domingo, 28 de fevereiro de 2016

Em Cristo frutificamos esperança para o mundo (28/02/2016)

   Neste terceiro domingo da quaresma somos convidados para ter um encontro especial com Deus, dele recebemos a missão de sermos transformadores deste mundo, mas, esta transformação começa dentro de cada um de nós, precisamos ser merecedores da graça que Deus tem para nós e para isso devemos ser uma figueira fecunda, trazendo bom frutos e colocando-os a disposição do reino de Deus, em Jesus a nossa missão frutifica abundantemente.
   Na primeira leitura (Êx 3,1-8a.13-15.) o encontro de Moisés com Deus: “Naqueles dias, Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Levou, um dia, o rebanho deserto adentro e chegou ao monte de Deus, o Horeb. Apareceu-lhe o anjo do Senhor numa chama de fogo, do meio de uma sarça. Moisés notou que a sarça estava em chamas, mas não se consumia, e disse consigo: ‘Vou aproximar-me desta visão extraordinária, para ver por que a sarça não se consome’. O Senhor viu que Moisés se aproximava para observar e chamou-o do meio da sarça, dizendo: ‘Moisés! Moisés!’ Ele respondeu: ‘Aqui estou’. E Deus disse: ‘Não te aproximes! Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é uma terra santa’. E acrescentou: ‘Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó’. Moisés cobriu o rosto, pois temia olhar para Deus. E o Senhor lhe disse: ‘Eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores. Sim, conheço os seus sofrimentos. Desci para libertá-los das mãos dos egípcios, e fazê-los sair daquele país para uma terra boa e espaçosa, uma terra onde corre leite e mel’. Moisés disse a Deus: ‘Sim, eu irei aos filhos de Israel e lhes direi: ‘O Deus de vossos pais enviou-me a vós’. Mas, se eles perguntarem: ‘Qual é o seu nome?’, o que lhes devo responder?’ Deus disse a Moisés: ‘Eu Sou aquele que sou’. E acrescentou: ‘Assim responderás aos filhos de Israel: ‘Eu Sou’ enviou-me a vós’. E Deus disse ainda a Moisés: ‘Assim dirás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, o Deus de vossos Pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó enviou-me a vós’. Este é o meu nome para sempre, e assim serei lembrado de geração em geração’.”
   Deus se compadece da dor do povo e do meio da sarça em chamas, convoca o seu predestinado Moisés para libertar o povo, o manda tirar as sandálias em sinal de humildade e reafirma que é o Deus que fez a aliança com Abraão, Isaac e Jacó, e que chegou o momento de libertar o povo da dura realidade de escravidão no Egito, conduzi-lo para uma terra fecunda onde corre leite e mel. Hoje somos nós que com humildade, devemos ouvir o chamado de Deus e nos colocar a serviço, pois o povo sofre com tantas situações que oprime e nós não podemos ficar calados diante do clamor de quem passa fome, que sofre com a injustiça e com as guerras, milhões de pessoas que sofre com a negligencia de governos que desviam recursos de áreas sociais para os bolsos de uma minoria que explora a miséria e a dor do povo. Hoje Deus nos chama e nos envia para ser esperança e libertação para este mundo.  
   Em sua carta aos Coríntios (1Cor 10,1-6.10-12.) o apostolo Paulo nos diz: “Irmãos, não quero que ignoreis o seguinte: Os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar; todos foram batizados em Moisés, sob a nuvem e pelo mar; e todos comeram do mesmo alimento espiritual, e todos beberam da mesma bebida espiritual; de fato, bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava — e esse rochedo era Cristo —. No entanto, a maior parte deles desagradou a Deus, pois morreram e ficaram no deserto. Esses fatos aconteceram para serem exemplos para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, e, por isso, foram mortos pelo anjo exterminador. Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.”
   Em Cristo encontramos a salvação, muitas vezes encontramos o caminho, participamos da vida da comunidade, mas, não abandonamos as praticas que desagrada a Deus, e mesmo assim achamos que somos merecedores de alguma coisa, o apostolo Paulo vem nos alertar com o exemplo de povo que presenciou a graça de Deus na saída da escravidão do Egito e que se perverteu durante a caminhada no deserto rumo a terra prometida, não podemos nos perder do caminho, olhando os exemplos de Jesus encontramos o caminho seguro rumo ao reino de Deus.
   No evangelho (Lc 13,1-9.) vemos Jesus ensinando por meio de parábola: “Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam. Jesus lhes respondeu: ‘Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo’. E Jesus contou esta parábola: ‘Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’ Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás’.”
   Jesus nos convida a uma verdadeira conversão, e nos ensina com a parábola da figueira que de nada adianta estarmos neste mundo ocupando espaço se não produzimos frutos, ele como aquele vinhateiro intercede por nós, solicitando a Deus mais um tempo para que possamos apresentar os frutos que até então não apresentamos a Deus, ele com sua palavra cava em volta de nós e com os seus exemplos nos aduba para nos tornar fecundos, mas, somos nós que devemos usar esta palavra e os exemplos para transformar em frutos apresentando diante de Deus no dia da colheita.
   Vemos que Deus criou este mundo e nos deu como casa para habitarmos, em nada somos merecedores desta terra, tudo é dom gratuito de Deus, mas, não estamos cuidando deste presente que recebemos, vivemos em um mundo de muitas desigualdades, nas mãos de poucos estão a maioria das riquezas deste mundo enquanto a muitos não tem nem o básico para viver, em nome do progresso e do dinheiro destruímos os rios, as florestas, o ar e toda a vida do planeta, e o povo sofre com a falta de planejamento e estrutura de uma sociedade que visa somente o lucro rápido e fácil a qualquer custo, este ano somos convocado para na luz da palavra de Deus mudar esta triste realidade, ainda há tempo de apresentarmos bons frutos diante do Senhor.
   Que neste domingo possamos aprender com o exemplo de Moisés que tirou as sandálias em gesto de humildade e que abaixou os olhos por não se considerar digno de contemplar o Senhor face a face, mas, que atendeu o chamado de Deus libertando o povo da escravidão no Egito, com Paulo aprendemos que Cristo é o rochedo que nos salva e não podemos mais continuar com as velhas práticas, depois que experimentamos a salvação que vem do Senhor, tudo que era velho se torna novo, em Jesus somos as figueiras devidamente adubadas com sua palavra e seus exemplos para produzir frutos de esperança para este mundo.
Rubens Corrêa

sábado, 20 de fevereiro de 2016

O Cristo transfigurado nos dá a esperança da aliança definitiva (21/02/2016)

   A liturgia deste segundo domingo da quaresma nos remete a refletir sobre a aliança que Deus faz com o seu povo nos diferentes momentos da historia a fim de dar a libertação dos oprimidos e fazer florescer a justiça entre os homens. Ele nos chama a ser fiel e crer em sua promessa de vida eterna.
Primeira leitura: Gn 15,5-12.17-18 
Leitura do Livro do Gênesis: Naqueles dias, 5o Senhor conduziu Abrão para fora e disse-lhe: “Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz!” E acrescentou: “Assim será a tua descendência”.
6Abrão teve fé no Senhor, que considerou isso como justiça. 7E lhe disse: “Eu sou o Senhor que te fez sair de Ur dos Caldeus, para te dar em possessão esta terra”.
8Abrão lhe perguntou: “Senhor Deus, como poderei saber que vou possuí-la?” 9E o Senhor lhe disse: “Traze-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, além de uma rola e de uma pombinha”.
10Abrão trouxe tudo e dividiu os animais pelo meio, mas não as aves, colocando as respectivas partes uma frente à outra.
11Aves de rapina se precipitaram sobre os cadáveres, mas Abrão as enxotou. 12Quando o sol já ia se pondo, caiu um sono profundo sobre Abrão e ele foi tomado de grande e misterioso terror.
17Quando o sol se pôs e escureceu, apareceu um braseiro fumegante e uma tocha de fogo, que passaram por entre os animais divididos.
18Naquele dia, o Senhor fez aliança com Abrão, dizendo: “Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o Eufrates”. – Palavra do Senhor – Graças a Deus –
   Na primeira leitura Deus faz uma promessa a Abrão homem já em idade avançada, que te dará uma descendência numerosa por seu amor e confiança. Abrão pede instruções ao Senhor e ele te dá à resposta de como deve agir para receber tal justiça. Para Deus devemos dar sempre o que temos de melhor e mais puro por isso ele pede animais de três anos para mostrar pureza e a rola e a pombinha não são sacrificadas para que possamos entender que se confiarmos no senhor podemos voar alto alcançar um novo horizonte de bênçãos, assim como Abrão.  
Segunda Leitura (Fl 3, 17-21. 4,1)
Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses: 17Sede meus imitadores, irmãos, e observai os que vivem de acordo com o exemplo que nós damos.
18Já vos disse muitas vezes, e agora o repito, chorando: há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo. 19O fim deles é a perdição, o deus deles é o estômago, a glória deles está no que é vergonhoso e só pensam nas coisas terrenas.
20Nós, porém, somos cidadãos do céu. De lá aguardamos o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. 21Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas.
4,1Assim, meus irmãos, a quem quero bem e dos quais sinto saudade, minha alegria, minha coroa, meus amigos, continuai firmes no Senhor. – Palavra do Senhor – Graças a Deus –
   Na carta de Paulo ele nos chama a sermos seus imitadores, observando sempre os ensinamentos do próprio Jesus e sendo anunciadores da boa noticia assim como ele mesmo o fez através de seus exemplos e suas cartas, cartas estas que levavam a mensagem de Cristo a comunidades mais distantes e que ainda hoje nos transmitem a mensagem do Amor de Deus por nós e nos orienta a não se deixar contaminar pelo pecado que destrói o ser humano como um todo (fisicamente, moralmente e espiritualmente) e toda a sua criação.
Anúncio do Evangelho (Lc 9, 28b-35)
Naquele tempo, 28bJesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. 29Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante.
30Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. 31Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém.
32Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele.
33E, quando estes dois homens se iam afastando, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro não sabia o que estava dizendo.
34Ele estava ainda falando, quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo ao entrarem dentro da nuvem.
35Da nuvem, porém, saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!”
36Enquanto a voz ressoava, Jesus encontrou-se sozinho. Os discípulos ficaram calados e naqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto. – Palavra da Salvação – Glória a vós Senhor –
   Antes desse acontecimento Jesus tinha dito a seus discípulos tudo o que haveria de acontecer e eles tiveram muitas duvidas porque todos achavam que o messias deveria ser alguém forte com poder e autoridade. Como poderia Jesus sofrer e morrer então? Como poderia salvar a todos se ele mesmo cairia nas mãos dos opressores? Estando a se preparar para tal acontecimento, Jesus parte com seus discípulos para monte para orar, e lá diante dos discípulos e em oração Jesus é revestido de glória e conversa com Moises e Elias, Moises que tinha vivido êxodo para a libertação do seu povo e Elias um dos maiores profetas da historia. Quando vê a cena Pedro quer ficar ali junto com eles, mas Deus os cobre com uma nuvem o que os causa medo, mas do meio da nuvem vem a voz Deus dizendo que Jesus era sim o prometido e que assim como os profetas precisava passar pelo êxodo para que pudesse assim dar a libertação e salvação dos oprimidos. Desta forma os discípulos tiveram a confirmação da aliança de Deus com o seu povo.
   Em meios às dificuldades da vida temos muitos medos que nos atrapalham a viver de forma messiânica a nossa fé, a nos entregarmos ao projeto do pai e assim ajudar a todos usufruir dos benefícios nos dado pelo próprio Deus na sua perfeita criação. Hoje vivemos cercados pelo egoísmo que busca somente o poder que oprime e tira a dignidade do ser humano e que destrói a criação de Deus.
   A campanha da Fraternidade vem nos alertar para os riscos que enfrentamos, onde pessoas vivem sem nenhuma condição humana, enquanto vemos o progresso crescendo e as tecnologias se expandindo e achamos tudo normal. Onde questionamos as atitudes dos políticos  que visam  seus próprios interesses e buscam cada vez mais riquezas, mas também nos acomodamos porque temos água encanada e não vemos o nosso esgoto a céu aberto. Mas sabemos pra onde vai? Sabemos se o lixo que sai da nossa casa incomoda os nossos irmãos?
   Temos o mau costume de dizer o que os olhos não veem o coração não sente! Mas o coração do cristão deve sentir sim, sentir que todos somos filho do mesmo Pai e que não podemos encontrar a paz a felicidades se não sentimos a necessidade do outro e ainda se não lutamos para ver a justiça brotar em nosso meio.
   Inspirados pela liturgia de hoje acreditemos nas promessas do Pai e nos deixemos nos inspirar pelas palavras do profeta Amós “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”.
Rosiani Corrêa Meirelles

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Com Cristo vencemos as tentações deste mundo (14/02/2016)

   Neste primeiro domingo da quaresma, somos convidados a nos retirar com Jesus no deserto e com ele aprendemos a resistir às seduções do pecado, sabemos que a nossa vida é dom gratuito que recebemos de Deus e a ele devemos agradecer com que temos de melhor, a palavra de Deus nos fortalece para vencer todo o mal que encontramos no caminho, ela está em nossa boca e em nosso coração, Jesus conta conosco para levar a sua palavra a quem mais necessita.
   Na primeira leitura (Dt 26, 4-10.) vemos Moisés instruindo o povo: “Assim Moisés falou ao povo: ‘O sacerdote receberá de tuas mãos a cesta e a colocará diante do altar do Senhor teu Deus. Dirás, então, na presença do Senhor teu Deus: ‘Meu pai era um arameu errante, que desceu ao Egito com um punhado de gente e ali viveu como estrangeiro. Ali se tornou um povo grande, forte e numeroso. Os egípcios nos maltrataram e oprimiram, impondo-nos uma dura escravidão. Clamamos, então, ao Senhor, o Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu a nossa voz e viu a nossa opressão, a nossa miséria e a nossa angústia. E o Senhor nos tirou do Egito com mão poderosa e braço estendido, no meio de grande pavor, com sinais e prodígios. E conduziu-nos a este lugar e nos deu esta terra, onde corre leite e mel. Por isso, agora trago os primeiros frutos da terra que tu me deste, Senhor’. Depois de colocados os frutos diante do Senhor teu Deus, tu te inclinarás em adoração diante dele’.”
   O gesto de ofertar a Deus os primeiros frutos da terra, mostra que não somos merecedores de nada, tudo é dom gratuito de Deus para nossa vida, durante longos séculos o povo ficou oprimido pela escravidão imposta pelo faraó e o Senhor, libertando-os, os conduziu para a terra prometida, é assim que ele ainda faz conosco, nos libertando de tudo o que nos oprime neste mundo, Deus nos dá vida nova longe do pecado, a ele devemos oferecer o que há de melhor em nós.
   Em sua carta aos Romanos (Rm 10, 8-13.) o apóstolo Paulo nos diz: “Irmãos: O que diz a Escritura? ‘A palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração’. Essa palavra é a palavra da fé, que nós pregamos. Se, pois, com tua boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. É crendo no coração que se alcança a justiça e é confessando a fé com a boca que se consegue a salvação. Pois a Escritura diz: ‘Todo aquele que nele crer não ficará confundido’. Portanto, não importa a diferença entre judeu e grego; todos têm o mesmo Senhor, que é generoso para com todos os que o invocam. De fato, todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo.”
   A palavra de Deus não está longe de nós, ao contrário, ela está dentro de cada um, devemos ser mensageiros desta palavra, mostrando que Jesus é o Senhor da nossa vida e que ele nos libertou com sua entrega na cruz, ele não fez distinção de ninguém, com o seu santo sangue redimiu o pecado de todos independente da sua origem, e o que devemos fazer é com a nossa boca anunciar em alta voz revelando ao mundo inteiro que de todo o coração acreditamos que Jesus é o Senhor da nossa vida, e que Deus o fez vencer a morte para também nós vencêssemos o pecado, somos as testemunhas do seu amor misericordioso.
   No evangelho (Lc 4,1-13.) Lucas no mostra Jesus no deserto vencendo as tentações: “Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e, no deserto, ele era guiado pelo Espírito. Ali foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada naqueles dias e, depois disso, sentiu fome. O diabo disse, então, a Jesus: ‘Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se mude em pão’. Jesus respondeu: ‘A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem’ O diabo levou Jesus para o alto, mostrou-lhe por um instante todos os reinos do mundo e lhe disse: ‘Eu te darei todo este poder e toda a sua glória, porque tudo isto foi entregue a mim e posso dá-lo a quem quiser. Portanto, se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu’. Jesus respondeu: ‘A Escritura diz: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás’. Depois o diabo levou Jesus a Jerusalém, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo e lhe disse: ‘Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo! Porque a Escritura diz: Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado! E mais ainda: Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’. Jesus, porém, respondeu: ‘A Escritura diz: Não tentarás o Senhor teu Deus’. Terminada toda a tentação, o diabo afastou-se de Jesus, para retornar no tempo oportuno.”
   No deserto e sem comer a quarenta dias, Jesus sente o seu corpo fragilizado e o diabo aproveitando-se disso tenta o seduzir pela fome, pela ganancia e por colocar Deus a prova, Jesus mostra que apesar das suas condições físicas, o seu espirito encontrava-se fortalecido, e nos mostrou que mesmo em situações adversas é possível vencer as tentações deste mundo, por diversas vezes nos deixamos seduzir pelos prazeres do mundo, agimos de forma impensada passando por cima dos outros com a ganancia de ter mais e também exigimos de Deus respostas imediatas sobre as mais diversas situações, muitas vezes o diabo consegue fazer conosco aquilo que não conseguiu com Jesus, mas, Cristo nos mostra o caminho vencer as armadilhas do mundo, o seu amor ao próximo, a sua entrega total na cruz e a sua obediência a vontade de Deus, nos serve como um farol em meio à escuridão da nossa jornada.
   Neste ano a Campanha da Fraternidade Ecumênica, a luz do livro do profeta Amós, nos alerta de como estamos cuidando da nossa casa comum, o planeta Terra. Como imaginar que em meio a tantos avanços tecnológicos que presenciamos nos dias atuais, possa se admitir o sofrimento de muitos com a falta de saneamento básico e com a falta de água tratada? A ganancia dos seres humanos está transformando o paraíso que Deus nos confiou em um lugar deplorável e sem condições de se habitar, desmatamentos, falta de tratamento de esgoto, as poluições dos carros e das indústrias, está acabando com a vida na terra, Deus criou o paraíso e nos deu de presente, o homem criou as cercas e os muros, e está destruindo tudo o que Deus fez, a bíblia nos mostra que todos temos direito ao lugar digno para se viver, “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca.”(Am 5,24.) somos responsáveis em cuidar para que as gerações futuras possam viver em um mundo melhor.
   Que neste domingo possamos aprender com Jesus a estar fortalecidos contra as investidas que o diabo faz contra a nossa vida, com ele somos mais fortes e conseguiremos colocar a nossa confiança em Deus, que nos deu o dom da vida, livrando-nos das amarras do pecado, devemos agradecer ao Senhor com o que temos de melhor, somos responsáveis pelo anuncio das maravilhas que Deus tem realizado em nossa vida, como bons cristãos devemos também denunciar tudo o que há de ruim neste mundo, unidos podemos transformar este mundo em lugar livre da violência, do ódio, da ganancia, da corrupção, da poluição e do desmatamento, Deus criou o paraíso sem cercas e sem poluição para que seus filhos habitassem, e nós devemos garantir este direito a todos, ele conta conosco para esta missão.
Rubens Corrêa

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

“É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação.” (10/02/2016)

   Nesta Quarta-feira de Cinzas iniciamos a quaresma, um tempo favorável para avaliarmos a nossa vida e para convertermos verdadeiramente o nosso coração, neste tempo também refletimos sobre a Campanha da Fraternidade que nos leva ao comprometimento com a missão social que tem a igreja, que Jesus abra as nossas mentes e os nossos corações para entender o que o Senhor tem como proposito para cada um de nós, e que este tempo nos proporcione um caminho de reencontro com Deus e com os irmãos.
   Na primeira leitura (Jl 2,12-18.) o profeta Joel nos revela: “‘Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo’. Quem sabe, se ele se volta para vós e vos perdoa, e deixa atrás de si a bênção, oblação e libação para o Senhor, vosso Deus? Tocai trombeta em Sião, prescrevei o jejum sagrado, convocai a assembleia; congregai o povo, realizai cerimônias de culto, reuni anciãos, ajuntai crianças e lactentes; deixe o esposo seu aposento, e a esposa, seu leito. Chorem, postos entre o vestíbulo e o altar, os ministros sagrados do Senhor, e digam: ‘Perdoa, Senhor, a teu povo, e não deixes que esta tua herança sofra infâmia e que as nações a dominem’. Por que se haveria de dizer entre os povos: ‘Onde está o Deus deles?’ Então o Senhor encheu-se de zelo por sua terra e perdoou ao seu povo.”
   O Profeta Joel nos mostra que a nossa conversão ao Senhor deve ser um ato que venha do nosso interior e não atuação teatral para que os outros notem, sabemos que Deus é misericordioso e está sempre pronto para nos perdoar, e ele espera que nós o supliquemos de coração convertido, “rasgai o coração, e não as vestes”. Neste caminho de reconciliação com Deus, devemos mobilizar todo o povo, homens e mulheres, desde crianças até os anciões, para juntos clamar a misericórdia de Deus, com orações e jejuns pedindo que ele nos perdoe de toda iniquidade.
   Em sua carta aos Coríntios (2Cor 5,20-21.6,1-2.) o Apostolo Paulo nos diz: “Irmãos: Somos embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus. Como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois ele diz: ‘No momento favorável, eu te ouvi e, no dia da salvação, eu te socorri’. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação.”
   Em Cristo recebemos a graça de Deus, mesmo não tendo culpa ele carregou o peso dos nossos pecados para nos resgatar, nós somos responsáveis em continuar a missão de Jesus, é este o tempo favorável para fazermos o mundo conhecer a salvação que vem da entrega de Jesus na cruz, somos as testemunhas deste amor incondicional e precisamos colaborar com Jesus nos teus planos parra a salvação do mundo.
   No evangelho (Mt 6,1-6.16-18.) recebemos a seguinte mensagem de Jesus: “Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: ‘Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Ao contrário, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa’.”
   Jesus nos mostra que a verdadeira atitude cristã é realizada fora dos holofotes, não há necessidade de explicitar tudo o que realizamos para que os outros notem, Deus vê o coração de quem pratica as boas ações, para ele nada está oculto, pois sabe muito bem com quais intenções realizamos as nossas obras, se queremos ser cumprimentados aqui na terra pelo que realizamos, já recebemos aqui a nossa recompensa, nada podemos esperar de Deus na outra vida.
   Jesus nos ensina que devemos agir com misericórdia, fazer o que o outro necessita pelo amor ao próximo e não esperando recompensa ou reconhecimento, hoje vemos no mundo como há tanta hipocrisia, muitas obras sociais servem de fachada para a exploração da miséria alheia para se ganhar vantagens financeiras ou eleitoreiras, nós como cristãos não podemos nos omitir frente a esta triste realidade, é hoje o tempo favorável para transformar este mundo e mostrar a todos os irmãos a salvação que vem de Jesus, mas, não somente prometendo para uma vida futura após a morte, e sim já aqui nesta vida, promovendo a justiça social onde todos tenham igualdade de oportunidades e condições.
   Neste ano teremos uma Campanha da Fraternidade Ecumênica, ou seja, cristão colocando de lado as diferenças para com aquilo nos uni meditarmos sobre as responsabilidades que temos nesta sociedade, este ano o tema da campanha é “Casa comum, nossa responsabilidade” e tendo como lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5.24), como cristãos independente da denominação recebemos de Jesus a missão de cuidar deste planeta que é a herança que deixaremos para as próximas gerações, e também diminuir as desigualdades onde alguns tem uma vida luxuosa e para muitos faltam o saneamento básico, para um grupo é oportuno a situação de miséria que o povo vive, pois assim conseguem usar isso como instrumento de manipulação das massas em prol dos seus objetivos econômicos, mas, nós temos a difícil missão de mudar esta triste realidade, e juntos podemos mais, Cristo luta ao nosso lado.
   Que neste inicio de quaresma possamos de coração aberto meditar o que podemos melhorar no nosso relacionamento com Deus e com o próximo, não podemos sair deste período favorável da mesma forma que entramos, hoje na celebração das cinzas somos convidados a mudarmos de vida, “Convertei-vos e crede no evangelho”, são as palavras de Jesus mexendo profundamente em nós, tirando-nos da inercia de nossas vidas para fazer de nós verdadeiros cristãos continuadores da sua missão, e a missão é promover vida em plenitude para todos, cristãos e não cristãos, é lutar contra todas as situações de mortes que oprime o povo, é ser sinal de esperança para aqueles que não têm mais a quem recorrer. Cristo conta conosco para esta tarefa, e qual será a nossa resposta?
Rubens Corrêa

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Eis-me aqui, Senhor! (07/02/2016)

Introdução
   Neste quinto domingo do tempo comum, recordando o acontecimento da pesca milagrosa e a vocação dos primeiros discípulos, celebramos nossa vocação ao discipulado. É o Senhor que chama e o chamado é sempre ligado à realidade e dentro de nossa contingência humana, como aconteceu com Isaías e com os apóstolos no evangelho.

Partilha da Palavra
   O Evangelho nos fala de vocação. No Evangelho de Lucas (Lc 5,1-11), o primeiro chamado tem como cenário as multidões: Jesus está à beira do lago de Genesaré, lugar onde realiza sua atividade libertadora. Ao ver as barcas paradas pede aos pescadores que se afastem da margem para que lance as redes para a pesca.   Confrontado com a recusa de Pedro, o Mestre insiste e eles assim fizeram e apanharam grande quantidade de peixes. Tudo isto deixa perplexos os pescadores que se apavoram diante de tal acontecimento: ”Não temam, daqui em diante, farei de vós pescadores a sério” (Cf. Lc 5,10).
   A enorme quantidade de peixes, ao ponto de quase romper as redes, sublinha que o êxito missionário é obra do Senhor Ressuscitado e não fruto do trabalho árduo dos pescadores.
   Todos são chamados por Jesus para seguir seu estilo de vida, para estarem com Ele e para os enviar. A resposta é pronta: “Eles deixaram tudo e seguiram a Jesus” (5,11).
   A primeira Leitura (Is 6,1-2a.3-8) narra a vocação do profeta Isaías que surge no século VIII a. C., num contexto litúrgico, no Templo de Jerusalém. A vocação é obra de Deus, o Santo, cuja glória resplandece em toda a terra e queima os lábios do chamado para o preparar para a missão profética que vai assumir. A conversão leva ao compromisso com a mensagem libertadora: “Aqui estou, envia-me Senhor” (Is 6,8).
   O salmo 137 (138) é uma ação de graças individual a Deus pela manifestação de sua ação salvadora.
   A segunda leitura (1Cor 15,1-11)apresenta um resumo da profissão de fé das comunidades primitivas. O Ressuscitado apareceu a Pedro, depois aos Doze e por fim apareceu a Paulo para ser enviado numa missão especial no meio dos gentios.
   Pela ação de Deus, todas as testemunhas do Ressuscitado proclamam a mesma fé e a força do Espírito vai levar Paulo a dedicar toda a sua vida ao anúncio do Evangelho.

Atualizando a Palavra
   Jesus convida os primeiros discípulos ao seguimento e os transforma em pescadores de gente. Ele os convoca na realidade em que os encontra e pede adesão plena. A missão dos chamados prolonga a ação do Mestre no meio do povo. A iniciativa é sempre do Mestre como nos recorda o discípulo amado no seu Evangelho: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi” (Jo 15,16).
   Cada um de nós tem uma história vocacional pessoal e irrepetível: Deus entra na nossa vida de formas inesperadas e desafia-nos para a missão que nos desinstala. O resultado da confiança na palavra do Mestre reverte a situação negativa e supera as expectativas.
   Hoje é o tempo de Deus (kairós). Ele quer entrar na nossa vida (barca) para nos fortalecer na fé. Como Pedro, também nós somos convidados a pescar em águas mais profundas aceitando o desafio de Mestre de voltar a lançar as redes seguindo caminhos novos.
Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus. É sendo misericordiosos que alcançaremos a misericórdia (Cf. Mt 5,7).

Conclusão
   “O Senhor nunca se cansa de ter misericórdia de nós, e quer nos oferecer uma vez mais o seu perdão, todos precisamos disso, convidando-nos a voltar a Ele com um coração novo, purificado do mal, purificado pelas lágrimas, para tomar parte de sua alegria”. (Papa Francisco)
   Experimentando a santidade de Deus (três vezes santo), somos também nós renovados e purificados no ardor da vocação profética e missionária e na mística do serviço.
   Somos constantemente desafiados a sair da nossa zona de conforto para lançar as redes com a força e o poder do Mestre, certos de que o nosso trabalho não será em vão e dará frutos.
   “Ó Deus, vós quisestes que participássemos do mesmo pão e do mesmo cálice; fazei-nos viver de tal modo unidos em Cristo, que tenhamos a alegria de produzir muitos frutos para a salvação do mundo”. (Oração depois da comunhão)
   “Que arda como brasa tua Palavra nos renove, esta chama que a boca proclama”.
   Para ser sal da terra e fermento do Evangelho na família, na escola, na sociedade, nas várias culturas oprimidas, quem hei de enviar, que irá por nós?
   Aqui estamos, Senhor! Envia-nos!
   No dia 10 iniciamos a Quaresma com a celebração da imposição das cinzas.
   A Campanha da Fraternidade tem como tema: “Casa comum, nossa responsabilidade” e como lema desta Campanha: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).
Luis Filipe Dias