quinta-feira, 28 de setembro de 2017

“Ensina-me, Senhor, os teus caminhos” Sl 125,4 (01/10/2017)

Introdução
Deus chama continuamente o ser humano para deixar os caminhos tortuosos e dizer um “sim” consciente e maduro, que seja realmente “sim”. Por isso, Deus envia os profetas (mediadores), na tentativa de chegar ao coração de seus filhos.

Na primeira Leitura, Ezequiel convida os israelitas exilados na Babilônia a viverem com coerência o Sim dado ao Senhor e à Aliança. (Ez 18,25-28)
A História da Vinha ilustra o cuidado e o amor do Senhor pela sua vinha: videiras escolhidas; lugares bem cuidados, esperava uma grande colheita. Mas a decepção foi grande: só produziu uvas ácidas, sem utilidade.
Na segunda Leitura, Paulo apresenta o exemplo de Jesus: despoja-se da condição divina, assume a condição humana e diz "SIM" ao Pai até a morte de Cruz. (Fl 2,1-11)

Evangelho de Mateus(Mt 21,28-32): parábola dos dois filhos que mudam de atitude
Deus nos faz livres e respeita a nossa liberdade de escolha. Cabe a cada um responder “sim” ou “não” ao seu convite. Há sempre a possibilidade de mudar de rumo. Só um dos filhos fez a vontade do pai. O Evangelho se situa no contexto da rejeição de Jesus por parte dos chefes do povo. Ele encontra-se em Jerusalém e seu tempo está cada vez menor. Aumenta a hostilidade daqueles que rejeitam sua mensagem. O que está em jogo é fazer a vontade de Deus.

Um filho diz “não” e depois vai trabalhar na vinha do Pai; o outro diz “sim”, mas afinal não vai. Perante a pergunta de Jesus sobre quem fez a vontade do pai, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo dizem que foi o filho que apesar de dizer “não” acabou por cumprir a ordem do pai. Jesus vai completar dizendo que os pecadores vão preceder no reino de Deus os demais que não acreditaram na pregação de João Batista e no caminho de justiça que ele ensinou. 

Continuamos a refletir sobre a Igreja, "Vinha do Senhor". No domingo passado, vimos que todos éramos chamados a trabalhar na vinha do Senhor e receber a paga generosa. Hoje veremos qual pode ser nossa resposta a esse chamado.

O que a parábola nos diz hoje?
Também em nossos dias, Deus continua tendo dois filhos: Alguns, no Batismo, dizem "Sim", mas depois, na vida concreta, transformam o "Sim" em muitos "Não".
Outros nunca disseram um "Sim" explícito para Deus, mas, na prática de cada dia, amam o irmão, se sacrificam pelos outros, executam muitas obras de caridade.
Estes, ainda que não batizados, são verdadeiros Filhos de Deus: "Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros como eu vos amei...".
Hoje muitos, que se dizem católicos, afirmam: Cristo SIM, Igreja NÃO.

Mês missionário: Missão é partir
A saída da qual o Documento de Aparecida e o Papa Francisco falam, é uma saída profunda, que toca as dimensões mais ínti­mas da vida dos discípulos missionários e da Igreja como um todo. Não é sair simplesmente para impor a nossa vontade e a nossa visão de mundo, querendo “organizar” o mundo dos outros. Isso não é missão: é dominação.
Não é sair sim­plesmente para estender a nossa influência na sociedade secularizada e agregar mais adeptos à nossa instituição. Também isso não é missão: é proselitismo. Não é somente sair com as boas intensões de fazer do mundo uma só família e ser solidários com os mais pobres, e buscar com isso apenas uma realização pessoal. Da mesma forma, isso não é missão: é auto complacência. 

A saída missionária exige purificação, atitude penitencial e uma profunda conversão. “Impõe-se uma conversão radical da mentalidade para nos tornarmos missionários” (RMi 49): “trata-se de sair de nossa consciên­cia isolada e de nos lançarmos, com ousadia e confiança, à missão de toda Igreja’ (DAp 363), abandonando estruturas caducas (cf. DAp 365), transfor­mando as pessoas (cf. DAp 366), assumindo relações de comunhão (cf. DAp 368), adotando práticas pastorais missionárias (cf. DAp 370), projetando-se além-fronteiras (DAp 376)”. Mais do que isso, o conceito e a prática da missão mudam radi­calmente a perspectiva da saída. Essa mudança consiste em passar da vi­são de missão como “expansão” à missão como “encontro”. Ao contrário de visualizar as pessoas para que estas sejam, de alguma forma, catequiza­das, “redimidas” ou “salvas”, tal como “objetos” ou “alvos” da ação eclesial, a prática contemporânea da missão transforma-se profundamente ao tentar compreendê-las como o “outro” a ser encontrado. Missão, portanto, não é apenas um fazer coisas para pessoas. É, em primeiro lugar, ser companheiro dos pobres (cf. DAp 398) e hóspedes na casa dos outros. 

O encontro com Jesus Cristo é proporcionado pela maneira com a qual nos aproximamos e encontramos as pessoas. “Na América Latina e no Caribe – diz o Papa Francisco – existem pastorais ‘distantes’, pastorais disciplinares que privilegiam os princípios, as condutas, os procedimentos organizacionais, sem proximidade, sem ternura, nem carinho. Ignora-se a ‘revolução da ternura’, que provocou a encarnação do Verbo.
Há pastorais posicionadas com tal dose de distância que são incapazes de conseguir o encontro: encontro com Jesus Cristo, encontro com os irmãos. Esse tipo de pastoral pode, no máximo, prometer uma dimensão de proselitismo, mas nunca chega a conseguir inserção nem pertença eclesial. A proximidade cria comunhão e pertença, dá lugar ao encontro.

A proximidade toma forma de diálogo e cria uma cultura do encontro”. É isso que queremos propor ao convocar o 4º Congresso Mis­sionário Nacional: aprofundar e assumir esse “paradigma da saída” e nele reencontrar a mais genuína vocação da Igreja de ser próxima e solidária com as pessoas, ad gentes, até os confins da terra. 

Missão é partir

Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso eu. É parar de dar voltas ao redor de nós mesmos, como se fôssemos o centro do mundo e da vida. É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos: A humanidade é maior. Missão é sempre partir, mas não é devorar quilômetros. É, sobretudo, abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontra-los. E, se para encontra-los e amá-los é preciso atravessar os mares e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo. (Dom Helder Câmara)
Luis Filipe Dias

sábado, 23 de setembro de 2017

Como trabalhadores da vinha do Senhor busquemos a sua misericórdia (24/09/2017)

Neste vigésimo quinto domingo do tempo comum Jesus nos convida a meditar sobre a parábola dos trabalhadores da vinha, como aqueles trabalhadores nós somos chamados a trabalhar na vinha do Senhor e cada um no seu tempo responde a este chamado, neste serviço não podemos perder tempo tentando saber que será o merecedor da maior graça, temos que buscar a Deus enquanto há tempo e busca-lo é fazer a sua vontade colocando-se a serviço do reino de Deus.

Em seu livro o profeta Isaías 55,6-9 nos faz um alerta, é preciso buscar a misericórdia de Deus enquanto há tempo.
Leitura do livro do profeta Isaías: 6Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto ele está perto. 7Abandone o ímpio seu caminho, e o homem injusto, suas maquinações; volte para o Senhor, que terá piedade dele, volte para nosso Deus, que é generoso no perdão. 8Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o Senhor. 9Estão meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos quanto está o céu acima da terra. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus!

O profeta Isaías vem nos dizer o quanto está acessível a nós a piedade de Deus, mas é necessária uma iniciativa nossa para encontrar o caminho da salvação, não podemos ser cristãos mais ou menos, precisamos buscar a Deus e tirar de nossa vida tudo aquilo que nos afasta de Deus, Ele quer nos perdoar e abençoar generosamente, nos espera de braços abertos como um Pai amoroso e muitas vezes nos desvirtuamos percorrendo os caminhos da perdição. Busquemos ao Senhor, Ele está pertinho de nós e espera nosso sincero arrependimento para nos encher da sua Graça Santificante.

No Salmo Responsorial 144(145) vemos a confiança daquele que fielmente invoca ao Senhor, o Deus de misericórdia e piedade abraça com ternura a toda a criatura.
O Senhor está perto da pessoa que o invoca!

Todos os dias haverei de bendizer-vos, / hei de louvar o vosso nome para sempre. / Grande é o Senhor e muito digno de louvores, / e ninguém pode medir sua grandeza.

Misericórdia e piedade é o Senhor, / ele é amor, é paciência, é compaixão. / O Senhor é muito bom para com todos, / sua ternura abraça toda criatura.

É justo o Senhor em seus caminhos, / é santo em toda obra que ele faz. / Ele está perto da pessoa que o invoca, / de todo aquele que o invoca lealmente.

Em carta aos Filipenses 1,20-24.27 o apostolo São Paulo nos mostra a sua prontidão em servir ao Reino de Deus, mesmo que a sua missão caminhe em sentido contrário a sua vontade.
Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses: Irmãos, 20Cristo vai ser glorificado no meu corpo, seja pela minha vida, seja pela minha morte. 21Pois, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro. 22Entretanto, se o viver na carne significa que meu trabalho será frutuoso, neste caso, não sei o que escolher. 23Sinto-me atraído para os dois lados: tenho o desejo de partir, para estar com Cristo – o que para mim seria de longe o melhor –, 24mas para vós é mais necessário que eu continue minha vida neste mundo. 27Só uma coisa importa: vivei à altura do evangelho de Cristo. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus!

Para São Paulo a vontade de partir desta vida para se encontrar com Cristo era muito grande, mas sabia que ainda havia muito o que realizar para que o Reino de Deus acontecesse, então ele escreve aos Filipenses para animar a comunidade para que orem, caminhem e lutem juntos, colocando Jesus em tudo o que fizermos o nosso trabalho frutificará e este frutos não serão colhidos por nós, quem vem depois de nós colherá estes frutos com a missão de semear novas sementes para as gerações futuras, foi assim que os apóstolos semearam com o preço da própria vida para que hoje tivéssemos a graça de conhecer, viver e anunciar o Nosso Senhor Jesus Cristo ao mundo inteiro.

Novamente Jesus vem nos ensinar uma grande lição para nossa vida, no evangelho segundo Mateus 20,1-16 vemos o quanto é grande e misteriosa a misericórdia de Deus.
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus: Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos: 1“O reino dos céus é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia e os mandou para a vinha. 3Às nove horas da manhã, o patrão saiu de novo, viu outros que estavam na praça desocupados 4e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha vinha! E eu vos pagarei o que for justo’. 5E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio-dia e às três horas da tarde e fez a mesma coisa. 6Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: ‘Por que estais aí o dia inteiro desocupados?’ 7Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. O patrão lhes disse: ‘Ide vós também para a minha vinha’. 8Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros!’ 9Vieram os que tinham sido contratados às cinco da tarde e cada um recebeu uma moeda de prata. 10Em seguida vieram os que foram contratados primeiro e pensavam que iam receber mais. Porém cada um deles também recebeu uma moeda de prata. 11Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: 12‘Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro’. 13Então o patrão disse a um deles: ‘Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? 14Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. 15Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?’ 16Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. – Palavra da salvação. – Glória a Vós Senhor!

Nesta parábola Jesus nos conta sobre a relação de trabalho de um patrão, dono da vinha, com os empregados que foram contratados em vários horários nos decurso do dia, ao chamar os empregados para receber pelo seu trabalho a atitude do patrão surpreende a todos, quem trabalhou apenas uma hora recebeu o mesmo que os demais que trabalharam o dia todo, esta atitude revoltou quem tinha sido contratado de madrugada e que tinha concordado em receber uma moeda de prata por um dia inteiro de trabalho.

Como o senhor nos igualou a estes que trabalharam apenas uma hora? Deveríamos ter um tratamento diferente. Como podemos nos reconhecer nestas palavras, alguns entre nós pensam que são mais merecedores da graça de Deus por que desde pequenos vivem nos caminhos do Senhor, mas isso não nos serve para que no Reino de Deus tenhamos lugares privilegiados, isto é uma visão terrestre de algo que é divino e que foge da nossa compreensão, no paraíso todos somos iguais e o que fazemos nesta terra nos credenciará a participar deste banquete que Deus preparou para nós.

Passar a vida toda na presença do Senhor deve ser para nós uma grande alegria, pois se estamos com Ele vivemos como filhos amados de um Pai misericordioso que nos sustenta e nos dá forças para vencer as seduções do pecado, por outro lado que demora a ouvir o chamado de Deus luta inutilmente contra um inimigo astuto e que muitas vezes consegue o que quer, ao encontrar o caminho da luz Jesus nos chama a abandonar a estrada das trevas, é Ele a luz que transforma a nossa vida tirando da noite tenebrosa para um lindo dia de sol, com Cristo em nossa vida, vivendo verdadeiramente os seus mandamentos encontramos a força necessário para vencer o mal que insiste em nos seduzir.

A misericórdia de Deus é infinita, como aquele padrão que deu a todos os empregados a mesma recompensa Ele assim fará conosco e não podemos nos revoltar com isso. Será que Deus não pode fazer o que quer com aquilo que Lhe pertence? A graça de Deus é infinitamente grande e ao recebê-la não podemos ser mesquinhos ao ponto de imaginar que o tratamento de Deus deve ser diferenciado. Será que mesmo vivendo toda vida na igreja não há em nós algo que nos descredencie a receber a graça de Deus? Sim somos pobres pecadores e muito indignos a herança de nosso Pai do céu, os méritos pela nossa salvação é de Nosso Senhor Jesus Cristo que com o seu sangue pagou pelas nossas culpas.

Os relatos do livro dos Atos dos Apóstolos nos mostra o quanto a comunidade primitiva se alegrava com cada pessoa que ouvia a mensagem e que de livre vontade abraça a fé, devemos fazer o mesmo, nos alegrar por cada pecador que abandona o caminho do pecado para viver a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, mas precisamos ir mais além, devemos ser zelosos com estes irmãos para que eles não desanimem e voltando assim para uma vida de pecado. Somos chamados a testemunhar com a nossa alegria, mostrando para o mundo inteiro as infinitas graças com que Deus tem abençoado a nossa vida.

Que neste domingo possamos viver alegria de sermos agraciados pela infinita misericórdia de Deus, não podemos perder tempo em buscar o encontro com este Pai tão piedoso que espera-nos de braços abertos, que possamos ser também um canal de graça para os nossos irmãos que ainda não escutaram o chamado de Nosso Senhor Jesus Cristo, como São Paulo precisamos nos colocar a serviço do Reino de Deus, sabemos o quanto somos pequenos e fracos diante das tentações deste mundo, mas devemos confiar que Nossa Senhora estará no céu sempre intercedendo por cada um nós.

Rubens Corrêa

sábado, 16 de setembro de 2017

Com Jesus aprendemos que não há limites para o perdão (17/09/2017)

Neste domingo meditamos com Jesus sobre a importância do perdão, muitas vezes pensamos que Deus deve ter compaixão de nós e perdoar todos os passos falsos que damos, mas não estamos dispostos a ter misericórdia daqueles irmãos que cometem alguma falta conosco e sumariamente os condenamos. Um bom cristão deve deixar o seu coração liberto do ódio e nunca procurar vingança, só assim que estaremos nos preparando para encontrar a compaixão de Deus e ganharemos as graças do perdão divino.

O livro do Eclesiástico 27,33-28,9 nos mostra um caminho para viver a virtude de ser um filho de Deus.
Leitura do livro do Eclesiástico: 33O rancor e a raiva são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las. 28,1Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados. 2Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados. 3Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura? 4Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados? 5Se ele, que é um mortal, guarda rancor, quem é que vai alcançar perdão para os seus pecados? 6Lembra-te do teu fim e deixa de odiar; 7pensa na destruição e na morte e persevera nos mandamentos. 8Pensa nos mandamentos e não guardes rancor ao teu próximo. 9Pensa na aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia! – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

Esta passagem bíblica nos faz um questionamento importante para a vivencia da nossa fé. Como suplicar a misericórdia de Deus enquanto nutrimos em nosso coração o ódio e desejo de vingança contra o nosso irmão? Sabemos o quanto é difícil quando somos caluniados e quando tramam o mal contra nós, quando somos lesados em nossos direitos e quando somos usados para obtenção de vantagens alheias, mas se buscarmos excessivamente a vingança e desejarmos mal contra quem nos faz o mal, estamos nos afastando da compaixão de Deus e nos igualamos àquele que promove injustiça.
 
Claro que aqui na terra é preciso que seja feita a justiça, mas seremos nós os juízes desta causa? Deixemos o julgamento para as autoridades encarregadas desta tarefa e abramos o nosso coração ao perdão e a misericórdia, só assim nos aproximaremos de Nosso Senhor Jesus Cristo que do alto da cruz disse: “Pai perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo”.

No Salmo Responsorial 102(103) vemos o quão grande é a misericórdia de Deus para conosco, “Ele não nos trata como exige a nossa culpa”.
O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / e todo o meu ser, seu santo nome! / Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / não te esqueças de nenhum de seus favores!

Pois ele te perdoa toda culpa / e cura toda a tua enfermidade; / da sepultura ele salva a tua vida / e te cerca de carinho e compaixão.

Não fica sempre repetindo as suas queixas / nem guarda eternamente o seu rancor. / Não nos trata como exigem nossas faltas / nem nos pune em proporção às nossas culpas.

Quanto os céus por sobre a terra se elevam, / tanto é grande o seu amor aos que o temem; / quanto dista o nascente do poente, / tanto afasta para longe nossos crimes.


Em sua carta aos Romanos 14,7-9 o apóstolo São Paulo nos fala que é para Cristo que vivemos.
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos: Irmãos, 7ninguém dentre nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. 8Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto, vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. 9Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

Não somos senhores de nossas vidas, elas não nos pertencem, é para Cristo que vivemos e morremos, é para dar testemunho do seu amor que estamos aqui, Ele se entregou se reservas, abraçou a cruz e aceitou a sua dolorosa paixão, morreu para que todos fossem resgatados do pecado, sim Nosso Senhor Jesus Cristo é e sempre será o Senhor de todos, sejam eles vivos ou mortos, Ele venceu a morte.

No evangelho segundo Mateus 18,21-35 Jesus nos dar a dimensão do que é perdoar, Ele nos mostra como encontrar o caminho para o Reino de Deus.
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus: Naquele tempo, 21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Porque o reino dos céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, levaram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!’ 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. 29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei!’ 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’ 34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”. – Palavra da salvação. – Glória a Vós Senhor.

Pedro com a sua visão humana pergunta a Jesus sobre o limite do perdão, mas a resposta de Nosso Senhor não é humana e sim divina, para o perdão não há limite, setenta vezes sete representa a infinidade do amor de Deus, isto é um mistério que só podemos contemplar com os olhos da fé, a misericórdia e a compaixão de Deus não tem fim.

Para que possamos compreender bem o que disse Jesus, Ele mesmo nos conta uma parábola de um homem que tem uma enorme dívida perdoada após suplicar aos pés do patrão, mas em seguida foi incapaz de perdoar uma dívida menor de um dos seus companheiros fazendo pesar sobre ele toda a sua ira, ao olharmos para a nossa vida cotidiana vemos como são atuais as palavras de Jesus, clamamos a misericórdia de Deus pedindo perdão por nossas fraquezas e somos incapazes de estender esta misericórdia aos nossos irmãos, para nós tudo o que nos afeta é mais grave e sem perdão, Deus está de olho em todas as nossas condutas.

Alguns companheiros se revoltaram com a conduta deste servo e o denunciaram ao patrão, este por sua vez o questionou pela sua ação desproporcional, ele recebeu o perdão e não conseguiu perdoar, fazendo isso perdeu o beneficio anterior e sobre tortura pagou pela falta de misericórdia. Quantas vezes agimos assim em nossa família, em nossa comunidade e em nossa sociedade? Estamos preparados para sermos tratados com o mesmo rigor com que tratamos o próximo? Neste evangelho Jesus nos dar esta grande lição, mesmo em situações tão adversas é preciso deixar o coração livre do rancor e ódio, só assim haverá espaço para cultivar o amor de Deus.

Que neste domingo possamos abrir o nosso coração para a graça de Deus, é hora de fazer uma faxina e limpar da nossa vida o ódio, o rancor e o desejo de vingança, como cristãos devemos seguir os passos de Jesus, perdoar sem se cansar, é preciso insistir que este é o caminho que nos levará ao Pai, que Nossa Senhora, Mãe Piedosa, nos ajude a fazer o que nos pede Nosso Senhor, Ela que acompanhou seu Filho do flagelo até a morte na cruz e que o viu perdoar aqueles que torturaram, Ela a exemplo do teu Filho também os perdoou. Mãe da Divina Misericórdia, rogai por nós.
Em Jesus e Maria.
Rubens Corrêa

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

“O amor é o cumprimento perfeito da Lei” (10/09/2017)

No 23º Domingo do Tempo Comum, as leituras nos mostram a responsabilidade de todos para com o comportamento dos irmãos e a manutenção da justiça e do bem. Estamos no mês dedicado à Bíblia, livro que contém o Projeto de Vida de Deus, as orientações para termos uma vida feliz e realizada e voltada para a conquista da vida eterna.

Na Leitura da Profecia de Ezequiel 33,7-9, vemos que o papel do batizado é advertir o irmão para que não se desvie do caminho a ser percorrido para a salvação.
Leitura da profecia de Ezequiel – Assim diz o Senhor: 7“Quanto a ti, filho do homem, eu te estabeleci como vigia para a casa de Israel. Logo que ouvires alguma palavra de minha boca, tu os deves advertir em meu nome. 8Se eu disser ao ímpio que ele vai morrer, e tu não lhe falares, advertindo-o a respeito de sua conduta, o ímpio vai morrer por própria culpa, mas eu te pedirei contas da sua morte. 9Mas, se advertires o ímpio a respeito de sua conduta, para que se arrependa, e ele não se arrepender, o ímpio morrerá por própria culpa, porém tu salvarás tua vida”. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

O batizado é como o profeta, tem obrigação de alertar o povo sobre os erros que está cometendo, dando-lhe a chance de se converter, sendo omisso, ele se torna conivente e sofrerá as mesmas consequências.

No Salmo 94, temos o conselho para andar no caminho certo, ouvir a voz de Deus, abrir o coração para a escuta.
Não fecheis o coração, ouvi, hoje, a voz de Deus!
— Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o Rochedo que nos salva! Ao seu encontro caminhemos com louvores, e com cantos de alegria o celebremos!
— Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra, e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! Porque ele é o nosso Deus, nosso Pastor, e nós somos o seu povo e seu rebanho, as ovelhas que conduz com sua mão.
— Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: “Não fecheis os corações como em Meriba, como em Massa, no deserto, aquele dia, em que outrora vossos pais me provocaram, apesar de terem visto as minhas obras”.

Em sua Carta aos Romanos 13,8-10, Paulo informa à comunidade que o amor é o cumprimento perfeito da Lei.
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos – Irmãos, 8não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a lei. 9De fato, os mandamentos: “Não cometerás adultério”, “não matarás”, “não roubarás”, “não cobiçarás” e qualquer outro mandamento se resumem neste: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. 10O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da lei. – Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

O amor, mesmo que em excesso não faz mal a ninguém, nunca é demais.

O evangelho de Mateus 18,15-20 nos mostra a responsabilidade da comunidade perante o erro dos irmãos.
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: 15“Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. 16Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. 17Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público. 18Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. 19De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. 20Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles”. – Palavra da salvação. – Glória a Vós Senhor.          

O Profeta Ezequiel via a sociedade abandonando o Projeto de Deus, deixando-se levar por aqueles que lhes prometiam vida fácil e luxuosa, diante disso, ele entende que a responsabilidade pelo fracasso é de todos e que não adianta apenas reformar uma atitude, a conversão deve ser total para se construir uma sociedade justa e fraterna.

Paulo resume os mandamentos, mas o que é o amor? O amor consiste em não olhar a quem se faz o bem, em procurar fazer para o outro apenas o que queremos para nós, ajudar na construção de mecanismos que levem dignidade as pessoas.

Amar o irmão significa ajudá-lo a crescer na fé, para que cresça na vida segundo os ensinamentos de Cristo. E o melhor é que o amor não se esgota, ele não gasta, sempre existe alguém precisando de amor, de partilha, de acolhimento, de perdão, de um sorriso.

O Evangelho nos pede para alertar o irmão quando está cometendo um erro, mas cuidado com os julgamentos, isso deve ser feito em particular, de modo a não humilhar aquele que está sendo corrigido, mas de maneira nenhuma podemos aceitar atitudes erradas de pessoas que podem fazem mal a si próprias ou a outras. O amor sempre deve andar junto com o respeito na hora de corrigir o irmão.

Aqui a leitura mostra a responsabilidade dos membros da Igreja em cultivar o diálogo amoroso, em mostrar ao irmão onde está seu erro e fazê-lo voltar para o caminho do bem. Não cabe à Igreja julgar, mas recuperar, reconquistar, conduzir pelos caminhos de Deus. Pelo batismo todos somos chamados a ser vigilantes e alertar àqueles que cultivam valores contrários aos ensinamentos do Pai.

No mês da Bíblia precisamos ver claramente que o caminho a ser percorrido para a salvação de todos está no conhecimento de Jesus Cristo, precisamos conhecê-lo, amá-lo e difundir seus ensinamentos para realizar o Projeto de Deus e não há outro meio de conhecer Jesus Cristo que não seja as Sagradas Escrituras.
Carla Matos