O seguimento de Jesus: Estamos no mês da Bíblia, pois setembro é
tradicionalmente assinalado como o mês da Bíblia. Ela é sempre uma luz em nossa
caminhada cristã. O Tema deste ano é: “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”
e o lema é: “Praticar a justiça, o amor à misericórdia e caminhar com Deus”.
(Miqueias 6,8)

A primeira Leitura é uma oração
atribuída a Salomão, que os judeus de Alexandria rezavam a fim de que
iluminasse as exigências da fé em meio ao mundo pagão em que se encontravam. Só
em Deus é possível encontrar a verdadeira felicidade e o sentido da vida. (Sb
9,13-19)
Na segunda Leitura, Paulo aplica as
consequências do seguimento de Jesus: intercede em favor de um escravo fugitivo
(Onésimo), junto a seu "dono" (Filêmon, o amigo de Deus), para que o
receba não mais como um escravo, mas como irmão. (Filêmon 9b-10.12.17)
O Evangelho de Lucas aponta o “Caminho
do Discípulo”. Isso nos causa um forte
impacto. Família e a própria vida devem ser deixados, a cruz deve ser abraçada,
os bens, abandonados e devemos aprender a conviver com a palavra “desapego”. O
que une o discípulo a Jesus é realmente mais forte do que os laços familiares.
Jesus não engana os discípulos. Ele os poderia motivar e convencer a segui-lo
para depois mostrar as dificuldades, mas não, Ele está a caminho da Cruz e já
adverte os seus seguidores dos perigos da adesão a Ele, numa atitude de
realismo prático. (Lc 14,25-33)

Sem medo de perder alguns simpatizantes,
Jesus aponta três condições para segui-lo:
1.
Desapego afetivo e total aos familiares até à própria vida: “Quem não
‘odeia’ o seu pai, sua mãe e até a própria vida, não pode ser meu discípulo...”.
Odiar aqui não significa rejeitar os sagrados laços familiares, mas
priorizar os valores do Reino.
2.
Disponibilidade em carregar a Cruz: “Quem não carrega a sua cruz e
não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo...”. A Cuz é a imagem
que melhor sintetiza toda a vida de Cristo. O “Discípulo” é convidado a imitar
o Mestre no seguimento do seu exemplo.
3.
Renúncia aos bens materiais: “Quem não renunciar a tudo não pode ser
meu discípulo...”. Vivendo em função dos bens, não sobra espaço para Deus, nem
relações de partilha e solidariedade com os irmãos.
Seguir o Mestre, não deve ser uma atitude
passageira, nascida num momento de entusiasmo, mas sim, uma decisão ponderada,
amadurecida e coerente até o fim. Duas pequenas Parábolas ilustram bem a
necessidade de planejar a vida e assumir as consequências: uma torre a
construir e a guerra a conduzir. O Povo não podia se deixar levar pelo
entusiasmo momentâneo, devia calcular bem, se está em condições de perseverar
até ao fim.

A
maioria do nosso povo se diz “cristão” e seguidor de Cristo. Recebe os
Sacramentos de Iniciação mais um menos com convicção. Reconhece os valores de
Deus e da Fé, mas a vivência cristã e o testemunho de vida deixam muito a
desejar. Muitas vezes, ficamos felizes, quando vemos a igreja lotada. Pior que
ter igrejas vazias, é ter igrejas cheias de gente vazia de sentido.
Qual é o verdadeiro motivo que leva muitas
pessoas à igreja? Que buscam os nossos irmãos na comunidade cristã? Todos participam
com entusiasmo das cerimônias solenes, das procissões, das romarias, mas estarão
realmente conscientes dos compromissos que a fé cristã envolve?
Que nos
pede o Evangelho de hoje? Será que Cristo está mais interessado no
número, ou na qualidade?
Há dois tipos de Religião: a revelada e a criada. Será revelada aquela em que
a Bíblia é a fonte de inspiração. É Deus que se revela e nós aceitamos o que
essa revelação nos propõe, criada será aquela que foi inventada pelos homens,
segundo o modelo que mais satisfaz seu modo de pensar e de agir. Qual nos dá
mais segurança de realizar o Plano de Deus?

Toda a caminhada supõe que haja alimento
para que consigamos chegar à meta. Alimentemos a nossa espiritualidade na mesa
da eucaristia que pé fonte de vida (DAp. N.354). Vivamos o seguimento na
radicalidade, com toda a liberdade. Busquemos sempre na Eucaristia o sentido
para essa caminhada, uma vez que nela participamos sacramentalmente da vida
eterna, meta de todo o nosso peregrinar nesta vida como povo santo e pecador.
“Senhor, dai-me
coragem para começar e para perseverar sem medo”.![]() |
Luis Filipe Dias |
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