Peregrinamos com Jesus desde a sua entrada
triunfal em Jerusalém até o calvário, passando por sua agonia no horto das
oliveiras onde foi preso e encaminhado para o seu julgamento, flagelo e morte, muitos
acharam que os nossos sonhos haviam sido sepultados com ele e que nada mais
poderia ser feito, “tudo estava consumado”, mas, eis a grande novidade, Cristo
venceu a morte e está vivo, trazendo de volta a nossa esperança. Neste Sábado
Santo celebramos a Vigília Pascal, a noite do grande acontecimento, o Cristo
ressuscitado que resplandece sua luz para o mundo, sobre ele a morte não tem mais
poder.
Na primeira
leitura (Gn 1,1– 2,2.), no relato do livro de Genesis vemos que não há dimensão
para o amor de Deus, ele criou tudo e entregou ao homem, que também foi criado
por ele, para que cuidasse de toda a sua obra, mas, o que podemos observar é
que o homem tem destruído todas as maravilhas que Deus criou, parece que vale
tudo em busca do lucro fácil e rápido, o desmatamento, a poluição dos rios e
mares com lixo e esgoto, a caça e o tráfico de animais silvestres e selvagens,
são inúmeras as formas de destruir a criação de Deus, o homem chegou ao ponto
de destruir a própria espécie, com as guerras e o capitalismo selvagem, muitos
morrem com a violência e com a fome, em condições sub-humanas tentam resistir
para se manter vivos. A campanha da fraternidade deste ano vem nos alertar
sobre os cuidados com a nossa casa comum, Deus confia em nós para mudar esta
realidade.
Na segunda
leitura (Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18.), Deus confirma a aliança com Abraão e sua descendência,
Abraão não mede esforços em agradar a Deus, ele oferece o próprio filho em
holocausto, mas, anjo enviado por Deus impede que ele derrame o sangue do seu
filho. Olhando para o exemplo de Abraão podemos questionar: Como está a nossa
adesão ao projeto de Deus? Nesta correria do dia-a-dia temos tantas prioridades
que dificilmente encontramos tempo para as coisas de Deus, somente recorremos a
ele nos momentos de dificuldades, e quando as coisas dão errado, a ele atribuímos
à culpa das nossas quedas e dores. Abraão confiou inteiramente no amor de Deus,
oferecendo o que havia de mais precioso em sua vida, e nós também devemos
confiar plenamente em Deus, ele não mede esforços em nos abençoar com o seu
amor que não tem fim, a devemos nos entregar por inteiro a este amor de Pai.
Na terceira
leitura (Êx 14,15 – 15,1.), ao libertar o povo da opressão do faraó Deus confirma
a aliança firmada com Abraão, ele mostra novamente que se mantem fiel as suas
promessas, com o seu amor incondicional vence todo o poder e soldados do faraó,
fazendo-os sufocar pela própria iniquidade. Moisés soube confiar em Deus, e mesmo
em meio a tantas dificuldades, conduziu o povo caminhando a pé enxuto no meio
do mar aberto para uma nova vida, muitas vezes somos oprimidos pelos nossos
pecados e isolados paralisamos sem encontrar a saída, como Moisés, precisamos
confiar em Deus e juntos em comunidade construir uma nova história livre da
opressão e do pecado, assumindo a condição de filhos amados de Deus.
Na quarta
leitura (Rm 6,3-11.), vemos que mesmo em sua condição divina, Cristo
experimenta a sua condição humana, sentiu alegria, angustia, medo e dor, injustamente
foi perseguido, preso, julgado e morto, não tendo pecado, ele tomou sobre si as
nossas culpas fazendo morrer junto com ele o homem velho manchado pelo pecado,
e junto com ele fazendo ressurgir um homem novo livre do poder da morte, do
medo e do pecado. Com a ressurreição de Cristo, todos nós que ressurgimos com
ele para uma vida nova, temos a missão de fazer com que todo o mundo conheça
este amor sem limites, que para nos libertar do pecado entregou a si mesmo em
holocausto. Somos as testemunhas deste amor.
No evangelho
segundo Lucas (Lc 24, 1-12.), meditamos sobre o acontecimento mais fantástico da
história, o anuncio da ressurreição de Jesus feito às mulheres que foram ao
tumulo para perfumar o corpo do falecido, conforme o costume judeu, o túmulo
está vazio, a morte foi vencida, Jesus ressuscitou, e junto com ele ressuscitamos
para uma vida nova, e estas mulheres foram as primeiras testemunhas da
ressurreição de Cristo, e era necessário espalhar esta grande noticia, por isso
elas foram enviadas aos apóstolos para dizer que o “Senhor ressuscitou”, inicialmente
eles não acreditaram e acharam que elas estavam tendo alguma alucinação, Pedro
correu ao túmulo e vendo apenas os lençóis, voltou admirado com o acontecido.
Meio a tantas situações de mortes (violências,
fomes, drogas, guerras, injustiças e corrupção), é difícil acreditar que a vida
possa prevalecer, mas, o Cristo ressuscitado nos faz crer que é possível mudar
esta triste realidade, Jesus é luz que resplandece sobre o mundo, e nós somos
testemunhas desta luz que brilha sobre as trevas da nossa sociedade, para
libertar o povo da opressão e do pecado, em vários momentos da história Deus
age por meio de homens e mulheres que se comprometem com seu projeto, hoje
somos nós que devemos ser instrumentos nas mãos de Deus para levar à vida, o
amor, a fé, a paz e a esperança a todos os seus filhos, independentemente da
sua condição social, politica e religiosa, não há limite para o amor de Deus.
Que a partir desta Vigília Pascal possamos
ser mensageiros do Cristo ressuscitado com as nossas palavras, gestos e ações,
comunicar com todo o nosso ser a mensagem de vida nova e plena que ressurge do
túmulo com Jesus repleto da glória de Deus, devemos começar pela nossa família,
depois pela nossa comunidade, seguindo para a sociedade e por fim no mundo
todo, não há limites para este anuncio, que a nossa voz possa ecoar em todos os
cantos da terra “Jesus vive, Cristo ressuscitou, aleluia, aleluia”.
Rubens Corrêa |
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