quinta-feira, 24 de março de 2016

PAIXÃO DO SENHOR - A caminho do Calvário (25/03/2016)

   Caminhamos todos juntos para o Calvário, lugar de morte (crânio ou caveira), mas prosseguiremos além da Cruz e dos sinais de morte. Somos parte da multidão que aclamou Jesus entrando em Jerusalém e que agora carrega a cruz. Vamos com diferentes motivações: curiosidade, coscuvilhice, em busca de um sentido para a nossa vida. Mais próximos ou mais distantes caminhamos como multidão anônima. Ajudamos Jesus a levar a Sua Cruz como Cireneu ou como os pais e as mães choram por medo do que possa suceder aos nossos filhos e filhas. Aquelas mulheres de Jerusalém associam o seu choro ao da Virgem Mãe, que em silêncio acompanha o seu filho na última viagem. Judeus e soldados romanos se misturam na multidão. Autoridades judaicas e executores materiais de decisões e juízos convenientes se amontoam.
   No final, o dia escurece, mas mesmo assim não desaparece nem a delicadeza nem a esperança. Primeiro o centurião, que glorifica a Deus por toda a dor, todo o amor, de Jesus na Cruz: “Realmente este homem era justo!” (Lc 23,47)
   Depois, José de Arimateia a mostrar que é sempre possível a compaixão. Uma das últimas obras de misericórdia corporal: enterrar os mortos. E nem um copo de água ficará sem recompensa!
   Ecoam até ao túmulo as últimas palavras de Jesus: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). No meio daquele torpor guardamos a certeza da entrega confiante de Jesus nas mãos do Pai. Entrega-se e entrega-nos, confia-nos, a Deus, Pai de Misericórdia.

Liturgia da Palavra
   A Liturgia da PAIXÃO não tem a celebração da Eucaristia, mas apenas a distribuição da Comunhão. Tem uma introdução e uma conclusão silenciosa e quatro momentos distintos: A Liturgia da Palavra nos apresenta uma síntese da vida e da ação de Jesus: Ele é o SERVO que carrega os pecados da humanidade (Isaias 52,13-53,120); O REI Universal que dá a vida (Evangelho de João 18,1-19,42)); O único Sacerdote e Mediador entre Deus e a humanidade (Hebreus 4,14-16; 5,7- 9).
Anúncio da Paixão de Cristo
   A Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo João nos introduz no mistério pascal, que hoje revivemos. Jesus morre no momento em que, no templo, se imolam os cordeiros para a celebração da Páscoa. João é muito sóbrio a respeito dos sofrimentos. Ele não pretende comover os cristãos com a descrição dos tormentos de Jesus, mas procura fazer entender a imensidade do seu amor. Jesus está consciente de sua vida e sua missão. Está preparado a dar a vida para que tenhamos vida em abundância.
   O objetivo de João é alimentar a fé dos discípulos e iluminá-los sobre o sentido misterioso do que aconteceu. Jesus era a "Luz", mas os homens amaram mais as trevas do que a "Luz", por isso o rejeitaram e condenaram.  Vamos retomar alguns fatos e personagens para vivenciar mais intensamente esse drama Sagrado.

   O BEIJO DE JUDAS: Um sinal de amor, transformado em gesto de maldade. Procura traduzir com os lábios, o que não deseja o coração.
   O PERFUME DE MADALENA: Este perfume derramado aos pés do Mestre demonstra que amar era aquilo que ela desejava e pecar era aquilo que ela não queria. No lavar os pés de Jesus, ela manifesta que desejava lavar também a alma do pecado, de entregar seu corpo a quem o desejasse. Como Judas, também ela beijou o Cristo. Só que Judas o beijou para traí-lo e ela, para se libertar de sua vida de traição. Judas o beijou, porque queria vendê-lo e ela o beija, porque estava cansada de ser vendida.
   A BACIA DE PILATOS foi usada como símbolo da covardia. E os séculos nela reconhecem o sinal acabado da omissão. Por não ter coragem suficiente, omitiu-se o procurador romano, permitindo que Cristo fosse condenado, ainda que nele não visse nenhum mal. Bacia de Pilatos e bacia de Jesus no lava-pés!  Duas bacias bem diferentes!
A sepultura de José de Arimateia
   Por causa desse homem rico, mas de profunda sensibilidade, Cristo não é lançado em uma vala comum e passa a ter direito a uma sepultura. Para nascer, Jesus não encontra um berço. Para descansar na morte, lhe é ofertado um túmulo. Muitos só são lembrados quando morrem!...
   CONCLUI a narrativa com a imagem da festa das núpcias: a comunidade abraça seu esposo e mostra ter entendido quanto foi amado por ele. Começa assim no Calvário a festa das núpcias que terá sua realização plena no céu. É a conclusão da história de amor entre Deus e o homem.    
Pistas de reflexão sobre o sentido da Paixão
   Quando refletimos sobre a figura do Servo sofredor pensamos em Jesus que foi capaz de assumir a causa do Pai até dar a própria vida porque tem uma única paixão: fazer sempre e em tudo a vontade do Pai. Assim é Deus: apaixonado pelo ser humano e só deseja que ele seja feliz.
É dia de nos aproximarmos confiantes do trono da graça do Senhor.

Luis Filipe Dias


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