terça-feira, 28 de abril de 2015

“Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, dá muito fruto”! (03/05/2015)

   A liturgia deste domingo, centrada no Evangelho de João que nos acompanha no tempo pascal, convida-nos a permanecer em Cristo. Somos os ramos da videira verdadeira, cultivada pelo Pai que é o agricultor. O Pai é glorificado pelos frutos que a videira produz.
   A videira foi utilizada no Antigo Testamento como imagem do povo de Israel. Aqui Jesus assume para si a identidade de videira de Deus: nele, e não mais em Israel, está a fidelidade verdadeira ao Pai.

   Recordando a Palavra
   At 9,26-31: Saulo teve dificuldades para ser incorporado ao corpo eclesial. Precisou conquistar a confiança da comunidade cristã. A leitura mostra a transformação ocorrida em Saulo devido ao seu encontro com o Cristo Ressuscitado. De perseguidor passa a anunciador.
   O Sl 22 expressa o desejo de estar diante do Senhor para louvar e bendizer.
   1 Jo 3, 18-24: o amor exige ações concreta, acolhida e verdade. A prática dos mandamentos decorre de um amor autêntico. Como Deus é amor, o fruto da fé é o amor mútuo.
   Jo 15,1-8: O texto de João constitui uma meditação sobre o amor cristão que se concretiza na alegoria da videira e continua no próximo domingo (Jo 15, 9-17) em que o ponto de partida é a nossa comunhão com Deus para frutificar depois no amor fraterno.
   Jesus se apresenta como a videira verdadeira, e o Pai é então apresentado como o agricultor. Há uma ênfase no termo “verdadeira”. Isto denota que há outras videiras, não verdadeiras e autênticas.
   Merece um destaque especial à palavra “permanecer” em Jesus: exige da parte do discípulo uma fidelidade que depois de “limpo” sente a necessidade da seiva da cepa que gera vida e leva a produzir frutos de qualidade.

   Atualizando a Palavra
   I Leitura: Permanecer na unidade
   A leitura (At 9,26-31) fala sobre a desconfiança e sobre lealdade. O texto refere-se à chegada de Saulo a Jerusalém e afirma que todos tinham mede dele, pois não acreditavam que fosse verdadeiro discípulo de Cristo.
   Dado o voto de confiança, a comunidade prossegue guiada pelo Espírito Santo, anunciando com coragem a Boa Nova. Tanto a conversão do coração quanto a unidade de todos os membros do corpo, que é a Igreja, constituem uma única ação do espírito Santo.
   II Leitura: Permanecer no amor
   Crer em Jesus é amar, afirma a leitura (1 Jo 3, 18-24). Este amor não se confunde com o sentimentalismo de novela, mas se traduz em atos concretos de amor ao próximo.
   É dessa forma que os discípulos mostram que permanecem em Jesus. A comunidade está sob um novo mandamento dado por Jesus: que nos amemos uns aos outros como ele nos amou (1 Jo 3,23).
   Evangelho de João (Jo 15,1-8) nos mostra os elos que formam a corrente do amor: o Pai, Jesus, os cristãos que para permanecer em Jesus e dar frutos precisam ser podados e limpos (v. 5).  O mandamento que nos une a Jesus é o amor. O amor fraterno é o sinal distintivo do cristão justamente porque é a prova de sua comunhão vital com o Senhor. É impossível ter uma vida de comunhão com Cristo sem que se produzam frutos de amor.
   Quem não crê de verdade em Jesus é um ramo morto, desligado do tronco e que. Obviamente, não produzirá frutos. As palavras de Jesus que permanecem em nós significam ele mesmo presente em quem crê. Essa é a garantia de podermos pedir ao Pai, porque seu Filho está em nós, presente em sua palavra que acolhemos com fé.
   O tempo Pascal aprofunda a centralidade do Ressuscitado na vida da Igreja de ontem e de hoje. Há o risco permanente de querermos ser videiras desligadas de Cristo.  A centralidade é de Cristo. É dele que vem a verdadeira vida. A verdadeira conversão pastoral da Igreja é deixar-se limpar ou podar pelo agricultor.

   Sugestões para a liturgia
   “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós” (Jo 15,1-8)
   Devemos ler com atenção o Documento 100 da CNBB: Comunidade de comunidades: uma nova paróquia. A conversão Pastoral da paróquia: “Há muitos batizados e até agentes de pastoral que não fizeram um encontro pessoal com Jesus Cristo, capaz de mudar sua vida para se configurar cada vez mais ao Senhor. Alguns vivem o cristianismo de forma sacramentalista sem deixar que o evangelho renove sua vida. Outros até trabalham na pastoral, mas perderam o sentido do discipulado e esqueceram a força missionária que o seguimento de Jesus implica”.  (Doc. 100, Comunidade de comunidades, CNBB, n. 52) e ainda o que se refere à vida em abundância (Jo 10,10): “O amor ao próximo, radicado no amor de Deus, é um dever de toda a comunidade eclesial”...
   ”O cuidado com os necessitados impele a comunidade à defesa da vida desde a sua concepção até seu fim natural”. (Doc. 100, Comunidade de comunidades, CNBB, n. 282).
   “Sem dispensar as muitas iniciativas já existentes na prática da caridade, as paróquias precisam acolher fraternalmente todos, especialmente os que estão caídos à beira do caminho”. (Doc. 100, Comunidade de comunidades, CNBB, n. 283)
   Seguir Jesus ou permanecer nele significa amar incondicionalmente. Significa amar como Jesus amou, fazendo do perdão a resposta definitiva ao ódio e à violência que parece quere tomar conta de nós e da sociedade em que nos toca viver.
   Como viver esta dimensão do amor?
Luis Filipe Dias



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