sábado, 28 de março de 2015

Domingo de Ramos, Jesus o rei que dá a vida pelo povo (29/03/2015)

   Estamos iniciando a Semana Santa com a solenidade de Domingo de Ramos, nesta celebração podemos reviver dois momentos distintos da trajetória de Jesus, no primeiro momento a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e no segundo momento a condenação e morte deste mesmo Jesus. Como alguém que chega aclamado em um curto espaço de tempo pode ser condenado a uma terrível e cruel execução na cruz? Ele nos mostra uma dimensão de amor que muitas vezes não conseguimos entender, um amor sem limites e de entrega total, por amor ele entregou a sua vida para todos nós fossemos resgatados do pecado e da morte, trazendo novamente para vida, plena e abundante.

   Temos neste domingo dois evangelhos, e no primeiro vemos Jesus sendo recebido em Jerusalém com uma recepção digna de um rei, “Naquele tempo, quando se aproximaram de Jerusalém, na altura de Betfagé e de Betânia, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo: Ide até o povoado que está em frente e, logo que ali entrardes, encontrareis amarrado um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui! Se alguém disser: Por que fazeis isso?, dizei: O Senhor precisa dele, mas logo o mandará de volta. Eles foram e encontraram um jumentinho amarrado junto de uma porta, do lado de fora, na rua, e o desamarraram. Alguns dos que estavam ali disseram: “O que estais fazendo, desamarrando esse jumentinho? Os discípulos responderam como Jesus havia dito, e eles permitiram. Levaram então o jumentinho a Jesus, colocaram sobre ele seus mantos, e Jesus montou. Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam apanhado nos campos. Os que iam na frente e os que vinham atrás gritavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!” (Mc 11,1-10.)
   Mesmo sabendo que seria entregue, condenado e morto, Jesus caminha para a maior demonstração do seu amor, e é recepcionado com o bendizendo o filho de Davi, aquele que veio trazer vida nova a um povo oprimido e massacrado pelo sistema opressor, ele é recebido como um rei, mas ele se mostra diferente dos outros, em lugar de ser servido este rei se mostra servidor e liberta seu povo dando a própria vida.

   Na primeira leitura o profeta Isaías nos fala, “O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.” (Is 50,4-7.)
   Deus nos prepara para as adversidades da vida, por diversas vezes somos humilhados e perseguidos, mas a certeza que Deus vem em nosso auxilio faz com que sigamos firmes em nossa missão, sabemos que o caminho é difícil, sabemos também Jesus passou por provações ainda piores as que sofremos e mesmo assim seguiu até o fim nos dando exemplo, sendo força e ânimo novo para a nossa caminhada.

   Em sua carta aos Filipenses o apóstolo São Paulo nos diz que Cristo mesmo em sua condição divina mostrou-se simples e obediente ao Pai até o fim, “Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.” (Fl 2,6-11.)
   Jesus nos deu o exemplo de simplicidade e Deus o exaltou não deixando que a morte o dominasse, hoje temos a certeza que assim como Deus não desamparou Jesus também não ficaremos desamparado, mas, para isso temos que prosseguir com a missão que Cristo nos deixou, devemos levar a sua mensagem a todos que estando longe deste amor misericordioso de Deus, e isso, não podemos deixar para outro faça, somos nós recebemos esta missão e devemos cumprir plenamente.

   No segundo evangelho do dia (Mc 15,1-39.), vemos que mesmo sendo recebido como rei, este mesmo Jesus é condenado a morte, com teu jeito simples e direto, Jesus incomodou as pessoas que se valia da religião para garantir regalias, denunciou a hipocrisia e a exploração no templo, mexeu na posição daqueles que durante muito tempo estava em situação confortável, resgatou aqueles que o sistema já havia condenado perpetuamente, trazendo-o de volta ao centro da sua história, pregou a justiça social e deu a todos nós a filiação divina, mas, manipulado pelos que detinham o poder, o povo preferiu a libertação de um criminoso no lugar de Jesus, “Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles pedissem. Havia então um preso, chamado Barrabás, entre os bandidos, que, numa revolta, tinha cometido um assassinato. A multidão subiu a Pilatos e começou a pedir que ele fizesse como era costume. Pilatos perguntou: Vós quereis que eu solte o rei dos judeus? Ele bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado Jesus por inveja. Porém, os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que Pilatos lhes soltasse Barrabás. Pilatos perguntou de novo: Que quereis então que eu faça com o rei dos judeus? Mas eles tornaram a gritar: Crucifica-o!” (Mc 15,6-13.)

   Jesus seguiu a sua missão até o fim, assim como nós, ele em sua condição humana sentiu medo e angustia, mas manteve-se confiante que Deus o libertaria das garras da morte, deu-nos o maior de todos os exemplos entregando a sua vida em favor de muitos, e vemos que este exemplo de Jesus inspirou muitos outros, pessoas que também pagaram com a própria vida o preço da liberdade dos irmãos, são os mártires que como Jesus, em meio às situações desfavoráveis lutaram para que os outros tenham vida em abundancia.
   Que neste domingo possamos meditar toda a trajetória de Jesus, e o recebermos não somente no momento de estabilidade, mas também quando a situação está difícil, precisamos caminhar com Jesus não somente na entrada triunfal em Jerusalém, devemos também seguir com ele até o calvário, para assim chegar ao momento de maior glória, a pascoa da ressureição. Para seguir Jesus devemos estar cientes que o caminho não é fácil, mas, se olharmos para os lados, veremos que outros também estão nesta jornada, e juntos, temos mais força para vencer qualquer obstáculos, sempre tendo Jesus a frente de nossas ações, transformarem este mundo em um bom lar para todos. 
Rubens Corrêa

sábado, 21 de março de 2015

Jesus, semente da nova e definitiva aliança (22/03/2015)

   Neste quinto domingo da quaresma, vemos que Jesus já se prepara para a hora da sua entrega total, mesmo tendo a condição divina, Jesus sente-se angustiado, é a sua condição humana que aflora neste momento, mas, ele segue firme na sua missão e a cumpre até o fim, sendo esta semente que gera vida nova e plena. Nós seres humano e limitados, devemos nos espelhar no exemplo de Jesus não permitindo que o medo tome conta de nossa vida impedindo de cumprir a nossa missão, pois Jesus conta com a nossa semente para produzir muitos frutos.
   Na primeira leitura, o profeta Jeremias nos fala da aliança definitiva de Deus com o seu povo, “Eis que virão dias, diz o Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança; não como a aliança que fiz com seus pais, quando os tomei pela mão, para retirá-los da terra do Egito, e que eles violaram, mas eu fiz valer a força sobre eles, diz o Senhor. Esta será a aliança que concluirei com a casa de Israel, depois desses dias, — diz o Senhor: — imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de escrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão o meu povo. Não será mais necessário ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor! Todos me reconhecerão, do menor ao maior deles, diz o Senhor, pois perdoarei sua maldade, e não mais lembrarei o seu pecado.” (Jr 31,31-34.)
   Mesmo depois que Deus manifestou o seu poder libertando o povo da escravidão do Egito, este mesmo povo por diversas vezes se mostra infiel ao amor de Deus, e eis que Jeremias nos fala desta nova e definitiva aliança, e ela deve estar dentro de cada um, não será seguir a lei de Deus temendo que o mal aconteça, mas, sim seguir pelo amor misericordioso de Deus por nós, esta aliança se concretiza na entrega total de Jesus
   A Carta aos Hebreus nos fala da obediência de Jesus ao projeto de Deus, “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido por causa de sua entrega a Deus. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.”(Hb 5,7-9.)
   Recebemos das sagradas escrituras a grande lição de obediência, Jesus em sua condição divina poderia se livrar do sofrimento que estava para acontecer, mas, seguiu obediente a sua missão para nos dar este grande sinal de fé e esperança, pois mesmo sofrendo com a morte na cruz, ela não prevaleceu e Deus o concedeu vida nova, e sobre esta vida a morte não tem mais poder.
   No evangelho Jesus se coloca como a semente que deve morrer para gerar vida, “Naquele tempo, havia alguns gregos entre os que tinham subido a Jerusalém, para adorar durante a festa. Aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e disseram: Senhor, gostaríamos de ver Jesus. Filipe combinou com André, e os dois foram falar com Jesus. Jesus respondeu-lhes: Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.”(Jo 12,20-25.)
   Jesus nos mostra que não podemos nos apegar as coisas deste mundo, este é o momento de sermos sementes, colocando a nossa fé em ação para que os outros também possam ter esta experiência com Deus, Jesus abraçou a sua missão e mesmo nos momentos de maior aflição jamais desaminou, foi uma verdadeira semente do mundo novo, e hoje somos nós que devemos levar em frente à missão de Jesus.
   No caminho da missão passamos por muitos obstáculos e com Jesus não foi diferente, “Se alguém me quer seguir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. Agora sinto-me angustiado. E que direi? Pai, livra-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome! Então veio uma voz do céu: Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo! A multidão, que aí estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: Foi um anjo que falou com ele. Jesus respondeu e disse: Essa voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós. É agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso, e eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim. Jesus falava assim para indicar de que morte iria morrer.”(Jo 12,26-33.)
   Na sua condição humana, Jesus se coloca igual a qualquer um de nós, que sentimos medo e a angustia toma conta da nossa vida, mas, ele coloca a sua confiança em Deus que sempre estava ao seu lado, e encontra força necessária para seguir em frente. Seguindo a Jesus temos a garantia de que Deus nos honrará e que participaremos da sua glória, mas, seguir Jesus vai além do que imaginamos, seguir a Jesus é comprometer-se com a causa daqueles menos favorecidos, foi por isso que Jesus foi perseguido e morto. E nós estamos prontos para ser com Jesus esta semente da nova aliança?
   Vivemos em um mundo onde vemos muitas situações de mortes, mas nós cristão não podemos desistir de anunciar e denunciar, anunciar a vida e esperança que vem do Cristo ressuscitado e encontram-se disponíveis a todos aqueles que queiram transformar suas vidas, e denunciar todas as situações de morte que oprime o povo, não podemos admitir que um país como o Brasil de maioria cristão, que o povo padeça com a fome, violência, drogas, prostituição e corrupção, a transformação do nosso país e do mundo deve começar dentro de cada um de nós nas pequenas coisas, sendo o ponto de partida das grandes transformações que podemos realizar juntos.
   Que neste quinto domingo da quaresma possamos encontrar na palavra de Deus a força necessária para sermos esta semente de vida nova e plena, sabemos que o caminho não é fácil, mas Jesus caminha conosco mostrando que juntos somos mais fortes e que nada devemos temer nesta caminhada rumo a uma nova sociedade, justa e igualitária, onde mesmo nas diferenças todos somos iguais, onde todos somos filhos amados de Deus.
Rubens Corrêa

sábado, 14 de março de 2015

A luz de Cristo ilumina nossa missão (15/03/2015)

   Neste domingo meditamos sobre as vezes que nos afastamos da presença de Deus, vemos que quando isso ocorre nos sentimos perdidos e sem rumo, ficamos como que vagando nesta terra e não encontramos nenhum sentido para nossa vida, mas, Deus nunca desiste de nós ele sempre nos espera de braços abertos, só que para isso precisamos fazer o caminho de volta para Deus e estamos no tempo favorável para reencontrar este caminho, quaresma é um tempo que somos convidados para uma reflexão sobre nossa vida e nossas atitudes, e isso deve nos impulsionar para uma transformação completa de nosso ser e essa transformação não deve durar somente neste tempo, deve seguir por toda a nossa vida.
   Na primeira leitura vemos como a infidelidade do povo traz terríveis consequências, “Naqueles dias, todos os chefes dos sacerdotes e o povo multiplicaram suas infidelidades, imitando as práticas abomináveis das nações pagãs, e profanaram o templo que o Senhor tinha santificado em Jerusalém. Ora, o Senhor Deus de seus pais dirigia-lhes frequentemente a palavra por meio de seus mensageiros, admoestando-os com solicitude todos os dias, porque tinha compaixão do seu povo e da sua própria casa. Mas eles zombavam dos enviados de Deus, desprezavam as suas palavras, até que o furor do Senhor se levantou contra o seu povo e não houve mais remédio. Os inimigos incendiaram a casa de Deus e deitaram abaixo os muros de Jerusalém, atearam fogo a todas as construções fortificadas e destruíram tudo o que havia de precioso. Nabucodonosor levou cativos para a Babilônia, todos os que escaparam à espada, e eles tornaram-se escravos do rei e de seus filhos, até que o império passou para o rei dos persas. Assim se cumpriu a palavra do Senhor pronunciada pela boca de Jeremias: Até que a terra tenha desfrutado de seus sábados, ela repousará durante todos os dias da desolação, até que se completem setenta anos. No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor pronunciada pela boca de Jeremias, o Senhor moveu o espírito de Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação: Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra, e encarregou-me de lhe construir um templo em Jerusalém, que está no país de Judá. Quem dentre vós todos pertence ao seu povo? Que o Senhor, seu Deus, esteja com ele, e que se ponha a caminho.”(2Cr 36,14-16.19-23.) Não podemos pensar que Deus castiga o seu povo, e sim que quando o povo afasta-se de Deus ele perde o sentido ficando cada um por si e fica mais vulnerável a ação do inimigo, precisamos urgentemente retornar ao caminho do Senhor para encontrarmos vida plena e paz, e para isso devemos estar todos unido no mesmo proposito.
   Na segunda leitura vemos o quanto é abundante a graça de Deus, “Irmãos: Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. É por graça que vós sois salvos! Deus nos ressuscitou com Cristo e nos fez sentar nos céus, em virtude de nossa união com Jesus Cristo. Assim, pela bondade que nos demonstrou em Jesus Cristo, Deus quis mostrar, através dos séculos futuros, a incomparável riqueza de sua graça. Com efeito, é pela graça que sois salvos, mediante a fé. E isso não vem de vós; é dom de Deus! Não vem das obras, para que ninguém se orgulhe. Pois é ele quem nos fez; nós fomos criados em Jesus Cristo para as obras boas, que Deus preparou de antemão, para que nós as praticássemos.”(Ef 2,4-10.) Esta infinita misericórdia de Deus nos devolveu a vida, tudo é graça dele, unidos a Jesus somos merecedores desta graça, mas, precisamos seguir os caminhos de Jesus para que esta graça infinita de Deus possa se espalhar por toda a terra, não podemos simplesmente tomar posse e não compartilhar, Deus quer chegar ao nosso irmão por meio de nós, então devemos anunciar que o tempo favorável de retornar para o Senhor chegou e todos devemos participar deste grande momento.
   No evangelho São João nos diz, “Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê, não é condenado, mas, quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito.”(Jo 3,14-18.) Jesus não veio para condenar o mundo, ao ser erguido na cruz Jesus trouxe salvação para o mundo inteiro, precisamos acreditar em seus ensinamentos e praticar a sua palavra, viver esta palavra é mais do que ficar horas e horas em oração, é mais do que servir na igreja com belas reflexões e lindos louvores, viver esta palavra é trazer de volta a vida aquele que estava perdido no mundo do crime, das drogas e da prostituição, Jesus também veio trazer salvação também a estes que muitas vezes julgamos como totalmente perdido, e é nossa missão fazer com que a mensagem de Jesus ressuscitado chegue também a estas pessoas.
   Jesus é a luz do mundo e não podemos nos esconder dela, “Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. Mas, quem age conforme a verdade, aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus.”(Jo 3,19-21.) Muitos se afastam da vida religiosa temendo que mal que pratica seja descoberto, mas, deveriam fazer o caminho inverso, aproximar-se de Jesus e adquirir força necessária para abandonar o caminho errado, ninguém deve se envergonhar se já percorreu caminhos errados e mudou de vida, vemos lindo exemplos de conversão de vida, como o de São Paulo Apostolo, que de perseguidor tornou-se perseguido por causa da palavra de Deus que levava em sua boca e em suas ações, em Jesus temos a oportunidade de reescrever a nossa história.
   Vivemos em um dos maiores países cristãos do mundo, e como explicar tantas situações de mortes em nosso país? O povo padece pela fome, pela violência, pelas drogas, pela opressão, pelas desigualdades sociais e pela corrupção, e se somos um país cristão, então quem pratica estas atrocidades são os próprios cristãos. Mas, como isto é possível e os ensinamentos de Cristo sobre amar o próximo como a si mesmo? A grande verdade é que muitos de nós, são cristãos somente dentro das igrejas, e da porta pra fora tudo está valendo, precisamos virar este jogo, igreja e sociedade devem caminhar juntas em prol da vida, e não uma sobre vida, e sim uma vida plena com direitos assegurados e deveres cumpridos.
   Que neste quarto domingo da quaresma a luz de Cristo ilumine o nosso caminho, para que cada cristão assuma a sua missão de transformação do mundo, a igreja de Cristo não se faz de paredes e sim de pessoas comprometidas com o projeto de Deus, somos nós que fazemos a igreja servidora e missionária que Jesus quer, e esta igreja deve estar a serviço do povo, principalmente daqueles colocados a margem da sociedade e excluído por um sistema que visa somente o lucro a qualquer custo, nós como cristãos somos chamados a fazer mais e melhor, que Cristo seja a nossa força nesta transformação do mundo.
Rubens Corrêa

sábado, 7 de março de 2015

Cristo, o centro de nossa fé e a força de nossas lutas (08/03/2015)

   Neste terceiro domingo da quaresma somos convidados a refletir como estamos praticando a nossa religião. Será que estamos usando a religião para obter alguma vantagem? Será que estamos comercializando a salvação? São muitas perguntas, e muitas delas são de respostas difíceis, ou muitas vezes preferimos não responder, mas, uma coisa temos que ter em mente, que precisamos fundamentar a nossa fé nos verdadeiros valores cristãos, e não podemos ser uma pessoa dentro e outra fora da igreja, Deus nos quer por inteiro.

   A primeira leitura nos apresenta os mandamentos da lei de Deus recebida por Moisés no Monte Sinai, “Naqueles dias, Deus pronunciou todas estas palavras: Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou do Egito, da casa da escravidão. Não terás outros deuses além de mim. Não pronunciarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não deixará sem castigo quem pronunciar seu nome em vão. Lembra-te de santificar o dia de sábado. Honra teu pai e tua mãe, para que vivas longos anos na terra que o Senhor teu Deus te dará. Não matarás. Não cometerás adultério. Não furtarás. Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo. Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que lhe pertença.”(Êx 20,1-3.7-8.12-17.) O povo recém liberto da escravidão do Egito precisava de orientações de como conviver em sociedade sem a mão opressora do faraó, bastaria somente tudo o que viveram juntos no Egito e a forma como foram libertos, para que convivessem de forma harmônica, mas, a realidade da natureza humana desafia o nosso entendimento, os mandamentos recebidos no Monte Sinai nos dizem exclusivamente que o amor para com Deus passa pelo caminho do amor ao próximo e que devemos ser cuidadosos para que a ambição e cobiça nos faça pessoas opressoras e mesquinhas, isso a palavra de Deus vem nos dizer também nos dias atuais, este tema está cada vez mais atual.
   Na segunda leitura vemos como o Deus se manifesta por meio de Jesus, e esta manifestação vai além do nosso entendimento humano limitado, “Irmãos: Os judeus pedem sinais milagrosos, os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, esse Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus. Pois o que é dito insensatez de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é dito fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.”(1Cor 1,22-25.) E nós, como estamos esperando a manifestação de Jesus em nossa vida? A entrega de Jesus na cruz pode parecer algo sem sentido para muitos. Como alguém revestido de tanto poder pode chegar a este ponto, ser crucificado junto com os bandidos e sendo confundido como um deles? Somente um gesto de grande amor e entrega total para explicar tudo isso, hoje isto é o que nos fortalece em nossas lutas e nos impulsiona para assumir a missão que Jesus nos confiou.

   No evangelho, mais uma vez vemos Jesus no templo, “Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: Tirai isso daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio! Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: O zelo por tua casa me consumirá.”(Jo 2,13-17.) Naquele tempo era comum comercializar animais para que fossem oferecidos em holocausto no templo, mas, estas atividades foram dominando o espaço que era destinado a receber as orações e as suplicas do povo, vemos que hoje as igrejas muitas vezes assemelham-se com aquele templo, vemos muito comércio dentro das igrejas, sejam católicas ou protestantes, vendem-se CD’s, livros, camisas, etc, estes itens podem ajudar o caminho de fé do povo, mas, existem coisas absurdas que são comercializadas dentro dos templos, não podemos permitir que a palavra de Deus se torne a atividade secundária de nossas igrejas. Será que precisaremos novamente do chicote de Jesus?
   Jesus deve ser o centro da nossa fé, todas as outras coisas devem servir para ajudar a entender e a viver esta fé, “Então os judeus perguntaram a Jesus: Que sinal nos mostras para agir assim? Ele respondeu: Destruí este Templo, e em três dias eu o levantarei. Os judeus disseram: Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias? Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo. Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele. Jesus estava em Jerusalém durante a festa da Páscoa. Vendo os sinais que realizava, muitos creram no seu nome. Mas Jesus não lhes dava crédito, pois ele conhecia a todos; e não precisava do testemunho de ninguém acerca do ser humano, porque ele conhecia o homem por dentro.”(Jo 2,18-25.) Em nossas mentes limitadas por diversas vezes temos dificuldades de entender o que Jesus quer para nossa vida, corremos  risco de alicerçar em outras coisas a nossa fé, e no momento que estas coisas desmoronam a nossa fé desmorona junto, Cristo é a força que nos move para a missão, e ele nos conhece profundamente e sabe de tudo que se passa em nossos corações e em nossas mentes.

   Que neste tempo de quaresma possamos repensar a nossa vida, e mudar aquilo que precisa ser mudado, não podemos ser cristãos de fachada, Deus nos quer por inteiro e não pela metade, mas, para isso devemos percorrer o caminho de fé que Jesus percorreu, devemos amar o próximo de forma verdadeira, sem esperar nada em troca, fazer o bem a quem precisa já deve ser a nossa recompensa, devemos lutar por um mundo melhor para todos, só que devemos ter cuidado para não sermos manipulados por pessoas que fingem fazer o bem, mas, escondem outras intenções e devemos fazer de nossas igrejas locais de encontros com Deus e com os irmãos, uma igreja pura e livre dos interesses pessoais, uma igreja servidora como no lema da Campanha da Fraternidade deste ano, penso que foi esta a igreja que Cristo entregou a São Pedro e que as nossas fraquezas humanas transformou em tantas coisas que foi deixando Cristo em segundo plano, hoje temos a oportunidade de mudar o rumo desta história , isso só depende de nós, sabemos que Cristo caminha ao nosso lado nesta missão, só precisamos acreditar nisso e iniciarmos esta transformação.
Rubens Corrêa