domingo, 20 de julho de 2014

Que tesouros escolhemos manter em nossas vidas? (27/07/2014)

  Irmãos neste 17º Domingo do Tempo Comum, somos questionados onde está o nosso tesouro, sabemos que temos a tendência de priorizar o que são menos importantes e com valores que se perdem com facilidade, mas, Jesus vem nos mostrar o verdadeiro tesouro para as nossas vidas, um tesouro que não perece e dura por toda vida.
   Na primeira leitura vemos que podendo pedir qualquer coisa para Deus, Salomão pede o que é mais importante, Senhor meu Deus, tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda como governar. Além disso, teu servo está no meio do teu povo eleito, povo tão numeroso que não se pode contar ou calcular. Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este teu povo tão numeroso?”(1Rs. 3, 7b – 9.) Ele pediu a sabedoria para ser justo no seu julgamento e que governasse o povo da melhor forma possível, se desprendeu de toda a vaidade humana, não pedindo algo para si, mas, pediu algo que favorecesse a todos, esta sabedoria falta a maioria de nossos governantes que colocam o seus objetivos pessoais a frente dos anseios do povo.
   Deus ouve a prece de Salomão, “Já que pediste esses dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti nem haverá depois de ti.”(1Rs. 3, 11b – 12.) Deus concede a sabedoria a Salomão, pois ele não buscava glórias pessoais, também nós devemos pedir esta sabedoria a Deus, muitas vezes enchemos nossas vidas de coisas supérfluas que em nada nos torna melhores, e o vazio de nossas vidas é inevitável.
   Vemos na segunda leitura, Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes a imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos.(Rm. 8, 28 – 29.) São Paulo afirma que somos predestinados a serem imagens de Jesus. E ser imagem de Jesus meche profundamente em como envolvemos as pessoas em nossas vidas. Será que nos aproveitamos da palavra de Deus para manipular o próximo? Será que uso a palavra de Deus para oprimir? Não podemos fazer isso, ser imagem de Jesus nos tornar pessoas melhores, aprendemos ser solidários e a praticar o amor ao próximo, um amor desinteressado, amor somente pelo gesto de amar, amar até mesmo aqueles que nada têm a nos oferecer.
   No evangelho Jesus usa de comparações para que possamos entender a essência do reino de Deus, “O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus é também como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola. O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam.”(Mt. 13, 44 – 48.) Muitas vezes colocamos maior importância as coisas que se perdem facilmente e depois ficamos entristecidos, pois perdemos algo que julgamos essencial, mas, nos esquecemos de que realmente importa, colocamos a nossa posição na empresa, o carro do ano ou casa linda, como  o centro de nossas vidas, enquanto nossas famílias andam desestruturadas onde ninguém se entende. De que vale tudo isso?
   Jesus nos conta no evangelho que o homem que encontrou o tesouro, abriu mão de tudo o que tinha em prol de obter este tesouro. De que tesouro Jesus estava falando? Jesus falava da vivencia real da fé em Deus, e esta fé passa também em ajudar o próximo a encontrar o caminho, esta passagem bíblica também nos fala que ao lançar as redes encontramos peixes de todos os tipos e que é preciso selecionar bem com quais iremos ficar. A nossa vida é feita de escolhas, entre o bem e mal, Jesus nada nos impõe, nós que escolhemos o caminho a seguir, mas, também recebemos as consequências destas escolhas. No evangelho o homem sábio escolheu vender tudo o que tinha para comprar o campo onde estava o tesouro, e fez isso por acreditou que era o mais certo a fazer.
   E nós o que escolhemos manter em nossas redes? O tesouro que estou escolhendo preenche a minha vida? Devemos aprender com Jesus a identificar o verdadeiro tesouro, rever as nossas relações familiares e também as nossas relações com os amigos. Estou sendo tesouro ou fardo para os outros? Sim, muitas vezes nos preocupamos somente com o que os outros são para nós e não nos importamos com o que somos para os outros, o no egoísmo nos impede de fazer esta meditação e de ter uma ação diferente.
   Neste domingo temos esta missão, além de identificar e saber valorizar as pessoas que são como tesouros duradouros para nós, também somos convidados a ser este tesouro especial para a vida do próximo, que assim como Salomão, que Deus nos conceda sabedoria para saber o que é certo e o que não é, sendo este tesouro duradouro para os nossos irmãos, sendo a imagem viva deste Cristo que se entregou por nós como o maior de todos os tesouros.

Rubens Corrêa

quarta-feira, 16 de julho de 2014

No dia da colheita, serei joio ou serei trigo? (20/07/2014)

   Neste 16º Domingo do Tempo Comum, somos convidados a meditar sobre a parábola do joio e do trigo, em nossas vidas vemos que muitas vezes o joio e o trigo estão constantemente misturados e dificultam a nossa caminhada de fé, mas, em Jesus aprendemos a separar as coisas e coloca-las nos seus devidos lugares.
   Em meio a tantas coisas ruins, Deus se faz presente na vida do povo dando a eles uma razão para seguir o caminho, “Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas e a quem devas mostrar que teu julgamento não foi injusto. A tua força é princípio da tua justiça, e o teu domínio sobre todos te faz para com todos indulgente.”(Sb. 12, 13 e 16.) Este Deus é que está cuidando de todos nós, ele julga com justiça e este julgamento vai muito além das aparências.
  Com sua ação no mundo Deus ensina o seu povo, “No entanto, dominando tua própria força, julgas com clemência e nos governas com grande consideração; pois, quando quiseres, está ao teu alcance fazer uso do teu poder. Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que o justo deve ser humano; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores.”(Sb. 12, 18 – 19.) Ao contrário de que muitos dizem, Deus não é vingativo, ele é misericordioso e também quer que sejamos misericordiosos, ele tem todo o poder, mas, não usa este poder para oprimir e nem se impor, ele perdoa nos nossos pecados e também quer que nós façamos o mesmo para com os nossos irmãos.
   Muitas vezes negamos o perdão ao nosso irmão, enchemos os nossos corações de rancor, ódio e tristeza, e assim não percebemos este dom tão maravilhoso que é o amor de Deus, estamos tão preocupados em alimentar o ódio e a magoa, deixando escapar tão numerosas graças que Deus vem derramando tão abundantemente sobre nós e sobre as nossas famílias. É preciso deixarmos que Deus aja em nossas vidas sendo está presença confortadora que nos encha de esperança de um mundo melhor.
   Em sua carta aos Romanos, o Apóstolo São Paulo, nos diz: “O Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos santos.”(Rm. 8, 26 – 27.) Por meio do Espírito Santo, Deus age em nós, ele nos concede aquilo que precisamos, antes mesmo que possamos imaginar que precisamos, este espírito é força para nossa caminhada de fé, ele nos animar e nos impulsiona para a missão. Foi assim com os Apóstolos e é assim também com cada uma de nós, mas, é preciso que deixemos que este Espírito Santo se manifeste em nossas vidas sendo sinais do Cristo ressuscitado  para os irmãos mais necessitados.
   No Evangelho segundo Mateus, Jesus nos apresenta a parábola do joio e do trigo, mas, de que joio e trigo Jesus estava falando? O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?(Mt. 13, 24b - 27)  São lançadas em nossas vidas diferentes tipos de  sementes, muitas sementes são boas que nos permite uma boa colheita, mas, também recebemos sementes de má qualidade que só trazem prejuízos.
   Cabe a cada um de nós escolhermos o que faremos destas sementes, “Os empregados lhe perguntaram: Queres que vamos arrancar o joio? O dono respondeu: Não! Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e amarrai-o em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro!”(Mt. 13, 28b – 30.) Uma escolha faz toda a diferença, e é preciso que tenhamos sabedoria em lhe dar com situações adversas, no evangelho o dono do campo direcionou as suas preocupações para o trigo, e deixou que crescesse juntos o joio e o trigo. Em nossas vidas às vezes arrancamos tudo e condenamos até aquilo que está bom, é preciso que saibamos o momento certo de separar as coisas.
   “Jesus contou-lhes outra parábola: O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos”.(Mt. 13, 31 - 32) Muitas vezes nos vemos desacreditado em nossas vidas e não nos demos conta que mesmo fazendo pouco, estamos também construindo aqui na terra o reino de Deus, como aquela pequena semente de mostarda, que ao cair em solo fecundo cresce muito, servindo de abrigos para os pássaros, assim também quando semeamos a palavra de Deus, esta palavra entrando no coração das pessoas se tornam tão grande que abriga muitos outros corações desesperados, é a nossa pequena semente se tornando grande árvore.
   Ao despedir a multidão, Jesus explica a parábola aos discípulos, “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifeiros são os anjos. Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem enviará seus anjos, e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; e depois os lançarão na fornalha de fogo.”(Mt. 13, 37b – 42.) E nós, somos joio ou somos trigo? Nós é que escolhemos.  
   Jesus semeia boas sementes em nossos corações, mas, o mundo também oferece muitas outras coisas, é muito fácil se perder pelo caminho, vivemos colocando prioridade nas coisas erradas, deixamos de valorizar as nossas famílias e as verdadeiras amizades, vivemos correndo o tempo todo querendo obter mais, pisamos nos outros transformando-os em degrau de escada para subir na vida a qualquer custo, disseminamos a discórdia em nossos ambientes de trabalho tornando a vida dos outros em um inferno. Fazendo isso somos joio ou somos trigo?
   Nas passagens bíblicas Jesus vem nos convidando a sermos diferentes, pois ele conhece o nosso interior, sabe o que se passa em nossa cabeça, sabe quais são os nossos sentimentos, a cada dia vem semeando o amor, a paz e a sabedoria, nós também podemos semear. E vamos escolher semear o que? É preciso enchermos este mundo de trigo e que a colheita seja produtiva, mais do que sermos trigo, devemos fazer com que os nossos irmãos também sejam trigo, por isso devemos semear o amor e a paz nos campos dos nossos irmãos, mas, tudo sem impor, Jesus não se impôs, nos deixou livres para escolhermos o caminho.
   Que no dia colheita, sejamos o trigo que será levado para o celeiro e possamos fazer com que muitos outros também estejam neste celeiro, pois esta é a nossa missão, levar Jesus por toda a parte, sendo este sinal de esperança que conduz para a vida eterna.
Rubens Corrêa

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Jesus semeou o amor. Que tipo de terra é nosso coração? (13/07/2014)


   Neste 15º Domingo do Tempo Comum somos convidados a meditar com Jesus sobre a parábola do semeador e saber como estamos preparando o terreno para as sementes que são semeadas diariamente em nossos corações, como recebemos a palavra de Deus em nossas vidas. 

   Na primeira leitura o profeta Isaias nos diz: “Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la.”(Is. 55, 10 – 11.) Como a chuva que ao descer do céu tem a nobre função de irrigar e fecundar a terra, a palavra lançada não pode voltar vazia, o objetivo é que ela produza efeitos, a palavra de Deus não pode entrar e sair de nossas vidas sem que nos envolva completamente, é preciso que ouçamos e que algo em nossas vidas se transforme, assim como a terra seca se transforma em terra fecunda ao receber a água que vem do céu. 

   Na carta aos Romanos, vemos que: “Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós.”(Rm. 8, 18.) Nada que possamos sofrer aqui nesta vida é comparável glória a ser revelada em nós, o anuncio do Reino de Deus deve nos encher de alegria mesmo nas situações adversas, mesmo em meio a tempestade. 

   E vemos ainda que, “De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus. Pois a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou; também ela espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus.”(Rm. 8, 19 – 21.) Quantos estão esperando por esta revelação? E a quem foi confiada a revelação desta palavra que tem o poder de libertar da escravidão da corrupção? Somos nós a quem Deus confiou esta missão, e precisamos anuncia-la incansavelmente, não podemos esperar que outros a façam, somos nós que devemos revelar Jesus para o mundo todo, começando em nossas casas, em nossas comunidades, até que chegue ao mundo inteiro. “Com efeito, sabemos que toda a criação, até o tempo presente, está gemendo como que em dores de parto. E não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos interiormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo.”(Rm. 8, 22 – 23.) Nós que recebemos o Espirito Santo no batismo, recebemos também esta missão de ser sacerdote, rei e pastor, de anunciar que Deus é Pai misericordioso e que nele somos criatura novas livres do pecado. 

   No evangelho, São Mateus descreve os ensinamentos de Jesus por meio de parábolas, e neste domingo vamos meditar sobre a parábola do semeador, é uma bela história, mas, não é somente uma história, é um convite para que meditemos com estamos recebendo a palavra em nossas vidas. 

   Jesus semeou a semente em nossas vidas, mas, existem muito tipos de terrenos que recebem estas sementes, as que caem à beira do caminho são facilmente tiradas, as que caem em solo pedregoso germinam, mas, não se aprofundam e morrem, as que caem entre os espinhos, são sufocadas ao crescerem junto os espinhos, as que caem em solo fértil crescem e produzem muitos frutos. 
   Que tipo de solo é o nosso coração? Como estamos recebendo esta semente? Estamos produzindo frutos? São muitas perguntas, mas, são importantes perguntas para a vivência da fé, às vezes nos empolgamos com algo que acontece em nossa igreja e quando isso se torna comum perdemos a vontade de participar. Porque será que isso acontece? Neste caso podemos afirmar que como aquelas sementes que caíram em terreno pedregoso, a nossa fé germinou, mas, não tinham raízes, algo que realmente faça sentido, veio o sol, ou seja, tornou-se comum, e ela secou. 
   Devemos saber onde colocar a nossa fé, nas passagens bíblicas vemos que muitos seguiam a Jesus, ele atraia multidões com sua forma de falar e com os milagres que realizava, mas, não haviam nestas pessoas nenhum compromisso com algo mais nobre, cada um queria aliviar as suas próprias angustias, algo bem individualizado, e o ensinamento de Jesus é algo bem diferente disso, ele quer que o nosso coração seja esta terra boa onde a semente germine e produza muitos frutos, “Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente.”(Mt. 13, 8.) Alguns receberam assim a palavra de Deus e por isso que hoje estamos aqui tentando passar a diante este ensinamento. Quantos frutos surgiram a partir dos apóstolos? Sim foram muitos e ainda são muitos, somos os frutos destas sementes, frutos dão sementes e sementes em terra boa dão novos frutos, este é o ciclo que devemos seguir. 
   Há outra parte muito importante deste evangelho que por muitas vezes passa sem ser notada, “Os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus: Por que falas ao povo em parábolas? Jesus respondeu: Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado. Pois à pessoa que tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas à pessoa que não tem será tirado até o pouco que tem. É por isso que eu lhes falo em parábolas: porque olhando, eles não veem, e ouvindo, eles não escutam nem compreendem. Desse modo se cumpre neles a profecia de Isaías: Havereis de ouvir, sem nada entender. Havereis de olhar, sem nada ver. Porque o coração deste povo se tornou insensível. Eles ouviram com má vontade e fecharam seus olhos, para não ver com os olhos, nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o coração, de modo que se convertam e eu os cure.”(Mt. 13, 10 – 15.) As vezes nos encantamos com tantas coisa e nos perdemos dentro do nosso egoísmo, e sendo assim, mesmo vendo não vemos, e ouvindo nada entendemos, pois para compreender verdadeiramente a mensagem de Jesus temos que nos esvaziar cada vez mais de nós mesmos, para nos preencher dos outros, foi assim que Jesus fez. 
   A parábola do semeador nos convida a conversão verdadeira, pois muitos de nós estamos em todas as missas e celebrações, sejam elas semanais ou diárias e ao encontrar com o irmão na rua viramos o rosto como se não o conhecêssemos, falamos de paz e em nossos trabalhos disseminamos a mentira e a discórdia entre os colegas, pregamos o amor ao próximo e não temos coragem de sair do nosso conforto do lar para fazer o bem ao próximo, falamos contra as corrupções na política e ao ser parado em uma blitz do transito tentamos subornar o policial ou nos recusamos de fazer o teste do bafômetro, enfim são muitas situações em que vivemos diferentes do que anunciamos. 
   Para mudar o mundo não devemos tentar começar esta mudança a partir dos outros e sim começarmos de nós, pois, o mundo novo começa de ações novas de cristãos e cidadãos novos, devemos ser esta terra boa onde Jesus lança a semente, e que ela produza os frutos para a prosperidade.
Rubens Corrêa

terça-feira, 1 de julho de 2014

Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (06/07/2014)

   Somos convidados a meditar neste 14º Domingo do Tempo Comum sobre os nossos fardos, às vezes achamos que são de pesos insuportáveis e até desnecessários, às vezes somos nós que impomos estes fardos a outros, neste caso sempre achamos que sobre os ombros do próximo o fardo é leve, enfim, Jesus nos convida a uma reflexão mais profunda sobre este tema.
   Na primeira leitura o profeta Zacarias nos diz: Exulta, cidade de Sião! Rejubila, cidade de Jerusalém! Eis que vem teu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento, um potro, cria da jumenta.(Zc. 9, 9.) O povo de Israel esperava este rei, que irá julgar com justiça, irá libertar este povo do julgo pesado que lhe foi imposto, mesmo com todo o poder este rei é um exemplo de humildade.
   No versículo seguinte vemos que este rei tem uma atuação diferente dos outros, Eliminará os carros de Efraim, os cavalos de Jerusalém; ele quebrará o arco de guerreiro, anunciará a paz às nações. Seu domínio se estenderá de um mar a outro mar, e desde o rio até os confins da terra.(Zc. 9, 10.) Ele não governa a força, não precisa de exército para se impor, ele anunciará a paz as nações e esta paz se estenderá a toda a terra. Deus não quer a guerra, nada justifica a violência, Deus é paz, esta paz que deve ser anunciada além-fronteiras, a todos os povos sem distinção.
   Em sua Carta aos Romanos, o Apóstolo São Paulo nos diz: “Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós. Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que mora em vós.”(Rm. 8, 9. 11.) Em Jesus, somos chamados a viver segundo o espírito, pois Deus ressuscitou Jesus dos mortos, para também nos dá a vida, e esta vida não se acaba neste mundo, Deus quer que em Jesus alcançamos a vida eterna, mas, para isso devemos renunciar toda a corrupção e toda a maldade, que a carne com sua sedução, nos impõe, quem tem este espírito de Cristo ressuscitado não pode viver de qualquer forma, tem que ser diferente.
   Somos convidados a nos desapegar das coisas que nos atrapalha de vivermos o evangelho de Jesus, Portanto, irmãos, temos uma dívida, mas não para com a carne, para vivermos segundo a carne. Pois, se viverdes segundo a carne, morrereis, mas se, pelo espírito, matardes o procedimento carnal, então vivereis. (Rm. 8, 12 – 13.) Não que as pessoas não possa ter os seus bens, mas, este bens não pode ser o centro de nossas vidas, e junto com esta renúncia, somos convidados a abandonar todas aquelas práticas que nos afasta de Deus, os vícios, a prostituição, a corrupção (seja ela ativa ou passiva), a omissão, a opressão, enfim, somos convidados a viver diferente, não maior ou melhor do que os outros, e sim maior ou melhor que nós mesmos, melhor do somos agora, é um grande desafio.
   No evangelho Jesus nos diz: Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. (Mt. 11, 25 – 26.) Deus se revela aqueles menores, aqueles que não estão cobertos pelo dinheiro e pelo poder, ou daqueles que se acham donos da verdade. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.(Mt. 11, 27.) Em Jesus é que conhecemos verdadeiramente Deus, o Deus da paz, do amor ao próximo, ele não é opressor, não é vingativo como muitos anunciam, ele é Deus Pai e Deus Mãe, ele sempre está conosco, mesmo quando não o procuramos.
   Muitas vezes em nossas vidas estamos ao ponto de desistir de tudo, então Jesus nos fala, Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt. 11, 28 – 30.) Em Jesus encontramos descanso, ele alivia os nossos fardos, as nossas angustias, os nossos medos, nele encontramos motivos para seguir em frente em nossas vidas, mas, esta vida deve ser uma vida diferente, por que quem vive em Cristo não vive mais como antes, são pessoas novas.
   Esta leitura também nos convida a refletir sobre os fardos que impomos aos outros, os fardos da família, os fardos do trabalho, os fardos da sociedade e também os fardos da religião, muitas vezes impomos aos outros aquilo não estamos dispostos a carregar, e nessa atitude nos afastamos do evangelho de Jesus, pois ele se mostra como manso e humilde de coração, ele alivia os fardos e não coloca sobre os nossos ombros algo que não conseguimos carregar.
   Devemos ter muito cuidado com que colocamos como regras nas igrejas, muitas vezes impomos algo que não é essencial para a vivencia da fé, e afastamos os irmãos que sentem-se oprimidos com aquilo que impomos, não podemos perder a essência do ensinamento de Jesus, ele nos pediu para amar ao próximo e não impôs condições para isso, simplesmente mandou amar o próximo com a si mesmo, e isso resume todo o ensinamento de Jesus. 
Rubens Corrêa