sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A vigilância é uma atitude bíblica. (07/08/2016)

   A Liturgia deste domingo nos recorda a noite em que Deus libertou seu povo da escravidão do Egito. O povo estava pronto para seguir o único Senhor, que os conduziria através do mar vermelho até ao deserto.
   O evangelho “atualiza” a lembrança da vigília de Israel no tema da vigilância escatológica. A vigilância é também uma atitude do cristão que espera a volta de “seu senhor”, o qual, encontrando seus servos a vigiar, os fará sentar à mesa e os servirá. O texto de domingo apresenta um grupo de sentenças recolhidas por Lucas e interligadas, de maneira a desenvolver os temas da confiança, da vigilância, da perseverança e da fidelidade.

Comentário dos textos bíblicos
   I leitura: Sabedoria 18,6-9
   Segundo Ex 12,42, Deus passou a noite em vigília para libertar Israel e por isso Israel lhe dedica a vigília pascal. Na “noite” (Sb 18,6) do êxodo, Deus castigou o, fazendo morrer os primogênitos; foi o juízo de Deus, para salvar Israel (Sb1814-19).
   O texto lembra que os “pais” (antigos israelitas) preparavam-se para essa noite (Ex 11,4-6), a noite da vigilância (Ex 12,42), celebrando Javé no escondido (Sb 18,9). Tal vigilância e fidelidade são tarefa para todas as gerações, até à libertação final.

   O salmo 32 (33) é um hino de louvor ao Senhor com momentos de reflexão sapiencial. Com o salmista, glorificamos a Deus, o Senhor da história, o criador que age pela palavra e pela ação. Depositemos nossa confiança em Deus, que conduz a nossa vida.

   II leitura: Hebreus 11,1-2.8-19
   Buscar o que plenifica a vida; O capítulo 11 é longo texto sobre a fé.
   O texto de domingo nos apresenta uma belíssima catequese sobre a fé. Paulo a define como “a realidade dos bens esperados, a prova das coisas que não se veem”. Segundo ele, “foi graças a ela que os antigos obtiveram um belo testemunho”. As realidades da fé são tão certas e firmes que nossos modelos do passado nelas acreditaram e as cultivaram com coragem e testemunho. (Hb 11,1-2)
   A fé explica a saída de Abraão de sua terra e da parentela e toda a sua caminhada vocacional, assim como a de seus descendentes.

   Evangelho (Lc 12,32-48): A vigilância escatológica
   O contexto alargado do evangelho (Lc 12,22-31) em que se insere o início do texto de hoje é um convite ao abandono com confiança na providência de Deus que cuida das aves do céu e das flores do campo. Trata-se duma palavra de consolação, de exortação a não temer nada (nem mesmo as crises de momento) e dá uma promessa de salvação.
   Apenas Lucas refere uma sentença sobre o “pequenino rebanho”. A metáfora do “rebanho” é comum no Antigo Testamento para qualificar o povo eleito considerado o povo de Deus por excelência; inclui a imagem de Deus como Pastor e, portanto, a consciência de estar sob a sua proteção. Trata-se, pois, duma palavra de consolação dirigida ao pequeno grupo de seguidores de Jesus no meio do povo de Israel, assegurando-lhe o dom gratuito que o Pai lhes concede: o Reino, considerado o verdadeiro tesouro. O evangelista indica aos crentes para onde devem endereçar os seus esforços para obter segurança: não para os bens terrenos (Lc 12,13-21- o rico avarento), mas somente para Deus.
   O apego aos bens cria um falso sentimento de segurança. Se Deus é o ideal do cristão, importa centrar a própria escolha e existência sobre o bem por excelência. O bom senso faz perceber que outros bens são efémeros e passageiros, a fé confirma que só Deus responde plenamente à vocação profunda do homem.  A ideia do tesouro conservado no céu, a exortação a não pôr a confiança nos bens efémeros, mas apenas em Deus, o valor dado à esmola como obra de misericórdia, são conhecidos no judaísmo (Tb 4,7-10; 12,9 Eclesiástico 3,30 ( a esmola apaga os pecados); 29,10-12) que compara Deus a um bom banqueiro: as obras boas feitas na terra são como um capital depositado em Deus que ajudará as pessoas generosas quanto, por sua vez, se encontrarem em necessidade nesta vida. O pensamento numa recompensa num “além” na vida eterna, entra mais tarde no judaísmo. Nesta maneira de pensar, os bens terrenos são conciliáveis com os bens celestes: a riqueza é sinal de bênção que Deus concede aos justos. Porém, para Jesus, a riqueza torna-se um concorrente de Deus e do seu reino no coração do homem; o discípulo não pode servir a dois senhores (servir a Deus e ao dinheiro).
   Segue-se um conjunto de exortações à vigilância, expressas em duas parábolas. A primeira parábola apresenta um senhor que viaja para ir a um banquete. Os festejos duravam vários dias e a sua ausência podia prolongar-se, o que punha à prova a fidelidade e o trabalho dos súbditos e dos responsáveis que ficaram encarregados da casa. Cingir os rins é uma expressão comum na Bíblia que significa estar pronto, preparado e atento a receber uma ordem.
   O símbolo da vigilância é a lanterna acesa, sinal de que se está acordado à espera do senhor que pode vir a qualquer hora. O sacrifício poderá parecer grande, mas bem maior será a recompensa. O patrão, comovido pela dedicação e fidelidade, fará o que os seus criados não esperam: manda-os sentar-se à mesa e põe-se a servi-los. De patrão torna-se criado e o criado torna-se comensal, amigo do seu senhor. Nenhum senhor terreno age desta forma, apenas aquele que é Senhor de todos. Daí a declaração: “Felizes!”.
   A necessidade da vigilância é reforçada pela segunda parábola em que se apresenta o Filho do Homem, sinal de julgamento e pedido de contas, como vindo de forma inesperada, quando menos se pensa.
   A pergunta de Pedro: “Senhor, é para nós que dizes essa parábola, ou é para todos igualmente?” fornece a ocasião para continuar a explanação anterior. A recompensa que toca aos servos vigilantes e ao administrador fiel é a mesma: a alegria do dever cumprido e a benevolência do dono da casa. O administrador diligente será promovido a ofício superior, porventura terá sobre si a responsabilidade de todos os bens do seu senhor. O “Senhor” da parábola é a imagem do “Filho do Homem” que vem verificar o comportamento dos seus súbditos. Embora seja dirigida a todos, parece ter como objeto principal os que mais de perto acompanharam Jesus e aqueles a quem ele confiou a nobre tarefa de continuar a sua missão, isto é, os guias da comunidade. Por isso se diz, «a quem foi dado muito, muito será pedido; e a quem foi confiado muito, muito mais será pedido» (Lc 12,48).

   Atualizando a Palavra
   No mês de agosto, mês vocacional por excelência, recordamos os ministros ordenados: O Papa, bispos, sacerdotes e diáconos agradecendo a Deus todo o carinho e desapego, atenção e doação, de cada um ao serviço do Reino.
   Celebramos a nossa fé em comunhão com a Arquidiocese de Belém-Pará, que vai realizar o congresso eucarístico nacional nos dias 15 a 21 de agosto, tendo como temática: “Eucaristia e partilha na Amazônia missionária” e lema: “Eles o reconheceram ao partir do pão”.

   "Misericordiosos como o Pai" é tema do Mês Vocacional 2016 - Material de apoio
   Para animar o Mês Vocacional, a Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Pastoral Vocacional propõem subsídio com roteiros catequéticos. O material apresenta três sugestões de encontros com os temas: “A Vocação Nasce na Igreja”; “A Vocação Cresce na Igreja” e “A Vocação é Cultivada na Igreja”. Traz, ainda, roteiro oracional, cantos e reflexões do papa Francisco sobre as vocações e indica, também, roteiros para auxiliar nas missas dominicais do Mês Vocacional: 07 de agosto – vocação ministério ordenado: diáconos, padres e bispos; 14 de agosto – vocação matrimonial; 21 de agosto – vocação à vida consagrada; 28 de agosto – vocação dos leigos.

Para adquirir o subsídio entre em contato com as Edições CNBB: www.edicoescnbb.com.br

Luis Filipe Dias



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