segunda-feira, 29 de junho de 2015

Enviados por Deus e rejeitados pelos seus: “Um profeta só não é estimado em sua pátria” (05/07/2015)

   Introdução geral
   Como comunidade de fé, vamos seguindo o caminho espiritual e pedagógico, proposto pelo ano litúrgico, acompanhando Jesus em seu itinerário pascal e, pouco a pouco, descobrindo seu jeito de ser.
   Neste domingo, Marcos nos fala da rejeição dos contemporâneos de Jesus, que o enxergam somente com os olhos humanos. Somos convidados a renovar nossa fé e adesão a Ele, o Filho de Deus, encarnado na história humana.
   Celebramos a páscoa do Senhor que nos envia como profetas a anunciar a Boa Notícia em todos os cantos da terra.

   Comentário dos textos bíblicos
   Evangelho (Mc 6,1-6): O profeta é desprezado na própria terra
   O Evangelho de Marcos apresenta o episódio da visita de Jesus a Nazaré, sua pátria, onde a incredulidade contrasta com a fé expressa nos milagres anteriores, com o reconhecimento de seu poder de ressuscitar até os mortos (Mc 4, 35-5,43). Nazaré era uma aldeia da Galileia (1,9), pequena e insignificante (Jo 1,46). O ensino de Jesus ao serviço da vida plena é acolhido por muitas pessoas, mas também rejeitado por outras.
   Ao chegar o “sábado”, Jesus começou a ensinar na sinagoga. Suas palavras suscitam admiração nos ouvintes: “De onde lhe vem isso? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres realizados por suas mãos?” (6,2)
   O ensino de Jesus revela que Ele é o Messias Servo, enviado pelo Pai para oferecer a vida em plenitude. Muitas pessoas não reconhecem a presença de Deus no “carpinteiro, o filho de Maria” (6,3), pois esperavam um Messias poderoso e triunfalista. Por causa do ambiente geral de rejeição e incredulidade, Jesus realizou apenas alguns milagres de cura.
   I leitura (Ez 2,2-5): O profeta anuncia, quer escutem quer não.
   A leitura do profeta Ezequiel é parte da missão que Deus confia ao profeta em 2,1-3,15. Ezequiel está “caído no chão” (1,8), prostrado como o povo no exilio em Babilônia. Porém, Ele se deixa mover pelo Espírito do Senhor, que o coloca em pé, em atitude de prontidão. Assim, ele ouve a voz de Deus que toma a iniciativa do chamado e o envia a anunciar sua Palavra aos Israelitas. Ezequiel recebe a missão de falar em nome de Deus a um povo rebelde. O êxito é garantido pela força da Palavra do Senhor que, mesmo, rejeitada, realiza o objetivo: “Quer te escutem, quer não, saibam que houve um profeta ente eles” (2,5). Deus não abandona o povo, não obstante suas infidelidades. Ao longo da história, Ele envia profetas para conduzi-lo no caminho da aliança.
   O Salmo 112 (123) é uma súplica confiante que convida a “levantar os olhos” para o Senhor em meio às aflições da vida.
   II leitura (2 Cor 12,7-10) Prefiro gloriar-me de minhas fraquezas
   A leitura da segunda carta aos Coríntios integra a última parte da carta (10,1-13,10), que ressalta a força de Deus manifestada na fraqueza, como na cruz de Cristo.
  “Por causa de Cristo”, Paulo sofreu humilhações, necessidades, perseguições, e angústias. O caminho de identificação com Jesus leva a reconhecer que “quando somos fracos, então é que somos fortes”. A presença do Senhor fortalece o ministério apostólico de Paulo, como outrora o de Jeremias (Cf. Jr 15,20-21).

   Pistas de reflexão
   A sabedoria das palavras de Jesus de Nazaré e as ações compassivas de suas mãos deixavam as pessoas maravilhadas ‘bebendo’ seus ensinamentos (Mc 6,2).
   Paulo ensina a deixar-se conduzir pela graça do Senhor, em meio aos desafios decorrentes da missão apostólica.
   O profeta Ezequiel denunciou as infidelidades à Palavra, que causaram a catástrofe do exílio na Babilônia. Enviado por Deus, ele anunciou a Palavra que não pode silenciar diante das injustiças e das opressões.
   Os verdadeiros profetas encontram rejeição na sociedade e na Igreja: Gandhi, Luther King, Oscar Romero, Irmão Dorothy, Ezequiel Ramin (24/07/1985) e tantas outras pessoas que deram a vida em prol de um mundo novo de justiça e da fraternidade, a ser construído através do compromisso de todos. 

Luis Filipe Dias


sábado, 27 de junho de 2015

São Pedro e São Paulo, alicerces fortes de uma igreja missionária (28/06/2015)

   Celebramos neste domingo a Solenidade de São Pedro e São Paulo, vemos nestes dois apóstolos os pilares da igreja de Jesus, Pedro foi a pedra que serviu para alicerce para a igreja construída por Jesus, e Paulo em suas inúmeras cartas espalhou o evangelho pelo mundo todo, abrindo o caminho da salvação também aos pagãos, temos muito a aprender com a vidas destes apóstolos, eles como nós, humanos e pecadores, também cometeram muitos erros, mas, abriram seus corações à infinita misericórdia de Deus.
   No livro dos Atos dos Apóstolos (At 12,1-11.), vemos como era dura a perseguição de Herodes e do povo judeu contra os cristãos, Tiago irmão de João foi morto à espada, e Pedro foi encarcerado com forte vigilância, e a comunidade manteve-se em oração a Deus pedindo pela libertação de Pedro. Eis que o anjo do Senhor apareceu a Pedro, “Levanta-te depressa!” e no mesmo instante as correntes caíram por terra, e disse a ele, “Coloca o cinto e calça tuas sandálias!”, ele obedeceu e o anjo continuou, “Põe tua capa e vem comigo!”. Somente depois de passar por todos os guardas e atravessar os portões é que Pedro caiu em si vendo que tudo aquilo era verdade, “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava!”
   Em nossa caminhada de fé nos deparamos com muitos desafios que por diversas vezes nos impede de continuarmos a nossa jornada, aquela comunidade acreditou sendo fiel nas orações a Deus, e eis que a graça foi alcançada, precisamos confiar mais no poder da oração, pois ela é capaz de nos livrar dos cárceres dos nossos medos e comodismo, ela é que pode libertar as nossas mãos das correntes da inveja, da opressão e da omissão, Pedro foi liberto para se colocar a serviço do evangelho, e nós também devemos nos libertar daquilo que nos atrapalha a servir a Deus e aos irmãos de forma plena e desinteressada.
   Na carta a Timóteo (2Tm 4,6-8.17-18.), o apóstolo Paulo faz um balanço da sua missão, “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé.” Ele reconhece que foi o Senhor que lhe deu forças que anunciar o evangelho pelo mundo, e que Deus o livrou de muitos perigos zelando por sua vida, e que era chegada a hora da sua partida para receber a coroa da justiça, que o Senhor reserva para todos os que esperam no amor a gloriosa manifestação do Senhor.
   Encarcerado e próximo da morte, seria muito fácil de qualquer um questionar, “Onde está Deus?” Mas, Paulo fez diferente, olhando para sua jornada de vida, ele viu que Deus o fez forte para anunciar o evangelho, e que era o momento de entregar a sua vida para que muitas outras fossem resgatadas, meditar sobre a missão de Paulo é encontrar em Jesus sempre uma oportunidade de mudar radicalmente de vida, passar de perseguidor para perseguido por causa do Reino de Deus. E nós que tantas vezes pensamos que os nossos problemas são insuportáveis, será que conseguiríamos passar pelo o ele passou? Precisamos orar e confiar mais no Senhor para assim como Paulo, podermos completar a nossa missão.
   No evangelho segundo Mateus (Mt 16,13-19.), Jesus busca saber o que o povo diz a seu respeito, “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” e os discípulos respondem, “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”, mas, Jesus vai mais além, e quer saber daqueles que caminham, comem e convivem com ele, o que pensam a seu respeito, e Simão responde, “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Respondendo isso Jesus afirma que Simão não foi influenciado por ninguém na terra, e que ele foi inspirado por Deus em sua resposta, e lhe dá o nome de Pedro, pedra fundamental para a construção da sua igreja, e que o poder do inferno jamais poderá vencê-la.
   Em nosso dia-a-dia queremos moldar Jesus pela nossa conveniência, hoje vemos que muitas igrejas usam o nome de Jesus para extorquir os seus fieis, fazendo do anuncio do evangelho uma forma de obter um lucro certo, fácil e livre de impostos, Pedro reconheceu a divindade de Jesus e em sua missão levou a quem mais precisava, o Jesus misericordioso que deu a vida para que os outros tivessem vida abundante, jamais usufruiu dos privilégios de ser o apóstolo escolhido por Jesus para continuar a sua missão, e Jesus entregou a ele as chaves do Reino dos Céus, “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.
   Que nesta Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, possamos nos inspirar nestes exemplos de vida comprometida com Deus e com o próximo, com eles aprendemos que o Reino de Deus é para todos, e que ninguém tem autoridade de excluir o próximo da graça de Deus, eles que dedicaram até os últimos instantes das suas vidas ao anuncio do evangelho, serviam a Jesus em uma época onde se morria por isso, e nós que somos livres para escolher a nossa fé, não podemos simplesmente nos limitar aos momentos de louvores em nossos templos, Jesus nos chama a testemunhar o evangelho com nossas vidas justamente aonde os louvores das igrejas não chegam, nas igrejas buscamos a força que nos impulsiona a missão pelo mundo todo e Jesus está conosco assim como acompanhou Pedro e Paulo até o momento da sua partida.
Rubens Corrêa



sábado, 20 de junho de 2015

Com Jesus em nosso barco, vencemos as tempestades da nossa vida (21/06/2015)

   Neste domingo somos chamados para juntos com Jesus meditarmos sobre as tempestades das nossas vidas, por diversas vezes nos vemos em momentos difíceis onde o medo toma conta de todo o nosso ser, em várias ocasiões questionamos Deus sobre aquilo que nos aflige, a verdade é que somos infinitamente pequenos frente à grandeza do amor de Deus por nós, o que precisamos é confiar neste amor e na companhia de Jesus seguir a travessia de nossas vidas, mesmo em meio às tempestades, sabemos que com ele o nosso barco jamais afundará.
   Na leitura do livro de Jó (Jó 38,1.8-11.) vemos que Deus é o Senhor de toda a criação, ele tem poder sobre o mar, a terra e o céu, ele controla as nuvens, as névoas, os ventos, as tempestades e as ondas do mar.
   Deus criou tudo perfeito, mas o ser humano também quis demonstrar o seu poder, desmatou, poluiu, aterrou, nós seres humanos conseguimos deixar o nosso rastro de destruição em toda a criação de Deus, estamos destruindo a terra, a mar e o céu, mas, a pior destruição está no que o homem faz com o seu semelhante, precisamos dar um basta nesta triste realidade, Deus nos quer como colaboradores na sua criação, e nos diz, “Até aqui chegarás, e não além; aqui cessa a arrogância de tuas ondas?”
   O apóstolo Paulo fala aos Coríntios (2Cor 5,14-17) que estando em Cristo somos criaturas novas, o velho mundo desapareceu, Jesus faz nova todas as coisas, ele morreu para nos dar vida, não podemos viver por nós mesmos, devemos viver por aquele que se entregou, morrendo e ressuscitando por nós.
   Viver por Jesus é fazer a sua vontade, é usar de misericórdia para com aqueles que dela precisam, é promover a vida digna para todos independente das escolhas de cada um para sua vida, é lutar por justiça e igualdade mesmo quando tudo for desfavorável, é também respeitar aqueles que têm a crença diferente de nós e ajudá-los a também respeitarem as diferenças, viver para Jesus vai muito além de dobrar os joelhos em adoração nas igrejas, é fazer das suas lutas uma eterna adoração ao Deus da vida, sendo sinais de esperança para o mundo.
   O evangelista Marcos (Mc 4,35-41.) nos mostra Jesus acalmando a tempestade, durante a travessia do mar, Jesus dormia na parte de trás do barco, os discípulos estavam amedrontados pelo vento impetuoso e pelas fortes ondas que eram lançadas contra o barco, e foram até ele questionar, “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?”, ele se levantou e ordenou, “Silêncio! Cala-te!”, no mesmo instante o que se viu foi uma grande calmaria, e disse as eles porque eram tão medrosos, questionando se ainda não tinham fé.
   Em nossas vidas, várias vezes sentimos o medo tomar conta de nós, e pensamos que o nosso barco vai afundar, sabemos que existe muitos problemas familiares, sociais, religiosos e até problemas com nós mesmos, sempre imaginamos que as nossas tempestades são mais terríveis que as dos outros, achamos que sofremos mais que as outras pessoas, e nos vemos longe de vencer os nossos medos, a verdade é que sempre esquecemos que Jesus navega no nosso barco, não para acalmar as tempestades, mas, para nos ajudar a vencer o medo da travessia, ele nos enche de esperança e confiança para enfrentar as diversidades da vida.
   Os discípulos com medo questionavam entre si, “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”(Mc 4,41b.), nós não somos diferentes deles, e não reconhecemos o poder que Jesus tem, achamos que estamos sozinhos em toda a jornada da nossa vida, mas, ele é o Senhor de toda a história, está presente em cada etapa da nossa vida, quando os ventos e as ondas tornam a travessia mais difícil, é ele que nos dá a força e a perseverança para seguirmos rumo a outra margem da nossa vida, com ele nos sentimos amados e seguros.
   Que neste domingo aprendamos com Jesus a vencer o medo da travessia, que saibamos confiar nele sem se abater pelos ventos e pelas ondas, e mais do que isso que sejamos sinais de fé e esperança que animam a travessia dos nossos irmãos, demonstrando o grande amor de Deus por nós, para que juntos possamos chegar à outra margem desta travessia rumo ao reino de Deus.
Rubens Corrêa

sábado, 13 de junho de 2015

Em Jesus, somos as pequenas sementes da nova sociedade (14/06/2015)

   Neste domingo refletimos como a presença de Deus se manifesta em nossas vidas, ele faz pequenas inserções no nosso dia a dia, coisas pequenas e que muitas vezes deixamos passar sem notar, mas, que geram grandes e profundas transformações em nosso ser e em nossas famílias. Quantas coisas que não entendemos e que temos a certeza que Deus está à frente delas? Nós somos somente parte da criação perfeita de Deus, e devemos a todo instante bendizer e louvar a Deus por tantos dons que todos os dias ele faz brotar no meio do povo, sendo a força transformadora desta sociedade, onde temos direitos e deveres iguais, mais do que criaturas, somos filhos do amor de Deus.

   Na leitura da profecia de Ezequiel (Ez 17,22-24.) vemos que todo o poder vem de Deus, somente ele poderá fazer uma árvore seca brotar e produzir muitos frutos, da mesma forma, poderá tornar seca a árvore verde. Ele tirou o galho da copa do cedro, e de seus ramos arrancou um broto plantando-o em um elevado monte, dele surgiram muitos frutos e tornou cedro majestoso, onde encontramos alimento e abrigo.
   Está em Deus a força que nos impulsiona a transformação da nossa vida, com ele ninguém está perdido, ele pode tornar bom aqueles que caminham nas trevas, e que decidem mudar de vida, o sacrifício de Jesus na cruz nos trouxe uma oportunidade de encontrarmos vida nova e plena, hoje somos frutos deste amor incondicional que se entrega até o fim.

   Em sua carta aos Coríntios (2 Cor 5,6-10.) o apóstolo Paulo nos diz que morando em nossos corpos somos peregrinos longe de Deus, pois caminhamos com fé e não com a clara visão, mas, enquanto habitamos neste corpo, devemos empenhar-nos em tornar nossa vida agradável a Deus, pois um dia todos nós estaremos na presença de Jesus para apresentar com foi a nossa vida. E iremos apresentar o quê para Jesus?
   Em nosso meio muitos vivem como se fossem eternos e únicos, oprimem, vivem trapaceando os outros, caluniam e ofendem os irmãos, e usam os outros como degraus na escada de sua acessão a qualquer custo, um dia a nossa vida acaba e nada disso irá depor a nosso favor. Jesus fez diferente, ele não usou os outros para se promover, ele fez das necessidades do próximo a sua missão de vida, ele se entregou para que fossemos libertos das amarras do pecado, e nós que somos seus discípulos devemos fazer o mesmo, promover a igualdade, para que todos tenham vida em abundância.

   No evangelho (Mc 4,26-34.) Jesus usa de parábolas para ensinar o povo, compara o Reino de Deus as sementes lançadas na terra, que enquanto a agricultor dorme, germina, cresce, floresce e produz frutos, quando chega o tempo ele colhe os frutos. Também diz que o Reino de Deus é como a semente de mostarda que é a menor das sementes, e quando cresce se torna a maior das hortaliças. Como entender estas palavras de Jesus?
   O Reino de Deus começa em nossas vidas sem que percebamos enquanto dormimos na fé, Deus age como aquela terra que vai geminando e nutrindo a semente, ela cresce, aparecem as folhas, floresce e surgi os primeiros frutos, e nós não sabemos como Deus vai agindo em nossas vidas, percebemos que o Reino de Deus começa em nossas vidas, pequeno como a semente de mostarda, e que toma dimensões incríveis e mal sabemos como começou, mas, esta semente que germinou em nós e se tornou grande, deve servir de sombra, descanso e abrigo para aqueles que mais necessitam, não podemos desperdiçar estes dons, de nada adianta termos encontrado Jesus sem leva-lo a quem mais precisa dele, esta é nossa missão.
   Que neste domingo possamos dar o passo inicial para uma nova caminhada de fé, sabemos que somos pequenos frente à imensidão deste mundo, mas, sabemos que Deus está ao nosso lado e que Jesus anima nossa jornada, mesmo tendo vivido durante muito tempo no erro, Deus nos transforma em novas criaturas, e nos pede que façamos esta viagem ao seu encontro despojados de toda a vaidade e orgulho, de coração renovado pelo sacrifício de Jesus na cruz, para que os frutos de nossas vidas sirvam de inspiração para os nossos irmãos que encontram dificuldade de iniciar o caminho, somos responsáveis em levar o nome de Jesus a todos os cantos da terra, e isso devemos fazer sem oprimir, criticar e forçar os nossos irmãos, cada um tem o momento certo de se abrir para a infinita graça e o imenso amor de Deus.
Rubens Corrêa

terça-feira, 2 de junho de 2015

“Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.(07/06/2015)

   Introdução geral
   Continuamos o nosso itinerário espiritual, seguindo os passos de Jesus. Este ano temos como nosso guia espiritual o evangelista Marcos (ciclo B), que nos coloca frente a frente com Jesus Cristo, o Messias, que vem instaurar o Reino de Deus e não vem de forma triunfante, mas como o servo sofredor, perseguido e executado na cruz. Somos todos parte integrante da família de Deus. Esta é uma realidade nova apresentada pelo evangelho. A liturgia nos ajuda a entrar neste mistério de intimidade com Deus como membros ativos. Convoca-nos a sermos parte da família de Deus, a qual não tem fronteiras de nenhum tipo nem critérios que consideram uns superiores aos outros. É um grupo aberto a todos e todas que queiram fazer a vontade de Deus, estar ao seu redor, serem seus amigos.
   Recordando a Palavra
   Evangelho (Mc 3,20-35): Tudo vos será perdoado
   O trecho do evangelho de Marcos está colocado após a escolha dos Doze (Mc 3,13-19) e antes das parábolas sobre o Reino de Deus (Mc 4, 1-34). Ele revela que a escuta da Palavra é condição essencial para ser discípulo de Jesus e participar de sua comunidade. A multidão sofrida acorre a Jesus, vinda de várias regiões, com a esperança de libertação (Mc 3,7-12). O caminho do discipulado leva a compreender “o mistério do reino de Deus” (Mc 4,11), que se revela, aos poucos, em Jesus, o Cristo e Filho de Deus.
   Os que acolhem os ensinamentos de Jesus realizam a vontade de Deus. Jesus o afirma de forma clara: ”Eis minha mãe e meus irmãos” (3,34-35). A comunidade de irmãos e irmãs é formada pelas pessoas que aderem a Jesus e manifestam a presença do Reino de Deus através de palavras e ações.
   I leitura (Gn 3, 9-15): E, chamando-os, disse o Senhor: “Onde estás?”
   A leitura do livro do Genesis pertence a um bloco maior em que fala de toda a realidade humana. Adão, “tirado da terra”, e Eva, “mãe dos viventes”, representam o ser humano. A ambição em querer ser igual a Deus afasta do caminho de felicidade desejado por Deus. Os caminhos contrários aos ensinamentos do Senhor rompem a harmonia do paraíso, a comunhão fraterna. A promessa da vitória sobre a serpente pela descendência de Eva, a mãe dos viventes (3,15), realiza-se plenamente em Jesus, cuja entrega proporciona a vida eterna ao ser vivente.
   O Salmo 129 (130), de romaria, expressa o clamor cheio de confiança a Deus, o único que pode salvar. O salmista espera no Senhor e em sua Palavra libertadora, mais que a sentinela pela aurora, após uma noite de vigilância. O motivo da confiança absoluta é que no Senhor encontra-se misericórdia e copiosa redenção.
   II leitura ( 2 Cor 4,13-5,1):O Senhor nos dará o perdão e a sustentação
   Este trecho de Paulo salienta a audácia apostólica e a confiança na graça do Senhor. Paulo, em meio ás tribulações testemunha: “Eu tive fé e, por isso, falei” (2 Cor 4,13). A fé ativa imbuída da força do espírito suscita o testemunho e o anúncio da Boa-Nova de Jesus. A razão da fé este em Deus, que ressuscitou Jesus e que ressuscitará o ser humano com Ele, conduzindo-o à comunhão eterna em sua presença. A adesão a Jesus, no caminho do discipulado, faz a comunidade transbordar de ação de graças para a glória de Deus.  A imagem da tenda dos nômades no deserto ensina a “renovar dia a dia nosso interior”.
   O mistério da graça de Deus, que atua em nossa fragilidade, e o testemunho vivo de Jesus nos guiam no caminho dos valores do Reino, que permanecem para sempre. Paulo lembra que o essencial é confiar no Senhor: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força realiza-se plenamente” (2 Cor 12,9).
   Atualizando a Palavra
   A verdadeira família de Jesus é formada por aqueles que escutam seu ensinamento e praticam a vontade de Deus, no caminho do discipulado. Com seguidores e seguidoras de Cristo, somos chamados a formar comunidades fraternas de irmãos e irmãs, trabalhando para vencer as forças contrárias ao reino, que tentam enfraquecer a nossa missão ao serviço do Evangelho.
   Paulo, enquanto sofre a cada dia por causa do Evangelho no seu ministério, renova a fé e a esperança na ressurreição de Cristo. Os desafios da evangelização, as tribulações e os receios tornam-se pequenos comparados à alegria da glória plena no Senhor da vida porque “trazemos este tesouro em vasos de barro” (2 Cor 4,7) e em nós se manifesta a graça.
Luis Filipe Dias

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – Festa de Corpus Christi (04/06/2015)

   Corpo e Sangue da nova aliança: Deus fez aliança com Israel ao libertá-lo do Egito. Esse pacto foi instituído por meio de um rito. Primeiramente, o sangue do cordeiro foi derramado em substituição da vida dos primogênitos hebreus. Depois o rito continuou na celebração de uma refeição, a ceia pascal, memorial de libertação, celebrada a cada ano pelos filhos de Israel para atualizar aquele evento fundador e paradigmático da religião bíblico-judaica.
   Comentário dos textos bíblicos
   Evangelho (Mc 14,12-16.22-26): Tomai e comei, isto é o meu Corpo.
   No Oriente antigo, o sangue simbolizava a totalidade da vida de um ser, animal ou humano. Por isso, quando o sangue de um animal era oferecido a Deus, na verdade o que se ofertava era a vida da pessoa que fazia a oferenda.
   O termo sacrifício significa “tornar sagrado”; portanto, quando o sacerdote colocava o sangue do animal sobre o altar, a vida da pessoa ofertante é que se tornava sagrada, ou seja, consagrada a Deus. A ideia de “Sacrifício” não tinha a atual conotação de “realização de algo difícil ou penoso”, mas de santificação ou sacralização da vida.
   Antes de derramar o sangue na cruz, Jesus fez de sua vida uma oferta a Deus e à humanidade. Por isso ele antecipa, no gesto profético da última ceia, o que se dará no momento culminante do dom de si mesmo, a morte na cruz. É por causa de uma vida inteira ofertada, a Deus e ao outro, que a morte de Jesus, cume dessa oferta, pode ser chamada de sacrifício. A vida inteira de Jesus é sacrifício, é uma vida consagrada, santificada. Jesus oferta a própria vida como nosso representante.
   Sua obediência e fé integral nos substituem, já que não conseguimos ser obedientes e fiéis da mesma forma. Sua vida humana sem pecados nos liberta do pecado, sua ressurreição nos liberta da morte. Em tudo isso Jesus nos representa e nos substitui. Cessam daqui por diante os antigos sacrifícios de animais. O sangue, a vida ofertada da nova aliança é o que vigora doravante.
   As palavras do Senhor: “Isto é o meu corpo... isto é o meu sangue”, “tomai e comei... tomai e bebei”, deveriam nos recordar de que nos compete assimilar em nossa vida as características da vida de Jesus.
   Dessa forma, no Corpo e Sangue de Cristo vive e cresce a Igreja, com os fiéis continuamente se alimentando de amor, de fidelidade, de doação ao outro, de perdão e de todos os aspectos de vida de Jesus.
   O Corpo e sangue de Cristo são centro e sustentáculo da vida cristã. Por isso, quem deles se alimenta há que aceitar participar da doação de vida realizada por Cristo, em adesão à vontade do Pai e em doação ao próximo. Assim, por meio da Eucaristia, os fiéis vivem o mistério da vida, morte e ressurreição de Cristo, celebrando agora a comunhão sem fim na glória eterna. 
   I leitura (Ex 24,3-8): Este é o sangue da aliança que o Senhor fez convosco
   A expressão “sangue da aliança” remete a Êxodo 24,8, à aliança no Sinai selada com o sangue de animais. O profeta Jeremias anunciou a nova aliança (Cf. Jr 31,31-34), que foi selada definitivamente em Cristo “pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, perfeita e realizada de uma vez por todas” (Cf. Hb 10,10). O “sangue derramado em favor de muitos” alude, de modo especial, a Isaías 53,12 e indica que Jesus é o Servo sofredor por excelência, que entrega a vida pela salvação da humanidade. A Eucaristia torna-se o memorial da nova aliança, plenificada na morte redentora de Cristo.
   A leitura do livro do Êxodo descreve a conclusão da aliança no Sinai entre Deus e o povo. Moisés, depois de fazer a experiência do encontro com o Senhor (19,3;24,1-2), reúne o povo e comunica “todas as palavras e todos os decretos do Senhor” (24,3). Trata-se especialmente dos dez mandamentos (20,1-21) e do código da aliança (20,22-23.33). O povo compromete-se a seguir o caminho da aliança, que proporciona a comunhão com Deus e entre si: “Faremos tudo o que o Senhor nos disse” (24,3).
   O salmo 115 (116) é uma oração de louvor e ação de graças ao Senhor, pois foram quebradas as cadeias da opressão. O salmista ergue o cálice da salvação e invoca o nome do Senhor, como sinal de compromisso.
   II leitura (Hb 9,11-15): Cristo ofereceu a si mesmo como oferta sem mácula
   A leitura da carta aos Hebreus acentua que Cristo ressuscitado é o novo sacerdote, que entrou no santuário através da tenda maior e mais perfeita. Com a única oferenda de si mesmo, levou à perfeição para sempre os que Ele santifica (Cf. 10,14), superando os sacrifícios antigos.
   Como a conclusão da aliança se realizava mediante a efusão de sangue (Ex 24.6-8), a nova aliança revela-se plenamente na morte redentora de Cristo em favor de toda a humanidade. Assim, Cristo é ressaltado com “mediador da nova aliança” (9,15).
   Ligando a Palavra com a ação eucarística
   A Eucaristia é o memorial do mistério pascal de Cristo, sela paixão, morte e ressurreição. Deus sela a aliança eterna e definitiva com a humanidade através da oferenda única e perfeita de Jesus (Hb 10,10-18), que é atualizada na liturgia por meio da ação do espírito Santo. Ao comungarmos do corpo e sangue, em cada celebração, “estaremos proclamando a morte do Senhor, até que Ele venha” (1 Cor 11,26), comprometidos  a formar o autêntico corpo eclesial.
   Esta Solenidade faz eco da celebração de Quinta-feira Santa e nos faz reviver os mesmos acontecimentos de forma mística e concreta: celebramos o mistério da entrega do Senhor Jesus.
   A Eucaristia é o memorial perene de Sua Paixão, o cumprimento perfeito das figuras da Antiga Aliança e o maior de todos os milagres de Cristo.
Luis Filipe Dias