sábado, 30 de agosto de 2014

Renuncias e cruzes, estamos preparados para seguir Jesus? (31/08/2014)

   Neste domingo refletimos sobre os obstáculos que encontramos para seguir o caminho de Jesus, sabemos que não é fácil manter-se firme neste proposito, mas, Jesus nos aponta a direção, daí em diante os passos somente nós podemos dar, ele não nos desampara nesta caminha, ele segue caminhando ao nosso lado e está sempre pronto para nos levantar quando vacilamos com as pedras do caminho. 
   Na primeira leitura o profeta Jeremias nos diz: “Seduziste-me, Senhor, e deixei-me seduzir; foste mais forte, tiveste mais poder. Tornei-me alvo de irrisão o dia inteiro, todos zombam de mim. Todas as vezes que falo, levanto a voz, clamando contra a maldade e invocando calamidades; a palavra do Senhor tornou-se para mim fonte de vergonha e de chacota o dia inteiro. Disse comigo: Não quero mais lembrar-me disso nem falar mais em nome dele. Senti, então, dentro de mim um fogo ardente a penetrar-me o corpo todo; desfaleci, sem forças para suportar.”(Jr. 20, 7 – 9.) Em nossa caminhada de fé muitos irão tentar nos ridicularizar diante da sociedade, vão fazer piadas e sorrindo zombarão de nós. Mas, como calar este chamado forte que arde em nosso peito? O profeta Jeremias também sentiu-se assim, as vezes continuar era muito sofrido, mas, por dentro esta voz não se calava, então não teve como resistir, “Seduziste-me, Senhor, e deixei-me seduzir.”
   Na segunda leitura São Paulo nos convida a uma meditação sobre a nossa atuação no mundo, “Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito.”(Rm. 12, 1 – 2.) Somos nós a oferta que Deus quer, um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, ele nos chama para a missão de transformar este mundo, não podemos aceitar como este mundo está, cheio de ódio, com guerras, lutas pelo poder a qualquer custo, e por isso vemos uma realidade de violência, miséria e fome pelo mundo inteiro. Deus nos criou para a felicidade, e devemos fazer com que os nossos irmãos também sejam felizes, está é a nossa missão, não só levar a palavra Deus a todo a mundo, e sim levar junto com a mensagem, a dignidade de vida para cada filho de Deus que caminha sobre esta terra.
   No evangelho São Mateus no relata como é difícil com os olhos do mundo a missão de Jesus, “Naquele tempo, Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça! Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens!”(Mt. 16, 21 – 23.) Pedro que momentos antes recebeu o chamado para ser a pedra angular para edificar a igreja, tornou-se pedra de tropeço para Jesus. Isso acontece quando tentamos de forma racional entender Deus, ele transcende a nossa capacidade de entendimento, somos envolvidos em seu amor e simplesmente sentimos Deus agindo em nossa vida.
   Jesus nos mostra que a caminha é muito difícil e que é preciso abrir mão de algumas coisas para segui-lo, “Então Jesus disse aos discípulos: Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida? ”(Mt. 16, 24 – 26.) Aos olhos do mundo não é fácil seguir a Jesus. Como me renunciar e tomar sobre meus ombros esta cruz de sofrimentos? Como terei que perder a minha vida, para encontra-la? Aos olhos do mundo é impossível, mas, aos olhos da fé encontramos em Jesus força para esta escolha. 
   Para seguirmos a Jesus, precisamos renunciar de nossas vidas tudo aquilo que nos impede de trilhar este caminho, a corrupção, o ódio, a mentira, a prostituição, os vícios e outras tantas coisas que nos atrapalham de olhar o projeto de Deus com os olhos da fé, tomar a cruz sobre os nossos ombros é uma atitude de aderir a este projeto de Deus, sabendo que seremos atacados com zombarias, perseguições, seremos chamados de loucos e muitos irão virar as costas para nós, tudo fruto da nossa renuncia.  
   Mas, não podemos ficar somente com a figura deste Cristo que sofreu e morreu por nossos pecados, não teria sentindo se Cristo tivesse ficado no sepulcro morto e vencido, ele ressuscitou e venceu a morte, sua ressurreição é força inspiradora para a nossa missão, sabemos que mesmo sofrendo todas as perseguições e humilhações, seremos recompensados por Deus, “Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta.”(Mt. 16, 27.)
  É preciso que deixemos Deus agir por meio de nossas palavras e atitudes, deixar-se seduzir por Deus, oferecer nossa vida como instrumento de transformação do mundo, devemos mostrar ao mundo este amor incondicional de Deus por cada um de nós, ele ama o justo e o pecador, e nos pede para que façamos o mesmo, e isso não é um gesto passivo, amor o próximo é lutar por justiça social, pelo fim das desigualdades, por alimentos nas mesas de todos, por educação, por saúde e segurança, não podemos ficar somente dentro das igrejas orando para que Deus mude isso ou aquilo, as nossas orações nas igrejas são força que nos impulsionam para a missão no mundo, Jesus não se conformou com o mundo, e combateu tudo o que havia de errado e por isso que foi perseguido e morto, e nós também não podemos conformar com o mundo.
   Que as nossas palavras e atitudes, sejam sinais de vida e esperança para aqueles que não têm mais nenhuma esperança, que o nosso rosto possa ser a imagem do Cristo ressuscitado e que a nossa mão se estenda para o irmão caído, sendo para ele a mão do próprio Cristo, ser a imagem do Cristo ressuscitado para quem precisa, esta é a missão de todo o Cristão. 
Rubens Corrêa

sábado, 23 de agosto de 2014

Amor, a chave da missão que Jesus nos confiou (24/08/2014)

   Neste domingo somos convidados para meditarmos quem é Jesus para nós, muitas vezes idealizamos Jesus de diversas formas, menos da forma que realmente ele é. Estamos buscando o Jesus de soluções fáceis e da forma que mais nos é convenientes, mas, Jesus não é como queremos, e sim como o mundo precisa.
   Na primeira leitura o profeta Isaías nos diz, Eu vou te destituir do posto que ocupas e demitir-te do teu cargo. Acontecerá que nesse dia chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias, e o vestirei com a tua túnica e colocarei nele a tua faixa, porei em suas mãos a tua autoridade; ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá.(Is. 22, 19 – 21.) De forma tendenciosa Sobna busca somente o seu próprio beneficio esquecendo-se de suas atribuições, mas, Deus chama para substituí-lo o servo Eliacim e a ele é entregue toda a autoridade e também a responsabilidade sobre o povo.
   Seguindo no caminho de Deus sentimos segurança nos desafios que iremos encontrar durante o percurso, Eu o farei levar aos ombros a chave da casa de Davi; ele abrirá, e ninguém poderá fechar; ele fechará, e ninguém poderá abrir. Hei de fixá-lo como estaca em lugar seguro e aí ele terá o trono de glória na casa de seu pai.”(Is. 22, 22 – 23.) É Deus que dá respaldo ao trabalho do justo, mesmo que sejamos perseguidos por quem se opõe a nossas lutas, ele sempre estará ao nosso lado sustentando a nossa missão.
   Na segunda leitura vemos que tudo é graça de Deus, e de nada somos merecedores, “Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! De fato, quem conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem se antecipou em dar-lhe alguma coisa, de maneira a ter direito a uma retribuição? Na verdade, tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória para sempre. Amém!”(Rm 11, 33 – 36.) Muitas vezes achamos que Deus tem alguma obrigação em realizar algo para nós, mas, não somos merecedores da graça que Deus vem todos os dias derramando abundantemente sobre cada um de nós, ele com seu gesto de amor incondicional nos concede as benções que presenciamos em nossas vidas.
   No evangelho vemos que Jesus procura saber o que os outros pensam a respeito dele, Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e aí perguntou a seus discípulos: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? Eles responderam: Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas.”(Mt 16, 13 – 14.) Muitos seguiam Jesus, mas, não sabiam realmente quem ele era, iam ao seu encontro em busca de algo que pudesse aliviar as dores do corpo e da alma, eles enxergavam em Jesus alguém com muito poder e sabedoria, não sabendo que se tratava do filho de Deus Pai criador de todas as coisas.
   Em seguida, Jesus quer saber o que os discípulos pensam dele, Então Jesus lhes perguntou: E vós, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.(Mt 16, 15 – 16.) Pedro inspirado pelo Espírito Santo responde com sabedoria, ele reconhece a divindade de Jesus, não como um milagreiro, mas, sim como alguém que tem poder acima do bem e do mal, ele tem poder de transformar as nossas vidas, não é aquele poder opressor imposto como fardos pesados sobre nossos ombros, é o poder do amor, o amor é a fonte do poder de Jesus, tudo o que ele realizou foi fruto deste amor por nós.
   Pedro recebe de Jesus a missão de continuar o projeto de salvação, “Respondendo, Jesus lhe disse: Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus.”(Mt 16, 17 – 19.) Nele Jesus alicerça a sua Igreja, dando a Pedro a autoridade e a responsabilidade sobre este rebanho.
   Mesmo sendo pecador e cheios de medo, Jesus escolhe a Pedro para conduzir o povo de Deus rumo à santidade, mas, ele não escolheu somente a Pedro, escolheu também a nós, pecadores e fracos, somos nós que devemos continuar esta missão, sendo misericordiosos e cheios de amor, assim como Jesus foi para com os mais necessitados, e tendo posições firmes, mostrando-se contrário ao sistema opressor.
   Seguir a Jesus, não é um caminho fácil, temos muitos obstáculos e muitas seduções a superar, mas, Deus não deixa a obra inacabada, e se confiarmos que ele nos fortalece a cada dia, a tarefa fica menos árdua e não desaminamos neste projeto tão importante para o mundo.
   Não devemos fazer a bondade para obter reconhecimento dos outros, “Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias.”(Mt. 16, 20.) A obra e a transformação das vidas que deve ser o objetivo principal do bem que fazemos, a nossa felicidade deve ser estas vidas transformadas, livres da droga, do alcoolismo, da prostituição e opressão, no Reino de Deus, não há lugar para a infelicidade, todos somos criados para a felicidade e é isso que devemos promover aqui na terra, para que no céu estejamos todos juntos na presença de Deus.
Rubens Corrêa

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Assunção de Nossa Senhora (17/08/2014)

   Neste domingo celebramos a Assunção de Nossa Senhora, uma grande festa para a igreja, Maria que sempre foi exemplo de mãe e mulher, com o seu sim ao projeto Deus tornou-se fonte de grande inspiração para todos nós, Maria a mãe do Salvador, ela que ensinou os primeiros passos para Jesus, ensinou a falar e também a orar, intercedeu nas bodas de Caná para que Jesus realizasse o primeiro milagres, e este aconteceu em um casamento, ela que todos os dias vem nos dizendo, "fazei o que ele vos disser"(Jo 2,5b).
   O Apocalipse de São João nos retrata um grande sinal, Abriu-se o Templo de Deus que está no céu e apareceu no Templo a Arca da Aliança. Então apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas.(Ap. 11, 19a; 12, 1) Nesta imagem vemos que há uma ligação entre a primeira aliança de Deus com o povo, simbolizada pela Arca da Aliança, e a aliança definitiva, representada pela Mulher vestida de sol preste a dar a luz a salvação do mundo, revestida da glória de Deus,  tendo a lua debaixo do seus pés, a lua que representa a noite, o medo, o pecado, o fato de estar debaixo dos seus pés, representa que venceu a noite do medo e do pecado, na cabeça uma coroa de doze estrela, representa as doze tribos de Israel e os doze apóstolos, a antiga e a nova aliança.
   No mundo encontramos muitas dificuldades para nos mantermos firmes nos caminhos do Senhor, Então apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo. Tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete coroas. Com a cauda, varria a terça parte das estrelas do céu, atirando-as sobre a terra. O Dragão parou diante da Mulher, que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse.  E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. A Mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar.(Ap. 12, 3 – 6a) O dragão representa tudo aquilo que nos seduz para abandonar o caminho de Deus, o poder, o dinheiro, a ganância, as drogas, o egoísmo, tudo isso vem todos os dias tentando nos seduzir e devorar Jesus de nossas vidas, mas, este Jesus que foi perseguido e morto, ressuscitou e está junto de Deus olhando por cada uma de nós, nesta passagem bíblica vemos que a Mulher se retirou em um lugar que Deus havia preparado para ela, Maria foi fundamental para o projeto de Deus e recebeu um lugar de destaque na glória de Deus.
   Na primeira carta aos Coríntios, São Paulo nos diz: “Irmãos: Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram.  Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão.  Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda.(1Cor. 15, 20 – 23.) Por meio de um homem o mundo conheceu pecado, mas, em Jesus fomos liberto das amarras do pecado, o fruto do ventre sagrado de Maria nos trouxe a salvação, e ele deve ocupar o lugar de maior destaque me nossas vidas, e depois Maria que foi que trouxe a luz ao mundo.
   Em Jesus nos fortalecemos para resistir a sedução do pecado, A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Com efeito, Deus pôs tudo debaixo de seus pés.”(1Cor. 15, 24 – 27a) Quando Jesus foi crucificado muitos acharam que era o fim, mas, a luz venceu as trevas, a vida venceu a morte, Deus o encheu de glória, no céu e na terra, e Maria eternamente estará revestida desta glória de Deus, pois, foi a sua confiança no projeto de Deus que nos permitiu conhecer a salvação.
   No evangelho segundo São Lucas, vemos que mesmo recebendo a graça de ser a mãe do Salvador, Maria se põe a serviço do próximo, visita a sua prima Izabel, que já idosa, está grávida do precursor de Jesus, João Batista. Maria exemplo de humildade saúda sua prima, “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu.”(Lc. 1, 41 – 45.) Com uma grande missão, Maria não se coloca acima dos outros, mantém a sua simplicidade e humildade que sempre agradou a Deus, e Izabel reconhece nela alguém muito especial e a recebe com as lindas palavras que ainda hoje proclamamos na oração da Ave-Maria.
   Maria exulta um louvor a Deus, por muitos prodígios que ele tem realizado, “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.”(Lc. 1, 46b – 55.) Em seu louvor, Maria, revela a missão que seu filho terá pela frente, e diz que o Senhor é que realizou grandes coisa por meio de sua humilde serva, ela que poderia se ostentar por ser o sacrário vivo de Jesus, não o fez, sempre colocou Deus como aquele que realiza a obra.
   Hoje em nosso mundo vemos atitudes diferentes, pessoas que usam de marketing pessoal, querem estar em evidência a todo estante e a qualquer custo, na TV que assistimos, na empresa onde trabalhamos, em nossas famílias e até nas igrejas, vemos pessoas com grande necessidade de estar em destaque, Maria acompanhou Jesus em toda a sua caminhada, do nascimento, infância, adolescência, juventude, vida publica, paixão, morte e ressurreição, e sempre souber agir com simplicidade e humildade, nunca se fez valer de quem era para se tornar visível para o mundo, e foi este jeito de ser, que a tornou grande para todos nós, não é mais que Jesus, mas, foi fundamental para a realização do projeto de Deus.
   Hoje na solenidade da Assunção de Nossa Senhora, que sigamos o seu exemplo de servidão, simplicidade e humildade, que colocamos Deus como centro de nossas vidas, que possamos saber ajudar os outros a crescer na vida e espiritualmente, que a nossa atuação nas comunidades seja espelho de Cristo ressuscitado e sejamos um grande sinal de esperança para mundo assim como Maria é para todos nós. Ave-Maria és cheia de graça de Deus. 

Rubens Corrêa










quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Caminhar sobre o mar das desilusões. (10/08/2014)

   Neste 19º Domingo do Tempo Comum, meditamos como Deus se manifesta em nossas vidas, às vezes esperamos que esta manifestação seja algo fantástico e sobrenatural, mas, Deus nos convida a silenciar em meio a toda a correria do dia-a-dia para podemos escutar a sua voz e entender o que ele preparou para cada um de nós.
   Na primeira leitura o profeta Elias tem uma linda experiência com Deus, “Sai e permanece sobre o monte diante do Senhor, porque o Senhor vai passar. Antes do Senhor, porém, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos. Mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento, houve um terremoto. Mas o Senhor não estava no terremoto. Passado o terremoto, veio um fogo. Mas o Senhor não estava no fogo. E, depois do fogo, ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isso, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta.”(1Rs. 19, 11 – 13a.) Deus se manifesta como esta brisa suave, sem que agente perceba ele entra em nossas vidas e nos transformada de uma forma profunda, mas, para isso temos que abrir os nossos corações a graça de Deus.
   Na segunda leitura São Paulo revela um sentimento quanto povo de Israel, “Tenho no coração uma grande tristeza e uma dor contínua, a ponto de desejar ser eu mesmo segregado por Cristo em favor de meus irmãos, os de minha raça. Eles são israelitas. A eles pertencem a filiação adotiva, a glória, as alianças, as leis, o culto, as promessas e também os patriarcas. Deles é que descende, quanto à sua humanidade, Cristo, o qual está acima de todos, Deus bendito para sempre! Amém!”(Rm. 9, 2 – 5.) Este povo que peregrinou por longos anos no deserto, que venceu muitos desafios e que foi escolhido por Deus para dele nascer aquele que veio redimir o mundo, este mesmo povo não aceitou Jesus e o crucificou, mas, São Paulo faz da sua vida uma oportunidade de revelar este Jesus, não só para os judeus, mas, a todo o mundo sem fronteiras.
   No evangelho depois do grande milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus se retira no monte para rezar e manda que os discípulos sigam a frente de barco, “A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: É um fantasma. E gritaram de medo. Jesus, porém, logo lhes disse: Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”(Mt. 14, 24 – 27.) Quando o medo toma conta das nossas vidas, muitas vezes deixamos de reconhecer este Jesus que jamais nos abandona, ele nos acompanha em todos os momentos, principalmente quando achamos que o mundo todo virou as costas para nós, precisamos acreditar que com tua presença possamos vencer qualquer situação adversa.
   Somos tão fracos e custamos acreditar, assim como São Pedro que duvidou, Então Pedro lhe disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água. E Jesus respondeu: Vem! Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me! Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: Homem fraco na fé, por que duvidaste?”(Mt. 14, 28 - 31) Quantas vezes o medo nos faz afundar? O medo de arriscar na vida profissional, o medo de ser mal interpretado pelo outros, o medo de se entregar realmente a uma relação familiar com a esposa ou esposo, com os filhos, muitas vezes somos os frutos frustrados dos nossos medos, e assim vamos afundando cada vez mais tornando nossas vidas insuportáveis, mas, Jesus nos estende a mão e nos puxa para cima, com ele encontramos força e coragem para caminhar sobre o mar das tribulações, o mar das incertezas, o mar do egoísmo e da falta de amor, nele encontramos sentido para continuar caminhando mesmo quando as situações não são favoráveis.
   Vivemos constantemente lamentando as coisas que acontece ou deixam de acontecer em nossas vidas, caminhar sobre as águas requer uma atitude diferente de todos nós, não que iremos seguir sempre firmes e sem medos, somos humanos e temos sempre que reconhecer isso, a diferença é onde buscamos esta força transformadora, se confiamos em Jesus não tememos o primeiro passo sobre as águas, sabemos que ele não nos deixará afundar neste mar de desilusões, ele nos encoraja para que possamos ser pessoas melhores, nele encontramos as condições favoráveis para seguir nossas vidas, “Assim que subiram no barco, o vento se acalmou. Os que estavam no barco prostraram-se diante dele, dizendo: Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”(Mt. 14, 32 – 33.)
   E o que vamos fazer com essa condição favorável que Jesus nos proporciona? Precisamos transformar tudo ao nosso redor, na família, na comunidade, no trabalho e no mundo todo, sem imposição, mas, com exemplos, mostrar com nossas vidas a graça infinita de Deus, caminhar sobre as águas requer que demos um passo a cada vez, sem pressa com amor e carinho com quem caminha ao nosso lado, ajudando para que este nosso irmão também não se afunde durante a sua caminhada, sendo a mão de Jesus para o nosso próximo. 
Rubens Corrêa

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Em Jesus, partilhamos para multiplicar. (03/08/2014)

   Somos convidados neste 18º Domingo do Tempo Comum, a meditar sobre o grande milagre de Jesus, a multiplicação dos pães e dos peixes, e muitas vezes esquecemo-nos do maior de todos os milagres, a partilha, nesta sociedade cada vez mais possessiva partilhar tem sido um gesto cada vez mais raro.
   O profeta Isaías nos diz: “Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? Ouvi-me com atenção, e alimentai-vos bem, para deleite e revigoramento do vosso corpo. Inclinai vosso ouvido e vinde a mim, ouvi e tereis vida; farei convosco um pacto eterno, manterei fielmente as graças concedidas a Davi.”(Is. 55, 2 – 3.) Como utilizar os recursos para ter a satisfação completa? Será que é somente de comida e bem estar físico que o texto bíblico quer nos dizer? Para o trabalho no reino de Deus necessitamos que nosso corpo esteja bem alimentado e com muito vigor, pois a tarefa diária é muito árdua e precisamos estar preparado para os desafios que encontraremos durante a caminhada, é preciso também inclinar os ouvidos para o Senhor e nos alimentar também da palavra que sai da boca de Deus, palavra esta, que é força transformadora para nossas vidas e para toda a sociedade, fielmente ele vem derramado todos os dias graças abundantes sobre cada um de nós.
   Em sua carta aos Romanos, São Paulo nos fala: Tenho a certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os poderes celestiais, nem o presente, nem o futuro, nem as forças cósmicas, nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor.”(Rm 8, 38 – 39.) Nada neste mundo é capaz de nos afastar deste amor incondicional de Deus por nós, ele nunca nos vira as costas, somos nós que muitas vezes abandonamos este amor para viver outras coisas que o mundo nos oferece, mas, Deus neste grande amor sempre nos acolhe de volta, ele zela por nós até mesmo quando nos revoltamos com ele, nunca nos abandona e sempre nos convida a recomeçar sendo melhor do que somos.
   No evangelho segundo São Mateus, vemos que ao saber da morte de João Batista, Jesus se retirou no lugar deserto, mas, eis que o povo vai atrás de Jesus e ele cheio de compaixão curou os que estavam doentes, mas, com o entardecer veio uma preocupação para os discípulos, “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!”(Mt. 14, 15b) Despedir a multidão seria a atitude mais sensata a fazer naquele momento, mas, Jesus enxerga ainda mais longe que possamos ver, ele sabe de que forma seria manifestado a graça de Deus para aquela multidão, “Jesus, porém, lhes disse: Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer! Os discípulos responderam: Só temos aqui cinco pães e dois peixes. Jesus disse: Trazei-os aqui. Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida, partiu os pães e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões.” (Mt 14, 16 – 19.) E o grande milagre aconteceu, pães e peixes em grande quantidade, e para todos sem distinção.
   Agora gostaria propor uma reflexão sobre o gesto que fez toda a diferença nesta linda passagem bíblica, o garotinho que partilhou os seus cinco pães e dois peixes com aquela multidão tão numerosa, logo uma criança que naquele tempo nem se contava para as estatísticas foi capaz de um gesto tão bonito, muitas vezes achamos que os nossos recursos são muitos escassos e em que nada poderemos ajudar a quem precisa, mas, possamos imaginar que um lindo gesto influencia outro gesto bonito e que no final a soma é que faz realmente a diferença, juntos formamos um grande elo de solidariedade em prol de quem realmente precisa. Em Jesus somos convidados a partilhar os nossos dons, coloca-los a disposição do próximo, mesmo não precisando de nós, Deus quer que o ajudemos a construir um mundo melhor, somos nós os agentes de transformação desta sociedade possessiva em uma sociedade fraterna.
   Muitas vezes em nossas vidas esperamos que como no milagre da multiplicação, Jesus entre em nossas vidas e que faça uma grande transformação, de uma hora para outra todos os problemas solucionados, mas, a vida é diferente, Deus age onde menos imaginamos, como naquele garotinho, que partilhou tudo o que tinha, assim é também em nossas vidas, se prestarmos bem atenção vemos Deus agindo em nossas vidas, pequenos gestos que se multiplicam e tornam-se grandes sinais da presença de Deus, Todos comeram e ficaram satisfeitos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.(Mt. 14, 20 – 21.) Quando partilhamos o mundo fica mais justo e nada falta para ninguém, mas, é preciso partilharmos mais do que comida, bebida e roupas, precisamos partilhar o nosso coração, sermos esta imagem viva do Cristo ressuscitado para aqueles que mais necessitam. 
Rubens Corrêa