sábado, 2 de dezembro de 2017

Vem Senhor Jesus o mundo precisa e Ti (03/12/2017)

Introdução geral
Iniciando o tempo do Advento que marca o início de um novo Ano Litúrgico, seremos convidados pelo Senhor a entrar no mistério da promessa de sua segunda vinda. Ele que veio a primeira vez em Belém, virá uma segunda vez e espera nos encontrar vigilantes e atentos no cumprimento de sua vontade e dos seus mandamentos.
Leituras Bíblicas:
Primeira Leitura: Is 63,16b-17.19b;64,2b-7 – Pecamos, Senhor, mas somos obras de tuas mãos
É uma das preces mais bonitas da Bíblia. Ao povo que voltou do exílio desanimado e indiferente à Aliança, o Profeta tenta acordar a confiança e a esperança num futuro de vida e salvação. Deus é invocado como "Pai" e "Redentor" É a primeira vez que se chama Deus de Pai. No evangelho, Jesus usará mais tarde várias vezes esta mesma expressão referente ao Pai. Termina com a imagem do OLEIRO: Deus é o "oleiro" e o Povo é o "barro", que o artista modela com amor. Somos barro, frágeis, mas somos também obra de suas mãos. Maias ainda, somos a expressão do amor de Deus. Faz lembrar a Criação do Homem do barro da terra. A mudança do coração do seu povo é uma nova Criação, da qual nascerá uma nova humanidade.


Segunda Leitura 1Cor 1,3-9 - Vosso procedimento seja irrepreensível
A Igreja em Corinto necessitava urgentemente de “Graça e Paz”. O povo não estava respondendo aos apelos de Deus e não viviam em paz uns com os outros.

Evangelho: Mc 13,33-37- Vigiai porque não sabeis a hora
O Evangelho é uma EXORTAÇÃO à vigilância constante para preparar a vinda do Senhor. O texto é o final do "Discurso escatológico".
A Parábola do Porteiro conta a história do homem que partiu em viagem, distribuiu tarefas aos seus servos e deu ao porteiro uma ordem que vigiassem. O "Dono da casa" é Jesus, que ao voltar para o Pai, confiou aos discípulos a tarefa de construir o "Reino", iniciado por ele.

MENSAGEM
O nosso texto está integrado na terceira parte do discurso escatológico. Refere-se diretamente ao final dos tempos e à atitude que os discípulos devem ter face ao encontro último e definitivo com Jesus. O seu objetivo não é transmitir informação objetiva acerca do “como” e do “quando”, mas formar os discípulos e torná-los capazes de enfrentar a história com determinação e esperança.

O Evangelho deste domingo começa com uma parábola – a parábola do homem que partiu em viagem, distribuiu tarefas aos seus servos e mandou ao porteiro que vigiasse (cf. Mc 13,33-34) – e termina com uma admoestação aos discípulos acerca da atitude correta para esperar o Senhor (cf. Mc 13,35-37). Primitivamente, a parábola contada por Jesus seria dirigida aos discípulos e teria como objetivo recordar-lhes o dever de guardar e fazer frutificar os tesouros desse Reino que Jesus lhes confiou antes de partir para o Pai.

O “dono da casa” da parábola é, evidentemente, Jesus. Ao deixar este mundo para voltar para junto do Pai, Ele confiou aos discípulos a tarefa de construir o “Reino” e de tornar realidade um mundo construído de acordo com os valores do Reino.

Os discípulos de Jesus não podem, portanto, cruzar os braços, à espera que o Senhor venha; eles têm uma missão – uma missão que lhes foi confiada pelo próprio Jesus e que eles devem concretizar, mesmo em condições adversas. É necessário não esquecer isto: esta espera, vivida no tempo da história, não é uma espera passiva, de quem se limita a deixar passar o tempo até que chegue um final anunciado; mas é uma espera ativa, que implica um compromisso efetivo com a construção de um mundo mais humano, mais fraterno, mais justo, mais evangélico.

Quem é o “porteiro”, com uma tarefa especial de vigilância (vers. 34)?
Na perspectiva de Marcos, o “porteiro” parece ser todo aquele que tem uma responsabilidade especial na comunidade cristã. A sua missão é impedir que a comunidade seja invadida por valores estranhos ao Evangelho e à dinâmica do Reino. A figura do “porteiro” adequa-se, especialmente, aos responsáveis da comunidade cristã, a quem foi confiada a missão da vigilância e da animação da comunidade. Eles devem ajudar a comunidade a discernir permanentemente, diante dos valores do mundo, aquilo que a comunidade pode ou não aceitar para viver na fidelidade ativa a Jesus e às suas propostas.
A palavra-chave do Evangelho deste dia é esta: “vigilância”. 

Contudo, “vigilância” não significará, para os discípulos, o viver à margem da história, num angelismo alienante, evitando comprometer-se para não se sujar com as realidades do mundo e procurando manter a “alminha” pura e sem mancha para que o Senhor, quando chegar, os encontre sem pecados graves; mas será o viver dia a dia comprometido com a construção do Reino, realizando fielmente as tarefas que o Senhor lhes confiou. Essas tarefas passam pelo compromisso efetivo com a construção de um mundo novo, um mundo que viva cada vez mais de acordo com os projetos de Deus. O nosso texto assegura aos discípulos, em caminhada pelo mundo, que o objetivo final da história humana é o encontro definitivo e libertador com Jesus. “O Senhor vem” – garante-lhes o próprio Jesus; e esta certeza deve animar e dar esperança aos discípulos, sobretudo nos momentos de crise e de confusão. Mesmo que tudo pareça ruir à sua volta, os discípulos são chamados a não perder a esperança e a ver, para além das estruturas velhas que vão caindo, a realidade do mundo novo a nascer.

Que devem os discípulos fazer, enquanto esperam que irrompa definitivamente esse mundo novo prometido? Devem, com coragem e perseverança, dar o seu contributo para a edificação do “Reino”, sendo testemunhas e arautos da paz, da justiça, do amor, do perdão, da fraternidade, cumprindo dessa forma a missão que Jesus lhes confiou.
O que a Parábola tem a nos dizer?
A Vinda do Senhor é motivo de ESPERANÇA.
A nossa caminhada humana não é um avançar sem sentido ao encontro do nada, mas uma caminhada feita na alegria ao encontro do "Senhor que vem". E o Advento nos recorda que no final da nossa caminhada, o Senhor nos oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem fim.

VIGIAR significa viver sempre empenhado e comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz.
- VIGIAR Significa cumprir os compromissos assumidos no dia do batismo e ser um sinal vivo do amor e da bondade de Deus no mundo.
- VIGIAR significa cumprir a Missão recebida: dar testemunho de Jesus e do seu evangelho.
- VIGIAR significa não viver como se a vida se reduzisse à duração terrena, mas viver sempre na expectativa da revelação plena do Senhorio de Jesus.

Somos convidados a não "dormir", a estar acordados e "vigilantes", sempre prontos para lhe entregar a qualquer momento a sua "casa" bem cuidada. É o que pretende esse tempo litúrgico, quando nos convida a seguir a marcha do Povo de Deus, que se preparava para a primeira vinda do Senhor: uma marcha lenta, obscura e dolorosa, para ali apreendermos qual deve ser a nossa ESPERANÇA nessa caminhada para Cristo. Em meio a tantos convites comerciais, permaneçamos atentos e vigilantes no Senhor.
Luis Filipe Dias


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