sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Com sua vida, o discípulo dá sabor ao mundo e o ilumina! (05/02/2017)

Introdução
No Ciclo A do ano litúrgico, que estamos a viver, o evangelho de Mateus será nosso companheiro. Ele apresenta cinco longos discursos, nos quais ele junta os ensinamentos proferidos por Jesus em várias ocasiões e contextos. Como no domingo passado tivemos o grande sermão da montanha contemplando as Bem-aventuranças, agora vamos continuar a saborear esses ensinamentos de Jesus como sendo o novo Moisés.
As três leituras deste domingo nos mostram a condição do discipulado de Cristo, que é encarnar o próprio Jesus e agir em conformidade com ele. Só assim podemos dar sabor ao mundo e iluminá-lo.

Comentário aos textos bíblicos
I Leitura: Isaias 58,7-10: O verdadeiro jejum
Com seu jejum o povo exige que Deus seja misericordioso, como se Deus agisse com misericórdia mediante as obras de piedade do ser humano.

II Leitura: 1 Coríntios 2,1-5: A salvação do Pai é dom gratuito
Nesta leitura Paulo avisa que ser "Luz" não é colocar a sua esperança de salvação em esquemas humanos de sabedoria, mas identificar-se com Cristo. Na visão paulina, a fé do discípulo deve ter como fundamento o poder de Deus. Todas as suas ações devem ser expressão dessa fé, pois somente assim suas obras demonstrarão o “poder do Espírito” agindo nele.

Evangelho: Mateus 5,13-16: Sal na terra e luz para o mundo
Jesus define a identidade de seus discípulos: “Sal da terra e a luz do mundo”.

      a)    Sal da terra
Na cultura antiga, o sal aparece como imagem do que dá sabor e conserva os alimentos. O discípulo, para ser “sal da terra”, deve se configurar a Cristo. Configurar-se a ele significa encarná-lo. Se o discípulo não encarna Jesus Cristo, o cristianismo torna-se mera doutrina sem nenhum sabor.

      b)    O sal sem sabor
Os cristãos que perdem o sabor correspondem em Mateus aos malditos do Pai que não colocaram o código de conduta em ação como deveriam amando o irmão (Mt 25, 41-45).

     c)    A luz do mundo
Assim como o sal, ao perder seu sabor, deixa de ser sal, assim a luz não pode ser acesa para ser escondida, pois deixaria de cumprir sua missão de brilhar.
Quando as nossas atitudes e obras bendizem a Deus (falam bem de Deus), então estamos sendo luz para o mundo.
Quando o povo santo de Deus encarnar Jesus Cristo, o mundo se torna um lugar de luz.
Quando cada um de nós for fiel à sua missão, este mundo será um pedacinho do céu.
Ser Sal da Terra e Luz do Mundo: Sal que preserva da corrupção e dá gosto das coisas de Deus e Luz que ilumina e se consome a serviço dos irmãos, iluminando o caminho que leva ao Pai. Peçamos a Deus muita Luz para compreender essa missão e muita força para sermos de verdade Sal da Terra e Luz do Mundo!

Pistas de reflexão
Valor da vida consagrada no mundo de hoje como testemunho de vida
Não conto a história do filme para não estragar o prazer de o ver, mas uma personagem central, o padre apóstata (que aparentemente renegou sua fé) Cristóvão Ferreira, morreu no Japão também como mártir, com mais de 80 anos. Proclamou a falsidade da sua renúncia, feita sob chantagem da morte de outros seus colegas que se tinham convertido. Os jesuítas portugueses como Cosme de Torres, João Fernandes, Gaspar Vilela, Luís Fróis, João Rodrigues, Gaspar Coelho, Sebastião Vieira, foram peças desta grande tapeçaria de transformações da alma. Mas quem olha para os três crucificados da aldeia de Tomogi, vê gente do povo, simples, sem prémio terreno, nem medo da execução mais horrível. Partem a cantar. Acabam por ser eles, mais do que o padre Rodrigues, o mistério central desta linda narrativa sobre o aparente silêncio de Deus. Uma pergunta surge: “Porque morrem tão serenos?”
[Nuno Rogeiro, politólogo, “O som do silêncio (II)”, na revista “Sábado” de 28.01.2017]

O que “salga” o mundo de hoje
“O dinheiro tornou-se um espaço sagrado. Ocupa um lugar central, domina a organização do mundo, detém um prestígio absoluto, muitos veem nele a chance de redenção. Quando lemos os evangelhos, podemos agrupar o ensinamento de Jesus em torno de dois pedidos. A primeira: que vamos fazer com o dinheiro, como a usamos, o que realmente precisa na nossa vida? A outra pergunta de Jesus é mais íntima e, de certo modo, mais radical. Não é mais o que fazemos do nosso dinheiro, mas sim o que o dinheiro faz de nós.  Assim o ter acaba por assumir uma influência decisiva sobre ser e nos tornamos escravos do que pensamos possuir”.
(José Tolentino Mendonça, no futuro [28.01.2017])
Pe Luis Filipe Dias


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