sábado, 25 de fevereiro de 2017

Não podeis servir a Deus e ao dinheiro (26/02/2017)

   Queridos irmãos em Cristo, neste último domingo que antecede a quaresma o Senhor vem nos falar como Pai que ama e nunca abandona seus filhos, a Ele devemos ser fiéis e acreditar que Ele nos julgará com misericórdia dando-nos o reconhecimento que merecemos, Ele é um Deus providente, devemos acreditar nisso e somente a Ele devemos servir com todo o nosso coração.
   Na primeira leitura (Is 49,14-15.) Isaías nos revela: “Disse Sião: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!’ Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti”.
   Mesmo que uma mãe esqueça de seu filho pequeno, eu jamais esquecerei de ti, esta é a promessa de Deus para nós, Ele é um Pai que nos ama com amor de mãe e de nós cuida com todo zelo e amor, Ele se compadece de nossas dores e se regozija de nossas alegrias.
   Falando aos Coríntios (1Cor 4,1-5.) Paulo também vem nos dizer:  “Irmãos: Que todo o mundo nos considere como servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. A este respeito, o que se exige dos administradores é que sejam fiéis. Quanto a mim, pouco me importa ser julgado por vós ou por algum tribunal humano. Nem eu me julgo a mim mesmo. É verdade que minha consciência não me acusa de nada. Mas não é por isso que eu posso ser considerado justo. Quem me julga é o Senhor. Portanto, não queirais julgar antes do tempo. Aguardai que o Senhor venha. Ele iluminará o que estiver escondido nas trevas e manifestará os projetos dos corações. Então, cada um receberá de Deus o louvor que tiver merecido”.
   Paulo nos alerta que como servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus, devemos ser fiéis a Ele com todo o nosso ser, estando com a nossa consciência tranquila pouco deve nos preocupar com os julgamentos que os outros possam fazer de nós, Deus que é o justo juiz, Ele conhece com profundidade os nossos projetos e ambições, sabe de tudo que se passa no nosso coração e nos dará o louvor que merecemos.
   No evangelho segundo Mateus (Mt 6,24-34.) recebemos de Jesus um grande ensinamento: “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: ‘Ninguém pode servir a dois senhores; pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso? E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé? Portanto, não vos preocupeis, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir? Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso. Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo. Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios problemas’”.
   Não podemos servir a Deus e ao dinheiro, pois odiaremos um e amaremos o outro e podemos ter certeza que nesta equação Deus sempre fica de lado em nossa vida quando seguimos impulsionados pelo dinheiro. Jesus nos alerta que devemos nos preocupar com o dia de hoje, o amanhã não nos pertence, Deus alimenta os pássaros dos céus e veste os lírios dos campos, Ele também proverá com aquilo que necessitamos de para viver com dignidade.
   Nosso Deus é providente, cuida com carinho de todos nós, mas vale lembrar que Ele não diz que devemos viver na ociosidade esperando pela sua providência, devemos trabalhar colocando Deus a frente de tudo, Ele guia nossos passos e cuida dos nossos projetos, mas para isso devemos buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e praticar a sua justiça, fazendo isso Deus acrescentará tudo o precisamos e não o que queremos.
   Jesus nos mostra que devemos fazer uso racional do dinheiro, não podemos deixa-lo tomar conta da nossa vida, em nosso país vemos a grande diferença entre as classes sociais onde uns poucos ostentam uma vida luxuosa e muitos outros não tem o mínimo necessário para sobreviver, a corrupção que passa desde os níveis mais baixos da sociedade, passando por empresários e políticos chegando ao topo da hierarquia de poder político e econômico da nossa nação, é o fator determinante para aumentar cada dia mais as diferenças sociais, nós como servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus não podemos compactuar com esta situação, devemos firmar em nossa vida, com palavras e ações, que servimos ao Senhor Deus e que o dinheiro não é o senhor da nossa vida.
   Que neste domingo possamos seguir os passos de Jesus na busca do Reino e da justiça de Deus, sabemos que Ele jamais deixará desamparado qualquer de seus filhos, a nós cabe ser fiéis aos princípios do seu  Reino de paz, amor e justiça, e mais do que isso devemos levar este Reino a cada irmão da face da terra, mostrando a misericórdia de Deus e combatendo a corrupção, as drogas, a prostituição e a violência, somos responsáveis e espalhar a boa nova de Jesus, então mãos a obra.
Rubens Corrêa

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Como Santuários vivos buscamos o caminho da Santidade (19/02/2017)

   Ao se aproximar do tempo quaresmal recebemos de Jesus um convite a Santidade, sabemos que não é fácil trilhar este caminho, mas devemos lembrar que foi para isso que fomos criados, o próprio Cristo nos chama a perfeição, porque Deus é perfeito, é Dele que nós vimos e é para Ele que devemos voltar.
   Na primeira leitura (Lv 19,1-2.17-18.) Deus nos ensina através do livro do Levítico: “O Senhor falou a Moisés, dizendo: ‘Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e dize-lhes: ‘Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. Não tenhas no coração ódio contra teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te tornares culpado de pecado por causa dele. Não procures vingança, nem guardes rancor dos teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor!’”
   Moises nos diz que Deus nos quer santos e para seguir o caminho da Santidade é preciso deixar o coração longe do ódio, do rancor e da vingança, somos chamados a amar o nosso próximo e amar também consiste em repreender o nosso irmão quando ele trilhar o caminho do pecado, mas devemos o fazer com o cuidado de quem ama, muitos compreenderam esta mensagem e praticando encontraram uma vida de Santidade servindo de exemplos para todos nós.
   Falando aos Coríntios (1Cor 3,16-23.) Paulo também nos diz: “Irmãos: Acaso não sabeis que sois santuários de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo, e vós sois esse santuário. Ninguém se iluda: Se algum de vós pensa que é sábio nas coisas deste mundo, reconheça sua insensatez, para se tornar sábio de verdade; pois a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus. Com efeito, está escrito: ‘Aquele que apanha os sábios em sua própria astúcia’, e ainda: ‘O Senhor conhece os pensamentos dos sábios; sabe que são vãos’. Portanto, que ninguém ponha sua glória em homem algum. Com efeito, tudo vos pertence: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro; tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”.
   Somos Santuários do Espirito Santo, afirma Paulo e devemos viver assim como Santuários vivos onde habita o Santo Espirito de Deus, precisamos de cuidar bem desta morada, não podemos destruí-la com a prostituição, com as drogas e com o pecado. Assim como os Santos e os Apóstolos, nós somos de Deus e somente a nEle devemos pôr a nossa glória.
   No evangelho segundo Mateus (Mt 5,38-48.) Jesus nos ensina o caminho para a Santidade: “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: ‘Vós ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado. Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!’”
   Nesta passagem do evangelho Jesus nos transmite um ensinamento vai contra ao nosso instinto de sobrevivência, muitas vezes para defender a nossa posição e alimentar o nosso ego somos tentados a revidar o mal que feito contra nós. E como pensar em dar a outra face? Como deixar levar além da nossa túnica o manto que nos aquece? Parece loucura o que diz o Senhor, mas Ele nos ensina vai além da nossa compreensão, demonstrar amor aos inimigos e orar por quem nos perseguem nos aproxima da Santidade de Deus, Ele faz nascer o sol e faz cair a chuva para todos, sejam maus ou bons, injustos ou justos, o que nos diferem são as atitudes que temos no dia-a-dia e podemos ter certeza que Deus sabe de tudo o que passa em nosso coração.
   Vemos em nossa sociedade que a lei do “olho por olho e dente por dente” ainda ecoa no meio de nós, mas para um bom cristão, seja católico ou protestante, não deve esta lei prevalecer, como Jesus devemos procurar o caminho da misericórdia e sabemos o quanto é difícil quando somos perseguidos, torturados e mortos. Olhemos para o nosso Cristo, não exatamente isso que fizeram com ele? E o que ele fez? Amaldiçoou a todos? Não foi esta a atitude Dele, na cruz e olhando para os seus executores e disse, “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que faz”, se somos cristãos é esse o caminho que devemos seguir.
   Que neste domingo possamos com Jesus caminhar rumo a Santidade, Deus nos criou como Santuários vivos do Espirito Santo e devemos assumir verdadeiramente esta condição, trilhar o caminho da justiça e ser mensageiros da paz esta é a nossa missão e para vive-la em toda a sua essência devemos nos afastar da prostituição, das drogas, da violência e da corrupção, mais do que isso também temos o dever de ajudar os nossos irmão a encontrar o caminho da Santidade, como os apóstolos, santos e mártires devemos ser exemplos de cristãos autênticos que compreendendo o evangelho de Jesus Cristo e vivendo-o em sua plenitude sendo sinais do amor de Deus para o mundo todo.  
Rubens Corrêa

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Jesus nos ensina a viver os mandamentos (12/02/2017)

   Neste 6º Domingo do Tempo Comum, a liturgia nos diz que somos convidados a seguir pelo caminho dos mandamentos do Senhor e nos garante que Deus tem um projeto de salvação para que nós possamos chegar a vida plena, ele nos propõe uma reflexão sobre a atitude que devemos assumir diante desse projeto, pois ao nosso alcance estão o bem e o mal, a felicidade e a infelicidade, cabe a cada um de nós a escolha mais acertada.
   Primeira Leitura (Eclo 15,16-21.) Leitura do Livro do Eclesiástico: 16Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás.17Diante de ti ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres, tu podes estender a mão. 18Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir. 19A sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente. 20Os olhos do Senhor estão voltados para os que o temem. Ele conhece todas as obras do homem. 21Não mandou a ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença de pecar. Palavra do Senhor. Graças a Deus.
   A primeira leitura, nos recorda que o homem é livre de escolher a proposta de Deus que nos conduz ao bem e a felicidade, a autossuficiência nos leva quase sempre à morte e a infelicidade. Para nos ajudar a escolher o bem, Deus nos propõe mandamentos ou sinais que nos indicam o caminho conduzindo-nos a salvação, mas se nós escolhermos o caminho do orgulho, da autossuficiência, fugimos dos mandamentos e preparamos para nós um futuro de morte e de infelicidade, agora se escolhermos viver no Temor de Deus e no respeito por suas propostas, construiremos um futuro de felicidade, de bem-estar, de paz, de amor e de abundância. Quando respeitamos os mandamentos de Deus, vivemos de forma equilibrada e feliz, mas quando o povo de Deus escolhe caminhos à margem, constrói para si: egoísmo, sofrimento, ambição, divisão, exploração e, portanto, a morte. Deus respeita absolutamente nossa liberdade, a escolha que o homem faz, resta a cada um de nós fazer nossas escolhas e construir para cada um seu destino mais acertadamente.
   Salmo responsorial 118(119) O Salmista canta o homem que progride na lei do Senhor e observa seus preceitos, procura a Deus de todo o coração, por isso, é feliz.
   Segunda Leitura (1Cor 2,6-10.) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: 6Entre os perfeitos nós falamos de sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem da sabedoria dos poderosos deste mundo, que, afinal, estão votados à destruição. 7Falamos, sim, da misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida, que desde a eternidade Deus destinou para nossa glória. 8Nenhum dos poderosos deste mundo conheceu essa sabedoria. Pois, se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. 9Mas, como está escrito, “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu”. 10A nós Deus revelou esse mistério através do Espírito. Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus. Palavra do Senhor. Graças a Deus.
   Paulo nos apresenta a sabedoria de Deus ou o mistério. É um projeto que Deus preparou “para aqueles que o amam” e que Jesus Cristo revelou com sua pessoa, suas palavras, com sua morte e morte de cruz. Para Paulo, Deus destinou para nossa glória ou seja para nossa salvação, a salvação da humanidade. É um plano que o próprio Deus manteve misterioso e revelado por seu filho Jesus Cristo, que nos indicou o caminho da vida e da felicidade, veio ao nosso encontro, fez aliança conosco, nos libertou dos nossos pecados, nos ensinou a lei do amor, de doação, de comunhão com Deus e com os irmãos. Agora é o Espírito Santo que nos anima no sentido de nascermos dia a dia, como pessoas novas, renovadas, como nos diz no v.10, “A nós Deus revelou esse mistério através do Espírito” e não pela sabedoria dos dominadores e poderosos.
    Evangelho (Mt. 5,17-37) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus: Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 17Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. 18Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus. 20Porque eu vos digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. 21Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal'. 22Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: 'patife!' será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de 'tolo' será condenado ao fogo do inferno. 23Portanto, quando tu estiveres levando  a tua oferta para o altar, e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo. 27Ouvistes o que foi dito: 'Não cometerás adultério'. 28Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. 29Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. 30Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno. 31Foi dito também: 'Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio'. 32Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério. 33Vós ouvistes também o que foi dito aos antigos: 'Não jurarás falso', mas 'cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor'. 34Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum: nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35nem pela terra, porque é o suporte onde apoia os seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. 36Não jures tão pouco pela tua cabeça, porque tu não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. 37Seja o vosso 'sim': 'Sim', e o vosso 'não': 'Não'. Tudo o que for além disso vem do Maligno. Palavra da Salvação. Glória a vós, Senhor.
   Este trecho do evangelho de Mateus, nos diz que Jesus não veio abolir a lei que Deus ofereceu ao seu povo através de Moisés no monte Sinai, Ele veio dar pleno cumprimento a ela, a Lei de Jesus é a Lei do amor que lá no monte do sermão da montanha com as bem aventuranças, Jesus nos propõe os mandamentos da Nova Aliança ou seja o Novo Testamento. Mateus continua o texto com exemplos concretos e se refere as relações fraternas, diz que a Lei de Moisés exige não matar, porém Jesus exige uma nova atitude interior pois há muitas formas de matar, destruir o irmão: as palavras que ofendem, as fofocas, as calúnias, os gestos de desprezos, os desentendimentos que põe fim aos relacionamentos conjugais e de amizades. Nós não podemos nos limitar a cumprir a lei simplesmente, mas assumir uma nova atitude que nos leve a um respeito maior pela vida e pela dignidade, a reconciliação com o irmão sobrepõe ao próprio culto, primeiro reconciliar com o irmão só depois fazer sua oferta.
   Sobre o adultério, Jesus nos ensina que é preciso ir mais além e atacar a raiz do problema ou seja o coração humano, pois é no coração que nasce de tudo que não nos pertence, portanto é preciso realizar uma conversão, o olho é a entrada dos desejos e a mão concretiza os desejos que nascem no coração, são expressões muito duras quando diz que é melhor arrancar e cortar e atirar para longe, só assim é eliminado na fonte, as raízes mal. Na Lei de Moisés sobre o divórcio permite que o homem repudie sua mulher, mas para Jesus tem que ser corrigida, o divórcio não estava nos planos de Deus quando criou o homem e a mulher, eles foram criados para amarem-se, respeitarem-se.
   A questão dos juramentos, a lei antiga pede fidelidade aos compromissos firmados com um juramento, na visão de Jesus a necessidade de jurar implica num clima de desconfiança, incompatível com o Reino de Deus, prometidos a todos nós, então deve haver um clima de confiança e sinceridade, simplesmente com o “sim” ou “não”. As leis, os mandamentos, devem ser sinais indicadores para que alcancemos o verdadeiro caminho que nos conduz a vida plena ou seja o Reino de Deus, proposto para o homem que caminha com seus fracassos e seus defeitos, em direção à vida definitiva cheia de felicidade. Com fé e confiança devemos caminhar sem desanimar. Na certeza que o Espírito Santo nos guiará a vida de santidade. Jesus nos convida a perfeição de nossa vida que se realiza com ações o que se prega com palavras. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado!
Marlene Resstel

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Com sua vida, o discípulo dá sabor ao mundo e o ilumina! (05/02/2017)

Introdução
No Ciclo A do ano litúrgico, que estamos a viver, o evangelho de Mateus será nosso companheiro. Ele apresenta cinco longos discursos, nos quais ele junta os ensinamentos proferidos por Jesus em várias ocasiões e contextos. Como no domingo passado tivemos o grande sermão da montanha contemplando as Bem-aventuranças, agora vamos continuar a saborear esses ensinamentos de Jesus como sendo o novo Moisés.
As três leituras deste domingo nos mostram a condição do discipulado de Cristo, que é encarnar o próprio Jesus e agir em conformidade com ele. Só assim podemos dar sabor ao mundo e iluminá-lo.

Comentário aos textos bíblicos
I Leitura: Isaias 58,7-10: O verdadeiro jejum
Com seu jejum o povo exige que Deus seja misericordioso, como se Deus agisse com misericórdia mediante as obras de piedade do ser humano.

II Leitura: 1 Coríntios 2,1-5: A salvação do Pai é dom gratuito
Nesta leitura Paulo avisa que ser "Luz" não é colocar a sua esperança de salvação em esquemas humanos de sabedoria, mas identificar-se com Cristo. Na visão paulina, a fé do discípulo deve ter como fundamento o poder de Deus. Todas as suas ações devem ser expressão dessa fé, pois somente assim suas obras demonstrarão o “poder do Espírito” agindo nele.

Evangelho: Mateus 5,13-16: Sal na terra e luz para o mundo
Jesus define a identidade de seus discípulos: “Sal da terra e a luz do mundo”.

      a)    Sal da terra
Na cultura antiga, o sal aparece como imagem do que dá sabor e conserva os alimentos. O discípulo, para ser “sal da terra”, deve se configurar a Cristo. Configurar-se a ele significa encarná-lo. Se o discípulo não encarna Jesus Cristo, o cristianismo torna-se mera doutrina sem nenhum sabor.

      b)    O sal sem sabor
Os cristãos que perdem o sabor correspondem em Mateus aos malditos do Pai que não colocaram o código de conduta em ação como deveriam amando o irmão (Mt 25, 41-45).

     c)    A luz do mundo
Assim como o sal, ao perder seu sabor, deixa de ser sal, assim a luz não pode ser acesa para ser escondida, pois deixaria de cumprir sua missão de brilhar.
Quando as nossas atitudes e obras bendizem a Deus (falam bem de Deus), então estamos sendo luz para o mundo.
Quando o povo santo de Deus encarnar Jesus Cristo, o mundo se torna um lugar de luz.
Quando cada um de nós for fiel à sua missão, este mundo será um pedacinho do céu.
Ser Sal da Terra e Luz do Mundo: Sal que preserva da corrupção e dá gosto das coisas de Deus e Luz que ilumina e se consome a serviço dos irmãos, iluminando o caminho que leva ao Pai. Peçamos a Deus muita Luz para compreender essa missão e muita força para sermos de verdade Sal da Terra e Luz do Mundo!

Pistas de reflexão
Valor da vida consagrada no mundo de hoje como testemunho de vida
Não conto a história do filme para não estragar o prazer de o ver, mas uma personagem central, o padre apóstata (que aparentemente renegou sua fé) Cristóvão Ferreira, morreu no Japão também como mártir, com mais de 80 anos. Proclamou a falsidade da sua renúncia, feita sob chantagem da morte de outros seus colegas que se tinham convertido. Os jesuítas portugueses como Cosme de Torres, João Fernandes, Gaspar Vilela, Luís Fróis, João Rodrigues, Gaspar Coelho, Sebastião Vieira, foram peças desta grande tapeçaria de transformações da alma. Mas quem olha para os três crucificados da aldeia de Tomogi, vê gente do povo, simples, sem prémio terreno, nem medo da execução mais horrível. Partem a cantar. Acabam por ser eles, mais do que o padre Rodrigues, o mistério central desta linda narrativa sobre o aparente silêncio de Deus. Uma pergunta surge: “Porque morrem tão serenos?”
[Nuno Rogeiro, politólogo, “O som do silêncio (II)”, na revista “Sábado” de 28.01.2017]

O que “salga” o mundo de hoje
“O dinheiro tornou-se um espaço sagrado. Ocupa um lugar central, domina a organização do mundo, detém um prestígio absoluto, muitos veem nele a chance de redenção. Quando lemos os evangelhos, podemos agrupar o ensinamento de Jesus em torno de dois pedidos. A primeira: que vamos fazer com o dinheiro, como a usamos, o que realmente precisa na nossa vida? A outra pergunta de Jesus é mais íntima e, de certo modo, mais radical. Não é mais o que fazemos do nosso dinheiro, mas sim o que o dinheiro faz de nós.  Assim o ter acaba por assumir uma influência decisiva sobre ser e nos tornamos escravos do que pensamos possuir”.
(José Tolentino Mendonça, no futuro [28.01.2017])
Pe Luis Filipe Dias