quinta-feira, 29 de junho de 2017

Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos (02/07/2017)

Combateram o bom combate
Somos felizes por festejar os apóstolos Pedro e Paulo, que combateram o bom combate em Cristo, congregaram a única família de Deus e, unidos pelo martírio, recebem em toda a terra igual veneração. Bendigamos ao Senhor pela fé viva de Pedro e pelo ardor missionário de Paulo. Celebremos em comunhão com a vida e a missão do Papa Francisco, sucessor de Pedro.

I leitura (Atos 12,1-11): foi lançado na prisão
O texto começa com a decisão do rei Herodes de tentar destruir a Igreja, prendendo e matando seus líderes. A prisão de Pedro não é um acontecimento isolado, pois outros são presos e até martirizados. O detalhe da condição da prisão nos aponta para a impossibilidade de alguém conseguir escapar. A igreja reunida em oração é mais forte que todas as amarras da cadeia sob forte guarda e a libertação acontece.
O texto enfatiza que Pedro dormia enquanto esperava o próprio julgamento e condenação. Confiante em Deus fica sem entender o que está acontecendo.

II leitura (2 Timóteo 4,6-8.17-18): terminei minha carreira, guardei a fé
Paulo está preso e espera pela morte quase certa, Confia no Deus da vida pois a ele confiou todo o seu trabalho apostólico. A última palavra não é a morte, mas sim a palavra de Deus dá vida a quem nele confia. A coroação de que o apóstolo fala significa que a última ação é de Deus e não do carrasco.

Evangelho (Mateus 16,13-19): as portas do inferno não vencerão
A profissão de fé de Pedro não é fruto da lógica e do esforço humano, mas é revelação divina, pois quem o revela à comunidade é o próprio Pai, que está no céu.

Pistas de reflexão
I leitura: A testemunha de Jesus incomoda e por isso, a exemplo do Mestre, sofre ameaças. Percebemos na leitura a perseguição que as comunidades primitivas sofriam por parte das autoridades judaicas, talvez porque muitos judeus foram para o lado dos cristãos. Percebemos também a comunidade que reza pelos seus perseguidos.

II leitura: Após reconhecer que concluiu a missão com fidelidade, o cristão encara o fim da vida com serenidade. É o belo exemplo de Paulo, que se mantém firme até ao fim e reconhece que foi fiel ao projeto de Jesus, tendo a certeza de que Deus sempre esteve do seu lado.


Evangelho: O evangelho de Mateus, na primeira parte traz a atividade de Jesus e na segunda orienta para o mistério pascal. Pedro é o representante da comunidade, chamada a viver o amor e o perdão.
Luis Filipe Dias

domingo, 25 de junho de 2017

Jesus encoraja os apóstolos: "Não tenhais medo” (25/06/2017)

   Neste décimo segundo Domingo do Tempo Comum, nos chama atenção para não termos medo daqueles que podem nos causar mal ao nosso corpo, dos que ameaçam nossa vida. Jesus no evangelho de hoje nos diz que pior que isso tudo, são aqueles que nos desviam do verdadeiro caminho, que nos levam para uma vida de crimes, pelo mundo que tanto nos enganam, más companhias, falsos amigos que nos arrastam para o pecado, enfim, por tudo que nos conduzem a desviar do Reino de Deus.

Leitura do Livro do Profeta Jeremias (20,10-13.)
Jeremias disse: 10Eu ouvi as injúrias de tantos homens e os vi espalhando o medo em redor: ‘Denunciai-o, denunciemo-lo.’ Todos os amigos observavam minhas falhas: ‘Talvez ele cometa um engano e nós poderemos apanhá-lo e desforrar-nos dele.’ 11Mas o Senhor está ao meu lado, como forte guerreiro; por isso, os que me perseguem cairão vencidos. Por não terem tido êxito, eles se cobrirão de vergonha. Eterna infâmia, que nunca se apaga! 12O Senhor dos exércitos, que provas o homem justo e vês os sentimentos do coração, rogo-te me faças ver tua vingança sobre eles; pois eu te declarei a minha causa.
13Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, pois ele salvou a vida de um pobre homem das mãos dos maus. – Palavra do Senhor. – Graças à Deus.

   Jeremias nos fala que tem confiança inabalável em Deus, que é para ele um valente guerreiro, vê Deus como seu advogado, a quem entrega sua causa. Deus é um advogado todo poderoso. Está do lado dele, como está sempre do lado do justo, apesar das aparências em contrário. E sabe que seus perseguidores tropeçarão sem nada conseguir.  A grande diferença entre o justo e o pecador é que no sofrimento o justo não perde sua confiança em Deus, nem se afasta dele, ao contrário se aproxima mais em oração e em momento de maior intimidade com seu Senhor. Enfim, tranquilizado por seu desabafo, e reabastecido pela prece confiante, o profeta convida a todos para louvar ao Senhor. Sua confiança é tão profunda que ele coloca já no passado a vitória futura da vida do pobre. Somos capazes de confiar em Deus nos nossos sofrimentos e cantar louvores apesar de nossas dores?

Salmo responsorial 68 “Atendei-me, ó Senhor, pelo vosso imenso amor!”
O Salmo é o lamento do justo sofredor que busca à Deus, pois Ele ouve o clamor dos cativos e os liberta.

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos (5,12-15.)
Irmãos, 12O pecado entrou no mundo por um só homem. Através do pecado, entrou a morte. E a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram. 13Na realidade, antes de ser dada a Lei, já havia pecado no mundo. Mas o pecado não pode ser imputado, quando não há lei. 14No entanto, a morte reinou, desde Adão até Moisés, mesmo sobre os que não pecaram como Adão, - o qual - era a figura provisória daquele que devia vir. 15Mas isso não quer dizer que o dom da graça de Deus seja comparável à falta de Adão! A transgressão de um só levou a multidão humana à morte, mas foi de modo bem mais superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos. – Palavra do Senhor. – Graças à Deus.

   Neste texto da carta aos Romanos, Paulo nos diz que onde abundou o pecado superabundou a graça. Se Adão trouxe a morte, Jesus trouxe a abundância de vida. Adão, o homem velho, trouxe o pecado para o mundo, e com o pecado, a morte. O pecado consiste no orgulho, no egoísmo, na ganância, nas vaidades, que geram uma vida distante de Deus. Consiste na prepotência, no atribuir a si o direito de decidir sobre o bem e o mal. Jesus, o novo Adão, recria o homem novo para a vida. A graça que Deus nos dá em Jesus Cristo é muito maior que o pecado gerado por Adão. Se acreditamos na falta da graça gerada pela falta de um só homem-Adão, maior fé devemos ter na graça trazida por um só homem-Deus. Meus irmãos, nossa opção só pode ser por Jesus Cristo.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (10,26-33)
Naquele tempo, disse Jesus a seus apóstolos: 26Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. 27O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!
28Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno! 29Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. 30Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais. 32Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. 33Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus. – Palavra da Salvação. – Glória a vós, Senhor.

   No evangelho deste domingo, Mateus nos apresenta a frase que comanda o texto de hoje: “Não tenhais medo” que aparece em três momentos. Jesus previne seus discípulos o que eles irão enfrentar. Ele nos envia a proclamar sobre os telhados a Boa Nova, anunciando publicamente a mensagem de esperança enfrentando qualquer desafio. Sua palavra libertadora nos impulsiona a sermos corajosos e confiantes. Jesus recomenda a não ter medo dos malvados, dos perseguidores, dos que exploram os outros, dos que praticam injustiças, dos que não querem ver o Reino acontecer, pois esses podem matar o corpo, mas não podem matar a alma e nem vencê-los. “Tenham medo, sim, daquele que pode fazer a alma e o corpo perecer no inferno”.
   Jesus mostra como Deus cuida de coisas insignificantes, como pardais e o cabelo de nossas cabeças. Pensemos: se Deus cuida assim de coisas pequenas e insignificantes, muito mais cuidado Ele terá com seus discípulos em missão. Sua palavra nos conforta quando Ele diz: “Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais”. Jesus promete fidelidade a seus discípulos: “Se alguém se declarar a meu favor diante dos homens, eu me declararei em favor dele diante de meu Pai que está nos céus”. Jesus promete, Jesus cumpre, Ele é fiel em suas promessas, esse compromisso não será rompido por Jesus. Precisamos nos manter fiéis em Jesus, porque: “Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus”.

   Não precisamos ter medo de fazer o que Jesus nos pediu, anunciar a todos os povos o seu AMOR. Devemos sim anunciar, espalhar, propagar para o mundo todo saber que o nosso Deus nos ama e que Jesus deu sua vida por cada um de nós! Nossa missão é espalhar a Palavra, a esperança a todos, principalmente àqueles que vivem situações difíceis, de abandono, exploração e morte. São missões desafiadoras, mas os ensinamentos de Jesus devem ser repetidos de modo que todos ouçam, vejam e vivam. Levemos adiante a nossa missão de evangelizar, Deus nos dará forças para enfrentarmos todos os obstáculos e situações que surjam para impedir que semeemos a semente do Reino nos corações dos irmãos e irmãs. A confiança no amor de Deus é que nos fortalece e nos encoraja a seguir a missão que Jesus confiou aos seus apóstolos.
   Hoje, somos os apóstolos de Jesus, levemos com coragem e fé a mensagem de AMOR do Reino que ele veio estabelecer aqui na terra. Assim a liturgia deste domingo é de reconhecimento e gratidão pela graça de Deus, que se manifesta no dom da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, e que nos leva a professar que Jesus é o nosso Salvador e a testemunhar no nosso dia a dia, a busca diária da justiça e da paz, daquele que venceu a morte e nos anunciou a vida eterna: JESUS CRISTO. Que Nossa Mãe Maria Santíssima, neste ano Mariano, esteja à nossa frente nos protegendo e providenciando todas as coisas, diante de todos e tantos desafios que muitas vezes nos impede de realizar o que Seu Filho nos deixou em missão.
   Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Tenham todos e todas uma feliz e abençoada semana. Paz e bem!
Marlene Coelho Resstel

domingo, 18 de junho de 2017

“O Reino dos Céus está próximo” (18/06/2017)

   A liturgia deste décimo primeiro domingo do tempo comum nos leva a contemplar a misericórdia e o infinito amor de Deus para conosco. Deus ao longo da história acompanha de perto a trajetória de sua criação e com especial carinho para com a criação que fez a sua imagem e semelhança “o Homem.”

   Diante de tantas quedas que afastaram os homens de Deus e os aproximou do pecado, que trouxe a opressão e o sofrimento, que lhe roubou a dignidade de filhos de Deus. Ele se compadece diante da dor e sofrimento e envia profetas como Moises para anunciar a esperança e ajuda-los em sua libertação. Depois de livres são convidados por Deus a se santificarem dia-a-dia observando as orientações e os ensinamentos, como podemos ver em (Êxodo 19,2-6a).

Leitura do Livro do Êxodo:Naqueles dias, os israelitas, 2partindo de Rafidim, chegaram ao deserto do Sinai, onde acamparam. Israel armou aí suas tendas, defronte da montanha. 3Moisés, então, subiu ao encontro de Deus. O Senhor chamou-o do alto da montanha, e disse: “Assim deverás falar à casa de Jacó e anunciar aos filhos de Israel: 4Vistes o que fiz aos egípcios, e como vos levei sobre asas de águia e vos trouxe a mim. 5Portanto, se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis para mim a porção escolhida dentre todos os povos, porque minha é toda a terra. 6aE vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa”. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

    O cumprimento da aliança selada com Deus os tornará povo eleito, onde a justiça e a paz reinem, pois, um povo que manifesta a presença e a vontade de conduz a todos ao caminho da santidade.

   Com o decorrer dos tempos a fraqueza humana faz com que o povo vacile e se desvia do caminho esquecendo da aliança de Deus. Mas ao contrário de nós, na justiça e no amor divino não há erros nem fraqueza, assim Deus mais uma vez demonstra seu infinito amor por sua criação, se fazendo homem para instruir, orientar e salvar seu povo derramando seu próprio sangue para reparação de nossas faltas, sendo assim após reconciliados pelo sangue de nosso Senhor Jesus Cristo podemos crer na salvação e na vida eterna (Rm 5, 6-11).

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos: Irmãos: 6Quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado. 7Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. 8Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. 9Muito mais agora, que já estamos justificados pelo sangue de Cristo, seremos salvos da ira por ele. 10Quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com ele pela morte do seu Filho; quanto mais agora, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida! 11Ainda mais: Nós nos gloriamos em Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

   Mas que possamos gozar desta a alegria é preciso estar em constante vigilância, viver em paz com todos e seguir as orientações que Jesus nos deu quando ainda estava conosco e que ainda hoje nos é transmitida pela santa igreja.

   Jesus percebendo a fragilidade humana e a dificuldade para se manter fiel, ele institui os discípulos como missionários para ajudar seu povo em suas necessidades físicas e espirituais, levar a boa nova do reino e convidar a conversão (Mt 9,36-10,8).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus: Naquele tempo, 36vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!” 10,1Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade. 2Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e seu Irmão João; 3Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4Simão, o Zelota, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. 5Jesus enviou estes Doze, com as seguintes recomendações: “Não deveis ir aonde moram os pagãos, nem entrar nas cidades dos samaritanos! 6Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! 7Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!” — Palavra da Salvação. — Glória a vós, Senhor.

   Hoje o passados mais de 2000 anos após sua vinda, encontramos uma sociedade ainda mais perdida e distante de Deus. Sociedade esta que não observa os mandamentos da lei de Deus, não segue seus ensinamentos é individualista que não visa o interesse coletivo. Encontramos pessoas perdidas espiritualmente, assim como ovelhas que não tem pastor. Será que diante desta realidade encontramos pessoas que estejam dispostas a dar a sua vida em favor de outros?

   A liturgia nos convida refletir a frase de Jesus “ A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que envie mais trabalhadores para sua colheita. Nós católicos devemos ser este trabalhadores que recebendo o Espirito Santo em nosso batismo e crisma, deixar-se aquecer por ele para a missão, também devemos buscar arrancar de nós o que nos pesa na caminhada através da confissão e o fortalecimento de para nossas ações na eucaristia, ou seja além deixar os mandamentos que nos auxiliam na boa vivencia com os nossos irmãos, Deus também instruiu a santa igreja através do espirito santo para os sacramentos que são oferecidos gratuitamente e que nos ajudam a ter uma vida mais santa e missionaria, pois como diz o evangelho oferecemos o que de graça recebemos.

   Neste ano Mariano devemos também pedi a auxilio da nossa mãe Maria, que mesmo depois de sua assunção, veio em socorro de seu povo em vários momentos da história com o intuito de ajudar nas necessidades presentes, mas acima de tudo levar a todos a contemplar seu filho face a face no céu.
Em Jesus e Maria desejo a todos uma abençoada semana!
Salve Maria!
Rosiani Corrêa Meirelles

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Corpus Christi: “Este é o pão que desceu do céu” (15/06/2017)


   Nesta quinta-feira celebramos Corpus Christi, que é o corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, para nós cristãos católicos é um momento muito especial da nossa fé, onde contemplamos o Cristo que se fez alimento e se deu por nós, para que pudéssemos ser pessoas livres do pecado.
Tapete de Corpus Christi 2017
Comunidade São Diogo
     O livro do Deuteronômio nos mostra que: “Moisés falou ao povo, dizendo: Lembra-te de todo o caminho por onde o Senhor teu Deus te conduziu, esses quarenta anos, no deserto, para te humilhar e te pôr à prova, para saber o que tinhas no teu coração, e para ver se observarias ou não seus mandamentos. Ele te humilhou, fazendo-te passar fome e alimentando-te com o maná que nem tu nem teus pais conhecíeis, para te mostrar que nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor. Não te esqueças do Senhor teu Deus que te fez sair do Egito, da casa da escravidão, e que foi teu guia no vasto e terrível deserto, onde havia serpentes abrasadoras, escorpiões, e uma terra árida e sem água nenhuma. Foi ele que fez jorrar água para ti da pedra duríssima, e te alimentou no deserto com maná, que teus pais não conheciam.”( Dt 8,2-3.14b-16a) Deus sempre caminha a nossa frente e vem provendo tudo o que precisamos, o povo hebreu caminhou no deserto durante quarenta anos rumo a terra prometida, encontrou situações adversas, mas, Deus deu-lhes o maná e fez sair água de uma pedra, protegeu de cobras e escorpiões, ele nunca desampara o seu povo.
   São Paulo em sua primeira carta aos Coríntios, nos diz: “O cálice da bênção, o cálice que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? Porque há um só pão, nós todos somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão.”(1 Cor. 10, 16 – 17.) Este cálice que partilhamos na missa, que torna todos nós em um só em Jesus Cristo, pois, Cristo é cabeça e nós somos os membros deste corpo, e participar desta comunhão do corpo de Cristo, é se comprometer com o projeto do reino de Deus.
Tapete de Corpus Christi 2017 
Comunidade São Diogo
   No evangelho Jesus nos diz: “’Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo.’ Os judeus discutiam entre si, dizendo: ‘Como é que ele pode dar a sua carne a comer?’”(Jo. 6, 51 – 52.) É ele que desceu do céu, veio direto do Pai, o Pão Vivo descido do Céu, ele que dá a vida eterna, mas, alguns não aceitaram porque o projeto de Jesus meche na posição de muita gente, como hoje também incomoda muita gente, mas, nós cristãos católicos ou protestantes, devemos anunciar incansavelmente este projeto de um mundo melhor para todos.
   Jesus também nos fala: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue, verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.”(Jo. 6, 53b – 56.) Somos convidados para participar da Ceia do Senhor, com a promessa que ele permanecerá conosco, comungar o Corpo e Sangue do Senhor, nos inquieta, depois que Jesus entra em nossa vida não podemos ser mais os mesmos, temos um novo compromisso, que é anunciar e denunciar, anunciar este Jesus que é vida eterna, amor e paz, denunciar todas as situações de morte que oprime e mata o povo, é papel do cristão que comunga em Cristo não aceitar as situações de injustiça.
Tapete de Corpus Christi 2017 
Comunidade São Diogo
    Na Eucaristia recebemos o próprio Jesus que nos diz: “Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim aquele que me recebe como alimento viverá por causa de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre.”(Jo. 6, 57 – 58.) Pois o Cristo Eucarístico é o alimento que nunca perece, ele alimenta a nossa alma e impulsiona o nosso corpo, para que os nossos pés partam para missão, que é colocar-se a disposição do próximo, Jesus fez isso, nada buscou para ele e sim, tudo o que fez foi em favor de quem mais necessitava.
   E nós como cristão, iremos nos omitir enquanto tantos sofrem? Será que estamos assumindo a nossa missão? Em tantas situações de morte vamos ficar calados?
   Todas as vezes que vamos as igrejas estamos nos alimentando da Palavra, do Corpo e do Sangue de Jesus, e isso nos prepara que a missão no mundo, então não devemos omitir este amor tão generoso que Deus entregou a nós, que é este Jesus tão maravilhoso que presenciamos na Eucaristia.
   Sigamos o exemplo de Nossa Senhora, que durante nove meses foi sacrário vivo guardando em seu ventre Nossa Senhor Jesus Cristo e que dedicou toda a sua vida a vontade de Deus, sim, na Eucaristia recebemos o mesmo Jesus que esteve no ventre de Maria e como Ela, também devemos dedicar nossa vida para a construção do Reino de Deus. Cristo sempre estará conosco, Ele alimenta, anima e sustenta nossa caminhada.  
Rubens Corrêa

sábado, 10 de junho de 2017

Santíssima Trindade: “Quem Nele crê não é condenado!” (11/06/2017)

   No Domingo celebramos a festa da Santíssima Trindade, celebramos com alegria a fé em um Deus, que se faz conhecer no mistério da Santíssima Trindade. O Deus, uno e trino, três pessoas divinas em perfeita unidade e profunda comunhão de amor.
   Somos convidados a experimentar, pois entendemos com o coração, mas não conseguimos explicar o mistério da trindade. É o mistério central da nossa fé e da vida cristã.
   Em Êxodo 34,4b-6.8-9, vemos Moisés tentando atrair a misericórdia de Deus para com o povo.
Leitura do Livro do Êxodo: Naqueles dias: 4bMoisés levantou-se, quando ainda era noite, e subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe havia mandado, levando consigo as duas tábuas de pedra. 5O Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés, e este invocou o nome do Senhor. 6Enquanto o Senhor passava diante dele, Moisés gritou: “Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel”. 8Imediatamente, Moisés curvou-se até o chão 9e, prostrado por terra, disse: “Senhor, se é verdade que gozo de teu favor, peço-te, caminha conosco; embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua”. – Palavra do Senhor. – Graças  a Deus.

   A primeira leitura nos mostra o Deus que caminha conosco perdoando nossas faltas, mesmo com nossa teimosia em cumprir a aliança firmada por Moises. A misericórdia de Deus não nos permite experimentar a consequência de nossas opções e atos.

Salmo Responsório (Ct. Dn 3,52-56.)

A vós louvor, honra e glória eternamente!

Sede bendito, Senhor Deus de nossos pais. Sede bendito, nome santo e glorioso. No templo santo onde refulge a vossa glória.

A vós louvor, honra e glória eternamente!

E em vosso trono de poder vitorioso. Sede bendito, que sondais as profundezas. E superior aos querubins vos assentais. Sede bendito no celeste firmamento.

Na Carta de Paulo para a comunidade de Coríntios 13,11-13, ele mais uma vez mostra o caminho para alcançarmos a paz.
Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios: 11Irmãos: Alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco. 12Saudai-vos uns aos outros com o beijo santo. Todos os santos vos saúdam. 13A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

   O essencial para alcançarmos a paz é a vivencia em comunidade dos ensinamentos de Jesus cristo, baseados na justiça e no amor ao irmão..
   No Evangelho, João 3,16-18 nos apresenta um Deus que é um Pai amoroso, que amou tanto o mundo que entregou seu Filho para salvar-nos, nos mostra que ele quer nossa Salvação.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João: 16Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. — Palavra da Salvação. — Glória a vós, Senhor.

   Aqueles que vivem os ensinamentos de Jesus, agindo conforme sua Palavra, não estão condenados.
   Na Solenidade da Santíssima Trindade, somos convidados a refletir sobre o amor de um Deus que nunca desistiu de nós e que sempre encontra formas de caminhar conosco. Apesar de nosso egoísmo, orgulho, autossuficiência, pecado, Deus continua a nos amar, um amor gratuito e incondicional.
   A vinda de Jesus Cristo é a maior prova do amor de Deus e o sinal de que Deus não nos abandonou nem esqueceu, ao contrário quis partilhar conosco a fragilidade da nossa existência humana. Ao enviar o Espírito Santo, nos confirma que é um Deus que continua presente e atuante, derramando o seu amor e nos impelindo à renovação e à transformação diariamente, até chegarmos à vida plena.
   Nas leituras de hoje, encontramos Deus como pessoas que se relacionam, tendo cada uma sua própria atuação: o Pai que nos ama e nos chama à vida; o filho Jesus que fala do Pai para nós e mostra como o Pai é, sendo bom e fiel até o dom da própria vida na cruz; e o Espírito Santo, que de outro jeito ainda, fica sempre conosco.
   E Deus fez mais por nós, nos enviou a diversidade dos dons, dons esses que devemos colocar em prática dentro da comunidade Igreja para a construção de um mundo mais humano e solidário, onde alcançaremos a justiça e a paz.
Carla Matos

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Solenidade do Pentecostes (04/06/2017)

O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.
O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.
Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.
Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.

Primeira Leitura (At 2,1-11.)
Leitura dos Atos dos Apóstolos: 1Quando chegou o dia de Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. 3Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. 4Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava. 5Moravam em Jerusalém judeus devotos, de todas as nações do mundo. 6Quando ouviram o barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua. 7Cheios de espanto e admiração, diziam: “Esses homens que estão falando não são todos galileus? 8Como é que nós os escutamos na nossa própria língua? 9Nós, que somos partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, 10da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia próxima de Cirene, também romanos que aqui residem; 11judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus em nossa própria língua!” – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

AMBIENTE
Já vimos, no comentário aos textos dos domingos anteriores, que o livro dos “Atos” não pretende ser uma reportagem jornalística de acontecimentos históricos, mas sim ajudar os cristãos – desiludidos porque o “Reino” não chega – a redescobrir o seu papel e a tomar consciência do compromisso que assumiram, no dia do seu batismo.
No que diz respeito ao texto que nos é proposto e que descreve os acontecimentos do dia do Pentecostes, não existem dúvidas de que é uma construção artificial, criada por Lucas com uma clara intenção teológica. Para apresentar a sua catequese, Lucas recorre às imagens, aos símbolos, à linguagem poética das metáforas. Resta-nos descodificar os símbolos para chegarmos à interpelação essencial que a catequese primitiva, pela palavra de Lucas, nos deixa. Uma interpretação literal deste relato seria, portanto, uma boa forma de passarmos ao lado do essencial da mensagem; far-nos-ia reparar na roupagem exterior, no folclore, e ignorar o fundamental. Ora, o interesse fundamental do autor é apresentar a Igreja como a comunidade que nasce de Jesus, que é assistida pelo Espírito e que é chamada a testemunhar aos homens o projeto libertador do Pai.

MENSAGEM

Antes de mais, Lucas coloca a experiência do Espírito no dia de Pentecostes. O Pentecostes era uma festa judaica, celebrada cinquenta dias após a Páscoa. Originariamente, era uma festa agrícola, na qual se agradecia a Deus a colheita da cevada e do trigo; mas, no séc. I, tornou-se a festa histórica que celebrava a aliança, o dom da Lei no Sinai e a constituição do Povo de Deus. Ao situar neste dia o dom do Espírito, Lucas sugere que o Espírito é a lei da nova aliança (pois é Ele que, no tempo da Igreja, dinamiza a vida dos crentes) e que, por Ele, se constitui a nova comunidade do Povo de Deus – a comunidade messiânica, que viverá da lei inscrita, pelo Espírito, no coração de cada discípulo (cf. Ez 36,26-28).

Vem, depois, a narrativa da manifestação do Espírito (At 2,2-4). O Espírito é apresentado como “a força de Deus”, através de dois símbolos: o vento de tempestade e o fogo. São os símbolos da revelação de Deus no Sinai, quando Deus deu ao Povo a Lei e constituiu Israel como Povo de Deus (cf. Ex 19,16.18; Dt 4,36). Estes símbolos evocam a força irresistível de Deus, que vem ao encontro do homem, comunica com o homem e que, dando ao homem o Espírito, constitui a comunidade de Deus.

O Espírito (força de Deus) é apresentado em forma de língua de fogo. A língua não é somente a expressão da identidade cultural de um grupo humano, mas é também a maneira de comunicar, de estabelecer laços duradouros entre as pessoas, de criar comunidade. “Falar outras línguas” é criar relações, é a possibilidade de superar o gueto, o egoísmo, a divisão, o racismo, a marginalização… Aqui, temos o reverso de Babel (cf. Gn 11,1-9): lá, os homens escolheram o orgulho, a ambição desmedida que conduziu à separação e ao desentendimento; aqui, regressa-se à unidade, à relação, à construção de uma comunidade capaz do diálogo, do entendimento, da comunicação. É o surgimento de uma humanidade unida, não pela força, mas pela partilha da mesma experiência interior, fonte de liberdade, de comunhão, de amor. A comunidade messiânica é a comunidade onde a ação de Deus (pelo Espírito) modifica profundamente as relações humanas, levando à partilha, à relação, ao amor.
É neste enquadramento que devemos entender os efeitos da manifestação do Espírito (cf. At 2,5-13): todos “os ouviam proclamar na sua própria língua as maravilhas de Deus”. O elenco dos povos convocados e unidos pelo Espírito atinge representantes de todo o mundo antigo, desde a Mesopotâmia, passando por Canaan, pela Ásia Menor, pelo norte de África, até Roma: a todos deve chegar a proposta libertadora de Jesus, que faz de todos os povos uma comunidade de amor e de partilha. A comunidade de Jesus é assim capacitada pelo Espírito para criar a nova humanidade, a anti-Babel. A possibilidade de
ouvir na própria língua “as maravilhas de Deus” outra coisa não é do que a comunicação do Evangelho, que irá gerar uma comunidade universal. Sem deixarem a sua cultura e as suas diferenças, todos os povos escutarão a proposta de Jesus e terão a possibilidade de integrar a comunidade da salvação, onde se fala a mesma língua e onde todos poderão experimentar esse amor e essa comunhão que tornam povos tão diferentes, irmãos. O essencial passa a ser a experiência do amor que, no respeito pela liberdade e pelas diferenças, deve unir todas as nações da terra.
O Pentecostes dos “Atos” é, podemos dizê-lo, a página programática da Igreja e anuncia aquilo que será o resultado da ação das “testemunhas” de Jesus: a humanidade nova, a anti-Babel, nascida da ação do Espírito, onde todos serão capazes de comunicar e de se relacionar como irmãos, porque o Espírito reside no coração de todos como lei suprema, como fonte de amor e de liberdade.

ATUALIZAÇÃO
Para a reflexão, considerar as seguintes indicações:
• Temos, neste texto, os elementos essenciais que definem a Igreja: uma comunidade de irmãos reunidos por causa de Jesus, animada pelo Espírito do Senhor ressuscitado e que testemunha na história o projeto libertador de Jesus. Desse testemunho resulta a comunidade universal da salvação, que vive no amor e na partilha, apesar das diferenças culturais e étnicas. A Igreja de que fazemos parte é uma comunidade de irmãos que se amam, apesar das diferenças? Está reunida por causa de Jesus e à volta de Jesus? Tem consciência de que o Espírito está presente e que a anima? Testemunha, de forma efetiva e coerente, a proposta libertadora que Jesus deixou?
• Nunca será demais realçar o papel do Espírito na tomada de consciência da identidade e da missão da Igreja… Antes do Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado dentro de quatro paredes, incapaz de superar o medo e de arriscar, sem a iniciativa nem a coragem do testemunho; depois do Pentecostes, temos uma comunidade unida, que ultrapassa as suas limitações humanas e se assume como comunidade de amor e de liberdade. Temos consciência de que é o Espírito que nos renova, que nos orienta e que nos anima? Damos suficiente espaço à ação do Espírito, em nós e nas nossas comunidades?
• Para se tornar cristão, ninguém deve ser espoliado da própria cultura: nem os africanos, nem os europeus, nem os sul-americanos, nem os negros, nem os brancos; mas todos são convidados, com as suas diferenças, a acolher esse projeto libertador de Deus, que faz os homens deixarem de viver de costas voltadas, para viverem no amor. A Igreja de que fazemos parte é esse espaço de liberdade e de fraternidade? Nela todos encontram lugar e são acolhidos com amor e com respeito – mesmo os de outras raças, mesmo aqueles de quem não gostamos, mesmo aqueles que não fazem parte do nosso círculo, mesmo aqueles que a sociedade marginaliza e afasta?

Salmo Responsorial – Salmo 103 (104)
Enviai o vosso Espírito, Senhor,/ e da terra toda a face renovai!
Enviai o vosso Espírito, Senhor,/ e da terra toda a face renovai!

— Bendize, ó minha alma, ao Senhor!/ Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!/ Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras!/ Encheu-se a terra com as vossas criaturas!

— Se tirais o seu respiro, elas perecem/ e voltam para o pó de onde vieram./ Enviais o vosso espírito e renascem/ e da terra toda a face renovais.

— Que a glória do Senhor perdure sempre,/ e alegre-se o Senhor em suas obras!/ Hoje seja-lhe agradável o meu canto,/ pois o Senhor é a minha grande alegria!

Segunda Leitura (1Cor 12,3b-7.12-13.)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: Irmãos: 3bNinguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo. 4Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. 5Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. 6Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos. 7A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum. 12Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. 13De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

AMBIENTE
A comunidade cristã de Corinto era viva e fervorosa, mas não era uma comunidade exemplar no que diz respeito à vivência do amor e da fraternidade: os partidos, as divisões, as contendas e rivalidades perturbavam a comunhão e constituíam um contra-testemunho. As questões à volta dos “carismas” (dons especiais concedidos pelo Espírito a determinadas pessoas ou grupos para proveito de todos) faziam-se sentir com especial acuidade: os detentores desses dons carismáticos consideravam-se os “escolhidos” de Deus, apresentavam-se como “iluminados” e assumiam com frequência atitudes de autoritarismo e de prepotência que não favorecia a fraternidade e a liberdade; por outro lado, os que não tinham sido dotados destes dons eram desprezados e desclassificados, considerados quase como “cristãos de segunda”, sem vez nem voz na comunidade.

Paulo não pode ignorar esta situação. Na Primeira Carta aos Coríntios, ele corrige, admoesta, dá conselhos, mostra a incoerência destes comportamentos, incompatíveis com o Evangelho. No texto que nos é proposto, Paulo aborda a questão dos “carismas”.


MENSAGEM
Em primeiro lugar, Paulo acha que é preciso saber ajuizar da validade dos dons carismáticos, para que não se fale em “carismas” a propósito de comportamentos que pretendem apenas garantir os privilégios de certas figuras. Segundo Paulo, o verdadeiro “carisma” é o que leva a confessar que “Jesus é o Senhor” (pois não pode haver oposição entre Cristo e o Espírito) e que é útil para o bem da comunidade.

De resto, é preciso que os membros da comunidade tenham consciência de que, apesar da diversidade de dons espirituais, é o mesmo Espírito que atua em todos; que apesar da diversidade de funções, é o mesmo Senhor Jesus que está presente em todos; que apesar da diversidade de ações, é o mesmo Deus que age em todos. Não há, portanto, “cristãos de primeira” e “cristãos de segunda”. O que é importante é que os dons do Espírito resultem no bem de todos e sejam usados – não para melhorar a própria posição ou o próprio “ego” – mas para o bem de toda a comunidade.

Paulo conclui o seu raciocínio comparando a comunidade cristã a um “corpo” com muitos membros. Apesar da diversidade de membros e de funções, o “corpo” é um só. Em todos os membros circula a mesma vida, pois todos foram batizados num só Espírito e “beberam” um único Espírito.
O Espírito é, pois, apresentado como Aquele que alimenta e que dá vida ao “corpo de Cristo”; dessa forma, Ele fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é o responsável pela unidade desses diversos membros que formam a comunidade.

ATUALIZAÇÃO
Para refletir e atualizar a Palavra, considerar os seguintes elementos:
• Temos todos consciência de que somos membros de um único “corpo” – o corpo de Cristo – e é o mesmo Espírito que nos alimenta, embora desempenhemos funções diversas (não mais dignas ou mais importantes, mas diversas). No entanto, encontramos, com alguma frequência, cristãos com uma consciência viva da sua superioridade e da sua situação “à parte” na comunidade (seja em razão da função que desempenham, seja em razão das suas “qualidades” humanas), que gostam de mandar e de fazer-se notar. Às vezes, veem-se atitudes de prepotência e de autoritarismo por parte daqueles que se consideram depositários de dons especiais; às vezes, a Igreja continua a dar a impressão – mesmo após o Vaticano II – de ser uma pirâmide no topo da qual há uma elite que preside e toma as decisões e em cuja base está o rebanho silencioso, cuja função é obedecer. Isto faz algum sentido, à luz da doutrina que Paulo expõe?
• Os “dons” que recebemos não podem gerar conflitos e divisões, mas devem servir para o bem comum e para reforçar a vivência comunitária. As nossas comunidades são espaços de partilha fraterna, ou são campos de batalha onde se digladiam interesses próprios, atitudes egoístas, tentativas de afirmação pessoal?
• É preciso ter consciência da presença do Espírito: é Ele que alimenta, que dá vida, que anima, que distribui os dons conforme as necessidades; é Ele que conduz as comunidades na sua marcha pela história. Ele foi distribuído a todos os crentes e reside na totalidade da comunidade. Temos consciência da presença do Espírito e procuramos ouvir a sua voz e perceber as suas indicações? Temos consciência de que, pelo facto de desempenharmos esta ou aquela função, não somos as únicas vozes autorizadas a falar em nome do Espírito?

SEQUÊNCIA DO PENTECOSTES
Espirito de Deus, enviai dos céus um raio de luz,
um raio de luz. Vinde, Pai dos Pobres, dai aos corações vossos sete dons, vossos sete dons.

Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alivio, vinde, doce alivio, vinde! No labor, descanso, na aflição, remanso, no calor, aragem, no calor, aragem.

Ao sujo, lavai. Ao seco, regai, curai o doente,
curai o doente. Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei, o frio aquecei.

Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós, o íntimo de nós. Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele nenhum bem há nele.

Dai a vossa igreja, que espera e deseja, vossos sete dons, vossos sete dons. Dai, em prêmio ao forte, uma santa morte, alegria eterna, alegria eterna.
Amém! Amém!

Evangelho (Jo 20.19-23)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João: 19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. 20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”. — Palavra da Salvação. — Glória a vós, Senhor.

AMBIENTE
Este texto (lido já no segundo domingo da Páscoa) situa-nos no cenáculo, no próprio dia da ressurreição. Apresenta-nos a comunidade da nova aliança, nascida da ação criadora e vivificadora do Messias. No entanto, esta comunidade ainda não se encontrou com Cristo ressuscitado e ainda não tomou consciência das implicações da ressurreição. É uma comunidade fechada, insegura, com medo… Necessita de fazer a experiência do Espírito; só depois, estará preparada para assumir a sua missão no mundo e dar testemunho do projeto libertador de Jesus.
Nos “Atos”, Lucas narra a descida do Espírito sobre os discípulos no dia do Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa (sem dúvida por razões teológicas e para fazer coincidir a descida do Espírito com a festa judaica do Pentecostes, a festa do dom da Lei e da constituição do Povo de Deus); mas João situa no anoitecer do dia de Páscoa a recepção do Espírito pelos discípulos.

MENSAGEM
João começa por pôr em relevo a situação da comunidade. O “anoitecer”, as “portas fechadas”, o “medo” (vers. 19 a), são o quadro que reproduz a situação de uma comunidade desamparada no meio de um ambiente hostil e, portanto, desorientada e insegura. É uma comunidade que perdeu as suas referências e a sua identidade e que não sabe, agora, a que se agarrar.

Entretanto, Jesus aparece “no meio deles” (vers. 19b). João indica desta forma que os discípulos, fazendo a experiência do encontro com Jesus ressuscitado, redescobriram o seu centro, o seu ponto de referência, a coordenada fundamental à volta do qual a comunidade se constrói e toma consciência da sua identidade. A comunidade cristã só existe de forma consistente se está centrada em Jesus ressuscitado.

Jesus começa por saudá-los, desejando-lhes “a paz” (“shalom”, em hebraico). A “paz” é um dom messiânico; mas, neste contexto, significa, sobretudo, a transmissão da serenidade, da tranquilidade, da confiança que permitirão aos discípulos superar o medo e a insegurança: a partir de agora, nem o sofrimento, nem a morte, nem a hostilidade do mundo poderão derrotar os discípulos, porque Jesus ressuscitado está “no meio deles”.
Em seguida, Jesus “mostrou-lhes as mãos e o lado”. São os “sinais” que evocam a entrega de Jesus, o amor total expresso na cruz. É nesses “sinais” (na entrega da vida, no amor oferecido até à última gota de sangue) que os discípulos reconhecem Jesus. O facto de esses “sinais” permanecerem no ressuscitado, indica que Jesus será, de forma permanente, o Messias cujo amor se derramará sobre os discípulos e cuja entrega alimentará a comunidade.
Vem, depois, a comunicação do Espírito. O gesto de Jesus de soprar sobre os discípulos reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila (João utiliza, aqui, precisamente o mesmo verbo do texto grego de Gn 2,7). Com o “sopro” de Deus de Gn 2,7, o homem tornou-se um “ser vivente”; com este “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a vida nova e faz nascer o Homem Novo. Agora, os discípulos possuem a vida em plenitude e estão capacitados – como Jesus – para fazerem da sua vida um dom de amor aos homens. Animados pelo Espírito, eles formam a comunidade da nova aliança e são chamados a testemunhar – com gestos e com palavras – o amor de Jesus.
Finalmente, Jesus explicita qual a missão dos discípulos (ver. 23): a eliminação do pecado. As palavras de Jesus não significam que os discípulos possam ou não – conforme os seus interesses ou a sua disposição – perdoar os pecados. Significam, apenas, que os discípulos são chamados a testemunhar no mundo essa vida que o Pai quer oferecer a todos os homens. Quem aceitar essa proposta será integrado na comunidade de Jesus; quem não a aceitar, continuará a percorrer caminhos de egoísmo e de morte (isto é, de pecado). A comunidade, animada pelo Espírito, será a mediadora desta oferta de salvação.

ATUALIZAÇÃO
Para a reflexão, considerar as seguintes coordenadas:
• A comunidade cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus. Jesus é a sua identidade e a sua razão de ser. É n’Ele que superamos os nossos medos, as nossas incertezas, as nossas limitações, para partirmos à aventura de testemunhar a vida nova do Homem Novo. As nossas comunidades são, antes de mais, comunidades que se organizam e estruturam à volta de Jesus? Jesus é o nosso modelo de referência? É com Ele que nos identificamos, ou é num qualquer ídolo de pés de barro que procuramos a nossa identidade? Se Ele é o centro, a referência fundamental, têm algum sentido as discussões acerca de coisas não essenciais, que às vezes dividem os crentes?
• Identificar-se como cristão significa dar testemunho diante do mundo dos “sinais” que definem Jesus: a vida dada, o amor partilhado. É esse o testemunho que damos? Os homens do nosso tempo, olhando para cada cristão ou para cada comunidade cristã, podem dizer que encontram e reconhecem os “sinais” do amor de Jesus?
• As comunidades construídas à volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse sopro de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço simples e humilde… É Ele que nos faz vencer os medos, superar as cobardias e fracassos, derrotar o cepticismo e a desilusão, reencontrar a orientação, readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É preciso ter consciência da presença contínua do Espírito em nós e nas nossas comunidades e estar atentos aos seus apelos, às suas indicações, aos seus questionamentos.

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O DOMINGO DO PENTECOSTES
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)

1. A LITURGIA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao Domingo do Pentecostes, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo…. Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa…

2. EVIDENCIAR OS CARISMAS.
O Pentecostes é a festa do nascimento da Igreja. Seria, pois, importante fazer uma liturgia em que aos variados carismas pudessem aparecer. Seria necessário pensar em fazer-se apelo aos talentos de leitores, de salmista, de músico, de diretor do canto, de decorador, etc…. Importa que a assembleia apareça como una e diversa.

3. NÃO OMITIR A SEQUÊNCIA.
Não omitir a sequência de Pentecostes depois da segunda leitura e antes da aclamação ao Evangelho. Pode ser lida por duas pessoas (com um fundo musical) ou, melhor ainda, cantada.

4. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

No final da primeira leitura:
Bendito sejas, Deus de luz e de vida, sopro criador e fogo de amor. Nós Te louvamos pelo dom do teu Espírito, que chama todos os povos da terra a proclamar, cada um na sua língua, as maravilhas da tua bondade.
Nós Te pedimos por todos os membros do teu Povo: torna-nos receptivos às múltiplas linguagens dos nossos irmãos e confiantes no teu espírito de unidade.

No final da segunda leitura:
Nós Te bendizemos, Pai, pelo novo corpo do teu Filho, que é a Igreja, e nós Te damos graças por nos teres permitido ser os seus membros, cada um na sua parte e na diversidade das funções confiadas.
Nós Te pedimos, Espírito Santo, Tu que ages em nós para o bem de todos: nós acolhemos o teu sopro; manifesta em nós a tua presença.

No final do Evangelho:
Nós Te damos graças, Pai, pela maravilha realizada por Jesus ressuscitado, porque Ele deu nova força aos seus apóstolos, tirando-os do medo e da paralisia, comunicando-lhes o sopro da sua ressurreição.
Nós Te suplicamos: que a tua Paz esteja conosco, por Jesus, vencedor de todas as formas de morte, e pelo teu Espírito, que é perdão e santificação.

5. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a Oração Eucarística III, que contém uma oração própria para o Pentecostes e que evoca o Espírito…

6. PALAVRA PARA O CAMINHO.
Tempestade! Fogo! Portas arrombadas! O Pentecostes é a irrupção do Espírito Santo na vida dos discípulos que vão deixar-se transformar em todas as dimensões do seu ser. O Pentecostes continua! Mas não estamos muitas vezes, face a este Espírito Santo, como diante de uma ameaça nuclear? Ousamos, enfim, deixar-nos irradiar por Ele sem qualquer proteção?

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
Proposta para
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
Luis Filipe Dias