Com a celebração dos Ramos iniciamos a
semana santa, somos convidados a juntos com Jesus a percorrer o caminho para
Jerusalém, passando pela sua paixão e morte, e ressuscitando com ele na pascoa.
Esta caminhada nos lembra de que Jesus se esvaziou da sua condição divina para
que na sua condição humana fosse como nós, experimentou a angustia e o medo,
mas, em tudo foi obediente ao Pai, entregou a própria vida para nos dar o
exemplo, com seu amor redimiu o mundo inteiro.
Em seu evangelho (Lc 19,28-40), Lucas nos
mostra Jesus entrando em Jerusalém, sentado em um jumentinho que nunca tinha
sido montado, o povo estendia as suas roupas pelo caminho para que Jesus
passasse, todos gritavam louvando a Deus pelos inúmeros milagres que haviam
presenciado, “Bendito o Rei, que vem em
nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!” Alguns fariseus pediram a
Jesus que repreendesse os discípulos, mas ele os respondeu: “Eu vos declaro: se eles se calarem, as
pedras gritarão.”
Jesus entra triunfante em Jerusalém, mas,
sabia de tudo o que lhe aconteceria nos próximos dias, ele se mostra como um
rei humilde e servidor, aquele que entrega sua vida para que os outros tenham
vida, é ele o verdadeiro cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo.
Na primeira leitura (Is 50,4-7.) o profeta
Isaías nos diz: “O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer
palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o
ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos;
não lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces
para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o
Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei
o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.”
Quando estamos repletos de Deus em nossa
vida jamais somos humilhados, a nossa língua deve servir de consolo a quem
necessita, nós como discípulos seguimos os passos de Jesus, fazendo a bem a
quem mais precisa sem se importar com as perseguições, que assim como ele,
iremos sofrer, em Deus encontramos a nossa fortaleza para vencer as intemperes
desta vida.
Em sua carta aos Filipenses (Fl 2,6-11.) o
apóstolo Paulo nos revela: “Jesus Cristo,
existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas
ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual
aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se
obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo
e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo
joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame:
'Jesus Cristo é o Senhor', para a glória de Deus Pai.”
Mesmo sendo divino, Jesus se fez humano para
que como nós provasse as dores deste mundo, ele foi obediente ao Pai até o fim,
se entregando em holocausto para nos redimir dos nossos pecados, e Deus o
elevou com todas as honras acima de todos, para ele todos os joelhos se
dobrarão em todo lugar, Deus o fez o Senhor soberano de todo o universo.
Lucas também nos mostra em seu evangelho (Lucas
23,1-49.), o mesmo Jesus que entrou aclamado pelo povo sendo jugado dias depois
por Pilatos. Sendo acusado de ser traidor do império romano e de ser um grande
agitador do povo, os sumos sacerdotes excitava a multidão a pedir a Pilatos que
condenasse Jesus e que soltasse um bandido chamado Barrabás, Pilatos o interroga,
e Jesus mesmo em risco eminente de morte não nega sua divindade e realeza,
Jesus é açoitado e obrigado a carregar a sua cruz até o calvário, “ele toma sobre si as nossas dores” e
segue para o seu destino, é crucificado entre dois malfeitores e suplica a
Deus, “Pai, perdoa-lhes! Eles não
sabem o que fazem!” Ele tem suas vestes repartidas e na cruz é
insultado pelos que acompanhavam a execução. De meio-dia até as três horas da
tarde a escuridão tomou conta da terra e Jesus gritou: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dizendo isso expirou e morreu,
muitos que estavam por ali exclamaram: “De
fato! Este homem era justo!”
Como alguém que somente fez o bem poderia
ser condenado de forma tão cruel? Ao devolver a dignidade aos menos
favorecidos, Jesus mexeu na posição de muita gente, como hoje, muitos
exploravam a fé do povo, usando da religião para obter vantagens pessoais,
Cristo olhava para cada um com olhos cheios de amor e dizia que o Pai é
misericordioso para com todos, e que não há limites para o amor de Deus para
com seus sofridos filhos, para os lideres religiosos daquela época a cultura do
medo da condenação era uma valiosa arma para escravizar e oprimir o povo, Jesus
deu um basta em tudo isso.
Que nesta semana santa possamos com Jesus
aprender o caminho para santidade, somos pecadores e muitas vezes vacilamos no
caminho, mas, ele conta conosco para tornar santa esta igreja libertadora
fundada sobre os apóstolos, que também eram pecadores e também vacilavam no
caminho, e mesmo assim acreditaram na misericórdia de Deus e espelharam o seu
amor pelo mundo.
O Papa Francisco desde o inicio do seu
pontificado vem abrindo a igreja para o mundo, dialogando com todas as
religiões e resgatando as ovelhas desgarradas do rebanho, e ele faz isso não
pela imposição e pela opressão, Francisco usa o caminho da misericórdia de Deus
para que possamos colocar de lado as diferenças e encontrarmos aquilo que nos
uni. Em Jesus, todos podemos abandonar o pecado e a igreja deve ser este elo
que nos uni a Cristo.
Rubens Corrêa |
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