sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A fé verdadeira é transformadora e serviçal! “Senhor aumenta a nossa fé!” (02/10/2016)

Introdução
Estamos iniciando o mês de outubro, mês dedicado às missões e ao rosário. Como discípulos missionários do Senhor queremos escutar e anunciar sua Palavra e celebrar seu memorial enquanto esperamos sua vinda.
Com a leitura do texto do Evangelho deste domingo termina a segunda etapa do caminho de Jesus para Jerusalém, tal como Lucas nos tem apresentado nos últimos domingos.
É no encontro com Cristo na escuta da Palavra e na participação da mesa eucarística que o missionário recebe motivação e força para a missão.
I leitura: Habacuc 1,2-3; 2,2-4. Um dos dados certos que possuímos deste grande profeta é que assiste à decadência do poder assírio e do ressurgir da babilônia (622-612 a. C.). Habacuc inicia o livro interrogando a Deus e pedindo socorro, pois está cansado de ver o seu país sofrer opressão e violência, onde a lei enfraquece e o direito está distorcido (1,2-4). A resposta de Deus é a intervenção de um grande império, que deveria corrigir os desmandos (1,5-10). Isso, porém, não satisfaz o profeta, pois o invasor não vem para fazer justiça, mas para substituir uma opressão por outra pior (1,12-17).
Hababuc continua esperando uma resposta satisfatória de Deus. A resposta definitiva é dada, agora, com uma proposta diferente, mais difícil, que exige paciência, mas que não falha: “O justo viverá por sua fidelidade” (2,4).
O mal é um dos problemas que nos afligem desde sempre e que pode tingir a vida com cor de tragédia, deixando-nos sem sentir a presença de Deus ou de imaginá-lo alguém que não se preocupa com os seres humanos. Deus continua a escrever a sua história a seu tempo e do seu modo próprio de ser.
II leitura: 2 Timóteo 1,6-8.13-14. Aqui temos a exortação de Paulo a Timóteo para que lute fielmente pelo Evangelho. Paulo sabe muito bem que é difícil pregar a fé num ambiente hostil. Estamos provavelmente a viver o tempo da perseguição em Roma no período da perseguição de Nero.
O texto de hoje convida a reavivar também a chama da nossa fé, anunciando-a de todas as formas, em todos os lugares e culturas.
Evangelho: Lucas 17,5-10. A imagem da amoreira arrancada e transplantada no mar nos fala da força da fé e da confiança em Deus. Jesus nos ensina que tudo é dom, tudo é graça. O simples servo que faz a vontade do seu Senhor aparece como inútil pois não faz mais do que seu dever de servir.
EVANGELIZAR, a partir de Jesus Cristo, na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária, profética e misericordiosa, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo. 
Lembremos as URGÊNCIAS NA AÇÃO EVANGELIZADORA 2015-2019: Igreja em estado permanente de missão; Igreja: casa da iniciação à vida cristã; Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral; Igreja: comunidade de comunidades; Igreja a serviço da vida plena para todos.
Luis Filipe Dias

sábado, 24 de setembro de 2016

“Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos” (25/09/2016)

   Hoje somos convidados a meditar com Jesus como está sendo a nossa ação solidária neste mundo, vemos a grande diferença entre as classes sociais, enquanto uns poucos ostentam uma vida de luxuria, gastos astronômicos e desperdícios, outros tantos sofrem sem ter o mínimo para garantir a sobrevivência. E nós como seguidores de Cristo, como iremos nos colocar nestes dois mundos separados pelo grande abismo da desigualdade? Deus espera nossa resposta.
   Na primeira leitura (Am 6,1a.4-7.) o profeta Amós nos diz: “Assim diz o Senhor todo-poderoso: Ai dos que vivem despreocupadamente em Sião, os que se sentem seguros nas alturas de Samaria! Os que dormem em camas de marfim, deitam-se em almofadas, comendo cordeiros do rebanho e novilhos do seu gado; os que cantam ao som das harpas, ou, como Davi, dedilham instrumentos musicais; os que bebem vinho em taças, e se perfumam com os mais finos unguentos e não se preocupam com a ruína de José. Por isso, eles irão agora para o desterro, na primeira fila, e o bando dos gozadores será desfeito”.
   A profecia de Amós nos alerta sobre os perigos de se levar uma vida em meio ao luxo e ostentação, usufruindo de tudo do bom e melhor, se esquecendo de quem nada tem e que sofre com as limitações impostas pela pobreza. Pessoas que gozam de muita fartura na vida muitas vezes vivem em grande vazio interior, são homens e mulheres que vivem à custa das aparências e que raramente encontram amigos verdadeiros, pois sempre acham que qualquer aproximação se dará por causa de sua condição socioeconômica, acabam perdidos no mundo das ilusões, prostituição e drogas, para eles ter é sempre mais do ser, e acabam longe do amor e da misericórdia de Deus.  
   O apóstolo Paulo (1Tm 6,11-16.) nos diz em sua carta a Timóteo: “Tu que és um homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e pela qual fizeste tua nobre profissão de fé diante de muitas testemunhas. Diante de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Cristo Jesus, que deu o bom testemunho da verdade perante Pôncio Pilatos, eu te ordeno: guarda o teu mandato íntegro e sem mancha até à manifestação gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo. Esta manifestação será feita no tempo oportuno pelo bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que possui a imortalidade e que habita numa luz inacessível, que nenhum homem viu, nem pode ver. A ele, honra e poder eterno. Amém”.
   Paulo nos mostra que um homem de Deus deve fugir daquilo que é contrario do seu caminho, somos chamados com a fé combater todas as situações de morte que nos leva ao pecado, de Jesus Cristo recebemos este grande testemunho de nos manter firmes mesmo que a situação seja adversa, o ungido do Senhor deve viver como tal, mantendo a sua vida integra e sem mancha até que sejamos recolhidos a presença de Deus. Hoje o mundo oferece muitos caminhos e muitas vezes somos seduzidos por algo que pode nos proporcionar um breve momento de satisfação, mas que nos cobrará um alto preço. Como admitir perder a herança do Reino de Deus em troca de um prazer passageiro aqui nesta terra? Devemos escolher onde estará o nosso tesouro, Cristo nos quer ao seu lado na vida eterna.
   No evangelho (Lc 16,19-31.) Jesus nos revela: “Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus: ‘Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas. Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado. Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’. Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. E, além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’. O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa do meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também eles para este lugar de tormento’. Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!’ O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’. Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos’”.
   Jesus nos mostra em seu evangelho o ponto que duas vidas bem diferentes se encontram, alguém que era muito rico e que ostentava uma vida cheia de luxos e prazeres, e outro que muito pobre esperava saciar sua fome com as migalhas que caiam da mesa do rico e que disputavam com os cães o espaço naquele chão. Hoje vemos em nosso mundo que a fome e a situação de miséria impõem pesados fardos a uma grande parcela da população da terra, o mundo que colhe milhões de toneladas de alimentos é o mesmo que muitos morrem de fome, e triste é saber que grandes partes destes alimentos produzidos acabam parando no lixo enquanto muitas panelas e pratos estão vazios, vazios também estão os corações de quem enriquece à custa da miséria do povo, este certamente não contemplaram a face do Senhor.
   No evangelho vemos que ambos morreram, um foi ao encontro de Abraão e que o outro foi para um lugar de tormenta, e este pedia para que o seu sofrimento fosse abrandado, e como na vida, havia um grande abismo entre as diferenças sociais também naquele lugar havia um obstáculo intransponível impossibilitando assim o seu socorro, suplicou então que Lazaro ressurgisse dos mortos para alertar aos seus irmãos, mas Abraão disse que o caminho para eles era seguir o caminho de Moisés e os profetas. Conhecendo a palavra de Deus e tendo na bíblia sagrada os testemunhos de quem encontrou alegria no seu seguimento, como imaginar que possamos trilhar um caminho diferente? Mas isto é muito comum acontecer, somos fracos e sem Deus em nossa vida fazemos muitas besteiras, somos facilmente seduzidos pela corrupção, pela prostituição, pelas drogas e pela mentira, devemos nos atentar em seguir o verdadeiro caminho que nos levar a santidade, não digo que devemos perecer nesta vida para ganhar a vida eterna, mas que Deus deve estar no centro de nossa existência, com ele encontramos o verdadeiro sentido da vida e que os bens que possuímos ocupam um lugar secundário em nossa vida, com Deus tudo se torna mais completo e cheio de vida. 
   Que a partir deste dia possamos colocar verdadeiramente Deus em primeiro lugar em nossa vida, não podemos perder tempo com uma vida de ostentação e sem sentido, ouvindo os profetas, os discípulos, as pessoas que deram testemunho com a sua própria vida e também ouvindo o próprio Jesus somos chamados a construir uma nova história de amor, igualdade e fraternidade, nós como cristãos devemos lutar para diminuir cada dia mais a diferença neste mundo para assim chegar a igualdade no Reino de Deus, somos nós os responsáveis por esta missão, Jesus caminha ao nosso lado. 
Rubens Corrêa


domingo, 18 de setembro de 2016

“Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (18/09/2016)

   Neste domingo somos convidados a refletir sobre o quanto estamos sendo fieis a Deus em nossos negócios, muitos se mostram religiosos fervorosos, mas quando se fala em ganhar alguma vantagem financeira a coisa muda, parece que tudo vale. Seguindo a Jesus Cristo temos que manter fiéis a ele também fora do ambiente religioso, isto também se aplica ao mundo dos negócios.
   Na primeira leitura (Am 8,4-7.) o profeta nos diz: “Ouvi isto, vós, que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra; vós que andais dizendo: ‘Quando passará a lua nova, para vendermos bem a mercadoria? E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos, e adulterar balanças, dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para pôr à venda o refugo do trigo?’ Por causa da soberba de Jacó, jurou o Senhor: ‘Nunca mais esquecerei o que eles fizeram’”.
   O profeta nos alerta sobre as atitudes que muitas pessoas que vivem no meio religioso podem ter em suas atividades econômicas, lesar aos outros para obter um lucro rápido e fácil achando que a religião não tem nada a ver com isso é um grande erro, quem segue a palavra de Deus tem que viver como tal, não são pessoas e nem vidas distintas, não se separa a vida religiosa da vida econômica, Deus nos quer um servo justo e fiel em todas as coisas.  
   Em sua carta a Timóteo (1Tm 2,1-8.) o apóstolo Paulo nos revela: “Caríssimo: Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens; pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena, com toda piedade e dignidade. Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador; ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, que se entregou em resgate por todos. Este é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus, e para este testemunho eu fui designado pregador e apóstolo, e — falo a verdade, não minto — mestre das nações pagãs na fé e na verdade. Quero, portanto, que em todo lugar os homens façam a oração, erguendo mãos santas, sem ira e sem discussões”.
   Paulo nos convida a orar por aqueles que governam e pelos que ocupam altos cargos para que vivam de forma tranquila e serena na administração digna e piedosa. Hoje vemos o quanto a corrupção tomou conta de todas as esferas da administração pública e triste é saber que muitos destes governantes saíram dos bancos ou dos altares de tantas igrejas cristãs, sejam elas católicas ou protestantes. Como admitir que alguém que conhece a palavra de Deus se perca em meio ao mar de lama que se tornou a politica neste país, digo isso olhando para todos os cargos públicos políticos, sejam eles eleitos ou indicados. Um servo de Jesus não pode se perder em meio as negociatas, é preciso se manter fiel mesmo em meio a tanta corrupção, oremos para que eles retornem aos caminhos do Senhor e conduzam a administração do povo com honestidade, humildade e sabedoria.
   O evangelista Lucas (Lc 16,1-13.) no mostra um lindo ensinamento de Jesus: “Naquele tempo, Jesus dizia aos discípulos: ‘Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Ah! Já sei o que fazer para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’. Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinquenta!’ Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. E eu vos digo: usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro’”.
   Olhando para este exemplo que Jesus nos mostrou somos convidados a olhar para dentro de nossa vida e refletir sobre as nossas ações. Podemos nos orgulhar de tudo o que fazemos? O administrador do evangelho agiu com esperteza preocupando-se exclusivamente com o seu bem estar, não se preocupou em fazer o que era correto e fez uso inescrupuloso do poder econômico para garantir no futuro, podemos pensar que isto está distante de nós, mas está mais perto do que se imagina.
   Jesus nos chama a fidelidade ao seu projeto também no mundo dos negócios, não podemos ser um dentro da igreja e outro em nossa atividade econômica, não podemos nos perder neste mundo onde levar vantagem à custa dos outros é a grande realidade, são muitas formas de nos corromper, seja com um gato na energia ou na água, seja no troco a mais que deixamos de devolver, seja no atestado médico sem estar doente, seja em muitas outras coisas em que levamos uma falsa vantagem. Muitas vezes falamos da corrupção em nosso país sem olhar para aquilo que realizamos em nosso dia-a-dia, só vale falar dos outros, corrupção é para os altos cargos políticos, nas pequenas coisas chamamos de esperteza.
   Que neste domingo possamos com Jesus aprender que seguir o seu caminho é a melhor forma de se obter a verdadeira vantagem, que a sua palavra entre em nossas vidas nos transformando profundamente em cristãos de coração, dentro e fora da igreja, seguidores da palavra em todos os momentos de nossas vidas, agindo corretamente seja em nossa família, seja em nossa comunidade, seja na sociedade e também no meio politico, oremos para que nas próximas eleições possamos ter governantes que administrem com honestidade, justiça e sabedoria.
Rubens Corrêa

domingo, 11 de setembro de 2016

“Haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte” (11/09/2016)

   Este domingo é iluminado com uma linda liturgia, com texto bíblicos que trazem a misericórdia de Deus para com seus filhos, esta pode vir por intercessão, por reflexão e arrependimento ou mesmo por um resgate feito pelo próprio Deus. O amor incondicional que Deus tem por nós é capaz de transformar-nos em criaturas melhores.

Primeira leitura (Êx 32,7-11.13-14)
Leitura do Livro do Êxodo: Naqueles dias, 7o Senhor falou a Moisés: “Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo que tiraste da terra do Egito. 8Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal fundido, inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: ‘Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!’”.
9E o Senhor disse ainda a Moisés: “Vejo que este é um povo de cabeça dura. 10Deixa que minha cólera se inflame contra eles e que eu os extermine. Mas de ti farei uma grande nação”.
11Moisés, porém, suplicava ao Senhor seu Deus, dizendo: “Por que, ó Senhor, se inflama a tua cólera contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte?
13Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e Israel, com os quais te comprometeste, por juramento, dizendo: ‘Tornarei os vossos descendentes tão numerosos como as estrelas do céu; e toda esta terra de que vos falei, eu a darei aos vossos descendentes como herança para sempre’”. 14E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer a seu povo. - Palavra do Senhor. - Graças a Deus.

   Na primeira leitura de hoje podemos destacar dois pontos: o povo que fraqueja mais uma vez e se desvia do caminho reconhecendo outros deuses que não o Senhor que os libertou do cativeiro. Essa atitude desagrada muito a Deus, ele pensa em exterminar o povo diante da infidelidade, mas em contrapartida a atitude de Moisés que intercede a Deus em favor do povo, lembrando-o da promessa feita a seus ancestrais. E Deus em sua infinita misericórdia atende ao clamor de seu servo.
   Assim em nossas lutas diárias muitas vezes tendemos a nos distanciar do que é bom e agrada a Deus, ou ainda encontramos em nossos caminhos pessoas que se distanciaram, condenamos, e julgamos ao invés de orar e interceder por elas diante do Senhor, assim como Moisés o fez.

Segunda Leitura (1Tm 1,12-17)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo a Timóteo: Caríssimo: 12Agradeço àquele que me deu força, Cristo Jesus, nosso Senhor, pela confiança que teve em mim, ao designar-me para o seu serviço, 13a mim, que antes blasfemava, perseguia e insultava. Mas encontrei misericórdia, porque agia com a ignorância de quem não tem fé.
14Transbordou a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. 15Segura e digna de ser acolhida por todos é esta palavra: Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores. E eu sou o primeiro deles!
16Por isso encontrei misericórdia, para que em mim, como primeiro, Cristo Jesus demonstrasse toda a grandeza de seu coração; ele fez de mim um modelo de todos os que crerem nele para alcançar a vida eterna. 17Ao Rei dos séculos, ao único Deus, imortal e invisível, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém! - Palavra do Senhor. - Graças a Deus.

   Na carta de São Paulo a Timóteo, encontramos o testemunho de um homem pecador, cheios de defeitos que buscava os prazeres da carne e prestigio. Mas que aos pés do Senhor encontrou graça, amor e confiança.
   O Senhor o resgatou de uma vida de pecado e após sua conversão, o deu a linda missão de anunciá-lo para que outros também tivessem a oportunidade de conhecê-lo, ama-lo e segui-lo.     

Evangelho (Lc 15,1-10)
Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. 3Então Jesus contou-lhes esta parábola:
4Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’
7Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.
8E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? 9Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’
10Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”. — Palavra da Salvação. — Glória a vós, Senhor.

   No evangelho de Lucas Jesus é criticado por acolher pecadores e comer com eles. Diante desta situação Jesus faz uma comparação com a parábola do bom pastor que larga as outras ovelhas para ir ao encontro da que esta perdida. O que podemos analisar perante este fato é que Jesus quis nos mostrar que ele não abandona seus filhos, que para ele não existem limites para o amor. Se caímos, ele vem ao nosso encontro para nos ajudar a levantar e continuarmos o caminho mesmo que para isso ele precise nos carregar no colo.
   Como a ovelha que se afasta do pastor, também nos muitas vezes no corre-corre do dia a dia nos afastamos de Deus, quando não paramos para fazer nossas orações, quando não sentimos as necessidades de nossos irmãos, quando usamos a internet e seus aplicativos para algo que não nos acrescenta  como cristão ou quando ficamos mais tempo online para mundo e para os nossos familiares estamos sempre off-line não dando o carinho, a atenção e o amor que são necessários para a harmonia do nosso lar.
   Para Deus não existe pecado ou situação que não possa ser mudada, assim como transformou a vida de Paulo e tantos outros pecadores ao longo do seu caminho ele quer hoje também transformar nossas vidas para que os anjos no céu possam festejar o retorno de mais um filho que voltou para os abraços do pai.
   No imenso amor de Deus ele nos ensina a praticar a misericórdia, ajudando aqueles que ainda não o conhecem a encontrarem o caminho e rende-lo graças por todas as maravilhas que realiza em nossas vidas.
Rosiani Corrêa Meirelles

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

"Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo." (04/09/2016)

   O seguimento de Jesus: Estamos no mês da Bíblia, pois setembro é tradicionalmente assinalado como o mês da Bíblia. Ela é sempre uma luz em nossa caminhada cristã. O Tema deste ano é: “Para que n’Ele nossos povos tenham vida” e o lema é: “Praticar a justiça, o amor à misericórdia e caminhar com Deus”. (Miqueias 6,8)
   Hoje a liturgia nos fala do Seguimento de Jesus e suas exigências. Não é um caminho de facilidade, mas sim de renúncia. À medida que avançamos nesta caminhada, fazemos o esforço de nos configurarmos a Cristo, de nos deixarmos moldar pela sabedoria do Evangelho.
   A primeira Leitura é uma oração atribuída a Salomão, que os judeus de Alexandria rezavam a fim de que iluminasse as exigências da fé em meio ao mundo pagão em que se encontravam. Só em Deus é possível encontrar a verdadeira felicidade e o sentido da vida. (Sb 9,13-19)
   Na segunda Leitura, Paulo aplica as consequências do seguimento de Jesus: intercede em favor de um escravo fugitivo (Onésimo), junto a seu "dono" (Filêmon, o amigo de Deus), para que o receba não mais como um escravo, mas como irmão.  (Filêmon 9b-10.12.17)
   O Evangelho de Lucas aponta o “Caminho do Discípulo”.  Isso nos causa um forte impacto. Família e a própria vida devem ser deixados, a cruz deve ser abraçada, os bens, abandonados e devemos aprender a conviver com a palavra “desapego”. O que une o discípulo a Jesus é realmente mais forte do que os laços familiares. Jesus não engana os discípulos. Ele os poderia motivar e convencer a segui-lo para depois mostrar as dificuldades, mas não, Ele está a caminho da Cruz e já adverte os seus seguidores dos perigos da adesão a Ele, numa atitude de realismo prático. (Lc 14,25-33)
   Jesus estava a caminho de Jerusalém, onde ele sabia de antemão que iria morrer na Cruz. O Povo o seguia entusiasmado pela sua pessoa. Mas Cristo não era um demagogo, que fazia promessas fáceis, para atrair multidões. Ele sabia que entre eles havia os bons, desejosos da boa palavra que buscavam sinceramente o Messias; os curiosos em satisfazer o desejo de novidade; e os interesseiros que viviam na esperança de participar da glória e da fama; e mesmo os inimigos sempre à espreita de uma ocasião para acusá-lo e condená-lo.
   Sem medo de perder alguns simpatizantes, Jesus aponta três condições para segui-lo:
1. Desapego afetivo e total aos familiares até à própria vida: “Quem não ‘odeia’ o seu pai, sua mãe e até a própria vida, não pode ser meu discípulo...”. Odiar aqui não significa rejeitar os sagrados laços familiares, mas priorizar os valores do Reino.
2. Disponibilidade em carregar a Cruz: “Quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo...”. A Cuz é a imagem que melhor sintetiza toda a vida de Cristo. O “Discípulo” é convidado a imitar o Mestre no seguimento do seu exemplo.
3. Renúncia aos bens materiais: “Quem não renunciar a tudo não pode ser meu discípulo...”. Vivendo em função dos bens, não sobra espaço para Deus, nem relações de partilha e solidariedade com os irmãos.
   Seguir o Mestre, não deve ser uma atitude passageira, nascida num momento de entusiasmo, mas sim, uma decisão ponderada, amadurecida e coerente até o fim. Duas pequenas Parábolas ilustram bem a necessidade de planejar a vida e assumir as consequências: uma torre a construir e a guerra a conduzir. O Povo não podia se deixar levar pelo entusiasmo momentâneo, devia calcular bem, se está em condições de perseverar até ao fim.
   O seguimento de Cristo será um caminho fácil, onde cabe tudo ou um caminho exigente, onde só cabem os que aceitam a radicalidade de Jesus no desprendimento das coisas e das pessoas? Nossa Pastoral deve facilitar tudo, ou ir pelo caminho da exigência do evangelho?
   A maioria do nosso povo se diz “cristão” e seguidor de Cristo. Recebe os Sacramentos de Iniciação mais um menos com convicção. Reconhece os valores de Deus e da Fé, mas a vivência cristã e o testemunho de vida deixam muito a desejar. Muitas vezes, ficamos felizes, quando vemos a igreja lotada. Pior que ter igrejas vazias, é ter igrejas cheias de gente vazia de sentido.
   Qual é o verdadeiro motivo que leva muitas pessoas à igreja? Que buscam os nossos irmãos na comunidade cristã? Todos participam com entusiasmo das cerimônias solenes, das procissões, das romarias, mas estarão realmente conscientes dos compromissos que a fé cristã envolve?
   Que nos pede o Evangelho de hoje?  Será que Cristo está mais interessado no número, ou na qualidade?
   Há dois tipos de Religião: a revelada e a criada. Será revelada aquela em que a Bíblia é a fonte de inspiração. É Deus que se revela e nós aceitamos o que essa revelação nos propõe, criada será aquela que foi inventada pelos homens, segundo o modelo que mais satisfaz seu modo de pensar e de agir. Qual nos dá mais segurança de realizar o Plano de Deus?
   Uma religião mais fácil pode até ser mais atraente, mas certamente não será a mais fiel à proposta de Cristo. Estamos nós dispostos a ser verdadeiros Discípulos de Cristo, pelo caminho duro e exigente, que o evangelho de hoje nos propõe?  Peçamos a Deus que nesta celebração nos conceda muita luz para compreendermos essa verdade e muita força para sermos fiéis à escolha feita de o seguir até às últimas consequências. Procuremos neste mês dedicado à Bíblia, valorizar ainda mais a Palavra de Deus, dedicando-lhe um tempo especial no nosso dia a dia, para uma pratica atenciosa leitura orante da Bíblia.
   Toda a caminhada supõe que haja alimento para que consigamos chegar à meta. Alimentemos a nossa espiritualidade na mesa da eucaristia que pé fonte de vida (DAp. N.354). Vivamos o seguimento na radicalidade, com toda a liberdade. Busquemos sempre na Eucaristia o sentido para essa caminhada, uma vez que nela participamos sacramentalmente da vida eterna, meta de todo o nosso peregrinar nesta vida como povo santo e pecador.
“Senhor, dai-me coragem para começar e para perseverar sem medo”.
Luis Filipe Dias