sábado, 27 de agosto de 2016

“Quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado” (28/08/2016)

Muitas vezes procuramos sempre os primeiros lugares, os reconhecimentos de todos e nos frustamos quando as pessoas não reconhecem o que fazemos, mas a mensagem desta liturgia de hoje nos mostra que não devemos fazer nada esperando por uma reconpensa terrena e sim agirmos para a glorificação do nome do Senhor.  

Primeira Leitura (Eclo3,19-21.30-31)
Leitura do Livro do Eclesiástico: 19Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem generoso. 20Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade, e assim encontrarás graça diante do Senhor. Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que ele revela seus mistérios. 21Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes.
30Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende.
31O homem inteligente reflete sobre as palavras dos sábios, e com ouvido atento deseja a sabedoria. - Palavra do Senhor. - Graças a Deus.

A leitura do livro do Eclesiástico nos chama a atenção para a pratica da justiça, do bem, pois Deus se revela para os humildes, essa humildade não se refere à pobreza, mas a simplicidade de teu coração.
Deus é grande e seu poder é justo assim, buscará julgar-nos pelo que somos, pelas atitudes que escolhemos fazer, sendo assim devemos nos afeiçoar a pratica do amor fraterno, ajudando no que é possível para nossos limites humanos nossos irmãos. A mansidão, humildade e generosidade são virtudes admiradas por Deus e que tem o poder de transformar qualquer sociedade.

Segunda Leitura (Hb 12,18-19.22-24a)
Leitura da Carta aos Hebreus: Irmãos: 18Vós não vos aproximastes de uma realidade palpável: “fogo ardente e escuridão, trevas e tempestade, 19som da trombeta e voz poderosa”, que os ouvintes suplicaram não continuasse.
22Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste; da reunião festiva de milhões de anjos; 23da assembleia dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus; de Deus, o juiz de todos; dos espíritos dos justos, que chegaram à perfeição; 24ade Jesus, mediador da nova aliança. - Palavra do Senhor. - Graças a Deus.

Na carta de São Paulo aos Hebreus encontramos um texto forte e fascinante. Deus sempre está junto com o seu povo advertindo, ensinando através dos profetas e mandando fortes sinais para a conversão, mas o povo não se converteu e sofreu por sua fraqueza. Já com a vinda de Jesus ele mesmo se oferece em sacrificio para nos mostrar o amor do pai pela humanidade, sela pois uma alinça de amor banhada por seu sangue que nos garante preciosas graças, no entanto para nos mantermos mergulhados na graça precisamos ouvir a voz de Deus que fala ao nosso coração para uma vida mais fraterna.

Evangelho (Lc 14,1.7-14)
1Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 7Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola:
8“Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, 9e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então tu ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar.
10Mas, quando tu fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. 11Porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado”.
12E disse também a quem o tinha convidado: “Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. 13Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. 14Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”. — Palavra da Salvação. — Glória a vós, Senhor.

Lucas narra mais uma parábola em que Jesus nos ensina a não deixar se seduzir pela vaidade, pela mania de grandeza, pois o reconhecimento esperado por nós deve vir do Senhor.
A opção do Cristão deve ser a pratica da caridade, do amor sem esperar recompensas terrenas. Acolher aqueles que estão às margens da sociedade não por opção e sim porque vivemos em um sistema individualista, onde quem tem o poder nas mãos busca cada vez mais prestigio, ao invés de promover a justiça e a igualdade social.
Que nossas atitudes se moldem nos ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo, que buscou transmitir a justiça e o amor sem limites, desta maneira encontraremos dignidade e alegria diante do Senhor. 
Rosiani Corrêa Meirelles

sábado, 20 de agosto de 2016

Assunção de Nossa Senhora, Maria modelo de amor ao próximo (21/08/2016)

   Neste domingo celebramos a solenidade da Assunção de Nossa Senhora, vemos em Maria modelo de mulher, esposa e mãe, ela é a grande inspiração para nossa vida, pois sendo alguém tão especial, mãe do Salvador, se fez de humilde serva do Senhor colocando-se a serviço dos que mais necessitava, ela acompanhou Jesus do nascimento ao calvário, e junto com os Apóstolos recebeu a grande noticia da ressurreição do seu filho, foi ela quem primeiro recebeu o Cristo, fez do seu ventre um sacrário vivo para abrigar o Salvador do mundo.
   O livro do Apocalipse (Ap 11,19a;12,1.3-6a.10ab.) nos revela um grande sinal no céu, junto com a Arca da Aliança surge uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas, aparece também um dragão cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres, com a calda ele lançava contra a terra a terça parte das estrelas do céu, ele se colocou diante da mulher que estava prestes a dar a luz, pronto para devorar o filho logo que nascesse. Eis que nasceu aquele que veio para governar o mundo com cetro de ferro, mas o filho foi levado para junto de Deus e seu trono, e a mulher se retirou para o deserto, onde Deus havia lhe preparado um lugar. E do céu uma voz forte proclamou: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo”.
   Esta passagem bíblica faz ligação entre a antiga e a nova aliança, a mulher grávida vestida de sol com a lua debaixo dos pés representa que a esperança venceu o medo, que a vida venceu a morte, a luz venceu as trevas, é em Jesus filho de Maria que encontramos vida plena mesmo quando tudo é desfavorável. O dragão pronto para devorar o filho representa as seduções do mundo, prontas para nos afastar de Deus, hoje muitas coisas podem nos tirar do caminho da salvação, as drogas, a prostituição, a ganancia, o ódio, a intolerância, a violência e a corrupção, são estes alguns dos dragões que estão prontos para devorar os nossos princípios cristãos, mas nós não podemos permitir que estas coisas nos tire da presença de Deus, pois Jesus nos espera de braços abertos em seu trono majestoso. Devido a sua importância para o projeto de Deus, Maria recebeu um lugar de destaque reservado por Deus, ela intercede junto ao filho, por cada um de nós.
    Em sua carta aos Coríntios (1Cor 15,20-27a.) o Apóstolo Paulo nos diz: “Irmãos: Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Com efeito, Deus pôs tudo debaixo de seus pés.”
   Por Adão o mundo conheceu o pecado, e em Jesus fomos libertos desta mancha original, ele vem nos libertar do poder da morte, pois ressuscitado, ele é fonte inesgotável de vida eterna, e esta vida ele nos oferece por meio do seu corpo e seu sangue, pão e vinho, alimento perene para a vida eterna. Ressurgido da morte para a vida, Jesus mostra toda a realeza de Deus, nenhum inimigo poderá vencê-lo, pois tudo está debaixo de seus pés, ele deve estar em primeiro lugar em nossas vidas e depois, Maria que trouxe a salvação ao mundo, e todos aqueles que nos leva a seguir o caminho de Jesus.
   No evangelho segundo São Lucas (Lc 1,39-56.), ao saber da gravidez de Isabel, Maria com Jesus em seu ventre, parte para a cidade da Judeia para encontrar e ajudar a sua prima gestante, Izabel ao receber sua saudação sentiu a criança mexer em seu ventre, ficou cheia do Espirito Santo e exclamou, “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.
   Após ouvir as palavras de Izabel, Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”.
   Maria com seu filho no ventre enfrenta uma cansativa viajem para servir sua prima também gestante, vemos na figura de Izabel uma pessoa surpresa ao receber uma visita tão importante e ela proclama que Maria é bendita por que acreditou e disse sim ao projeto de Deus para a salvação do mundo, Maria por sua vez reconhece que é apenas uma humilde serva e que Deus é quem realiza grandes coisas a seu favor, o magnificat é um canto de esperança que Maria entoa a Deus, reconhecendo a grandeza e a fidelidade de Deus com seu povo.
   Que neste domingo, possamos aprender com Maria como ser humilde e como se colocar a serviço de quem mais precisa, ela que é modelo de serva obediente de Deus nos serve de inspiração para a nossa missão, neste mundo cheio de egoísmo, necessitamos de mais pessoas como Maria, e é difícil entender, que mesmo sendo grande em nosso país e no mundo a devoção por Maria, vemos tantas pessoas sendo humilhadas pela violência, fome, opressão, guerras e corrupção. O que está acontecendo com aqueles que dizem seguir os exemplos de Maria e de Jesus? Algo está errado, devemos deixar de venerar as imagens nos altares de tantas igrejas e passar a venerar Maria em seu caminho para servir a Izabel, e a melhor forma de venerar é também se colocar a serviço do próximo, esta é a mais sincera oração de louvor a Deus, era assim que Maria louvava e é assim que devemos também louvar.
Rubens Corrêa

domingo, 14 de agosto de 2016

Em Cristo não temeremos as perseguições (14/08/2016)

   Neste domingo somos convidados a meditar sobre as perseguições que um ungido de Deus poderá sofrer, ao seguir Jesus também poderemos ter que enfrentar oposições como ele enfrentou, sejam elas na sociedade ou até mesmo dentro de nossas famílias. Durante séculos de história cristã quantos seguidores de Cristo foram perseguidos e mortos? Com um olhar fixo em Jesus Cristo que suportou a cruz e que ressuscitou, eles também suportaram o martírio na certeza de participar o reino de Deus. Cristo nos fortalece para as diversidades da vida.
   A primeira leitura (Jr 38,4-6.8-10.) nos mostra que: “Naqueles dias, disseram os príncipes ao rei: ‘Pedimos que seja morto este homem; ele anda com habilidade lançando o desânimo entre os combatentes que restaram na cidade e sobre todo o povo, dizendo semelhantes palavras; este homem, portanto, não se propõe o bem-estar do povo, mas sim a desgraça’. Disse o rei Sedecias: ‘Ele está em vossas mãos; o rei nada vos poderá negar’. Agarraram então Jeremias e lançaram-no na cisterna de Melquias, filho do rei, que havia no pátio da guarda, fazendo-o descer por meio de cordas. Na cisterna não havia água, somente lama; e assim ia-se Jeremias afundando na lama. Ebed-Melec saiu da casa do rei e veio ter com ele, e falou-lhe: ‘Ó rei, meu senhor, muito mal procederam esses homens em tudo o que fizeram contra o profeta Jeremias, lançando-o na cisterna para aí morrer de fome; não há mais pão na cidade’. O rei deu, então, esta ordem ao etíope Ebed-Melec: ‘Leva contigo trinta homens e tira da cisterna o profeta Jeremias, antes que morra’”.
   Jeremias um profeta ungido por Deus para anunciar e denunciar, mexeu na posição de muita gente, por isso foi perseguido e lançado para afundar em meio a lama da cisterna, no batismo também ungidos para ser profeta, sacerdote, rei e pastor, temos a missão de anunciar a palavra de Deus a todos os povos e também é nossa missão denunciar todas as injustiças que oprime e mata o povo, como Jeremias, não devemos temer a perseguição, Deus combate ao nosso lado e junto dele colheremos os frutos da vitória na vida eterna.
   A carta aos Hebreus (Hb 12,1-4.) vem nos dizer: “Irmãos: Rodeados como estamos por tamanha multidão de testemunhas, deixemos de lado o que nos pesa e o pecado que nos envolve. Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se à direita do trono de Deus. Pensai pois naquele que enfrentou uma tal oposição por parte dos pecadores, para que não vos deixeis abater pelo desânimo. Vós ainda não resististes até ao sangue na vossa luta contra o pecado”.
   Perseverar em meio às diversidades da vida. Perseverar no combate ao pecado e toda a forma de opressão, este é o chamado de Cristo para nossa vida, ele que suportou a cruz e não se abateu com a infâmia que sofria, vem nos servir de exemplo de perseverança e confiança no plano de Deus, focados em sua entrega na cruz e com a certeza da sua ressurreição somos vocacionados a anunciar ao mundo abatido pelas guerras, pela fome, pelas drogas e pela corrupção, certamente também seremos perseguidos por aqueles que detém o poder e que lucra com a miséria alheia, mas de Cristo ressuscitado vem a nossa força e a certeza de participarmos do reino que ele prepara na presença de Deus.
   O Evangelista Lucas (Lc 12,49-53.) nos diz: “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: ‘Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra! Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; ficarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra’”.
   Jesus nos mostra que para segui-lo não devemos temer a oposição que poderemos sofrem, nem mesmo a oposição entre os membros de nossa família, em mais de dois mil anos de cristianismo muitos que encontraram a salvação no seguimento da missão de Jesus, foram denunciados por membros da própria família aos líderes muçulmanos e islâmicos, e não negando a fé em Jesus Cristo foram martirizados. Também em nossa sociedade muitos irmãos são colocados de lado em suas famílias por não compactuar com a vida de crime e de corrupção entranhada em suas famílias. Ser cristão é ser comprometido com a verdade, é lutar por justiça e igualdade, é denunciar a injustiça e a corrupção, mesmo que ela venha de dentro da nossa família. Como seguidores de Cristo não podemos nos omitir, mesmo que tenhamos que pagar um preço alto demais. Ele pagou com a própria vida e nós o que temos a perder?
   Que neste segundo domingo do mês vocacional e dia dos pais, possamos assumir verdadeiramente a nossa vocação, sendo sinais de esperança para um mundo abatido pelo pecado, que nos deixemos levar pela palavra de Deus para onde é necessário a nossa presença, sem medo de anunciar e denunciar, Cristo caminha conosco e com ele iremos santificar as nossas famílias e o nosso mundo inteiro, que Deus que é Pai de bondade nos ensine a sermos os pais que nossos filhos precisam para crescerem e transformarem o mundo em um lugar de paz e de amor, que possamos construir já aqui na terra o reino prometido por Jesus, ele quer contar com as nossas mãos.  
Rubens Corrêa

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A vigilância é uma atitude bíblica. (07/08/2016)

   A Liturgia deste domingo nos recorda a noite em que Deus libertou seu povo da escravidão do Egito. O povo estava pronto para seguir o único Senhor, que os conduziria através do mar vermelho até ao deserto.
   O evangelho “atualiza” a lembrança da vigília de Israel no tema da vigilância escatológica. A vigilância é também uma atitude do cristão que espera a volta de “seu senhor”, o qual, encontrando seus servos a vigiar, os fará sentar à mesa e os servirá. O texto de domingo apresenta um grupo de sentenças recolhidas por Lucas e interligadas, de maneira a desenvolver os temas da confiança, da vigilância, da perseverança e da fidelidade.

Comentário dos textos bíblicos
   I leitura: Sabedoria 18,6-9
   Segundo Ex 12,42, Deus passou a noite em vigília para libertar Israel e por isso Israel lhe dedica a vigília pascal. Na “noite” (Sb 18,6) do êxodo, Deus castigou o, fazendo morrer os primogênitos; foi o juízo de Deus, para salvar Israel (Sb1814-19).
   O texto lembra que os “pais” (antigos israelitas) preparavam-se para essa noite (Ex 11,4-6), a noite da vigilância (Ex 12,42), celebrando Javé no escondido (Sb 18,9). Tal vigilância e fidelidade são tarefa para todas as gerações, até à libertação final.

   O salmo 32 (33) é um hino de louvor ao Senhor com momentos de reflexão sapiencial. Com o salmista, glorificamos a Deus, o Senhor da história, o criador que age pela palavra e pela ação. Depositemos nossa confiança em Deus, que conduz a nossa vida.

   II leitura: Hebreus 11,1-2.8-19
   Buscar o que plenifica a vida; O capítulo 11 é longo texto sobre a fé.
   O texto de domingo nos apresenta uma belíssima catequese sobre a fé. Paulo a define como “a realidade dos bens esperados, a prova das coisas que não se veem”. Segundo ele, “foi graças a ela que os antigos obtiveram um belo testemunho”. As realidades da fé são tão certas e firmes que nossos modelos do passado nelas acreditaram e as cultivaram com coragem e testemunho. (Hb 11,1-2)
   A fé explica a saída de Abraão de sua terra e da parentela e toda a sua caminhada vocacional, assim como a de seus descendentes.

   Evangelho (Lc 12,32-48): A vigilância escatológica
   O contexto alargado do evangelho (Lc 12,22-31) em que se insere o início do texto de hoje é um convite ao abandono com confiança na providência de Deus que cuida das aves do céu e das flores do campo. Trata-se duma palavra de consolação, de exortação a não temer nada (nem mesmo as crises de momento) e dá uma promessa de salvação.
   Apenas Lucas refere uma sentença sobre o “pequenino rebanho”. A metáfora do “rebanho” é comum no Antigo Testamento para qualificar o povo eleito considerado o povo de Deus por excelência; inclui a imagem de Deus como Pastor e, portanto, a consciência de estar sob a sua proteção. Trata-se, pois, duma palavra de consolação dirigida ao pequeno grupo de seguidores de Jesus no meio do povo de Israel, assegurando-lhe o dom gratuito que o Pai lhes concede: o Reino, considerado o verdadeiro tesouro. O evangelista indica aos crentes para onde devem endereçar os seus esforços para obter segurança: não para os bens terrenos (Lc 12,13-21- o rico avarento), mas somente para Deus.
   O apego aos bens cria um falso sentimento de segurança. Se Deus é o ideal do cristão, importa centrar a própria escolha e existência sobre o bem por excelência. O bom senso faz perceber que outros bens são efémeros e passageiros, a fé confirma que só Deus responde plenamente à vocação profunda do homem.  A ideia do tesouro conservado no céu, a exortação a não pôr a confiança nos bens efémeros, mas apenas em Deus, o valor dado à esmola como obra de misericórdia, são conhecidos no judaísmo (Tb 4,7-10; 12,9 Eclesiástico 3,30 ( a esmola apaga os pecados); 29,10-12) que compara Deus a um bom banqueiro: as obras boas feitas na terra são como um capital depositado em Deus que ajudará as pessoas generosas quanto, por sua vez, se encontrarem em necessidade nesta vida. O pensamento numa recompensa num “além” na vida eterna, entra mais tarde no judaísmo. Nesta maneira de pensar, os bens terrenos são conciliáveis com os bens celestes: a riqueza é sinal de bênção que Deus concede aos justos. Porém, para Jesus, a riqueza torna-se um concorrente de Deus e do seu reino no coração do homem; o discípulo não pode servir a dois senhores (servir a Deus e ao dinheiro).
   Segue-se um conjunto de exortações à vigilância, expressas em duas parábolas. A primeira parábola apresenta um senhor que viaja para ir a um banquete. Os festejos duravam vários dias e a sua ausência podia prolongar-se, o que punha à prova a fidelidade e o trabalho dos súbditos e dos responsáveis que ficaram encarregados da casa. Cingir os rins é uma expressão comum na Bíblia que significa estar pronto, preparado e atento a receber uma ordem.
   O símbolo da vigilância é a lanterna acesa, sinal de que se está acordado à espera do senhor que pode vir a qualquer hora. O sacrifício poderá parecer grande, mas bem maior será a recompensa. O patrão, comovido pela dedicação e fidelidade, fará o que os seus criados não esperam: manda-os sentar-se à mesa e põe-se a servi-los. De patrão torna-se criado e o criado torna-se comensal, amigo do seu senhor. Nenhum senhor terreno age desta forma, apenas aquele que é Senhor de todos. Daí a declaração: “Felizes!”.
   A necessidade da vigilância é reforçada pela segunda parábola em que se apresenta o Filho do Homem, sinal de julgamento e pedido de contas, como vindo de forma inesperada, quando menos se pensa.
   A pergunta de Pedro: “Senhor, é para nós que dizes essa parábola, ou é para todos igualmente?” fornece a ocasião para continuar a explanação anterior. A recompensa que toca aos servos vigilantes e ao administrador fiel é a mesma: a alegria do dever cumprido e a benevolência do dono da casa. O administrador diligente será promovido a ofício superior, porventura terá sobre si a responsabilidade de todos os bens do seu senhor. O “Senhor” da parábola é a imagem do “Filho do Homem” que vem verificar o comportamento dos seus súbditos. Embora seja dirigida a todos, parece ter como objeto principal os que mais de perto acompanharam Jesus e aqueles a quem ele confiou a nobre tarefa de continuar a sua missão, isto é, os guias da comunidade. Por isso se diz, «a quem foi dado muito, muito será pedido; e a quem foi confiado muito, muito mais será pedido» (Lc 12,48).

   Atualizando a Palavra
   No mês de agosto, mês vocacional por excelência, recordamos os ministros ordenados: O Papa, bispos, sacerdotes e diáconos agradecendo a Deus todo o carinho e desapego, atenção e doação, de cada um ao serviço do Reino.
   Celebramos a nossa fé em comunhão com a Arquidiocese de Belém-Pará, que vai realizar o congresso eucarístico nacional nos dias 15 a 21 de agosto, tendo como temática: “Eucaristia e partilha na Amazônia missionária” e lema: “Eles o reconheceram ao partir do pão”.

   "Misericordiosos como o Pai" é tema do Mês Vocacional 2016 - Material de apoio
   Para animar o Mês Vocacional, a Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Pastoral Vocacional propõem subsídio com roteiros catequéticos. O material apresenta três sugestões de encontros com os temas: “A Vocação Nasce na Igreja”; “A Vocação Cresce na Igreja” e “A Vocação é Cultivada na Igreja”. Traz, ainda, roteiro oracional, cantos e reflexões do papa Francisco sobre as vocações e indica, também, roteiros para auxiliar nas missas dominicais do Mês Vocacional: 07 de agosto – vocação ministério ordenado: diáconos, padres e bispos; 14 de agosto – vocação matrimonial; 21 de agosto – vocação à vida consagrada; 28 de agosto – vocação dos leigos.

Para adquirir o subsídio entre em contato com as Edições CNBB: www.edicoescnbb.com.br

Luis Filipe Dias