.) o profeta Isaías nos diz: “O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.”
   Quando estamos repletos de Deus em nossa vida jamais somos humilhados, a nossa língua deve servir de consolo a quem necessita, nós como discípulos seguimos os passos de Jesus, fazendo a bem a quem mais precisa sem se importar com as perseguições, que assim como ele, iremos sofrer, em Deus encontramos a nossa fortaleza para vencer as intemperes desta vida.
   Em sua carta aos Filipenses (Fl 2,6-11.) o apóstolo Paulo nos revela: “Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: 'Jesus Cristo é o Senhor', para a glória de Deus Pai.”
   Mesmo sendo divino, Jesus se fez humano para que como nós provasse as dores deste mundo, ele foi obediente ao Pai até o fim, se entregando em holocausto para nos redimir dos nossos pecados, e Deus o elevou com todas as honras acima de todos, para ele todos os joelhos se dobrarão em todo lugar, Deus o fez o Senhor soberano de todo o universo.
   Lucas também nos mostra em seu evangelho (Lucas 23,1-49.), o mesmo Jesus que entrou aclamado pelo povo sendo jugado dias depois por Pilatos. Sendo acusado de ser traidor do império romano e de ser um grande agitador do povo, os sumos sacerdotes excitava a multidão a pedir a Pilatos que condenasse Jesus e que soltasse um bandido chamado Barrabás, Pilatos o interroga, e Jesus mesmo em risco eminente de morte não nega sua divindade e realeza, Jesus é açoitado e obrigado a carregar a sua cruz até o calvário, “ele toma sobre si as nossas dores” e segue para o seu destino, é crucificado entre dois malfeitores e suplica a Deus, “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” Ele tem suas vestes repartidas e na cruz é insultado pelos que acompanhavam a execução. De meio-dia até as três horas da tarde a escuridão tomou conta da terra e Jesus gritou: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dizendo isso expirou e morreu, muitos que estavam por ali exclamaram: “De fato! Este homem era justo!”
   Como alguém que somente fez o bem poderia ser condenado de forma tão cruel? Ao devolver a dignidade aos menos favorecidos, Jesus mexeu na posição de muita gente, como hoje, muitos exploravam a fé do povo, usando da religião para obter vantagens pessoais, Cristo olhava para cada um com olhos cheios de amor e dizia que o Pai é misericordioso para com todos, e que não há limites para o amor de Deus para com seus sofridos filhos, para os lideres religiosos daquela época a cultura do medo da condenação era uma valiosa arma para escravizar e oprimir o povo, Jesus deu um basta em tudo isso.
   Que nesta semana santa possamos com Jesus aprender o caminho para santidade, somos pecadores e muitas vezes vacilamos no caminho, mas, ele conta conosco para tornar santa esta igreja libertadora fundada sobre os apóstolos, que também eram pecadores e também vacilavam no caminho, e mesmo assim acreditaram na misericórdia de Deus e espelharam o seu amor pelo mundo.
   O Papa Francisco desde o inicio do seu pontificado vem abrindo a igreja para o mundo, dialogando com todas as religiões e resgatando as ovelhas desgarradas do rebanho, e ele faz isso não pela imposição e pela opressão, Francisco usa o caminho da misericórdia de Deus para que possamos colocar de lado as diferenças e encontrarmos aquilo que nos uni. Em Jesus, todos podemos abandonar o pecado e a igreja deve ser este elo que nos uni a Cristo. 
Rubens Corrêa

domingo, 13 de março de 2016

“Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais.” (13/03/2016)

   Neste quinto domingo da quaresma, somos chamados a um encontro com o amor misericordioso de Deus, ele que faz brotar para nós a água da vida eterna, para que lavado de todos os pecados possamos encontrar o verdadeiro sentido para a nossa vida, em Cristo todos somos redimidos dos pecados, mas, é preciso uma mudança de vida, ao conhecermos verdadeiramente Jesus tudo ganha um sentido novo para nós, ao passar pelo seu amor incondicional somos profundamente transformados por ele, nos tornamos criaturas novas.
   Na primeira Leitura (Is 43,16-21.) o profeta Isaías nos diz: “Isto diz o Senhor, que abriu uma passagem no mar e um caminho entre águas impetuosas; que pôs a perder carros e cavalos, tropas e homens corajosos; pois estão todos mortos e não ressuscitarão, foram abafados como mecha de pano e apagaram-se: 'Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. Eis que eu farei coisas novas, e que já estão surgindo: acaso não as reconheceis? Pois abrirei uma estrada no deserto e farei correr rios na terra seca. Hão de glorificar-me os animais selvagens, os dragões e os avestruzes, porque fiz brotar água no deserto e rios na terra seca para dar de beber a meu povo, a meus escolhidos. Este povo, eu o criei para mim e ele cantará meus louvores.”
   Isaías nos mostra que devemos deixar os antigos fardos para trás, porque o Senhor está provendo tão generosamente por nós, ele que fez brotar água no deserto para saciar a sede do povo, hoje vem nos saciar com a sua palavra de vida plena, somos os seus escolhidos, não por nossos méritos, mas por vossa misericórdia. Porque ficar se lamentando por coisas passadas? Deus torna tudo novo em nossa vida, basta que acreditemos e com o coração convertido nos lancemos ao encontro deste amor misericordioso.
   Escrevendo aos Filipenses (Fl 3,8-14.) o apóstolo Paulo nos revela: “Irmãos: Na verdade, considero tudo como perda diante da vantagem suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele eu perdi tudo. Considero tudo como lixo, para ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele, não com minha justiça provindo da Lei, mas com a justiça por meio da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, na base da fé. Esta consiste em conhecer a Cristo, experimentar a força da sua ressurreição, ficar em comunhão com os seus sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição dentre os mortos. Não que já tenha recebido tudo isso, ou que já seja perfeito. Mas corro para alcançá-lo, visto que já fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, eu não julgo já tê-lo alcançado. Uma coisa, porém, eu faço: esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente. Corro direto para a meta, rumo ao prêmio, que, do alto, Deus me chama a receber em Cristo Jesus.”
   Paulo nos mostra que em Cristo ele descobriu o que realmente tem valor, muitas coisas que antes ele considerava como importante se tornou como lixo ao encontrar aquele que dá o verdadeiro sentido a todas as coisas, ao experimentar o amor que vem de Jesus, Paulo muda radicalmente a sua vida, colocando-se como um humilde servo, ele se tornou um grande mensageiro deste amor de Jesus. E nós? Que sentidos encontramos para as coisas em nossa vida? Em sua ressurreição Cristo nos abre o caminho da vida eterna, a decisão de seguir é de cada um, Paulo já percorreu este caminho e com Jesus nos espera na glória de Deus.
   No evangelho (Jo 8,1-11.) João nos mostra dimensão do amor misericordioso de Jesus: “Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando a no meio deles, disseram a Jesus: 'Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?' Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: 'Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra.' E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio do povo. Então Jesus se levantou e disse: 'Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou ?' Ela respondeu: 'Ninguém, Senhor.' Então Jesus lhe disse: 'Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais.'”
   Nesta linda passagem bíblica, Jesus vem nos propor um exame de consciência, é muito fácil apontar para o erro dos outros enquanto os nossos estão ocultos, para o povo daquela época era mais fácil se livrar de uma pecadora do que propor a ela uma mudança de vida, em nossa sociedade “civilizada” de hoje vemos que muitas vezes agimos assim, sumariamente condenamos as pessoas que tem atitudes diferentes das nossas e não nos preocupamos em ajudar o irmão a encontrar o caminho da salvação.
   Jesus com poucas palavras devolveu a vida àquela mulher, ele age com misericórdia com o pecador, mas, não apoia o pecado, ele mostra o caminho a seguir para encontrar a vida plena, “de agora em diante não peques mais”, não existe conversão sem uma proposta de mudança de vida, é isso que Jesus vem falar para nós hoje que é preciso abandonar o pecado e se encontrar com o amor misericordioso de Deus, estamos livres para escolhermos o caminho a seguir.
   Que neste domingo possamos nos abrir verdadeiramente para a graça de Deus, este tempo de quaresma é o momento oportuno para examinarmos tudo o que estamos fazendo em nossa vida, muitas vezes somos mesquinhos e condenamos sumariamente o nosso irmão, não lhe apresentando nenhuma alternativa de reencontro com Deus. Se Jesus não condenou porque insistimos em condenar? Quantas vezes ouvimos falar que: “Errar é humano, perdoar é Divino”, Cristo nos deu o exemplo, e cabe a cada um de nós, assim como Paulo, ser mensageiros deste amor misericordioso de Deus, somos a voz de Jesus dizendo para o mundo de hoje: “Podes ir, e de agora em diante não peques mais.”
Rubens Corrêa