terça-feira, 28 de abril de 2015

“Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, dá muito fruto”! (03/05/2015)

   A liturgia deste domingo, centrada no Evangelho de João que nos acompanha no tempo pascal, convida-nos a permanecer em Cristo. Somos os ramos da videira verdadeira, cultivada pelo Pai que é o agricultor. O Pai é glorificado pelos frutos que a videira produz.
   A videira foi utilizada no Antigo Testamento como imagem do povo de Israel. Aqui Jesus assume para si a identidade de videira de Deus: nele, e não mais em Israel, está a fidelidade verdadeira ao Pai.

   Recordando a Palavra
   At 9,26-31: Saulo teve dificuldades para ser incorporado ao corpo eclesial. Precisou conquistar a confiança da comunidade cristã. A leitura mostra a transformação ocorrida em Saulo devido ao seu encontro com o Cristo Ressuscitado. De perseguidor passa a anunciador.
   O Sl 22 expressa o desejo de estar diante do Senhor para louvar e bendizer.
   1 Jo 3, 18-24: o amor exige ações concreta, acolhida e verdade. A prática dos mandamentos decorre de um amor autêntico. Como Deus é amor, o fruto da fé é o amor mútuo.
   Jo 15,1-8: O texto de João constitui uma meditação sobre o amor cristão que se concretiza na alegoria da videira e continua no próximo domingo (Jo 15, 9-17) em que o ponto de partida é a nossa comunhão com Deus para frutificar depois no amor fraterno.
   Jesus se apresenta como a videira verdadeira, e o Pai é então apresentado como o agricultor. Há uma ênfase no termo “verdadeira”. Isto denota que há outras videiras, não verdadeiras e autênticas.
   Merece um destaque especial à palavra “permanecer” em Jesus: exige da parte do discípulo uma fidelidade que depois de “limpo” sente a necessidade da seiva da cepa que gera vida e leva a produzir frutos de qualidade.

   Atualizando a Palavra
   I Leitura: Permanecer na unidade
   A leitura (At 9,26-31) fala sobre a desconfiança e sobre lealdade. O texto refere-se à chegada de Saulo a Jerusalém e afirma que todos tinham mede dele, pois não acreditavam que fosse verdadeiro discípulo de Cristo.
   Dado o voto de confiança, a comunidade prossegue guiada pelo Espírito Santo, anunciando com coragem a Boa Nova. Tanto a conversão do coração quanto a unidade de todos os membros do corpo, que é a Igreja, constituem uma única ação do espírito Santo.
   II Leitura: Permanecer no amor
   Crer em Jesus é amar, afirma a leitura (1 Jo 3, 18-24). Este amor não se confunde com o sentimentalismo de novela, mas se traduz em atos concretos de amor ao próximo.
   É dessa forma que os discípulos mostram que permanecem em Jesus. A comunidade está sob um novo mandamento dado por Jesus: que nos amemos uns aos outros como ele nos amou (1 Jo 3,23).
   Evangelho de João (Jo 15,1-8) nos mostra os elos que formam a corrente do amor: o Pai, Jesus, os cristãos que para permanecer em Jesus e dar frutos precisam ser podados e limpos (v. 5).  O mandamento que nos une a Jesus é o amor. O amor fraterno é o sinal distintivo do cristão justamente porque é a prova de sua comunhão vital com o Senhor. É impossível ter uma vida de comunhão com Cristo sem que se produzam frutos de amor.
   Quem não crê de verdade em Jesus é um ramo morto, desligado do tronco e que. Obviamente, não produzirá frutos. As palavras de Jesus que permanecem em nós significam ele mesmo presente em quem crê. Essa é a garantia de podermos pedir ao Pai, porque seu Filho está em nós, presente em sua palavra que acolhemos com fé.
   O tempo Pascal aprofunda a centralidade do Ressuscitado na vida da Igreja de ontem e de hoje. Há o risco permanente de querermos ser videiras desligadas de Cristo.  A centralidade é de Cristo. É dele que vem a verdadeira vida. A verdadeira conversão pastoral da Igreja é deixar-se limpar ou podar pelo agricultor.

   Sugestões para a liturgia
   “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós” (Jo 15,1-8)
   Devemos ler com atenção o Documento 100 da CNBB: Comunidade de comunidades: uma nova paróquia. A conversão Pastoral da paróquia: “Há muitos batizados e até agentes de pastoral que não fizeram um encontro pessoal com Jesus Cristo, capaz de mudar sua vida para se configurar cada vez mais ao Senhor. Alguns vivem o cristianismo de forma sacramentalista sem deixar que o evangelho renove sua vida. Outros até trabalham na pastoral, mas perderam o sentido do discipulado e esqueceram a força missionária que o seguimento de Jesus implica”.  (Doc. 100, Comunidade de comunidades, CNBB, n. 52) e ainda o que se refere à vida em abundância (Jo 10,10): “O amor ao próximo, radicado no amor de Deus, é um dever de toda a comunidade eclesial”...
   ”O cuidado com os necessitados impele a comunidade à defesa da vida desde a sua concepção até seu fim natural”. (Doc. 100, Comunidade de comunidades, CNBB, n. 282).
   “Sem dispensar as muitas iniciativas já existentes na prática da caridade, as paróquias precisam acolher fraternalmente todos, especialmente os que estão caídos à beira do caminho”. (Doc. 100, Comunidade de comunidades, CNBB, n. 283)
   Seguir Jesus ou permanecer nele significa amar incondicionalmente. Significa amar como Jesus amou, fazendo do perdão a resposta definitiva ao ódio e à violência que parece quere tomar conta de nós e da sociedade em que nos toca viver.
   Como viver esta dimensão do amor?
Luis Filipe Dias



sábado, 25 de abril de 2015

Em Cristo ressuscitado somos um só rebanho (26/04/2015)

   Neste quarto domingo da Páscoa contemplamos Jesus como o verdadeiro e bom pastor, ele nunca abandona o seu rebanho, mesmo em situações de perigos ele se mantém fiel dando a sua vida para proteger as ovelhas, nele encontramos o único caminho para a salvação e por ele recebemos o grande presente da filiação divina, em Jesus somos todos irmãos e filhos de Deus.
   Na primeira leitura (At 4,8-12.), vemos que mesmo correndo perigo, Pedro dá testemunho da ressurreição de Jesus, foi por meio do ressuscitado que aquele homem no templo foi curado, ele é a pedra rejeitada pelos construtores e se torna a pedra angular, somente em seu nome podemos alcançar a salvação, mas, para isso temos que fazer a nossas edificações sobre esta pedra, para que seja sólida e segura, devemos como Pedro, dar testemunho deste Jesus que nos traz vida nova e plena, mesmo quando tudo parecer desfavorável.
   Na segunda leitura (1Jo 3,1-2.), João nos fala que por Jesus Cristo recebemos o grande presente de sermos chamados filhos de Deus, através da sua manifestação nos tornamos semelhantes a ele, pois vemos verdadeiramente como ele é, ser semelhante a Cristo é continuar a sua missão de anunciar e denunciar, é trazer de volta ao centro aquele que foi colocado a margem da sociedade, é combater todas as situações de morte que oprime o povo, sejam elas, religiosas ou politicas, é ser sinal de esperança e de paz, é deixar Deus agir por meio de nós para que o mundo o conheça e assim nós também seremos conhecidos, e reconhecidos filhos de Deus.
   No evangelho (Jo 10,11-18.), Jesus se coloca como o bom pastor, aquele que dá a vida pelas ovelhas, ele não é como o mercenário que foge ao ver o perigo deixando as ovelhas a mercê dos lobos, ele conhece as ovelhas e as ovelhas lhe conhecem, ele reunirá as ovelhas que estão dispersas pelo mundo formando um só rebanho. Cristo é o verdadeiro pastor, ele deu a sua vida para nos salvar, a vida não lhe foi tirada, ele se ofereceu em sacrifico para que retornando a vida resgatasse a todos nós, somente alguém com grande amor que seria capaz de um gesto deste, por se manter fiel a vontade do Pai, Jesus é amado por Deus, e este amor ele compartilha conosco.
   Que neste domingo possamos seguir a nossa caminhada rumo ao Pai, Jesus caminha ao nosso lado nos dando força para superar todos os obstáculos do caminho, precisamos confiar que ele é o verdadeiro pastor e nós somos o seu rebanho, e que dentro deste rebanho precisamos ser sinais de esperança para aquelas ovelhas que ameaça se desgarrar, o rebanho é muito numeroso e Jesus conta conosco, que já vivenciamos este grande amor de Deus, para testemunhar e buscar as ovelhas dispersas pelo mundo, assim como Pedro e os outros apóstolos fizeram, dar testemunho com a própria vida, sendo semelhante a Jesus.
   Sozinha perdida no mundo a ovelha é alvo fácil para os lobos, mas, reunida em um só rebanho tendo Jesus como pastor de nossas vidas, nenhum lobo terá êxito em seus ataques, pois juntos somos mais forte e podemos muito mais. Precisamos assumir a condição de filhos de Deus e fazer deste mundo um lugar melhor para se viver, levando o amor de Deus em nossas ações, sem oprimir ou obrigar que o outro aceite, cada um tem o momento certo para ter a sua experiência com Deus, devemos ir abrindo caminho, para que ao seu tempo, estes irmãos de rebanho possa caminhar com as próprias pernas ao encontro deste grande amor de Deus, ser semelhante a Jesus é colocar-se a serviço do próximo, animando a sua caminhada para uma nova vida transformada por Cristo ressuscitado.
Rubens Corrêa

sábado, 18 de abril de 2015

O Cristo ressuscitado nos dá força para vencer o pecado (19/04/2015)

   Neste terceiro domingo da pascoa contemplamos o Cristo ressuscitado que nos convida a uma mudança de vida, ele assumiu sobre os ombros os pesos de nossas culpas e venceu a morte para nos devolver a esperança, Jesus ama o pecador e não o pecado, ele sabe de nossas fraquezas, por meio da sua ressurreição dá vida nova ao pecador lavando-o de todo o pecado, e esta vida é plena, feliz e repleta de amor, e nós devemos assumir esta condição nova de renascidos em Cristo e dar testemunho deste grande amor.
   Na primeira leitura (At 3,13-15.17-19.), o apóstolo São Pedro nos fala que foi por ignorância que rejeitamos e entregamos Jesus à morte, ele que é o autor da vida foi trocado por um assassino, mas, o Deus de Abraão, Isaac e Jacó, o glorificou acima de todos retirando-o do poder da morte, nele encontramos a ligação da antiga e a nova aliança, e nós somos chamados a sair desta ignorância assumindo nossa missão de levar o Cristo ressuscitado a todos os povos, depois que temos esta experiência com Jesus nada é como antes, nossas vidas são transformadas, foi assim com os apóstolo e ainda é assim conosco.
   Na segunda leitura (1Jo 2,1-5a), São João nos diz que não devemos pecar, mas, como somos fracos e pecamos, encontramos em Jesus um intercessor junto a Deus, Cristo abriu para nós a porta do céu para que possamos contemplar o amor de Deus e assumir a filiação divina que Cristo partilhou conosco, e nós como filhos ressurgidos com Cristo devemos agir como tal, precisamos guardar os seus mandamentos, sendo o amor o maior deles, amar é se colocar a serviço do próximo, é isso que Jesus fez por nós e isso que Cristo de espera de cada um de nós.
   No evangelho (Lc 24,35-48.), vemos o encontro dos discípulos com Jesus ressuscitado, era muito difícil acreditar no que os olhos estavam vendo, imaginaram se tratar de um fantasma, mas, ele se deixa tocar e come com os discípulos, em seguida fala que foi necessário passar por tudo, para que se cumprissem as escrituras e mais do que isso, tudo serviu para nos encher de coragem e esperança, pois no Cristo ressuscitado temos a certeza de que a vida vence a morte, não sendo ela a palavra final. Em seus ensinamentos, Jesus abre a mente dos discípulos para que na sua ausência terrestre, eles possam entender as escrituras e testemunhar o amor de Jesus, amor que cura, salva e liberta, estar com Jesus vai além da alegria da certeza da sua ressurreição, estar com ele exige de nós um comprometimento com o seu projeto de vida nova para um mundo novo.
   Que neste domingo possamos dar mais um passo rumo a santidade que há em Jesus, ele nos chama a ser santos como chamou os apóstolos a santidade, mas, para isso devemos nós fazermos a nossa parte, vencendo toda a sedução do pecado, anunciando a salvação que vem de Deus, sabemos que não é fácil, porém se olharmos para os lados veremos que muitos tem dificuldade ainda maiores que nós e que mesmo assim não desanimam em seguir nesta caminhada, então o que nos resta é somar as nossas forças para que juntos cheguemos a morada de Deus, pois juntos podemos mais.
Rubens Corrêa

sábado, 11 de abril de 2015

Domingo da Divina Misericórdia (12/04/2015)

1° leitura: Atos dos Apóstolos 4, 32-35
  Nesta narrativa os discípulos já tinham feito uma experiência de fé profunda com Jesus ressuscitado e levavam as pessoas a mensagem de Jesus, ensinando que o reino de Deus acontece no nosso meio quando partilhamos o que temos com nossos irmãos. A felicidade e a paz se dão em nossa comunidade quando todos têm direito: a ter o que comer, a ter o que beber, a ter o que vesti e a ter onde se abrigar. A comunidade tratada no livro dos Atos dos Apóstolos conseguiu entender e colocavam tudo que tinham em comum.   

2º leitura: 1 João 5,1-6
   A segunda leitura nos faz recordar a trajetória e ensinamentos de Jesus, que se inicia com o batismo representado pela “água” que nos chama a viver uma vida pura, limpos de nossos pecados até sua morte de cruz, onde é seu próprio “sangue” derramado que nos redimiu de nossos pecados.
  Jesus nos convida a fazer uma profissão de fé e viver plenamente os mandamentos deixados pelo próprio Deus a Moisés e reafirmado por ele ao longo de seu caminho onde coloca que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo.    Ele nos diz que somos filhos amados de Deus e por esta razão, somos capazes de vencer as vaidades deste mundo. E que a fé nos é transmitida pelo Espírito e o Espírito é a verdade.

Evangelho: João 20, 10-31
  O evangelho deste segundo domingo da Páscoa nos chama atenção para a fé. Estando os discípulos fechados em casa após sua morte, mesmo depois que ele já havia dito para as mulheres no tumulo que tinha ressuscitado, o medo falava mais forte, então Jesus os encontra para que pudessem ter mais esta experiência de fé pessoal e íntima com ele. Ele se coloca no meio deles e sopra seu Espírito e os deixa a sua paz, para que fortalecidos pudessem recuperar a coragem e propagar a palavra da boa nova a todos que creram nele e converter os que ainda não tinham o aceitado como filhos de Deus.
   Vimos ainda que um discípulo não estando presente duvidou do poder de Deus, não acreditando na ressurreição, então Jesus se faz presente outra vez no meio deles e Tomé o discípulo que estava descrente pode enfim proclamar sua fé, proclamando assim Jesus como Senhor e Deus. Assim fica para nós mais esta lição, que nossa fé não se meça pelas coisas que podemos ver ou tocar, mas pelos ensinamentos deixados pelos profetas e pelos discípulos de Jesus, pois foi o próprio Deus que os transmitiu.
   Jesus também nesta passagem envia seus discípulos para dar continuidade ao seu projeto de levar a boa noticia que Cristo se entregou para remissão de nossos pecados, mas que agora vive e está junto de Deus intercedendo por nós.

Comentário: O que esta liturgia nos traz?
  Que como cristãos devemos acreditar no amor de Deus, pois ele é misericórdia, e que nos amou tanto a ponto de estregar seu filho para nossa salvação.
    Então irmãos o que podemos fazer como gratidão a esse amor?
   Levar essa alegria do Cristo que vive e que se faz presente em nosso meio através do Espírito Santo que ele mesmo nos deixou. Transmitir sua paz não com palavras, mas com gesto de generosidade e partilhar com nossos irmãos mais necessitados. E levar sempre em nosso coração a certeza que a paz do Senhor só se fará quando todas as comunidades, as sociedades viverem como os primeiros cristãos que colocavam tudo em comum, buscando o bem de todos e não visando os seus próprios benefícios. Sabemos que não é uma tarefa fácil, mas que é uma realidade, pois somos filhos de Deus e por isso somos capazes de vencer as ambições deste mundo. 
   Um abraço fraternal no coração de todos!
Rosiani Corrêa Meirelles

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Domingo de Páscoa: A Páscoa como o novo êxodo (05/04/2015)

   A vida venceu a morte!
   A festa da Páscoa representa o centro de nossa fé. A luz de Cristo iluminou o mundo e jamais se apagará. Celebremos esta festa na sinceridade e na verdade: Ele é a Vida Nova!
   Nossa fé no Ressuscitado baseia-se na transmissão da fé dos primeiros discípulos de Jesus que o reconheceram nas aparições. A comunidade cristã percebeu e compreendeu no encontro com o Senhor vivo, que Ele tinha ressuscitado e continuava vivo no meio deles.
   Recordando a Palavra
  I leitura: At 10,34.37-43 – Discurso de Pedro em casa do centurião Cornélio. Aqui se sublinha a ação de Deus nos acontecimentos da Igreja nascente. Aqui aprendemos a lidar com a diferença. Em Jesus já não há razão para pensarmos em termos de puro ou impuro.
  II leitura: Cl 3,1-4 – A ressurreição de Jesus representa a nossa própria ressurreição.
   A ressurreição traz um novo estilo de vida: buscar as coisas do alto sem desprezar a realidade do mundo em que vivemos.
   Evangelho: Jo 20,1-9 – Celebramos a vitória de Cristo sobre a morte.   A festa da Páscoa representa o centro de nossa fé. A alegria foi devolvida a todos aqueles que tinham perdido o sentido da vida. A partir de agora toda a pregação estará centrada no Cristo ressuscitado como primogénito entre os mortos. Ele é o primeiro dentre muitos!
   Comentários
   A Páscoa dos Judeus fazia memória do êxodo dos hebreus sob a liderança de Moisés como uma marcha libertadora comemorando a passagem da escravidão para a liberdade.
   A nossa Páscoa é um novo êxodo: Uma nova passagem, na qual Deus deseja a liberdade para todos os seus filhos e filhas bem amados. É Deus que nos liberta de nossos limites e impossibilidades. 
   Na manhã da Páscoa, os discípulos e as mulheres fazem a experiência do encontro como ressuscitado. Pedro e João representam a comunidade cristã. A fé sempre exige de nós algo mais. Todos poderemos ver as mesmas coisas, mas somente aquele que olha com fé poderá transcender-se a partir do olhar. O discípulo amado viu exatamente as mesmas coisas vistas por Pedro. Podemos dizer que o ver com o coração faz a diferença.
   No primeiro dia da semana (domingo do Senhor), conforme o texto bíblico, surge a nova criação que emerge da morte e ressurreição de Jesus. Foi no domingo que ele nos recriou, a partir da ressurreição.
   A fé no Ressuscitado nos impulsiona a ir ao encontro dos crucificados de hoje para partilhar com eles a Boa-Nova de que Deus está vivo no meio de nós, ressuscitando, libertando da morte e fazendo uma nova criação.  
   Reflexão pessoal
 Pedro e Cornélio coabitam em nossos corações: Reiteradamente nos apresentamos como intolerantes e com o desejo de separar as pessoas. Somos preconceituosos em relação a tudo o que é diferente do que pensamos ou imaginamos e por conta disso, em vez de nos aproximarmos das pessoas, acabamos por nos afastar delas.
   Como discípulos missionários do Senhor, a exemplo de Maria Madalena e dos discípulos Pedro e João diante do túmulo vazio, nos tornemos testemunhas da ressurreição e experimentemos sua presença de Ressuscitado na pessoa de cada irmão, na comunidade reunida na fé, na Palavra de Deus proclamada e no Pão e Vinho partilhados.
   A Páscoa sempre deve ser vivenciada como novo êxodo: Jamais poderemos vivenciar a Páscoa sem o sentido de estarmos a caminho da terra nova da promessa!
Luis Filipe Dias

Vigília Pascal, Renasce a esperança para o mundo (04/04/2015)

   Nesta noite do Sábado Santo celebramos a Vigília Pascal, uma festa solene que precede a Pascoa da ressurreição. Após caminhar com Jesus durante a sua agonia no horto das oliveiras, durante a sua prisão, julgamento e flagelo, o acompanhando da morte na cruz até o sepulcro, ouviu-se um grande silencio, e veio a pergunta. Tudo acabou? A quem recorreremos se nossas esperanças morreram com Jesus? Nesta noite de sábado celebramos o grande acontecimento que mudou o rumo da história, aquele que julgaram vencido pela morte, ressurgiu trazendo de volta a nossa esperança.
   Na primeira leitura (Gn 1,1– 2,2.), vemos que Deus em seu gesto de amor incondicional cria tudo o que existe e também cria o homem para cuidar de tudo que ele criou. Notamos que hoje a criação maravilhosa de Deus está sendo cruelmente destruída, poluem o ar, os rios e mares, derrubam e queimam as florestas, destruindo o habitat dos aninais causando a extinção de muitas espécies, mas, o mais terrível que podemos ver é a destruição da própria espécie, vemos muitos morrendo pela violência, pelas drogas, pela negligência nos hospitais, pelas guerras absurdas e pela fome que assola muitos lugares, vemos que o homem está na contramão da história, destruindo tudo aquilo que Deus criou, precisamos mudar esta história.
   Na segunda leitura (Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18.), vemos a oferta de Abraão, que oferece o próprio filho em holocausto a Deus, mas, Deus envia o seu anjo e não permite que ele derrame o sangue do seu filho. Vendo com bons olhos a oferenda de Abraão, Deus firma com ele a sua aliança e abençoa toda a sua descendência. E nós o que oferecemos a Deus? Muitas vezes Deus fica em segundo plano em nossa vida, oferecemos a ele o que sobra e quando sobra, vemos que ainda acontece de acusar a ele pelos nossos fracassos e insucessos. Ele nos oferece o seu amor e a sua benção perpetua, mas, para isso devemos nós dar o passo rumo a esta nova vida que surge a partir desta experiência com Deus, Abraão experimentou este amor e nós também podemos, basta nos entregar por inteiro no colo de Deus.
   Na terceira leitura (Êx 14,15 – 15,1.), vemos que Deus reafirma a aliança feita com Abraão, libertando o povo da escravidão e da mão opressora do faraó, Deus mostra novamente que se mantem fiel as suas promessas, vemos que mesmo com todo o poder e soldados o faraó padeceu pela sua maldade, não prevalecendo a sua opressão sobre o povo. Nós por diversas vezes nos sentimos oprimidos pelos nossos pecados e não conseguimos encontrar sozinhos a saída para esta situação, neste momento temos que confiar como Moisés confiou em Deus, e abrir caminho entre o mar das desilusões para trilharmos um novo caminho de um homem novo em Jesus.
   Na quarta leitura (Rm 6,3-11.), São Paulo fala aos romanos que Jesus experimentou a vida como nós meros mortais, sentiu alegria, sentiu angustia e medo, padeceu na dor, sendo perseguido, preso, julgado e morto, em tudo se fez iguais a nós, menos no pecado, ele tomou sobre si os nossos pecados para que morressem junto com ele o homem velho manchado pela culpa, e junto com a sua ressurreição surgisse um homem novo livre do poder da morte, do medo e do pecado. Nós como batizados devemos crer que Cristo padeceu por nossas culpas e que com a sua ressurreição nasce uma nova missão para nós, levar o Cristo a todo o mundo.
   No evangelho segundo Marcos (Mc 16,1-7.), meditamos sobre o ponto alto da nossa fé, o momento que as mulheres vão ao tumulo para seguir um costume judeu de perfumar o corpo do falecido, mas, não encontram o corpo de Jesus, e recebem de um jovem uma grande mensagem de esperança, a vida venceu a morte, Jesus ressuscitou, ressuscitando junto todos os nossos sonhos e essa noticia não poderia ficar restrita a essas mulheres, por isso elas foram enviadas a levar a boa nova aos discípulos, também os enviando em missão para ver o Senhor na Galileia.
   Neste mundo onde vemos tantas realidades de mortes em nosso meio é difícil acreditar que o bem prevalecerá, mas, a ressurreição de Jesus nos faz ter força para acreditar nisso, e mais do que isso, ela deve servir de impulso para lutarmos por um mundo novo, livre das amarras das injustiças, da opressão, da corrupção, do pecado e da violência, devemos ser este mensageiro que levou a boa noticia a aquelas mulheres. Nesta vigília pascal somos convocados a ser sinais de esperança aos irmãos que perderam o sentido de viver, que sejamos para estes irmãos o rosto sorridente, o ombro que acolhe e a mão que levanta, sendo a força e a imagem do Cristo ressuscitado para todo o mundo.
Rubens Corrêa

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Sexta-feira da Paixão do Senhor (03/04/2015)

   Sair sempre: Neste dia, em que “Cristo nossa cordeiro pascal, foi imolado”, a Igreja, com a meditação da paixão do Senhor, e Esposo e adorando a cruz, comemora o seu nascimento do lado de Cristo que repousa na cruz, e intercede pela salvação do mundo todo.
   A Semana Santa é um tempo de graça que o Senhor nos doa para abrir as portas do nosso coração, da nossa vida, das nossas paróquias e comunidades que tantas vezes se encontram fechadas!
   Vamos sair ao encontro dos outros, fazer-nos próximos para levar a luz e a alegria da nossa fé que acreditamos na lógica da Cruz, que sinal de doação total nos traz vida.
    A Sexta-feira Santa não é considerada um dia de luto ou de pranto, mas dia de amorosa contemplação do sacrifício de Jesus, fonte da nossa salvação. Assim a Igreja não faz um funeral, mas celebra a morte vitoriosa do Senhor.
  Deixar falar o Silêncio - Deus fala no Silêncio da celebração: favorecer o clima de silêncio e de despojamento. A celebração da tarde se inicia com o gesto dos ministros se prostrarem e todos rezarem em silêncio. É um poderoso gesto de respeito e amorosa contemplação do amor de Deus que se manifesta em Cristo Jesus, fonte de nossa salvação.
   Leituras: Isaias 52,13-53,12; Sl 30 (31); Hb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1-19,42
   Paulo plantou a cruz no centro da Igreja com mastro principal no centro do navio, tornou-se fundamento e centro de gravidade de tudo. Os Evangelhos, escritos bem depois dele, seguiram o mesmo esquema, fazendo do relato da paixão e morte de Cristo a base de todo o anúncio.
   Com sua morte, Cristo não somente venceu o pecado, mas também deu um novo sentido ao sofrimento. A Cruz se torna sinal de salvação e de Vida, pois toda a salvação nasce aos pés do calvário quando o cordeiro pascal se oferece por todos.
Momentos celebrativos
   - Narrativa da salvação: Lemos sempre o relato de João, com paixão e compaixão seguimos os passos do Mestre a caminho do calvário.
   - Oração Universal pelas necessidades do mundo e da Igreja: ela é expressão da solidariedade com todo o povo de Deus, que brotou do gesto de amor do Cristo na cruz.
   - Adoração da Cruz: A atenção da Igreja fixa-se no Calvário. A Cruz é símbolo de salvação para todos adorarem- Vinde, adoremos!
   - Comunhão eucarística: Neste dia não se celebra a Eucaristia. A sagrada Comunhão é distribuída aos fiéis só durante a celebração da paixão do Senhor; aos doentes, impossibilitados de participar da celebração, pode-se levar a Comunhão a qualquer hora do dia.

   Concluída a oração sobre o povo, todos se retiram em silêncio!
     Luis Filipe Dias

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Quinta-feira Santa, A ceia do Senhor (02/04/2015)


   1º leitura: Êxodo 12,1-8.11-14
   No livro do Êxodo Deus dá instruções Moisés de como o povo deveria fazer no momento em que ele visitaria o Egito. Deus fala a Moisés que peça a todas as famílias que preparem um cordeiro macho sem qualquer defeito para ser imolado, e que seu sangue seja passado nos marcos e travessa das casas, este será o sinal de obediência a Deus e estas famílias serão poupadas dos castigos que hão de cair sobre esta terra. Essa passagem do senhor é chamada de páscoa e mais tarde, ainda no livro do Êxodo, a páscoa adquiriu um novo sentido que é a libertação dos hebreus da escravidão do Egito e o caminho para terra prometida.


   2º leitura; 1Coríntios 11,23-26
   A leitura de São Paulo aos Coríntios relata o momento da instituição da Eucaristia. Jesus sabia que estava para ser entregue as autoridades que andavam buscando um meio de prendê-lo. Então ensina a seus discípulos tudo que recebeu de Deus. Ele se coloca como pão que alimenta o corpo e o sustenta para o trabalho, porém ele quer nos alimentar à alma, ele nos ensina que mesmo que não o vejamos ele estará conosco quando partimos o pão consagrado e que é ele próprio que nos fortalecerá para a missão de levarmos a boa noticia de Deus aos nossos irmãos. O vinho representa o sangue sinal de Amor e de purificação de nossos pecados quando ele mesmo se dá em morte de Cruz, se fazendo o próprio cordeiro imolado em favor de toda a humanidade.  Ele ainda nos fala que todas as vezes que repetirmos esse ato estaremos fazendo lembrança de sua memoria e de seu amor até que ele volte.
   Evangelho: João 13, 1-15
 No evangelho de hoje encontramos Jesus mostrando através de suas ações uma lição para a vida de comunidade. Sabendo que sua hora se aproximava nos deixou mais um grande exemplo, revestiu-se de humildade e lavou os pés dos seus discípulos ensinando que não há um ser maior ou melhor que o outro perante os olhos de Deus. Pedro de inicio se nega a deixar Jesus lavar seus pés, não compreendendo o seu gesto. Mas Jesus deixa claro para ele e para nós, que se queremos ter parte com ele precisamos permitir que ele nos lave do pecado, para que renovados pelo seu amor possamos nos colocar a serviço de nosso irmãos.  
   Este texto bíblico inspirou a Campanha da Fraternidade deste ano. Que tem como tema: “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e como lema: “Eu vim para servi”(cf Mc 10,45). Neste contexto vemos que a igreja não esta desvinculada da sociedade, pelo contrario a igreja tem um papel fundamental na busca do bem estar dos cidadãos e na luta por uma vida com dignidade, sendo assim a liturgia nos dá o caminho a seguir e nos leva a entender essa dinâmica de que devemos celebrar a memoria de Jesus presente na eucaristia e comungar com nossos irmãos este imenso Amor que o próprio Jesus nos ensinou e testemunhou.   
Rosiani Corrêa Meirelles