sábado, 28 de abril de 2018

“Cristo a Videira, nós os ramos” (29/04/2018)


A cada Domingo a Igreja nos convida a fazer memória da Páscoa, ouvindo juntos a Palavra de Deus. A liturgia de hoje nos leva a permanecer em Cristo, ao compromisso com a realidade humana, dando bons frutos de paz, esperança, justiça, amor e perdão, assim somos os ramos da videira verdadeira, cultivada pelo Pai, pedimos que Ele nos firme na íntima comunhão com Jesus Ressuscitado e nos dê a graça de vivermos como pessoas renovadas.

Leitura dos Atos dos Apóstolos: (At 9, 26-31)
Naqueles dias, 26Saulo chegou a Jerusalém e procurava juntar-se aos discípulos. Mas todos tinham medo dele, pois não acreditavam que ele fosse discípulo. 27Então Barnabé tomou Saulo consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor no caminho, como o Senhor lhe havia falado e como Saulo havia pregado, em nome de Jesus, publicamente, na cidade de Damasco. 28Daí em diante, Saulo permaneceu com eles em Jerusalém e pregava com firmeza em nome do Senhor. 29Falava também e discutia com os judeus de língua grega, mas eles procuravam matá-lo. 30Quando ficaram sabendo disso, os irmãos levaram Saulo para Cesaréia, e daí o mandaram para Tarso. 31A Igreja, porém, vivia em paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Ela consolidava-se e progredia no temor do Senhor e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

A primeira leitura nos diz que a entrada de Saulo no grupo dos apóstolos foi difícil, pois estes não acreditavam que, de perseguidor, ele tivesse se tornado um discípulo de Jesus. Como acreditar naquele que perseguia os cristãos? Por isso, Saulo teve de passar pelo constrangimento de ser rejeitado pelos outros discípulos até que Barnabé testemunhasse a seu favor. Daí em diante, então, Saulo pôde permanecer em Jerusalém no meio da Igreja que crescia e vivia em paz com a ajuda do Espírito Santo. É difícil acreditarmos na conversão das pessoas quando conhecemos as suas fraquezas, o seu passado, os seus pecados. Precisa que haja alguém que dê testemunho das nossas boas ações no mundo para que os outros acreditem em nós. Como Saulo, que depois se tornou Paulo, nós e os nossos desafetos, podemos também passar de perseguidor a discípulo e fazer crescer ainda mais a Igreja de Jesus Cristo, dentro da nossa casa, na nossa comunidade e no nosso trabalho, lazer, enfim no mundo.  Basta para isso, que nos deixemos guiar pelo Espírito de Misericórdia de Jesus.

Salmo 21
Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembleia!
Sois meu louvor em meio à grande assembleia; cumpro meus votos ante aqueles que vos temem! Vossos pobres vão comer e saciar-se, e os que procuram o Senhor o louvarão: “Seus corações tenham a vida para sempre!”
Lembrem-se disso os confins de toda a terra, para que voltem ao Senhor e se convertam, e se prostrem, adorando, diante dele todos os povos e as famílias das nações. Somente a ele adorarão os poderosos, e os que voltam para o pó o louvarão.
Para ele há de viver a minha alma, toda a minha descendência há de servi-lo; às futuras gerações anunciará o poder e a justiça do Senhor; ao povo novo, que há de vir, ela dirá: “Eis a obra que o Senhor realizou!”

O salmo fala daqueles que procuram o Senhor e dão testemunho das suas obras através do louvor e diante da grande assembleia, isto é, diante do mundo. O Senhor é digno de todo nosso louvor e da adoração de todos os povos, raças e famílias das nações.

Leitura da Primeira Carta de São João: (1Jo 3,18-24)
18Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! 19Aí está o critério para saber que somos da verdade e para sossegar diante dele o nosso coração, 20pois, se o nosso coração nos acusa, Deus é maior que o nosso coração e conhece todas as coisas. 21Caríssimos, se o nosso coração não nos acusa, temos confiança diante de Deus. 22E qualquer coisa que pedimos recebemos dele, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é do seu agrado. 23Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu. 24Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele. Que ele permanece conosco, sabemo-lo pelo Espírito que ele nos deu. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

Para João, a verdade se mostra em gestos concretos, permanecer em união com Cristo, no mandamento do amor fraterno. É o amar, não só com palavras, mas em atos e de verdade. Esse amor faz com que reconheçamos que somos da verdade e tenhamos paz em nosso coração. Se nosso coração nos acusa devemos confiá-lo a Deus para conversão, mas se não nos acusa, podemos viver da comunhão com Deus. “Amar uns aos outros como Ele nos amou”, são esses os frutos que Deus espera de todos que estão unidos a Cristo, a Verdadeira Videira.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João: (Jo 15,1-8)
Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: 1“Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. 2Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda. 3Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei. 4Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim. 5Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados. 7Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. 8Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos. – Palavra da Salvação. – Glória a Vós, Senhor.

Estamos no quinto Domingo da Páscoa. Hoje Jesus nos fala da videira e dos seus ramos. Com esta parábola do Evangelho de João, Jesus nos exorta e abre os nossos olhos para que tenhamos o conhecimento de que o objetivo do Pai é que produzamos frutos bons, e isto só poderá acontecer se estivermos unidos a Ele. O Pai é o agricultor, Jesus é a árvore e nós somos os ramos. Os ramos, ligados à árvore, recebem dela a seiva que os alimentam e os fazem dar flores e frutos. Quando os ramos caem da árvore, eles morrem. E os ramos que estão secos, feios, desarrumados, são podados, para que cresçam mais bonitos. Se estivermos unidos a Jesus, seguindo a Sua Palavra, seremos seus discípulos e daremos os frutos de paz, de alegria, de concórdia, de fraternidade e principalmente da caridade, e este é o que mais necessitamos na nossa vida diária, de comunidade e familiar.

A nossa união com Jesus é sinal de vida, não existe vida estando separado do tronco, o ramo que se separa do tronco, seca e morre sem produzir frutos, é então, lançado ao fogo como qualquer lenha inútil. Em compensação, os ramos que se mantêm unidos ao tronco recebem a seiva da vida que os torna fortes, vigorosos e férteis, produzem muitos frutos e de excelente qualidade. Permanecer em Deus é permanecer no amor aos irmãos em comunhão com o Espírito Santo. a Palavra é quem nos orienta, assim sendo, compete a nós permanecer firmes na Palavra de Deus, acolhendo o Seu amor assim como também as correções que o amor faz em nós. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Irmãos e irmãs ótimo domingo e abençoada semana.
Marlene Coelho Resstel

sábado, 21 de abril de 2018

Seguido os passos do ressuscitado seremos um só rebanho (22/04/2018)

Neste quarto domingo da Páscoa contemplamos Jesus como o verdadeiro e bom pastor, ele nunca abandona o seu rebanho, mesmo em situações de perigos ele se mantém fiel dando a sua vida para proteger as ovelhas, nele encontramos o único caminho para a salvação e por ele recebemos o grande presente da filiação divina, em Jesus somos todos irmãos e filhos de Deus.

Na leitura dos Atos dos Apóstolos 4,8-12 vemos a força do testemunho de Pedro.
Leitura dos Atos dos Apóstolos: Naqueles dias, 8Pedro, cheio do Espírito Santo, disse: “Chefes do povo e anciãos, 9hoje estamos sendo interrogados por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado. 10Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré – aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos –, que este homem está curado diante de vós. 11Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que se tornou a pedra angular. 12Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos”. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

Vemos que mesmo correndo perigo, Pedro dá testemunho da ressurreição de Jesus, foi por meio do ressuscitado que aquele homem no templo foi curado, ele é a pedra rejeitada pelos construtores e se torna a pedra angular, somente em seu nome podemos alcançar a salvação, mas, para isso temos que fazer a nossas edificações sobre esta pedra, para que seja sólida e segura, devemos como Pedro, dar testemunho deste Jesus que nos traz vida nova e plena, mesmo quando tudo parecer desfavorável.

No Salmo 117(118) colocamos a nossa confiança naquele que foi rejeitado pelo mundo, mas que se tornou o alicerce da nossa salvação.
A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular.
Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! “Eterna é a sua misericórdia!” É melhor buscar refúgio no Senhor do que pôr no ser humano a esperança; é melhor buscar refúgio no Senhor do que contar com os poderosos deste mundo!
Dou-vos graças, ó Senhor, porque me ouvistes e vos tornastes para mim o salvador! A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular. Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: que maravilhas ele fez a nossos olhos!
Bendito seja, em nome do Senhor, aquele que em seus átrios vai entrando! Vós sois meu Deus, eu vos bendigo e agradeço! Vós sois meu Deus, eu vos exalto com louvores! Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! “Eterna é a sua misericórdia!”

A carta de 1 João 3,1-2 nos convida a ser para o mundo a presença do Cristo ressuscitado.
Leitura da primeira carta de são João: Caríssimos, 1vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai. 2Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

João nos fala que por Jesus Cristo recebemos o grande presente de sermos chamados filhos de Deus, através da sua manifestação nos tornamos semelhantes a ele, pois vemos verdadeiramente como ele é, ser semelhante a Cristo é continuar a sua missão de anunciar e denunciar, é trazer de volta ao centro aquele que foi colocado a margem da sociedade, é combater todas as situações de morte que oprime o povo, sejam elas, religiosas ou políticas, é ser sinal de esperança e de paz, é deixar Deus agir por meio de nós para que o mundo o conheça e assim nós também seremos conhecidos, e reconhecidos filhos de Deus.

O Evangelho João 10,11-18 nos apresenta Jesus Cristo o verdadeiro e bom pastor.
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo João – Naquele tempo, disse Jesus: 11“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. 12O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. 13Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas. 14Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. 16Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. 17É por isto que o Pai me ama, porque dou a minha vida para depois recebê-la novamente. 18Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi do meu Pai”. – Palavra da salvação. – Gloria a Vós Senhor.

Jesus se coloca como o bom pastor, aquele que dá a vida pelas ovelhas, ele não é como o mercenário que foge ao ver o perigo deixando as ovelhas a mercê dos lobos, ele conhece as ovelhas e as ovelhas lhe conhecem, ele reunirá as ovelhas que estão dispersas pelo mundo formando um só rebanho. Cristo é o verdadeiro pastor, ele deu a sua vida para nos salvar, a vida não lhe foi tirada, ele se ofereceu em sacrifico para que retornando a vida resgatasse a todos nós, somente alguém com grande amor que seria capaz de um gesto deste, por se manter fiel a vontade do Pai, Jesus é amado por Deus, e este amor ele compartilha conosco.

Que neste domingo possamos seguir a nossa caminhada rumo ao Pai, Jesus caminha ao nosso lado nos dando força para superar todos os obstáculos do caminho, precisamos confiar que ele é o verdadeiro pastor e nós somos o seu rebanho, e que dentro deste rebanho precisamos ser sinais de esperança para aquelas ovelhas que ameaça se desgarrar, o rebanho é muito numeroso e Jesus conta conosco, que já vivenciamos este grande amor de Deus, para testemunhar e buscar as ovelhas dispersas pelo mundo, assim como Pedro e os outros apóstolos fizeram, dar testemunho com a própria vida, sendo semelhante a Jesus.

Sozinha perdida no mundo a ovelha é alvo fácil para os lobos, mas, reunida em um só rebanho tendo Jesus como pastor de nossas vidas, nenhum lobo terá êxito em seus ataques, pois juntos somos mais forte e podemos muito mais. Precisamos assumir a condição de filhos de Deus e fazer deste mundo um lugar melhor para se viver, levando o amor de Deus em nossas ações, sem oprimir ou obrigar que o outro aceite, cada um tem o momento certo para ter a sua experiência com Deus, devemos ir abrindo caminho, para que ao seu tempo, estes irmãos de rebanho possa caminhar com as próprias pernas ao encontro deste grande amor de Deus, ser semelhante a Jesus é colocar-se a serviço do próximo, animando a sua caminhada para uma nova vida transformada por Cristo ressuscitado.
Em Jesus, Maria e José.
Rubens Corrêa

sábado, 14 de abril de 2018

Cristo ressuscitou, Aleluia, Aleluia!!! (15/04/2018)

O tempo Pascal tem início na Vigília Pascal, passa pela Ressureição de Cristo, e se encerra no dia de Pentecostes com a vinda do Espirito Santo, tempo de extrema alegria pois Cristo ressuscitou. Durante esses cinquenta dias Jesus faz algumas aparições, demostrando que havia se cumprindo tudo o que Ele tinha dito e que sua ressurreição instaura um novo tempo.

As aparições de Jesus narradas pelos evangelistas João e Lucas, mostra que os discípulos não reconhecem Jesus, de imediato, para que isso aconteça eles precisam de uma palavra ou sinal:

Falavam ainda, quando ele próprio se apresentou no meio deles e disse: “A paz esteja convosco! Tomados de espanto e temor, imaginavam ver um espirito. Mas ele disse: “Por que estais perturbados e por que surgem tais duvidas em vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu! (Lucas 24,36-38). A razão disso é que Jesus ressuscita com seu corpo glorioso. Após comer com eles Jesus faz memória de sua missão, e que tudo que foi pregado pelos profetas era verdadeiro.

Este sinal é um lembre-te de todo o ensinamento de Cristo, com isso Jesus, reforça mais uma vez a missão dos discípulos:
“E que, em seu Nome, fosse proclamado o arrependimento para remissão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém.”  (Lucas 24,47a). E, portanto, também a nossa, de sermos propagadores da misericórdia de Cristo e do seu reino de Amor. Este anuncio não pode ser ineficaz para quem ouve, tem que mexer com o coração, com íntimo a final ele morreu para pagar pelo nosso pecado.

Precisa ser destacado também que Jesus precisou “abrir a inteligência de seus discípulos”, mas esse abrir é no sentido espiritual, aos olhos da fé eles não acreditavam na ressurreição por isso seus corações se fecharam a presença Gloriosa do Messias. Por vezes também estamos nessa situação e além disso crendo e as colocando a frente do Cristo inúmeras outras coisas e não cremos em suas palavras e sua ação em nossas vidas. 

Cristo nos diz: “Vos sereis testemunhas de tudo isso” (Lucas 24,48) nós que ouvimos e que falamos do Senhor seremos mais cobrados, será exigido de nós um melhor testemunho, por isso nesse 3°domingo da Pascoa façamos a adesão sincera e verdadeira pelo Senhor, e peçamos que ele converta também a cada um de nós para que brilhe em nós a face do Cristo ressuscitado.
Marwin Amaral Martins


sábado, 7 de abril de 2018

Meu Senhor e meu Deus (08/04/2018)

Eterna é a sua misericórdia!

É a certeza que teremos ao final da liturgia do segundo Domingo da Páscoa.

Começa uma nova etapa na história da evangelização. Jesus apresenta-se aos apóstolos após a Ressurreição e envia o Espírito Santo Os apóstolos mostravam como a misericórdia de Deus superava a fraqueza humana, a paz penetrava no coração dos que recebiam o perdão de Deus.
“A paz esteja convosco”.

Atos dos Apóstolos 4,32-35
Leitura dos Atos dos Apóstolos: 32A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. 33Com grandes sinais de poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E os fiéis eram estimados por todos. 34Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas vendiam-nas, levavam o dinheiro 35e o colocavam aos pés dos apóstolos. Depois, era distribuído conforme a necessidade de cada um. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

A leitura descreve o funcionamento das primeiras comunidades, com a partilha e distribuição conforme a necessidade de cada um. E não havia necessitado entre eles.

Salmo - Sl 117,2-4.16ab-18.22-24 (R. 1)
Dai graças ao Senhor, porque ele é bom; / “eterna é a sua misericórdia!”
A casa de Israel agora o diga: “Eterna é a sua misericórdia!” A casa de Aarão agora o diga: “Eterna é a sua misericórdia!” Os que temem o Senhor agora o digam: “Eterna é a sua misericórdia!”
A mão direita do Senhor fez maravilhas, a mão direita do Senhor me levantou, a mão direita do Senhor fez maravilhas! Não morrerei, mas ao contrário, viverei para cantar as grandes obras do Senhor! O Senhor severamente me provou, mas não me abandonou às mãos da morte.
A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular. Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: que maravilhas ele fez a nossos olhos! Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!

Primeira Carta de São João 5,1-6
Leitura da primeira carta de são João: Caríssimos, 1todo o que crê que Jesus é o Cristo nasceu de Deus, e quem ama aquele que gerou alguém amará também aquele que dele nasceu. 2Podemos saber que amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. 3Pois isto é amar a Deus: observar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, 4pois todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé. 5Quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? 6Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. (Não veio somente com a água, mas com a água e o sangue.) E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

Leitura da Primeira Carta de São João nos diz que amar a Deus é observar os seus mandamentos.

Evangelho João 20,19-31
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo João: 19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. 20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. 24Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. 26Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. 27Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. 28Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” 29Jesus lhe disse: “Acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” 30Jesus realizou muitos outros sinais, diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. 31Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. – Palavra da salvação. – Glória a Vós Senhor.

O Evangelho nos apresenta o estado de medo em que discípulos de Jesus estavam após a sua morte, sem esperanças e sem direção após a morte Daquele que os conduzia.

Na primeira leitura, vemos uma comunidade ideal vivida a partir da experiencia dos apóstolos em partilhar tudo que tem para que nada falte a ninguém. Da comunhão com Cristo resulta a comunhão dos cristãos entre si; e isso implica na renúncia ao egoísmo, a auto-suficiência, ao fechamento em si próprio e uma abertura de coração para a partilha de bens, de dom e de amor.

Num mundo onde a realização e o êxito se medem pelos bens acumulados e que não entende a partilha e o dom, a comunidade de Jesus é chamada a dar exemplo de uma lógica diferente e a propor um mundo que se baseie nos valores de Deus. Observar que por comunidade se entende pessoas diversas, mas que abraçam a mesma fé.

Na 2ª leitura os verdadeiros crentes são aqueles que amam a Deus e que amam, também, Jesus Cristo, o Filho que nasceu de Deus e que é Filho de Deus desde a encarnação e durante toda a sua existência terrena. A sua paixão e morte também fazem parte do projeto salvador de Deus (Jesus veio apresentar aos homens um projeto de salvação, “não só pela água, mas com a água e o sangue” – vers. 6).

No entanto, amar a Deus significa cumprir os seus mandamentos. Quando amamos alguém, procuramos realizar obras que agradem àquele a quem amamos… Não se pode dizer que se ama a Deus se não cumprem os seus mandamentos… E o mandamento de Deus é que amemos os nossos irmãos. Todo aquele que se considera filho de Deus e que pertence à família de Deus deve amar os irmãos que são membros da mesma família.

No evangelho podemos destacar algumas coisas
*Os discípulos de portas fechadas por medo;
Ao aparecer “no meio deles”, Jesus torna-se ponto de referência, fator de unidade. A comunidade está reunida e Ele é o centro onde todos vão beber essa vida que lhes permite vencer o “medo” e a hostilidade do mundo. E afirma aos cristãos de todas as épocas que continua vivo e presente, acompanhando a sua Igreja. De resto, cada crente deve fazer a experiência do encontro com o “Senhor” ressuscitado, sempre que celebra a fé com a sua comunidade.

·       * Jesus deixando a paz e enviando os discípulos, do mesmo modo que foi enviado pelo Pai;
A Cristo ressuscitado, os habitantes de Jerusalém não podiam ver; mas o que eles podiam ver era a espantosa transformação operada no coração dos discípulos, capazes de superar tudo e de viver no amor. Viver de acordo com os valores de Jesus é a melhor forma de anunciar e de testemunhar que Jesus está vivo.

* O sopro do espírito Santo sobre os escolhidos para dar continuidade na missão; 
Jesus transmite aos discípulos a vida nova que fará deles homens novos. Agora, os discípulos possuem o Espírito, a vida de Deus, para poderem – como Jesus – dar-se generosamente aos outros. É este Espírito que constitui e anima a comunidade de Jesus.

A incredulidade de Tomé e o pedido de Jesus para que seja fiel.

Tomé representa aqueles que vivem fechados em si próprios (está fora) e que não faz caso do testemunho da comunidade, nem percebe os sinais de vida nova que nela se manifestam. Em lugar de integrar-se e participar da mesma experiência, pretende obter uma demonstração particular de Deus.
Tomé acaba, no entanto, por fazer a experiência de Cristo vivo no interior da comunidade. Porque no “dia do Senhor” volta a estar com a sua comunidade. É uma alusão clara ao domingo, ao dia em que a comunidade é convocada para celebrar a Eucaristia: é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus ressuscitado ou seja, é reunidos em comunidade que percebemos a demonstração de Misericórdia de Deus para conosco.

* É esse Espírito que Jesus oferece aos seus seguidores, que faz deles testemunhas do amor de Deus e que lhes dá a coragem e a generosidade para continuarem no mundo a obra de Jesus. Sem a certeza da presença de Jesus, seremos somente gente assustada, incapaz de enfrentar o mundo e de ter uma atitude construtiva e transformadora; sem Ele, estaremos divididos, em conflito, e não seremos uma comunidade de irmãos.

Na nossa comunidade, Cristo é verdadeiramente o centro? É para Ele que tudo tende e é d’Ele que tudo parte? Quem procura Cristo ressuscitado, encontra-O em nós? O amor de Jesus transparece nos nossos gestos?

A passagem da dúvida de Tomé, pode servir de base para muitos dos cristãos de hoje. Não se recusam crer, apenas não compreendem. A dúvida exprime um desejo de conhecer melhor como vivenciar a fé. 

Jesus faz um convite: “Deixa de ser incrédulo, sê crente”. Então, o Tomé da dúvida torna-se o Tomé que proclama a sua fé como nenhum dos seus discípulos o fez. Ele grita: “Meu Senhor e meu Deus!” A Igreja não abandonará jamais esta profissão de fé. Hoje ainda, ela termina grande parte das orações dirigidas ao Pai, dizendo: “Por Jesus Cristo, vosso Filho, nosso Deus e Senhor”. São as próprias palavras de Tomé que alimentam a fé e a oração da Igreja.  Então, bem-aventurado Tomé e bem-aventurados os que creram sem terem visto!'
Carla Matos