sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Em Jesus, partilhamos para multiplicar. (03/08/2014)

   Somos convidados neste 18º Domingo do Tempo Comum, a meditar sobre o grande milagre de Jesus, a multiplicação dos pães e dos peixes, e muitas vezes esquecemo-nos do maior de todos os milagres, a partilha, nesta sociedade cada vez mais possessiva partilhar tem sido um gesto cada vez mais raro.
   O profeta Isaías nos diz: “Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? Ouvi-me com atenção, e alimentai-vos bem, para deleite e revigoramento do vosso corpo. Inclinai vosso ouvido e vinde a mim, ouvi e tereis vida; farei convosco um pacto eterno, manterei fielmente as graças concedidas a Davi.”(Is. 55, 2 – 3.) Como utilizar os recursos para ter a satisfação completa? Será que é somente de comida e bem estar físico que o texto bíblico quer nos dizer? Para o trabalho no reino de Deus necessitamos que nosso corpo esteja bem alimentado e com muito vigor, pois a tarefa diária é muito árdua e precisamos estar preparado para os desafios que encontraremos durante a caminhada, é preciso também inclinar os ouvidos para o Senhor e nos alimentar também da palavra que sai da boca de Deus, palavra esta, que é força transformadora para nossas vidas e para toda a sociedade, fielmente ele vem derramado todos os dias graças abundantes sobre cada um de nós.
   Em sua carta aos Romanos, São Paulo nos fala: Tenho a certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os poderes celestiais, nem o presente, nem o futuro, nem as forças cósmicas, nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor.”(Rm 8, 38 – 39.) Nada neste mundo é capaz de nos afastar deste amor incondicional de Deus por nós, ele nunca nos vira as costas, somos nós que muitas vezes abandonamos este amor para viver outras coisas que o mundo nos oferece, mas, Deus neste grande amor sempre nos acolhe de volta, ele zela por nós até mesmo quando nos revoltamos com ele, nunca nos abandona e sempre nos convida a recomeçar sendo melhor do que somos.
   No evangelho segundo São Mateus, vemos que ao saber da morte de João Batista, Jesus se retirou no lugar deserto, mas, eis que o povo vai atrás de Jesus e ele cheio de compaixão curou os que estavam doentes, mas, com o entardecer veio uma preocupação para os discípulos, “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!”(Mt. 14, 15b) Despedir a multidão seria a atitude mais sensata a fazer naquele momento, mas, Jesus enxerga ainda mais longe que possamos ver, ele sabe de que forma seria manifestado a graça de Deus para aquela multidão, “Jesus, porém, lhes disse: Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer! Os discípulos responderam: Só temos aqui cinco pães e dois peixes. Jesus disse: Trazei-os aqui. Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida, partiu os pães e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões.” (Mt 14, 16 – 19.) E o grande milagre aconteceu, pães e peixes em grande quantidade, e para todos sem distinção.
   Agora gostaria propor uma reflexão sobre o gesto que fez toda a diferença nesta linda passagem bíblica, o garotinho que partilhou os seus cinco pães e dois peixes com aquela multidão tão numerosa, logo uma criança que naquele tempo nem se contava para as estatísticas foi capaz de um gesto tão bonito, muitas vezes achamos que os nossos recursos são muitos escassos e em que nada poderemos ajudar a quem precisa, mas, possamos imaginar que um lindo gesto influencia outro gesto bonito e que no final a soma é que faz realmente a diferença, juntos formamos um grande elo de solidariedade em prol de quem realmente precisa. Em Jesus somos convidados a partilhar os nossos dons, coloca-los a disposição do próximo, mesmo não precisando de nós, Deus quer que o ajudemos a construir um mundo melhor, somos nós os agentes de transformação desta sociedade possessiva em uma sociedade fraterna.
   Muitas vezes em nossas vidas esperamos que como no milagre da multiplicação, Jesus entre em nossas vidas e que faça uma grande transformação, de uma hora para outra todos os problemas solucionados, mas, a vida é diferente, Deus age onde menos imaginamos, como naquele garotinho, que partilhou tudo o que tinha, assim é também em nossas vidas, se prestarmos bem atenção vemos Deus agindo em nossas vidas, pequenos gestos que se multiplicam e tornam-se grandes sinais da presença de Deus, Todos comeram e ficaram satisfeitos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.(Mt. 14, 20 – 21.) Quando partilhamos o mundo fica mais justo e nada falta para ninguém, mas, é preciso partilharmos mais do que comida, bebida e roupas, precisamos partilhar o nosso coração, sermos esta imagem viva do Cristo ressuscitado para aqueles que mais necessitam. 
Rubens Corrêa

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